segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A galáxia espiral NGC 3627

A galáxia espiral NGC 3627 está localizada a aproximadamente 30 milhões de anos luz de distância da Terra.

galáxia espiral NGC 3627

© Chandra/Spitzer/Hubble (galáxia espiral NGC 3627)

Essa imagem acima na verdade é uma composição feita com dados de raios X do observatório Chandra (azul), com dados infravermelhos do telescópio espacial Spitzer (vermelho) e dados da luz visível obtidos pelo telescópio espacial Hubble e pelo Very Large Telescope (amarelo). O destaque da imagem mostra a região central, que contém uma brilhante fonte de raios X que é provavelmente alimentada pelo material que está caindo em direção a um buraco negro supermassivo.

Uma pesquisa usando dados de arquivo de observações anteriores feitas com o Chandra de uma amostra de 62 galáxias próximas tem mostrado que 37 dessas galáxias, incluindo a NGC 3627, contém fontes de raios X em seus centros. Muitas dessas fontes são provavelmente alimentadas por buracos negros supermassivos centrais. A pesquisa, também usou dados do Spitzer Infrared Nearby Galaxy Survey, e encontrou que sete das 37 fontes são candidatas a novos buracos negros supermassivos.

Confirmando os resultados prévios do Chandra, esse estudo descobriu que a fração de galáxias descobertas que hospedam buracos negros supermassivos é muito maior do que a fração encontrada em pesquisas ópticas. Isso mostra a habilidade das observações de raios X para encontrar buracos negros em galáxias onde exista um nível relativamente baixo de atividade do buraco negro, ou mesmo que tenham sido escondidos por material que o obscurece ou naqueles casos em que eles sejam sobrepostos pelo brilho na luz óptica da galáxia.

Fonte: NASA

Não confie em seus olhos

O Universo adora enganar nossos olhos, dando a impressão que objetos celestes estão localizados à mesma distância da Terra.

galáxias NGC 5011B e NGC 5011C

© Hubble (galáxias NGC 5011B e NGC 5011C)

Um bom exemplo pode ser visto nessa espetacular imagem reproduzida acima efetuada pelo telescópio espacial Hubble. As galáxias NGC 5011B e a NGC 5011C foram imageadas contra um fundo estrelado.

Localizada na constelação de Centaurus, a natureza dessas galáxias vem desafiando os astrônomos. A NGC 5011B (à direita) é uma galáxia espiral pertencente ao aglomerado de galáxias Centaurus e localiza-se a 156 milhões de anos-luz da Terra. Por muito tempo considerada como parte desse mesmo aglomerado de galáxias distante, a NGC 5011C (a galáxia azulada na parte central da imagem) é um objeto peculiar, com a falta de brilho típica de uma galáxia anã próxima, juntamente com o tamanho de uma espiral do tipo precoce.

Os astrônomos eram curiosos sobre a aparência da NGC 5011C. Se as duas galáxias estivessem a aproximadamente a mesma distância da Terra, eles esperariam que o par mostrasse sinais de interação entre as galáxias. Contudo, não existe nenhum sinal visual de interação entre elas. Como isso pode ser possível?

Para resolver esse problema, os astrônomos estudaram a velocidade com a qual essas galáxias estão se movimentando com relação à Via Láctea e encontraram que a NGC 5011C está se movendo para longe de nós mais vagarosamente do que a sua vizinha aparente, e este movimento é mais consistente com o que está acontecendo com o grupo próximo de galáxias Centaurus A localizado a uma distância de 13 milhões de anos-luz. Assim, a NGC 5011C, com somente dez milhões de vezes a massa do Sol em estrelas, deve ser um galáxia anã próxima ao invés de pertencer ao distante aglomerado de galáxias Centaurus como se acreditou por muitos anos.

Problema resolvido.

Fonte: ESA

domingo, 30 de dezembro de 2012

Descoberto um buraco negro colossal

Um grupo de astrônomos liderados por Remco van den Bosch do Instituto Max Planck de Astronomia (MPIA) descobriu um buraco negro que poderia abalar as estruturas dos modelos atuais da evolução das galáxias.

galáxia lenticular NGC 1277

© MPIA (galáxia lenticular NGC 1277)

A imagem acima realizada pelo telescópio espacial Hubble mostra o pequeno e achatado disco da galáxia NGC 1277, que contém um dos mais maciços buracos negros centrais já encontrados. Com a massa de 17 bilhões de sóis, o buraco negro possui uma massa extraordinária, constituindo 14% da massa total da galáxia, uma massa muito maior do que os modelos atuais predizem. Este pode ser o buraco negro mais maciço encontrada até agora. Este tipo de buraco negro deveria ser encontrado em galáxias elípticas com tamanho dez vezes maior. Em vez disso, este buraco negro fica dentro de uma galáxia com disco bastante pequeno.
Se as observações forem confirmadas, os astrônomos precisarão repensar fundamentalmente os modelos de evolução das galáxias. Em particular, eles terão que olhar para o Universo primordial: A galáxia que hospeda o novo buraco negro parece ter se formado há mais de 8 bilhões de anos, e não parece ter mudado muito desde então. A criação de qualquer buraco negro gigante deve ter acontecido há muito tempo.
Sabe-se que quase todas as galáxias devem conter em sua região central um buraco negro supermassivo: um buraco negro com uma massa entre centenas de milhares e bilhões de sóis. O buraco negro massivo melhor estudado fica no centro da nossa galáxia, a Via Láctea, com uma massa de cerca de quatro milhões de sóis.

ambiente onde a galáxia NGC 1277 se localiza

© SDSS (ambiente onde a galáxia NGC 1277 se localiza)

A galáxia NGC 1277 está localizada próximo ao aglomerado de galáxias Perseus, a uma distância de 250 milhões de anos-luz da Terra. Todas as galáxias elípticas e redondas amarelas na imagem acima são galáxias localizadas neste aglomerado. Em comparação com todas as outras galáxias em torno dele, a NGC 1277 é relativamente compacta.

Com uma massa 17 bilhões de vezes a do Sol, o buraco negro recém-descoberto no centro do disco da galáxia NGC 1277 pode até ser o maior buraco negro conhecido de todos; a massa do detentor do recorde atual é estimada entre 6 e 37 bilhões de massas solares. A grande surpresa é que a massa do buraco negro para a NGC 1277 eleva-se a 14% da massa total da galáxia, em vez de valores usuais em torno de 0,1%.

Um artigo sobre a descoberta foi relatado na revista Nature.

Fonte: Instituto Max Planck

A estrela fugitiva Zeta Ophiuchi

Como um navio no oceano cósmico, a estrela fugitiva Zeta Ophiuchi (Zeta Oph) produz uma onda arqueada no meio interestelar, ou também conhecida, como uma onda de choque e que aparece de forma espetacular nessa impressionante imagem infravermelha.

estrela Zeta Ophiuchi

© Spitzer (estrela Zeta Ophiuchi)

Na imagem com cores falsas, a estrela azulada Zeta Oph, uma estrela que é aproximadamente 20 vezes mais massiva que o Sol, aparece localizada perto do centro da imagem, movendo-se para a esquerda a uma velocidade de 24 km/s. Seu forte vento estelar a precede no movimento, comprimindo e aquecendo o material empoeirado do meio interestelar dando a forma curva para a onda de choque. Ao redor dela estão nuvens de material relativamente não perturbado. O que faz essa estrela estar em movimento? A Zeta Oph foi provavelmente uma vez na sua história membro de um sistema binário de estrelas, sua estrela companheira deveria ser mais massiva e por isso com uma vida mais curta. Quando a estrela companheira explodiu como uma supernova, a estrela Zeta Oph foi expelida do sistema. Localizada a aproximadamente 460 anos-luz de distância, a Zeta Oph é 65.000 vezes mais luminosa que o Sol e seria uma das estrelas mais brilhantes do céu, não fosse o fato de estar circundada por uma poeira que obscurece sua visualização. A imagem acima se espalha por 1,5 graus, o que corresponde a 12 anos-luz usando a distância estimada da Zeta Ophiuchi.

Fonte: NASA

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Fantásticas formas de uma nebulosa

Formas fantásticas espreitam as nuvens de gás hidrogênio incandescente na NGC 6188, localizada a aproximadamente 4.000 anos-luz de distância da Terra.

nebulosas NGC 6188 e NGC 6164

© Kfir Simon (nebulosas NGC 6188 e NGC 6164)

A nebulosa de emissão é encontrada perto da borda de uma grande nuvem molecular invisível aos comprimentos de onda da luz visível, no sul da constelação Ara. Estrelas jovens e massivas da associação incorporada conhecida como OB1 foram formadas nessa região a somente poucos milhões de anos atrás, esculpindo então as formas escuras e alimentando o brilho nebular com ventos estelares e com intensa radiação ultravioleta. A recente formação de estrelas foi muito provavelmente disparada pelos ventos gerados nas explosões de supernovas, de gerações anteriores de estrelas massivas, que varreram e comprimiram o gás molecular. Juntamente com a NGC 6188 nessa verdadeira pintura cósmica está a rara nebulosa de emissão NGC 6164, também criada por uma das regiões de estrelas massivas do tipo-O. Similar em aparência a muitas nebulosas planetárias, a impressionante mortalha gasosa simétrica da NGC 6164 e o apagado halo ao redor de sua estrela brilhante central, podem ser vistos na parte inferior direita da imagem. O campo de visão da imagem acima é de aproximadamente similar ao tamanho de duas Luas Cheias, correspondendo a 70 anos-luz na distância estimada da NGC 6188.

