quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Astrônomos encontram objeto mais antigo do Universo

O objeto mais antigo do Universo foi observado por um grupo internacional de astrônomos. Trata-se de uma estrela que estava explodindo (e morrendo) na infância do cosmo, meros 630 milhões de anos após o Big Bang.
Se os 13,7 bilhões de anos de história do Universo fossem resumidos em um ano, essa explosão teria acontecido por volta do dia 15 de janeiro --a Terra surgiu só quase em agosto, e os humanos modernos, nos últimos 10 minutos do dia 31 de dezembro.
quasar
© NASA (GRB 090423)
A morte desse corpo celeste primordial foi violenta: sua luz foi emitida na forma de raios gama, a radiação mais energética que existe. Ela viajou esse tempo todo e só chega à Terra agora. A descoberta, dizem seus autores, pode mudar a compreensão do primeiro bilhão de anos do cosmo.
"É a última era do Universo que ainda é desconhecida pela ciência", disse à Folha Nial Tanvir, astrônomo da Universidade de Leicester (Inglaterra), um dos autores do estudo, publicado na revista "Nature".
Os cientistas sabem que, na sua infância, o Universo atravessou uma "Idade das Trevas", na qual a matéria se aglomerava, mas as primeiras estrelas ainda não haviam surgido. Não se sabe, porém, quando acabou a escuridão e se fez a luz: a detecção de objetos muito antigos é difícil. Até agora, os corpos celestes mais antigos datavam de 800 milhões a 900 milhões de anos após o Big Bang.
O novo objeto, que levou o nome pouco inspirado de GRB 090423 (sigla para Disparo de Raios Gama 090423), recua essa idade e deve permitir o estudo das estrelas pioneiras.
"Sabemos como era o Universo logo após o Big Bang. Temos também uma boa noção do Universo quando ele tinha 1 bilhão de anos, já vimos várias galáxias de então. A descoberta de agora preenche esse buraco inexplorado", diz Ruben Salvaterra, do Instituto Nacional de Astronomia da Itália, outro autor da descoberta. As observações foram feitas com o satélite Swift, da Nasa. Depois, por telescópios.
Para entender como os cientistas sabem a distância de um objeto, imagine o som de um carro se aproximando rápido. Ele é diferente do som do mesmo carro se afastando.
A luz de um objeto que se aproxima também é diferente da luz de um que se afasta, mas é preciso estar muito rápido para que se perceba.
Se a luz de uma estrela apresenta um desvio para o vermelho no espectro luminoso, é sinal de que está se afastando. Se o desvio é para o azul, está se aproximando. O GRB 090423 tem o maior desvio para o vermelho já observado.
"Vamos tentar conhecer a pequena galáxia na qual a estrela viveu. Pretendemos olhar profundamente para lá com o Hubble em 2010", diz Tanvir.
A ideia recente é procurar conhecer quais eram os vizinhos da GRB 090423!
Fonte: Folha de São Paulo

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Explosões de estrelas explicam "neblina" no centro da Via Láctea

O que causa uma misteriosa "neblina" de radiação no centro da Via Láctea? Pode ser um acúmulo de monstruosas explosões de estrelas, também conhecidas como supernovas. Sua radiação é, então, amplificada pelo magnetismo de ventos estelares e pela turbulência próxima ao âmago da galáxia.
No ano de 2003, a sonda WMAP encontrou vestígios de uma radiação de micro-onda especialmente energética no centro da nossa galáxia --batizada, então, de "neblina WMPA". À época, foi proposto que aquilo poderia ter sido causado por colisões de um novo tipo de partícula de matéria escura.
via láctea
© NASA (Via Láctea - concepção artística)
Em vez disso, o sinal pode ser produzido por uma ampliação de raios cósmicos amplificados quando estrelas grandes explodem, afirma Peter Biermann, do Instituto de Radioastronomia Max Planck, em Bonn, na Alemanha.
O centro da nossa galáxia tinha um alto número de estrelas massivas, quando comparadas com demais partes. Estas estrelas são rodeadas por ventos estelares particularmente fortes e magnéticos. Nas regiões polares das estrelas, os campos magéticos dos ventos são paralelos à direção da viagem de qualquer raio cósmico que saia da supernova. Esta configuração, mais a enorme turbulência no centro da galáxia causada pela enorme concentração de estrelas, pode aumentar a energia dos raios cósmicos, diz a equipe de Biermann. Eles publicaram o trabalho na revista "The Astrophysical Journal".
Dan Hooper, da Universidade de Chicago, dá o contraponto, observando que é prudente considerar outros cenários em que a matéria escura seja a causa, uma vez que muito pouco é conhecido sobre a região central da nossa galáxia e os campos magnéticos que ali existem.
wmap
© NASA (WMAP)
Fonte: New Scientist

