terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Detectado tipo raro de galáxia ativa

Uma equipe de pesquisadores do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), detetaram um tipo raro de galáxias ativas (AGNs), simultaneamente com características de AGNs jovens e de antigas.

AGN na região maxBCG 2596

© CAUP (AGN na região maxBCG 2596)

Julga-se que esta aparente discrepância será devida ao reacendimento da atividade do buraco negro central.

A equipe, composta essencialmente por astrônomas portuguesas, partiu de um catálogo de mais de 13 mil enxames de galáxias na região do rádio, à procura da ligação entre galáxias ativas e os respetivos enxames de galáxias.

“O nosso projeto inicial era estudar rádio galáxias em enxames. Por sorte, encontramos oito fontes de rádio com estruturas extensas (com jatos e lóbulos visíveis na frequência do rádio) que não apareciam na região do visível, o que estranhamos. Decidimos por isso largar o projeto inicial e seguir o rasto destas estranhas rádio galáxias.”, disse Mercedes Filho, astrônoma do CAUP e a principal pesquisadora do projeto,

Para obter mais detalhes sobre as galáxias, estes oito objetos foram observados em comprimentos de onda do infravermelho pelo observatório VLT (Very Large Telescope) do ESO. Isto permitiu detectar as galáxias que deram origem às extensas estruturas observadas no rádio.

Ao comparar os espectros destes objetos com modelos conhecidos de galáxias, a equipe concluiu que estes são objetos muito raros – galáxias com características tanto de AGNs ativas (ainda estão para emitir jatos de matéria) como de AGNs inativas (onde essa emissão já terminou).

Esta aparente discrepância pode ser explicada com uma reativação recente da AGN, devido a uma maior disponibilidade de material para alimentar o buraco negro central.

Em geral, quando um buraco negro está ativo, produz um jato ao longo do eixo de rotação da galáxia. Este jato pode viajar grandes distâncias, produzindo lóbulos visíveis na região do rádio. Quando o buraco negro não está ativo, o jato é desligado, mas os lóbulos podem persistir durante muito tempo.

A emissão original foi interrompida em algum ponto no passado, e o material emitido dissipou-se, dando origem aos lóbulos que emitem na região do rádio. Só que, segundo Mercedes Filho, “os nossos objetos mostram lóbulos no rádio, sinal de um ciclo de atividade no passado, mas o espectro diz-nos que o buraco negro e os jatos foram recentemente reativados.”

Mais recentemente o buraco negro ficou com novo material à sua disposição (por exemplo proveniente de instabilidades próprias do disco de matéria que o circunda, ou da interação com outras galáxias), dando origem a nova emissão, que começou antes dos lóbulos iniciais se desvanecerem.

A equipe vai agora efetuar novas observações, na região dos raios gama e em rádio, procurando indícios diretos da presença de um jato jovem e do reacendimento recente do buraco negro central.

Um artigo descrevendo a descoberta foi aceito para publicação na revista Astronomy & Astrophysics.

Fonte: CAUP e AstroPT

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