Fonte: NASA

A dança das estrelas numa galáxia

O telescópio espacial Hubble forneceu-nos neste final de ano uma imagem espetacular do anel de formação estelar brilhante que circunda o coração da galáxia espiral barrada NGC 1097.

galáxia NGC 1097

© Hubble (galáxia NGC 1097)

Na imagem acima, a estrutura de maior escala da galáxia quase não é vista, ou seja, seus braços espirais comparativamente apagados, que circulam a parte central de forma solta, chegam até além da borda dessa moldura.

Essa galáxia, observada por nós na Terra frontalmente, localiza-se a aproximadamente 45 milhões de anos-luz de distância na constelação do céu do hemisfério Sul de Fornax, a Fornalha, e é particularmente interessante aos astrônomos. A NGC 1097 é uma galáxia do tipo Seyfert. Bem no centro da galáxia, um buraco negro supermassivo com massa 100 milhões de vezes a massa do Sol está de forma gradativa sugando a matéria ao seu redor. A área imediatamente ao redor do buraco negro brilha de forma intensa com a radiação proveniente do material que cai em sua direção.

O distinto anel ao redor do buraco negro está explodindo com novas estrelas em formação devido ao influxo de material em direção a barra central da galáxia. Essas regiões de formação de estrelas estão brilhando intensamente graças à emissão das nuvens de hidrogênio ionizado. O anel tem aproximadamente 5.000 anos-luz de diâmetro, embora os braços espirais da galáxia se estendem por dezenas de milhares de anos-luz além.

A NGC 1097 é também um interessante alvo para os caçadores de supernovas. Na galáxia houve a ocorrência de três supernovas, em onze anos entre 1992 e 2003. Essa é definitivamente uma galáxia que foge dos padrões.

Contudo, o que é realmente excitante sobre a NGC 1097 é que ela não está vagando de forma solitária no espaço. Ela possui duas pequenas galáxias companheiras que dançam no espaço.

As galáxias satélites são a NGC1097A, uma galáxia elíptica orbitando a NGC 1097 a uma distância aproximada de 42.000 anos-luz do seu centro, e uma pequena galáxia anã denominada NGC 1097B. Ambas as galáxias estão localizadas além dos limites da imagem acima e não podem ser vistas. Os astrônomos possuem indicações que a NGC 1097 e a NGC 1097A se interagiram no passado.

Fonte: NASA

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Cinco planetas orbitam a estrela Tau Ceti

Astrônomos acreditavam há muito tempo que a estrela Tau Ceti, visível a olho nu a partir da Terra, brilhasse solitária na noite, mas cientistas acabam de descobrir cinco planetas em sua órbita, um deles situado na chamada zona habitável.

ilustração do sistema planetário Tau Ceti

© J. Pinfield (ilustração do sistema planetário Tau Ceti)

Tau Ceti faz parte da constelação da Baleia e não fica apenas próxima do Sol, a 12 anos-luz, mas também é muito semelhante a ele, em massa e irradiação. No passado, muitos olhares se voltaram para essa estrela em busca de vida extraterrestre, mas em vão.
Nenhum planeta foi observado no entorno de Tau Ceti até que uma equipe internacional teve a ideia de testar uma nova técnica de coleta de dados astronômicos, capaz de detectar sinais duas vezes mais potentes.
"Escolhemos Tau Ceti porque achamos que ela não comportaria nenhum sinal. E é tão brilhante e similar ao nosso Sol que constitui uma cobaia ideal para testar nosso método de detecção de planetas de pequena proporção", explicou Hugh Jones, da Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido, responsável pelo estudo.
Os cinco planetas descobertos têm massa entre duas e seis vezes a da Terra. O que está na zona habitável fica em uma região nem muito quente, nem muito fria, o que permite a existência de uma atmosfera, de água em estado líquido na superfície, e portanto, talvez uma forma de vida.
"Tau Ceti é uma de nossas vizinhas cósmicas mais próximas, tão brilhante que poderíamos chegar a estudar as atmosferas de seus planetas em um futuro não muito distante", afirmou James Jenkins, da Universidade do Chile, que participou da pesquisa.
A descoberta confirma a nova ideia de "que quase todas as estrelas têm planetas e que a galáxia deve, portanto, conter um grande número de planetas potencialmente habitáveis de tamanho próximo ao nosso", acrescentou Steve Vogt, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, nos EUA.
Pesquisadores do Observatório Europeu do Sul (ESO) estimaram recentemente que bilhões de planetas como esse existiriam na Via Láctea, dos quais uma centena está na vizinhança do nosso Sol.

Um estudo foi publicado na revista Astronomy & Astrophysics.

Fonte: AFP

sábado, 22 de dezembro de 2012

Saturno durante a noite

Esplendores raramente vistos são revelados nesta imagem gloriosa da sombra de Saturno.

Saturno

© Cassini (Saturno)

Fotografada pela Cassini em 17 de Outubro 2012, durante sua órbita 174, o lado do planeta dos anéis que está na noite é visto de uma perspectiva de 19 graus abaixo do plano do anel, a uma distância de cerca de 800 mil quilômetros com o Sol quase diretamente atrás do planeta. Sessenta imagens feitas através dos filtros infravermelho, vermelho e violeta, foram combinadas para criar essa visão realçada e colorida de maneira falsa do gigante dos anéis, em um único mosaico. Fortemente iluminado por trás, os anéis aparecem brilhantes fora do planeta, mas com sua silhueta escura marcando o gigante gasoso. Acima do centro, eles refletem uma luz tênue e lúgubre sobre o topo das nuvens, enquanto Saturno lança sua própria sombra escura sobre os anéis. Uma imagem semelhante feita pela Cassini em 2006 também mostrou o planeta Terra como um pálido ponto azul à distância, na imagem abaixo.

o pálido ponto azul no anel de Saturno

© Cassini (o pálido ponto azul no anel de Saturno)

Já a imagem acima em vez de ter a Terra como coadjuvante tem as luas congeladas de Saturno, Encélado (mais perto dos anéis) e Tétis abaixo dos anéis e a esquerda da imagem.

Fonte: NASA

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Estrelas revelam o segredo da juventude

Os aglomerados globulares são coleções esféricas de estrelas, fortemente ligadas entre si por ação da gravidade.

aglomerado globular NGC 6388

© ESO (aglomerado globular NGC 6388)

São relíquias dos primórdios do Universo, com idades típicas de 12 a 13 bilhões de anos (o Big Bang ocorreu há cerca de 13,7 bilhões de anos) e existem cerca de 150 aglomerados globulares na Via Láctea, que contêm muitas das estrelas mais velhas da nossa Galáxia.
Mas, embora as estrelas sejam velhas e os aglomerados se tenham formado num passado distante, com o auxílio do telescópio MPG/ESO de 2,2 metros e do Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA, os astrônomos descobriram que alguns destes aglomerados ainda são jovens de espírito. O trabalho será publicado na revista Nature de hoje.
“Embora estes aglomerados se tenham todos formado há vários bilhões de anos,” diz Francesco Ferraro (Universidade de Bolonha, Itália), líder da equipe que fez a descoberta, “começamos a pensar se alguns estariam envelhecendo mais depressa ou mais devagar que os outros. Ao estudar a distribuição de um tipo de estrela azul que existe nos aglomerados, descobrimos que alguns deles se desenvolveram efetivamente muito mais depressa, e encontramos uma maneira de medir a taxa de envelhecimento.”
Os aglomerados estelares formam-se num curto espaço de tempo, o que significa que todas as estrelas no seu interior tendem a ter a mesma idade. No entanto, como as estrelas brilhantes de elevada massa queimam muito depressa o seu combustível, e os aglomerados globulares são muito velhos, deveriam haver apenas estrelas de pequena massa ainda brilhando no seu interior.
No entanto, parece que não é isto que se passa: em certas e determinadas circunstâncias, as estrelas podem receber um novo surto de vida, ao receberem uma quantidade extra de matéria que as fazem crescer e as tornam substancialmente mais brilhantes. Isto pode acontecer se uma estrela suga matéria de uma companheira próxima, ou se as estrelas colidem entre si. Estas estrelas revigoradas chamam-se retardatárias azuis e tanto a sua massa elevada como o seu brilho são o cerne deste estudo. As retardatárias azuis são assim chamadas devido à sua cor azul e ao fato da sua evolução ficar atrás da das suas vizinhas.
As estrelas mais pesadas deslocam-se para o interior do aglomerado, à medida que o aglomerado envelhece, num processo semelhante à sedimentação. Como as retardatárias azuis têm massas elevadas, estas estrelas são muito afetadas por este processo, enquanto o seu brilho intenso torna-as relativamente fáceis de observar.
Para compreender melhor o processo de envelhecimento dos aglomerados, a equipe mapeou a localização das estrelas retardatárias azuis em 21 aglomerados globulares, a partir de imagens do telescópio MPG/ESO de 2,2 metros e do Telescópio Espacial Hubble, entre outros. O Hubble forneceu imagens de alta resolução dos centros compactos de 20 dos aglomerados, enquanto as imagens obtidos no solo forneceram uma visão mais geral das regiões exteriores menos compactas.
Ao analisar os dados observacionais, a equipe descobriu que alguns aglomerados parecem jovens, com as estrelas retardatárias azuis distribuídas por todo o aglomerado, enquanto que um maior grupo de aglomerados se apresenta mais velho, com todas as estrelas retardatárias azuis localizadas no centro. Um terceiro grupo parece estar no processo de envelhecimento, com as estrelas mais próximas do núcleo migrando primeiro para o interior, e depois as estrelas cada vez mais exteriores se deslocam progressivamente na direção do centro.
“Uma vez que estes aglomerados se formaram mais ou menos todos ao mesmo tempo, este estudo revela enormes diferenças na taxa de evolução dos aglomerados,” disse Barbara Lanzoni (Universidade de Bolonha, Itália), co-autora do estudo. “No caso dos aglomerados que evoluem depressa, pensamos que o processo de sedimentação fique completo em algumas centenas de milhões de anos, enquanto que os que evoluem mais lentamente levariam várias vezes a idade atual do Universo para completar este processo.”
À medida que as estrelas mais pesadas do aglomerado se deslocam em direção ao centro, o aglomerado sofre eventualmente um fenômeno chamado colapso do núcleo, onde o centro do aglomerado se compacta de modo extremamente denso. Os processos que levam ao colapso do núcleo são bem compreendidos, e estão diretamente relacionados com o número, a densidade e a velocidade a que se deslocam as estrelas. No entanto, a taxa à qual isto acontece não era conhecida até agora. Este estudo fornece a primeira prova empírica sobre a que velocidade de envelhecimento dos diferentes aglomerados globulares.