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Encontrado o conglomerado de galáxias mais distante da Terra

O conglomerado de galáxias JKCS041 localiza-se a por volta de 10,2 bilhões de anos-luz da Terra, e bate o recorde anterior de distância da Terra em quase 1 bilhão de anos-luz.
O conglomerado foi encontrado ao se combinar dados do Observatório Chandra de Raios-X da Nasa (agência espacial americana), do telescópio óptico Very Large Telescope (VLT) --no Chile, operado pelo Observatório Europeu do Sul-- e do Digitized Sky Survey. Sua imagem observada é referente a quando o Universo tinha cerca de um quarto da idade atual.
Conglomerados de galáxias são os maiores objetos do Universo unidos gravitacionalmente. Encontrar uma estrutura tão grande, vista em época tão antiga, pode revelar informações importantes sobre como o Universo se desenvolveu.
"Este objeto está próximo à distância limite que se esperava para um conglomerado de galáxias", disse Stefano Andreon, do Instituto Nacional de Astrofísica (Inaf), em Milão, Itália.
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© NASA (Galáxias JKCS041)
O JKCS041 foi originalmente detectado em 2006, com observações do Telescópio de Infravermelho do Reino Unido (Ukirt). A distância até ele foi determinada por meio do Ukirt, do telescópio no Havaí de parceria Canadá-França-Havaí, além do Telescópio Espacial Spitzer da Nasa.
No entanto, os cientistas não tinham certeza se era um verdadeiro conglomerado de galáxias, o que foi confirmado com os dados do Observatório Chandra.
Fonte: NASA

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

NASA acha molécula orgânica em planeta fora do Sistema Solar

Pesquisadores da NASA (agência espacial norte-americana) anunciaram a descoberta de química básica para a vida em um segundo e novo planeta quente e gasoso, muito distante do nosso Sistema Solar. Feito na terça-feira (20), o anúncio da pesquisa também informa que isso permite aos astrônomos avançar quanto a identificar planetas onde a vida possa existir.
O planeta, que leva o nome de HD 209458b, não é habitável, mas possui a mesma química que, se encontrada em um planeta rochoso no futuro, pode indicar a presença de vida.
hd209458b
© NASA (Exoplaneta - concepção artística)
"É o segundo planeta fora do nosso Sistema Solar em que água, metano e dióxido de carbono foram encontrados elementos importantes para processos biológicos em planetas habitáveis", disse o pesquisador Mark Swain, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA. "A descoberta de componentes orgânicos nos dois exoplanetas já traz a possibilidade de que será corriqueiro encontrar planetas com moléculas que podem ser vinculadas à vida."
Os pesquisadores usaram dados de dois observatórios em órbita: os telescópios espaciais Hubble e Spitzer, para estudar o HD 209458b que, além de quente e gasoso, é gigante (maior do que Júpiter) e orbita em uma estrela semelhante ao Sol por volta de 150 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Pegasus.
A descoberta segue a uma outra, ocorrida em dezembro de 2008, que mostrou a presença de dióxido de carbono (CO2) em outro planeta do tamanho de Júpiter, o HD 189733b. Observações anteriores do Hubble e do Spitzer também tinham revelado que o planeta contém água em vapor e metano.
Para rastrear as moléculas orgânicas, a NASA usou espectroscópios, instrumentos que dividem a luz em componentes para mostrar a "assinatura" de diferentes elementos químicos. Dados da câmera infravermelha do Hubble e do espectrômetro de multiobjetos mostraram a presença de moléculas, e dados do fotômetro e do espectrômetro infravermelho do Spitzer mediram as respectivas quantidades.
"Isso demonstra que nós podemos identificar as moléculas importantes nos processos de vida", disse Swain. Os astrônomos podem, a partir de agora, comparar as duas atmosferas de ambos os planetas, pelas diferenças e similaridades. Por exemplo: as quantidades de água e dióxido de carbono relativas a ambos os planetas são similares, mas o planeta HD 209458b mostra ter metano em abundância, quando comparado com o HD 189733b. "A alta abundância de metano está nos dizendo alguma coisa", disse Swain. "Pode significar que houve algo especial sobre a formação deste planeta."
"A detecção de compostos orgânicos não significa necessariamente que há vida em um planeta, porque existem outras formas para a geração destas moléculas", disse Swain. "Se detectamos compostos químicos orgânicos em um planeta rochoso como a Terra, nós vamos entender o suficiente sobre o planeta para descartar processos sem vida que poderiam ter conduzido os elementos químicos até lá."
Fonte: NASA

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Cientistas europeus anunciam a descoberta de 32 exoplanetas

Astrônomos do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) anunciaram a descoberta de 32 novos exoplanetas orbitando em estrelas distantes, nesta segunda-feira (19).
O que é mais importante, segundo o jornal norte-americano "The Washington Post", é que os planetas foram encontrados em torno de uma variedade de estrelas, sugerindo que os planetas são comuns na nossa galáxia.
 exoplaneta
 © ESO (Exoplaneta - concepção artística)

Os planetas gigantes, compostos de gases, foram encontrados orbitando em torno de estrelas "pobres em metal" (que carecem mais em elementos como hidrogênio e hélio do que outras), que até então eram considerados lugares inóspitos para a formação de planetas.
O primeiro exoplaneta foi encontrado em 1995. Com a descoberta do ESO, a contagem total de exoplanetas sobe para 400. O planeta cuja massa é mais baixa tem por volta de cinco vezes a massa da Terra. Os astrônomos esperam, algum dia, encontrar um planeta com massa e órbita semelhantes à da Terra --circundando uma estrela de modo que haja possibilidade de encontrar água em estado líquido na sua superfície.
Os astrônomos que anunciaram a descoberta de hoje usaram um espectrográfico para estudar possíveis planetas próximos às estrelas. O instrumento mede leves mudanças causadas na luz das estrelas devido à órbita de um planeta, que não pode ser observado diretamente. Segundo o astrônomo Stephane Udry, da Universidade de Gênova, um novo instrumento está em desenvolvimento. Conhecido como Espectrográfico para Exoplanetas Rochosos e Observações Espectroscópicas Estáveis Echelle (Espresso, na sigla em inglês), "deve possibilitar a detecção de gêmeas da Terra em todos os tipos de estrelas solares, dentro de cinco ou dez anos".
Os exoplanetas estão em todos os lugares!
Fonte: Reuters

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Astrônomos descobrem anel gigante em torno de Saturno