Fonte: ESO

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Uma nebulosa planetária complexa

Quando uma estrela como o nosso Sol está morrendo, ela irá abandonar suas camadas externas, geralmente em uma forma simples.

nebulosa planetária NGC 5189

© Hubble (nebulosa planetária NGC 5189)

Às vezes, essa forma é uma esfera, ou um duplo lóbulo, ou um anel ou uma hélice. No caso da nebulosa planetária NGC 5189, no entanto, nenhuma estrutura simples emergiu. Para ajudar a descobrir este formato inusitado o telescópio espacial Hubble observou recentemente a NGC 5189 em grande detalhe. Descobertas anteriores indicaram a existência de saída de material em múltiplas épocas, incluindo uma recente que criou um toro brilhante, mas distorcido localizado horizontalmente no centro da imagem. Resultados parecem consistentes com a hipótese de que a estrela que está morrendo é parte de um sistema binário com um eixo de simetria de precessão. A NGC 5189 abrange cerca de três anos-luz e está situada a 3.000 anos-luz de distância na direção da constelação da Mosca (Musca).

Fonte: NASA

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Galáxia de anel colisional

O que faz essa galáxia ter tantos buracos negros?

galáxia NGC 922 no visível

© Hubble/Nick Rose (galáxia NGC 922 no visível)

Ninguém sabe ao certo. O que é certo, é que a NGC 922 é uma galáxia de anel criada pela colisão de uma galáxia grande e outra pequena a aproximadamente 30 milhões de anos atrás.

Como uma pedra que é arremessada num lago, a antiga colisão envia ondas de gás de alta densidade desde a origem do impacto, ou seja, um ponto perto do centro parcialmente condensado nas estrelas. A foto acima mostra a NGC 922, com seu belo anel complexo ao longo do lado esquerdo, como a imagem feita recentemente pelo telescópio espacial Hubble. Observações da NGC 922, feitas com o observatório de raios X Chandra, contudo, mostram alguns nós brilhantes de raios X que são provavelmente grandes buracos negros.

galáxia NGC 922 em raios X

© Chandra (galáxia NGC 922 em raios X)

O grande número de buracos negros massivos foi algo surpreendente, assim como a composição do gás da NGC 922, que é rico em elementos pesados, que deveria ter prejudicado a formação de objetos assim tão massivos. Logicamente, muita pesquisa ainda tem que ser feita para entender as peculiaridades da NGC 922. Ela se espalha por aproximadamente 75.000 anos-luz, e localiza-se a aproximadamente 150 milhões de anos-luz de distância. Essa galáxia pode ser observada com pequenos telescópios quando apontados para a constelação da Fornalha (Fornax).

Fonte: NASA

sábado, 15 de dezembro de 2012

O Retângulo Vermelho ao redor de estrela

A estrela HD 44179 é circundada por uma extraordinária estrutura conhecida como o Retângulo Vermelho.

estrela HD 44179

© Hubble (estrela HD 44179)

Essa estrutura recebeu esse apelido devido à sua forma e a sua aparência quando vista em imagens feitas da Terra. Essa imagem com detalhes impressionantes,  feita pelo telescópio espacial Hubble revela que quando vista do espaço, a nebulosa, ao invés de ser retangular, ela tem a forma de um X com complexas estruturas adicionais de linhas espaçadas de gás brilhante, parecidas com degraus de uma escada. A estrela no centro é parecida com o Sol, mas no fim de sua vida, bombeando gás e outro material para gerar a nebulosa, e dando a ela sua forma distinta. Também parece que a estrela é uma binária próxima que é circundada por um denso torus de poeira, ambos podendo ajudar a explicar sua forma curiosa. O Retângulo Vermelho é um exemplo incomum do que é conhecido como uma nebulosa protoplanetária. Essas são estrelas velhas, no seu trajeto se tornaram nebulosas planetárias. Uma vez que a expulsão de massa esteja completa uma estrela quente do tipo anã branca permanecerá ali e sua brilhante radiação ultravioleta fará com que o gás ao redor brilhe de forma intensa. O Retângulo Vermelho está localizado a aproximadamente 2.300 anos-luz de distância na direção da constelação de Monoceros (O Unicórnio).

Fonte: ESA

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Hubble detectou grupo de galáxias primitivas

O telescópio espacial Hubble detectou um grupo de galáxias primitivas formadas há mais de 13 bilhões anos, pouco depois da explosão do Big Bang, que formou o Universo.

galáxias primitivas formadas logo após o Big Bang

© Hubble (galáxias primitivas formadas logo após o Big Bang)

A agência espera que esta descoberta ajude a conhecer melhor as origens do Universo, segundo indicaram o astrofísico do Instituto Tecnológico da Califórnia Richard Ellis e o astrônomo da Universidade de Harvard Abraham Loeb.

O descobrimento é fruto das observações realizadas durante seis semanas entre agosto e setembro deste ano. No total foram descobertas sete novas galáxias formadas apenas entre 350 e 600 milhões de anos depois do Big Bang.

"Pudemos remontar até 13,3 bilhões de anos, depois do Big Bang. Neste momento, o Universo não tinha mais que 3% de sua idade atual", explicou Ellis.

Trata-se das "pesquisas arqueológicas" mais antigas da qual dispõem os cientistas sobre as origens do Universo, disse Loeb, ressaltando que novas observações com telescópios mais potentes como o James Webb, que será lançado em cinco anos, permitirão aprofundar estas descobertas.

O objetivo é saber o que aconteceu logo depois do nascimento do Universo, que se formou há 13,7 bilhões de anos.

Fonte: NASA

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Achado o maior sistema de rios fora da Terra

A sonda Cassini, da ESA e da NASA, registrou o que parece ser um rio na lua Titã, de Saturno. O curso seguiria por cerca de 400 km.

rio de metano em Titã

© Cassini (rio de metano em Titã)

Titã é o único corpo do Sistema Solar, além da Terra, a ter líquidos estáveis em sua superfície. Só que, ao invés de água, a lua tem hidrocarbonetos, como etano e metano, em seus rios e lagos.

Segundo a missão, é a primeira vez que se registra um sistema de rios tão grande e complexo fora do nosso planeta. Os cientistas acreditam que os hidrocarbonetos líquidos preenchem o curso porque ele aparece escuro nos registros do satélite. O rio acaba no mar Kraken que, em tamanho, estaria entre os mares Cáspio e Mediterrâneo.

"Apesar de alguns desvios pequenos e locais, a relativa linearidade do vale do rio sugere que ele segue o trajeto de ao menos uma falha geológica, similar a outros grandes rios na margem sul do mesmo mar de Titã", diz Jani Radebaugh, da equipe de pesquisadores da missão.

Outros registros interessantes sobre o ciclo dos hidrocarbonetos líquidos de Titã já foram feitos. Em 2010, por exemplo, o registro de regiões escurecidas na superfície da lua indicava que havia ocorrido uma recente pancada de chuva no local. Em 2008, a Cassini confirmou a existência de um lago de etano líquido no hemisfério sul.

"Esta imagem nos dá uma vista de um mundo em movimento. A chuva cai, e rios movem essa chuva para lagos e mares, onde ela evapora e começa o ciclo todo de novo. Na Terra, o líquido é água; em Titã, é metano, mas em ambos os casos, isso afeta quase tudo que ocorre", diz Steve Wall, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA.

Fonte: NASA

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Descoberta estrela parecida com o Sol

Cientistas anunciaram a descoberta de uma estrela de 300 mil anos de idade, que pode ser uma versão jovem do Sol.

ilustração de uma protoestrela

© Nature (ilustração de uma protoestrela)

A protoestrela tem características que, segundo astrônomos americanos, lembrariam a da estrela do nosso sistema solar em seus primeiros anos de existência.

Ela foi batizada de L1527IRS e está localizada na constelação de Touro, a 450 anos-luz de distância da Terra. Com “apenas” 30 mil anos de vida, a estrela é ainda pequena quando comparada ao Sol, que tem 4,6 bilhões de anos.

A protoestrela pesa um quinto da massa do Sol. Apesar de ser menor do que a estrela do nosso sistema, os astrônomos afirmam que a massa da L1527IRS  seria suficiente para formar sete planetas com a massa de Júpiter, o maior do sistema solar.

Os cientistas que trabalham na observação da L1527IRS acreditam que a estrela passará por um processo de desenvolvimento bastante parecido com o qual o Sol atravessou em seus primeiros estágios. Com a observação do amadurecimento dela, os astrônomos devem aprender mais sobre a evolução do nosso próprio sistema solar.

Fonte: Nature

domingo, 9 de dezembro de 2012

A gravidade do lado escuro da Lua

A imagem abaixo mostra as variações no campo de gravidade da Lua medidas pela Gravity Recovery and Interior Laboratory (GRAIL) da NASA durante a sua missão primária de mapeamento entre março e maio de 2012.

campo de gravidade do lado escuro da Lua

© NASA/GRAIL (campo de gravidade do lado escuro da Lua)

Medidas de micro-ondas muito precisas entre as duas sondas da missão, denominadas Ebb e Flow, foram usadas para mapear a gravidade com alta precisão e alta resolução espacial. O campo mostrado decifra blocos na superfície com aproximadamente 20 quilômetros e as medidas são entre 3 a 5 ordens de grandeza melhor do que o dado anteriormente obtido. A cor vermelha mostra o excesso de massa, enquanto que a cor azul corresponde à deficiência de massa. O mapa acima mostra mais detalhes de pequena escala no lado escuro da Lua se comparado com o lado visível pois o lado escuro tem muito mais crateras pequenas, do que o lado visível onde o que reina são os mares e as grandes bacias.

Fonte: NASA

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Nebulosa Carina no VLT Survey Telescope

Uma nova imagem da Nebulosa Carina, uma região de formação estelar, foi captada pelo VLT Survey Telescope, situado no Observatório do Paranal do ESO.

a Nebulosa Carina obtida pelo VST Survey Telescope

© ESO/VST (a Nebulosa Carina obtida pelo VST Survey Telescope)

O mais recente telescópio instalado no Observatório do Paranal do ESO, no Chile, o VLT Survey Telescope (VST, telescópio de rastreio do VLT), foi hoje inaugurado no Instituto Nacional de Astrofísica italiano (INAF), no Observatório de Capodimonte, em Nápoles, Itália. A cerimônia contou com a presença do Presidente da Câmara de Nápoles, Luigi De Magistris, o Presidente do INAF, Giovanni Bignami, os representantes do ESO, Bruno Leibundgut e Roberto Tamai, e o principal promotor do telescópio, Massimo Capaccioli, da Universidade de Nápoles Federico II e do INAF.

O VST é um telescópio de vanguarda de 2,6 metros, que possui uma câmera enorme de 268 megapixeis, a OmegaCAM. Foi concebido para mapear o céu rapidamente e com uma excelente qualidade de imagem. O VST é um projeto conjunto entre o ESO e o INAF e a OmegaCAM foi fornecida pelo consórcio OmegaCAM. Este novo telescópio é o maior telescópio do mundo dedicado exclusivamente a mapear os céus nos comprimentos de onda do visível. Por ocasião da sua inauguração, foi divulgada esta imagem extraordinária da Nebulosa Carina, obtida com o novo telescópio.

Esta região de formação estelar é uma das mais proeminentes do céu austral, sendo um dos objetos mais frequentemente observados. Foi o tema de muitas imagens anteriores obtidas com os telescópios do ESO. No entanto, a nuvem de gás brilhante é enorme e por isso torna-se difícil estudar mais do que uma pequena parte de uma só vez, com o auxílio dos maiores telescópios. Este fato torna-a o alvo ideal para o VLT Survey Telescope e a sua câmera gigante, a OmegaCAM. O VST obtém imagens muito nítidas devido à alta qualidade da sua óptica e ao local excelente onde se encontra. E uma vez que foi concebido para rastreios do céu, possui também um enorme campo de visão, o que lhe permite obter a imagem de quase toda a Nebulosa Carina apenas com uma exposição.

O objeto foi o alvo natural quando o Presidente do Chile, Sebastián Piñera, acompanhado pela Primeira Dama, Cecilia Morel, foi o convidado de destaque no Observatório do Paranal em 5 de junho de 2012, e participou nas observações com o VST. A imagem que o Presidente ajudou a obter nessa altura, foi agora combinada com outras imagens da Nebulosa Carina, capturadas recentemente pelo VST, criando-se assim uma das imagens mais coloridas e detalhadas deste objeto.

A Nebulosa Carina é uma enorme maternidade estelar que se situa a cerca de 7.500 anos-luz de distância, na constelação Carina (a Quilha). Esta nuvem de gás e poeira brilhante é uma das regiões de formação estelar mais próximas da Terra e possui várias das estrelas mais brilhantes e de maior massa que se conhecem. A Nebulosa Carina é um laboratório perfeito para estudar os nascimentos violentos e a vida inicial das estrelas.

A proeminente cor vermelha que aparece na imagem vem do hidrogênio gasoso que se encontra na nebulosa e que brilha sob a intensa radiação ultravioleta emitida por imensas estrelas jovens e quentes. Outras cores, originada em outros elementos químicos, são igualmente visíveis, assim como muitas nuvens de poeira. Mesmo por cima do centro da imagem encontra-se a estrela brilhante Eta Carinae. Esta estrela enorme e altamente instável tornou-se visivelmente mais brilhante no século XIX e é uma boa candidata a uma futura explosão de supernova.

Fonte: ESO

Radiogaláxia Hercules A emite jatos de plasma

Por que essa galáxia emite esses jatos espetaculares?

radiogaláxia Hercules A

© Hubble/VLA (radiogaláxia Hercules A)

Ninguém sabe ao certo, mas provavelmente essa emissão esteja relacionada com um buraco negro supermassivo ativo localizado em seu centro. A galáxia no centro da imagem, é a Hercules A, e aparece como uma galáxia elíptica normal na luz visível. Porém, quando imageada nas ondas de rádio, tremendos jatos de plasma com mais de um milhão de anos-luz de comprimento aparecem. Análises detalhadas indicam que a galáxia central, também conhecida como 3C 348, é na verdade 1.000 vezes mais massiva que a Via Láctea e o seu buraco negro central é aproximadamente 1.000 vezes mais massivo do que o buraco negro existente no centro da Via Láctea. A imagem acima mostra a luz visível obtida pelo telescópio espacial Hubble sobreposta com imagens de rádio obtidas com o recentemente atualizado Very Large Array (VLA) que compreende uma série de radiotelescópios no Novo México, EUA. A física que cria os jatos ainda é um tópico para ser pesquisado com uma fonte de energia provavelmente sendo uma matéria que está colapsando em forma de redemoinho em direção ao buraco negro central.

Fonte: NASA

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Ecos de galáxias do passado

Uma nova classe de galáxias foi identificada com o auxílio do Very Large Telescope (VLT) do ESO, o telescópio Gemini Sul e o telescópio Canadá-França-Hawaii (CFHT).

galáxia J2240

© ESO (galáxia J2240)

Apelidadas galáxias "feijão verde” devido à sua aparência incomum, estas galáxias brilham sob a intensa radiação emitida pelo material que circunda os enormes buracos negros centrais e encontram-se entre os objetos mais raros do Universo.

Muitas galáxias têm um buraco negro gigante no seu centro, que faz com que o gás em sua volta brilhe. No caso das galáxias feijão verde toda a galáxia brilha e não apenas o centro. Estas novas observações revelam as regiões maiores e mais brilhantes já encontradas, que se pensa serem alimentadas por buracos negros centrais, muito ativos no passado mas que estão encerrando a atividade.

O astrônomo Mischa Schirmer do Observatório Gemini observou muitas imagens do Universo distante à procura de aglomerados de galáxias, mas quando viu um objeto numa imagem do telescópio Canadá-França-Hawaii, ficou espantado, o objeto parecia uma galáxia mas era verde brilhante. Não era como nenhuma galáxia que ele já tivesse visto antes, algo totalmente inesperado. Schirmer resolveu então pedir tempo de telescópio no Very Large Telescope do ESO para descobrir o que estaria causando o brilho verde incomum.

"O ESO concedeu-me muito rapidamente tempo de observação e apenas alguns dias depois de ter submetido a minha proposta, este estranho objeto foi observado pelo VLT", diz Schirmer. "Dez minutos depois dos dados terem sido adquiridos no Chile, estavam já no meu computador na Alemanha. Rapidamente defini as minhas prioridades de trabalho de investigação, quando se tornou evidente que tinha encontrado algo realmente novo".