Cientistas da Nasa (Agência Espacial americana) descobriram um anel gigante em torno de Saturno, em cujo espaço caberiam 1 bilhão de planetas do tamanho da Terra. Sua parte mais densa fica a cerca de 6 milhões de quilômetros de Saturno e se estende por outros 12 milhões de quilômetros, o que o torna o maior anel de Saturno. A altura do halo é 20 vezes maior que o diâmetro do planeta.
Planeta Saturno
© NASA (Saturno)
"Trata-se de um anel superdimensionado", definiu a astrônoma Anne Verbiscer, da Universidade da Virgínia em Charlottesville e uma das autoras de um artigo sobre a descoberta publicado na revista científica Nature. "Se ele fosse visível a partir da Terra, veríamos o anel com a largura de duas luas cheias, com Saturno no meio", comparou a cientista. Verbiscer e seus colegas utilizaram uma câmera de infravermelho a bordo do telescópio espacial Spitzer para fazer uma "leitura" de uma parte do espaço dentro da órbita de Phoebe, uma das luas de Saturno. Segundo a astrônoma, o anel é praticamente invisível por telescópios que utilizam luz, já que é formado por uma fina camada de gelo e por partículas de poeira bastante difusas. "As partículas estão tão distantes umas das outras que mesmo se você ficasse em pé em cima do anel, não o veria", disse Verbiscer.
Os cientistas acreditam que a lua Phoebe é que contribuiu com o material para a formação do anel gigante, ao ser atingida por cometas. A órbita do anel está a 27 graus de inclinação do eixo do principal e mais visível anel de Saturno. Os cientistas acreditam que a descoberta do anel poderá ajudar a desvendar um dos maiores mistérios da astronomia --a lua Iapetus, também de Saturno. A lua foi descoberta pelo astrônomo Giovanni Cassini em 1671, que percebeu que ela tinha um lado claro e outro bastante escuro, como o conhecido símbolo yin-yang. Segundo a equipe de Verbiscer, o anel gira na mesma direção de Phoebe e na direção oposta a Iapetus e às outras luas e anéis de Saturno. Com isso, o material do anel colide constantemente com a misteriosa lua, "como uma mosca contra uma janela".
Anel de Saturno
© NASA (Anel de Saturno)
Fonte: BBC Brasil

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Observatório divulga imagem de bolha cósmica

Dois grupos de astrônomos, trabalhando de forma independente, "co-descobriram" um corpo celeste inusitado e sem precedentes.
O novo objeto, que se parece com uma gigantesca bolha de sabão cósmica, foi catalogado como uma nebulosa planetária. Apesar do nome, nebulosas planetárias são formadas quando uma estrela com uma massa equivalente a até oito vezes a massa do Sol ejeta suas camadas externas na forma de um gás luminoso.
O novo objeto foi batizada de PN G75.5+1.7, mas já está sendo chamado de Bolha de Cisne, em referência à constelação onde ela se encontra, a 11 anos-luz da Terra.
bolha cósmica
© Keith B. Quattrocchi (Bolha de Cisne)
A bolha de sabão cósmica pode ser um cilindro, do qual estaríamos vendo apenas uma das extremidades. Existem nebulosas de diversos formatos, sendo que a maioria é elíptica. Quando a estrela ejeta seus gases a partir dos pólos, a nebulosa formada pode ter um aspecto cilíndrico.
Contudo, a Bolha de Cisne tem uma simetria muito grande, o que aumenta a probabilidade de que ela seja de fato uma bolha.
Revisando imagens de um mapeamento celeste feito há 16 anos, os pesquisadores perceberam que a Bolha de Cisne já estava nas fotografias. Contudo, ela passou despercebida devido ao seu brilho, que é muito tênue. Os cálculos indicam que hoje ela continua com a mesma luminosidade e o mesmo tamanho.
Ainda não está claro quem constará como descobridor da nebulosa-bolha-de-sabão. O astrônomo Dave Jurasevich, do Observatório Monte Wilson detectou o novo objeto mas, em seguida, descobriu-se um comunicado de duas outras astrônomas, Mel Helm e Keith Quattrocchi, que também o detectaram. Em seu site, Keith Quattrocchi reconhece a precedência da descoberta do Dr. Jurasevich, mas ainda não há uma definição formal da União Astronômica Internacional.
Segundo o NOAO (Observatório Óptico Nacional de Astronomia), a simetria esférica da "bolha" é notável e se parece muito com a também nebulosa planetária conhecida como Abell 39, localizada a 7 mil anos-luz da Terra.
nebulosa planetária
© University of Alaska Anchorage e NOAO (PN G75.5+1.7)
As nebulosas planetárias são constituídas por gases e plasma e se formam a partir de estrelas que estão no período final de vida. O fenômeno funciona como os resquícios da morte de uma estrela: na fase final, dependendo da massa, pode lançar ao espaço as camadas externas da estrela.
Fonte: NOAO (Observatório Óptico Nacional de Astronomia)