O novo objeto tem o nome J224024.1-092748 ou J2240, situa-se na constelação do Aquário e a sua luz levou cerca de 3,7 bilhões de anos para chegar até nós.

Depois da descoberta, a equipe de Schirmer vasculhou uma lista de quase um bilhão de galáxias e encontrou mais 16 galáxias com propriedades semelhantes, que foram posteriormente confirmadas por observações feitas com o telescópio Gemini Sul. Estas galáxias são tão raras que existe, em média, apenas uma em cada cubo de 1,3 bilhões de anos-luz de lado. Este novo tipo de galáxias foi apelidado galáxias feijão verde, devido à sua cor e porque superficialmente são parecidas às galáxias ervilha, embora sejam maiores. As galáxias ervilha são pequenas e luminosas, apresentando intensa formação estelar. Foram descobertas em 2007 pelos participantes do projeto astronômico Galaxy Zoo. Ao contrário das galáxias feijão, estas galáxias são muito pequenas - a nossa Via Láctea contém massa equivalente à de cerca de 200 galáxias ervilha normais. A semelhança entre as galáxias ervilha e as galáxias feijão verde limita-se à sua aparência, já que a maioria não se encontra relacionada entre si.

Em muitas galáxias o material que rodeia o buraco negro central de elevada massa emite radiação intensa, ionizando o gás circundante que brilha fortemente. Estas regiões brilhantes em galáxias ativas típicas são geralmente pequenas, não ultrapassando os cerca de 10% do diâmetro da galáxia. No entanto, as observações da equipe mostraram que, no caso de J2240 e das outras galáxias feijão verde descobertas posteriormente, esta região é verdadeiramente enorme, comportando toda a galáxia. A galáxia J2240 apresenta uma das maiores e mais brilhantes regiões deste tipo encontradas até agora. O oxigênio ionizado brilha intensamente em verde, o que explica a estranha cor que originalmente chamou a atenção de Schirmer.

"Estas regiões brilhantes são fantásticas para tentar entender a física das galáxias - é como enfiar um termômetro médico numa galáxia muito, muito distante", diz Schirmer. "Normalmente, estas regiões não são nem muito grandes nem muito brilhantes, e por isso só conseguem ser bem observadas em galáxias próximas. No entanto, nestas galáxias recentemente descobertas, as regiões são tão grandes e brilhantes que podem ser observadas com detalhes, apesar das enormes distâncias envolvidas".

A análise subsequente dos dados revelou outro mistério. A galáxia J2240 parece ter um buraco negro central muito menos ativo do que o esperado pelo tamanho e brilho da região. A equipe pensa que as regiões brilhantes devem ser um eco de quando o buraco negro estava muito mais ativo no passado e que irão gradualmente diminuindo de brilho à medida que os restos de radiação passam através delas e se perdem no espaço.

Em muitas galáxias ativas, o buraco negro central encontra-se obscurecido por enormes quantidades de poeira, o que torna difícil medir a sua atividade. Para descobrir se as galáxias feijão verde eram realmente diferentes de outras galáxias com centros escondidos, os astrônomos observaram-nas nos maiores comprimentos de onda do infravermelho, comprimentos de onda esses que penetram facilmente mesmo nas mais espessas nuvens de poeira. As regiões centrais da J2240, e das outras galáxias feijão verde, revelaram-se muito menos luminosas do que o esperado, o que significa que o núcleo ativo se encontra agora muito mais fraco do que o sugerido pelo brilho das regiões brilhantes.

Estas galáxias assinalam a presença de um centro galáctico que está se enfraquecendo, marcando uma fase transitória na vida de uma galáxia. No Universo primordial as galáxias eram muito mais ativas, com buracos negros em crescimento no seus centros, que engoliam as estrelas e o gás circundante e brilhavam intensamente, produzindo facilmente até 100 vezes mais luz do que todas as estrelas da galáxia juntas. Ecos de luz como o observado na J2240 permitem aos astrônomos estudar os processos de "desligamento" destes objetos ativos, de modo a compreender o como, quando e porquê eles irão apagar, e o motivo de que agora vemos tão poucos deles nas galáxias mais jovens. Isto é o que a equipe pretende estudar a seguir, continuando este trabalho com observações nos raios X e também observações espectroscópicas.

Fonte: ESO

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Gigantescos cinturões de cometas

Graças ao telescópio espacial Herschel, da ESA, uma equipe de astrônomos descobriu dois gigantescos cinturões de cometas que rodeiam dois sistemas planetários nos quais só existem planetas pequenos.

discos de resíduos ao redor da GJ581

© ESA (discos de resíduos ao redor da GJ581)

Estes cometas poderiam ter formado oceanos capazes de abrigar vida nos seus planetas interiores.
Já se tinha descoberto, em outro estudo realizado com material recolhido pelo Herschel, que o disco de poeira que rodeia a estrela Fomalhaut se mantinha graças a uma vertiginosa taxa de colisões entre cometas.

Recentemente, confirmou-se que os sistemas planetários GJ581 e 61 Vir também albergam uma grande quantidade de resíduos de cometas.

O Herschel detetou pó frio, a uns -200°C, em tal quantidade que se pensa que estes sistemas poderiam ter pelo menos 10 vezes mais cometas que o Cinturão de Kuiper, no nosso Sistema Solar.

A GJ 581, ou Gliese 581, é uma estrela anã de tipo M, o mais comum da Galáxia. Estudos anteriores revelaram que tem pelo menos quatro planetas, e um deles numa distância propícia à estrela central na qual poderia existir água líquida na superfície do planeta. Também se confirmou a presença de dois planetas na órbita da 61 Vir, uma estrela de tipo G um pouco menos massiva que o nosso Sol.

Os planetas descobertos nestes dois sistemas são da classe conhecida como ‘Super Terras’, cobrindo um leque de massas entre 2 a 18 vezes a massa do nosso planeta.

Curiosamente, não se encontraram provas da existência de planetas do tamanho de Júpiter ou de Saturno em nenhum dos dois sistemas.  

discos de resíduos ao redor da 61 Vir

© ESA (discos de resíduos ao redor da 61 Vir)

Pensa-se que a interação gravitacional entre Júpiter e Saturno ocasionou uma perturbação sobre o Cinturão de Kuiper, densamente povoada no passado, que desencadeou um dilúvio de cometas em direção aos planetas interiores, um cataclismo que durou vários milhões de anos.

“Estas novas observações dão-nos uma pista: no nosso Sistema Solar temos planetas gigantes e uma Cintura de Kuiper relativamente despovoada, mas os sistemas nos quais só há planetas pequenos costumam estar rodeados por cinturas de Kuiper muito mais densas”, explica Mark Wyatt, da Universidad de Cambridge, e autor principal do artigo em que se estuda o disco que rodeia a 61 Vir.

A carência de um planeta do tamanho de Júpiter livrou estes sistemas de um bombardeamento dramático. No entanto, poderiam estar sujeitos a uma chuva gradual de cometas, ativa ao longo de milhares de milhões de anos.

Para uma estrela antiga como a GJ 581, que tem pelo menos dois bilhões de anos, já passou tempo suficiente para que esta chuva de cometas tenha levado uma quantidade de água considerável aos planetas interiores. Isto é especialmente importante no caso do planeta que se encontra na zona habitável da estrela”, diz Jean-François Lestrade, do Observatório de Paris, coordenador do trabalho sobre a GJ 581.

No entanto, para gerar a imensa quantidade de poeira detectada pelo Herschel, é necessário que se produzam colisões entre os cometas, que poderiam ser desencadeadas pela perturbação gravitacional de um planeta do tamanho de Netuno nas imediações do disco.

As simulações indicam que os planetas que conhecemos em cada um destes sistemas não seriam capazes de gerar tal perturbação. No entanto, um planeta similar situado muito mais longe da estrela, por sinal, para além do alcance das nossas observações, poderia mexer o disco, tornando-o empoeirado e por isso observável.

Fonte: ESA

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Cascata brilhante de estrelas

O telescópio Hubble da NASA registrou uma cascata brilhante de estrelas vistas do espaço, a galáxia ESO 318-13.

galáxia ESO 318-13

© Hubble (galáxia ESO 318-13)

Mesmo estando a milhões de anos-luz da Terra, as estrelas capturadas na imagem são tão claras que seria possível até mesmo contar.

Embora a ESO 318-13 seja o principal evento nesta imagem, que está entre uma vasta coleção de objetos celestes brilhantes, uma das estrelas que se destacam está perto do centro da foto. No entanto, devido à perspectiva faz com que ela pareça parte da galáxia registrada quando, na verdade, a estrela faz parte da Via Láctea, nossa própria galáxia, e brilha tão intensamente por estar mais perto da Terra do que a ESO 318-13.

Também podem ser vistos pequenos discos brilhantes espalhados pela imagem que estão mais distantes que as galáxias. No topo da parte direita da foto, uma galáxia elíptica pode ser claramente vista, sendo muito maior, porém mais distante, do que a ESO 318-13. Além disso, perto da borda da imagem, também na parte direita, uma galáxia espiral pode ser vista.

As galáxias são basicamente espaços vazios, onde estrelas que as compõem ocupam um volume muito pequeno. Contando que uma galáxia não possui muita poeira, ela pode ser transparente com relação à luz vista na sua parte traseira, o que faz com que seja comum que elas se sobreponham.

Fonte: ESA

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Anãs marrons podem ter planetas rochosos

Astrônomos descobriram pela primeira vez que a região exterior de um disco de poeira em torno de uma anã marrom, contém grãos sólidos com tamanhos da ordem de milímetros, comparáveis aos encontrados em discos mais densos situados em torno de estrelas recém nascidas.

ilustração do disco de gás e poeira em torno de anã marrom

© ESO (ilustração do disco de gás e poeira em torno de anã marrom)

Esta descoberta surpreendente desafia as teorias de formação dos planetas rochosos do tipo terrestre e sugere que os planetas rochosos podem ser ainda mais comuns no Universo.

Pensa-se que os planetas rochosos se formam a partir de colisões aleatórias e fusão do que são, inicialmente, partículas microscópicas situadas no disco de material em torno de uma estrela. Estes grãos minúsculos, conhecidos como poeira cósmica, são muito semelhantes a fuligem ou areia muito finas. No entanto, nas regiões exteriores em torno de uma anã marrom - um objeto do tipo estelar, mas demasiado pequeno para brilhar como uma estrela - os astrônomos esperavam que os grãos de poeira não pudessem crescer, já que os discos são bastante esparsos e as partículas se deslocariam muito depressa para se poderem fundir após uma colisão. Igualmente, as teorias principais dizem que quaisquer grãos que se consigam formar devem mover-se muito depressa na direção da anã marrom central, desaparecendo assim das regiões mais exteriores do disco, onde poderiam ser detectados.

"Ficamos muito surpreendidos ao encontrar grãos de poeira do tamanho do milímetro neste disco pequeno e fino," disse Luca Ricci, do California Institute of Technology, EUA, que liderou a equipe de astrônomos, sediados nos Estados Unidos, Europa e Chile. "Grãos sólidos deste tamanho não deveriam ser capazes de se formar nas regiões exteriores frias de um disco em torno de uma anã marrom, mas aparentemente é o que está acontecendo. Não podemos ter a certeza que um planeta rochoso se forme neste local, ou até que já se tenha formado, mas estamos vendo os primeiros passos deste fenômeno, e por isso mesmo teremos que alterar as nossas suposições sobre as condições necessárias ao crescimento de sólidos," disse ele.

A elevada resolução do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) comparada com os telescópios anteriores, permitiu também à equipe localizar monóxido de carbono gasoso em torno da anã marrom - é a primeira vez que gás molecular frio é detectado num tal disco. Esta descoberta, juntamente com a dos grãos milimétricos, sugere que o disco é muito mais parecido aos discos que se encontram em torno de estrelas jovens do que o suposto anteriormente.

Ricci e colegas fizeram esta descoberta com o auxílio do telescópio ALMA parcialmente completo, situado no deserto chileno a elevada altitude. O ALMA é uma coleção, em crescimento, de antenas de alta precisão, em forma de prato, que trabalham em conjunto, como se fosse um único telescópio, para observar o Universo com imenso detalhe e sensibilidade. O ALMA "vê" o Universo na radiação milimétrica, a qual é invisível ao olho humano. Prevê-se que a construção do ALMA esteja terminada em 2013, mas os astrônomos observam já utilizando uma rede parcial de antenas ALMA, desde 2011.

localização da anã marron ISO-Oph 102

© ESO (localização da anã marron ISO-Oph 102)

Os astrônomos apontaram o ALMA à jovem anã marrom ISO-Oph 102, também conhecida como Rho-Oph 102, situada na região de formação estelar Rho Ophiuchi, na constelação do Serpentário. Com cerca de 60 vezes a massa de Júpiter mas apenas 0,06 a do Sol, a anã marrom não tem massa suficiente para iniciar as reações termonucleares que fazem brilhar as estrelas. No entanto, emite calor libertado pela sua lenta  contração gravitacional e brilha com uma cor avermelhada, embora seja muito menos brilhante que uma estrela.

O ALMA coletou a radiação nos comprimentos de onda do milímetro, emitida pelo material do disco aquecido pela anã marrom. Os grãos de poeira do disco não emitem muita radiação a comprimentos de onda maiores que o seu próprio tamanho, por isso um decréscimo caraterístico no brilho pode ser medido a comprimentos de onda maiores. O ALMA é o instrumento ideal para medir este decréscimo e deste modo estimar o tamanho dos grãos. Os astrônomos compararam o brilho do disco nos comprimentos de onda de 0,89 mm e 3,2 mm. O decréscimo em brilho de 0,89 mm para 3,2 mm não é tão abrupto quanto se esperava, mostrando que, pelo menos, alguns dos grãos têm um milímetro ou mais de tamanho.

"O ALMA é uma ferramenta poderosa para investigar os mistérios dos sistemas planetários em formação," comentou Leonardo Testi do ESO, um membro da equipe. "Para fazer esta observação com a geração anterior de telescópios, teríamos que ter observado durante praticamente um mês inteiro - o que na prática seria demasiado longo. Mas, utilizando apenas um quarto das antenas do ALMA, pudemos fazer a observação em menos de uma hora!" disse ele.

No futuro próximo, o telescópio ALMA completo será suficientemente poderoso para obter imagens detalhadas dos discos em torno da Rho-Oph 102 e outros objetos. Ricci explicou, "Poderemos brevemente detectar, não apenas a presença de pequenas partículas nos discos, mas também mapear como é que elas se distribuem no disco circunstelar e como é que interagem com o gás que também detectamos no disco, o que nos ajudará a compreender melhor como é que os planetas se formam."

O estudo publicado na revista especializada Astrophysical Journal Letters.

Fonte: ESO

O buraco negro mais massivo do Universo

Astrônomos utilizaram o telescópio Hobby-Eberly (HET), localizado no Texas (EUA), para descobrir a massa do que pode ser o buraco negro mais massivo já conhecido, com 17 bilhões de vezes a massa do Sol.

a galáxia NGC 1277 está no centro da imagem

© SSDS (a galáxia NGC 1277 está no centro da imagem)

O objeto monstruoso fica na galáxia NGC 1277, a 220 milhões de anos-luz da Terra, e é responsável pelo equivalente a 17% da massa dela. Esta galáxia e outras observadas podem mudar as teorias sobre a formação de buracos negros e a influência em suas galáxias. A NGC 1277 tem apenas 10% da massa da Via Láctea, o que deixa o achado ainda mais estranho.

O tamanho do gigantesco buraco negro é o equivalente a 11 vezes o diâmetro da órbita de Netuno, o último planeta do Sistema Solar, ao redor do Sol.

"Atualmente, existem três teorias de mecanismos completamente diferentes que reivindicam a explicação para a ligação entre a massa de buraco negro e as propriedades de suas galáxias hospedeiras. Nós não entendemos ainda qual dessas teorias é melhor", diz Remco van den Bosch, líder do estudo, que começou o estudo na Universidade do Texas, em Austin, e atualmente está no Instituto Max Planck de Astronomia, em Heidelberg, na Alemanha.

O maior problema é a falta de dados, já que se conhece a massa de menos de 100 buracos negros, e descobri-las é uma tarefa difícil, pois é necessário muito tempo para se fazer as observações.

Para descobrir a massa do buraco negro da NGC 1277, os astrônomos utilizaram observações anteriores do Hubble, que mediu a luminosidade a diferentes distâncias de seu centro, com novas feitas pelo HET. Ao colocar os dados em modelos através de supercomputadores, o resultado foi 17 bilhões de massas solares, muito mais que o esperado.

Fonte: Nature e Discovery

Messenger indica que Mercúrio tem água

Observações da sonda Messenger, lançada pela NASA em 2004, indicam que o polo norte do planeta Mercúrio, o mais próximo do Sol, tem água em estado sólido.

imagem mostra em amarelo depósitos de gelo nas crateras

© NASA (imagem mostra em amarelo depósitos de gelo nas crateras)

É intrigante que um corpo com temperaturas muito superiores às da Terra consiga ter gelo, mas isso é explicado pela localização onde a substância foi encontrada. A rotação de Mercúrio é quase perpendicular a sua órbita, ou seja, no polo norte, o Sol seria visto sempre próximo do horizonte. Isso faz com que o interior das crateras da região nunca recebam radiação solar (e elas não recebem o calor do Sol há milhões, algumas há bilhões de anos) e tenham temperaturas muito baixas, comparáveis às das frias luas de Júpiter.

Observações anteriores, feitas com telescópios na Terra, indicavam a presença de depósitos de água quase pura em estado sólido. Baseado nesses dados, foram feitos modelos de temperatura do planeta que indicavam os locais onde haveria gelo na superfície e onde ele estaria pouco abaixo da superfície.

Se o gelo aparente existe, ele deve brilhar mais que o material ao seu redor. Contudo, o problema é a área ser de escuridão permanente. O que os cientistas fizeram foi usar a Messenger para mandar pulsos de laser em pontos na superfície do planeta e medir o reflexo do sinal que retornava. Foram feitas mais de 2 milhões de medições de reflexo, além de 4 milhões de medições topográficas do polo norte do planeta entre março de 2011 e abril de 2012. Os resultados indicaram diversas crateras que podem ter água em estado sólido, em especial uma chamada de cratera Prokofiev.

Em outro experimento, os cientistas usaram um espectrômetro de nêutrons, aparelho que consegue encontrar com precisão hidrogênio, principal constituinte da água. Este descobriu locais que combinam com depósitos de água presos a poucos centímetros abaixo da superfície. O material acima do gelo, afirmam os cientistas, é extremamente escuro e, pelo que sabemos do Sistema Solar, pode ser um material orgânico complexo, parecido com os encontrados em asteroides e cometas.

O material que cobre alguns dos depósitos de gelo é muito pouco reflexivo e está estável em baixa temperatura. É possível que a água e o material escuro foram fornecidos pelos mesmos objetos, que impactaram em Mercúrio. Uma mistura de cometas e asteroides que são ricos em materiais orgânicos e voláteis.

Fonte: Science

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A maior ejeção de matéria de um buraco negro

Astrônomos utilizaram o Very Large Telescope (VLT) do ESO para descobrir um quasar com o jato mais energético já observado, com pelo menos cinco vezes mais energia do que qualquer outro observado até agora.

ilustração de enorme jato de matéria ejetado pelo quasar

© ESO (ilustração de enorme jato de matéria ejetado pelo quasar)

Os quasares são núcleos galácticos extremamente brilhantes, alimentados por um buraco negro de elevada massa. Muitos deles libertam enormes quantidades de material para as galáxias hospedeiras, sendo que esta expulsão de matéria desempenha um papel fundamental na evolução das galáxias. No entanto e até agora, os jatos dos quasares observados não eram tão potentes como previsto pela teoria.

Os quasares são centros de galáxias distantes muito luminosos, alimentados por enormes buracos negros. Este novo estudo observou um destes objetos energéticos, conhecido por SDSS J1106+1939, utlizando o instrumento X-shooter, montado no VLT do ESO, no Observatório do Paranal, no Chile. Embora os buracos negros sejam conhecidos por atraírem material, a maioria dos quasares também acelera alguma desta matéria em torno de si mesmo, ejetando-a depois a altas velocidades.

"Descobrimos o jato de quasar mais energético conhecido até hoje. A taxa à qual a energia é dissipada por esta enorme massa de material ejetado a altas velocidades pelo SDSS J1106+1939 é, pelo menos, equivalente a dois trilhões de vezes a energia liberada pelo Sol, o que é, por sua vez, cerca de 100 vezes mais do que a energia total liberada pela galáxia da Via Láctea; é, de fato, um jato monstruoso", diz o chefe da equipe Nahum Arav (Virginia Tech, EUA).

Esta é a primeira vez que um jato de quasar apresenta as altas energias previstas pela teoria. Muitas simulações teóricas sugerem que o impacto destes jatos nas galáxias que os rodeiam pode resolver vários enigmas da cosmologia moderna, incluindo como é que a massa de uma galáxia se encontra ligada ao seu buraco negro central, e porque é que existem tão poucas galáxias muito grandes no Universo. No entanto, até agora permanecia incerto se os quasares conseguiam ou não produzir jatos de matéria suficientemente poderosos para dar origem a estes fenômenos.

O novo jato recentemente descoberto situa-se a cerca de mil anos-luz de distância do buraco negro de elevada massa, no coração do quasar SDSS J1106+1939. Este jato é, pelo menos, cinco vezes mais energético do que o último detentor do recorde. O SDSS J1106+1939 tem um jato com uma luminosidade cinética de, pelo menos, 1046 ergs s-1. As distâncias dos jatos ao quasar central (de 300 a 8000 anos-luz) é maior do que a esperada, sugerindo que estamos observando os jatos longe da região prevista, inicialmente acelerados (de 0,03 a 0,4 anos-luz).  A análise efetuada pela equipe mostra que uma massa de aproximadamente 400 vezes a do Sol é liberada pelo quasar por ano, deslocando-se a uma velocidade de 8.000 quilômetros por segundo.

Além do SDSS J1106+1939, a equipe observou também um outro quasar e descobriu que ambos os objetos possuem jatos poderosos. Uma vez que estes são exemplos típicos de um tipo de quasares, comum mas pouco estudado até agora, estes resultados devem poder aplicar-se, de modo geral, aos quasares luminosos em todo o Universo.

Fonte: ESO

sábado, 24 de novembro de 2012

Galáxia espiral majestosa com supernova

A galáxia espiral barrada, conhecida como NGC 1365 é verdadeiramente uma majestosa ilha do Universo, com aproximadamente 200.000 anos-luz de diâmetro.

galáxia NGC 1365

© Martin Pugh (galáxia NGC 1365)

Localizada a 60 milhões de anos-luz de distância na direção da constelação de Formax, a NGC 1365 é o membro dominante do bem estudado aglomerado de galáxias de Formax. Essa nítida imagem colorida mostra as intensas regiões de formação de estrelas na parte terminal da barra e ao longo dos braços espirais, além de detalhes das linhas de poeira que cortam o núcleo brilhante da galáxia. No núcleo da galáxia existe um buraco negro supermassivo. Os astrônomos acreditam que a proeminente barra da NGC 1365 tenha um papel crucial na evolução da galáxia, fornecendo gás e poeira para as fábricas que formam estrelas e alimentando de material o buraco negro central. A posição de uma brilhante supernova descoberta em 27 de outubro de 2012, é indicada na imagem acima da NGC 1365. Catalogada como SN2012fr, a supernova de tipo Ia foi gerada a partir da explosão de uma estrela do tipo anã branca.

Fonte: NASA

A Nebulosa do Mago

A Nebulosa do Mago (Sharpless 142 ou SH2-142) é uma nebulosa difusa ao redor do aglomerado aberto de estrelas em desenvolvimento NGC 7380.

Nebulosa do Mago

© J-P Metsävainio (Nebulosa do Mago)

Ele se espalha por aproximadamente 140 x 75 anos-luz e localiza-se dentro da Via Láctea a uma distância estimada de 7.200 anos-luz na direção da constelação de Cepheus. Ele está se movendo em nossa direção a uma velocidade de 34,13 quilômetros por segundo.

O nome Sharpless vem de um catálogo de 312 nebulosas de emissão (regiões H II). A primeira edição foi publicada por Stewart Sharpless em 1953 com 142 objetos (Sh1) e a segunda e final versão foi publicada em 1959 com 312 objetos (Sh2).

Esse tipo de nebulosa é o local de nascimento de estrelas. Elas são formadas quando nuvens de gás moleculares bem difusas colapsam devido a sua própria gravidade, muitas vezes devido à influência de uma explosão de supernova que ocorreu próximo. A nuvem colapsa e os fragmentos, algumas vezes formam centenas de novas estrelas. As estrelas recém-formadas ionizam o gás ao redor para produzir uma nebulosa de emissão.

Nesse caso, as estrelas do NGC 7380 emergiram de sua nuvem de origem a aproximadamente 5 milhões de anos atrás, fazendo desse um aglomerado relativamente jovem. E, embora, a nebulosa possa durar por alguns milhões de anos, algumas dessas estrelas formadas podem viver como o nosso Sol.

A Nebulosa do Mago é ionizada por uma estrela binária conhecida como HD215835, também conhecida como DH Cephei, juntamente com estrelas muito jovens e energéticas localizadas dentro do aglomerado. Elas fazem com que a nebulosa que as envolve brilhe e seus ventos e radiação podem então esculpir as nuvens de gás e poeira formando paisagens semelhantes com montanhas.

Essa região ativa e brilhante de formação de estrelas é parte de uma nuvem molecular muito maior em Cepheus, denominada de NGC 7380E, que tem uma massa total estimada entre 6.000 e 15.000 massas solares.

Fonte: Astro Anarchy

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Planeta anão Makemake não tem atmosfera

Astrônomos utilizaram três telescópios nos observatórios do ESO, no Chile, para observar o planeta anão Makemake, no momento em que este passou em frente a uma estrela distante, bloqueando assim a radiação emitida pela estrela.

ilustração da superfície do planeta anão Makemake

© ESO (ilustração da superfície do planeta anão Makemake)

As novas observações permitiram verificar pela primeira vez se o planeta se encontra rodeado por uma atmosfera. Este mundo frígido tem uma órbita que o leva ao Sistema Solar exterior e pensava-se que teria uma atmosfera como a de Plutão. No entanto, verificou-se agora que não é o caso. Os cientistas mediram também pela primeira vez a densidade de Makemake. Os novos resultados foram publicados hoje na revista Nature.

O planeta anão Makemake tem cerca de dois terços do tamanho de Plutão e viaja em torno do Sol numa órbita distante, que se situa além de Plutão, mas mais próximo do Sol do que Éris, o planeta anão de maior massa conhecido no Sistema Solar. Makemake foi inicialmente conhecido por 2005FY9. Descoberto alguns dias depois da Páscoa, em março de 2005, o objeto adquiriu o nome informal de Coelhinho da Páscoa. Em Julho de 2008 foi-lhe dado o nome oficial de Makemake. Makemake é o criador da humanidade e deus da fertilidade, nos mitos dos povos nativos da Ilha da Páscoa. Makemake é um dos cinco planetas anões reconhecidos, até agora, pela União Astronômica Internacional. Os outros são Ceres, Plutão, Haumea e Éris.

Observações anteriores do gélido Makemake mostraram que este corpo é similar aos outros planetas anões, o que levou os astrônomos a pensarem que ele possuiria uma atmosfera semelhante à de Plutão. No entanto, este novo estudo mostra que, tal como Éris, Makemake não se encontra rodeado por uma atmosfera significativa.

A equipe liderada por José Luis Ortiz (Instituto de Astrofísica de Andalucía, CSIC, Espanha), combinou várias observações obtidas por três telescópios situados nos observatórios de La Silla e Paranal do ESO, no Chile - o Very Large Telescope (VLT), o New Technology Telescope (NTT) e o TRAPPIST (sigla do inglês para TRAnsiting Planets and PlanetesImals Small Telescope) - com dados de outros telescópios menores situados na América do Sul, para olhar para Makemake à medida que este passava em frente a uma estrela distante de fraca luminosidade, chamada NOMAD 1181-023572 (NOMAD refere-se a Naval Observatory Merged Astronomic Dataset).

"Quando Makemake passou em frente da estrela, a radiação emitida por esta foi bloqueada, a estrela desapareceu e apareceu muito abruptamente, em vez de desaparecer lentamente e depois ficar gradualmente mais brilhante. Isto significa que o pequeno planeta anão não tem uma atmosfera significativa," diz José Luis Ortiz. "Pensava-se que Makemake tivesse desenvolvido uma atmosfera; o fato de não haver sinais de uma, mostra apenas o quanto temos ainda a aprender sobre estes corpos misteriosos. Descobrir as propriedades de Makemake pela primeira vez é um grande passo em frente no estudo deste grupo seleto de planetas anões gélidos."

A ausência de luas do Makemake e a grande distância a que se encontra de nós, tornam-no difícil de estudar, por isso o pouco que sabemos dele é apenas aproximado. As novas observações da equipe acrescentam muito mais detalhes ao nosso conhecimento deste objeto, determinando o seu tamanho de forma mais precisa, impondo limites a uma possível atmosfera e estimando a densidade do planeta anão pela primeira vez. Os dados também permitiram medir qual a quantidade de luz solar que é refletida pela superfície do planeta, o seu albedo. Um albedo de 1 representa um corpo que reflete perfeitamente, e um albedo de 0 representa uma superfície negra, que não reflete nada. O albedo de Makemake é cerca de 0,77, comparável ao da neve suja, maior que o de Plutão, mas menor que o do Éris.

Conseguiu-se observar Makemake com tanto detalhes, apenas porque este passou em frente de uma estrela, um fenômeno conhecido como uma ocultação estelar. Estas oportunidades raras permitem aos astrônomos descobrir várias características sobre as atmosferas, muitas vezes tênues e delicadas, que se encontram em torno destes distantes mas importantes membros do Sistema Solar e fornecem informações precisas sobre as suas outras propriedades.

As ocultações são particularmente incomuns no caso de Makemake, já que este é um objeto que se move numa região do céu com relativamente poucas estrelas, por isso, predizer de forma precisa e detectar estes eventos raros é extremamente difícil.

Fonte: ESO

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Aglomerados conectados por ponte de gás

A Agência Espacial Europeia (ESA) confirmou que o telescópio espacial Planck descobriu pela primeira vez de forma conclusiva uma "ponte" de gás quente que liga um par de aglomerados de galáxias.

aglomerados de galáxias conectados por ponte de gás

© ESA (aglomerados de galáxias conectados por ponte de gás)

Os astrônomos detectaram um filamento de gás que liga os dois aglomerados de galáxias Abell 399 e Abell 401, a mais de 10 milhões de anos-luz, a uma temperatura de 80 milhões de graus Celsius. O satélite Planck foi lançado em 2009 para analisar a luz fóssil que o Big Bang produziu há mais de 13 bilhões de anos.

Seus resultados confirmam dados precedentes do satélite de observação de raios X XMM-Newton da ESA, que sugeriam a presença de gás quente, não só dentro dos aglomerados de galáxias, mas também entre eles. O sinal não era então suficiente para concluir que houve uma verdadeira detecção.

Os resultados do Planck se baseiam na observação da marca característica deixada pelo gás quente na luz fóssil, um fenômeno conhecido como efeito Sunyaev-Zel'dovich, nome de um de seus descobridores.

Este efeito já foi usado pelo Planck para detectar os próprios aglomerados de galáxias, mas fornece ainda um meio de detectar filamentos frágeis de gás que poderiam conectar aglomerados entre eles.

No Universo primordial, filamentos de matéria gasosa teriam invadido o cosmos em uma tela gigante, com aglomerados que se formavam nos nós mais densos.

Grande parte deste gás não foi detectada ainda, mas os astrônomos pensam que podem encontrá-lo entre aglomerados de galáxias em interação, onde os filamentos estão comprimidos e aquecidos, fazendo com que sejam mais fáceis de detectar.

Fonte: ESA

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Descoberto planeta 13 vezes maior que Júpiter

Uma imagem rara foi obtida de um exoplaneta, denominado de Kappa Andromedae b.

imagem em infravermelho do sistema Kappa Andromedae

© NAOJ (imagem em infravermelho do sistema Kappa Andromedae)

O exoplaneta possui 13 vezes mais massa do que Júpiter e, consequentemente, seria muito maior do que qualquer outro planeta do nosso sistema solar.

O exoplaneta gasoso, classificado como "super Júpiter", orbita em torno da estrela Kappa Andromedae a 170 anos-luz da Terra. A estrela Kappa Andromedae é relativamente jovem, provavelmente com 30 milhões de anos de idade, e tem uma massa 2,5 vezes a do Sol. Atualmente, existem mais de 850 planetas conhecidos fora do sistema solar, mesmo que possam existir bilhões de astros solitários na nossa galáxia. Dos que são conhecidos, porém, apenas uma pequena fração (30 planetas) foi diretamente fotografada.

A foto do planeta foi registrada através do telescópio japonês Subaru, no Havaí, por Joseph Carson, do Instituto de Astronomia da Faculdade de Charleston e Instituto Max Planck de Astronomia, na Alemanha. A deteção de um exoplaneta se baseia em métodos indiretos, porque as estrelas são muito mais brilhantes do que seus planetas (por um fator igual ou superior a 1 bilhão), e se forem utilizadas técnicas observacionais tradicionais, o planeta será ocultado pelo brilho de sua estrela. Outro desafio é que a órbita em torno da estrela Kappa Andromedae é de 55 UA (55 vezes a distância média da Terra do Sol), é apenas um pouco maior que a órbita de Netuno ao redor do Sol (30 UA). Portanto, é muito difícil fotografar planetas extrassolares.

Neste caso, os astrônomos conseguiram eclipsar a luz extremamente clara da estrela e, através de luz infravermelha, avistaram o planeta com a ajuda de um software.

Especialistas acreditam que o planeta é formado de um disco protoplanetário de gás e poeira, que são coletados em volta das estrelas logo após suas formações.

Fonte: National Astronomical Observatory of Japan

domingo, 18 de novembro de 2012

Descoberta a galáxia mais distante no Universo

Astrônomos descobriram a galáxia mais distante já identificada no Universo, cuja luz viajou 13,3 bilhões anos para chegar à Terra.

galáxia MACS0647-JD

© Spitzer/Hubble (galáxia MACS0647-JD)

Batizada de "MACS0647-JD", a decana das galáxias nasceu 420 milhões de anos depois do Big Bang, a explosão que deu origem ao Universo, quando nosso Universo tinha apenas 3% de sua idade atual (13,7 bilhões de anos).

Esta descoberta só foi possível graças à combinação dos poderosos telescópios Spitzer e Hubble. Os astrônomos recorreram ao zoom mais poderoso disponível, um fenômeno chamado de "lente gravitacional", proporcionado pela presença de corpos massivos pelo espaço onde a luz percorre.

Há quase um século, Einstein previu em sua teoria da relatividade, que objetos de grande massa, como um conjunto de galáxias, teriam um campo gravitacional tão forte que conseguiram desviar os raios de luz. E, às vezes, esta deformação funciona como uma lupa gigante, ampliando a imagem percebida por um observador situado do outro lado.

Foi um telescópio cósmico deste tipo que permitiu detectar esta nova galáxia indicando que a luz da galáxia apareceu nos telescópios dos astrônomos com uma intensidade e brilho consideravelmente superior ao original. Sem o efeito dessa lupa cósmica, a MACS0647-JD, que é muito pequena, jamais teria sido detectada. "Sem essa amplificação, observar essa galáxia teria sido uma proeza hercúlea", enfatizou Marc Postman, um dos chefes da pesquisa.

A galáxia parece tão pequena nas imagens captadas que os cientistas acreditam que se trata das primeiras etapas de formação de uma galáxia. Segundo as primeiras observações, seu diâmetro é de apenas 600 anos-luz, o que não é quase nada comparado com o diâmetro da Via Láctea, que é de 150 mil anos-luz.

"Este objeto pode ser um dos muitos blocos de construção de uma galáxia", explicou o cientista Dan Coe, do Space Telescope Science Institute e autor principal do estudo sobre esta descoberta, que será publicada em dezembro, no The Astrophysical Journal.

Fonte: NASA

A catedral de estrelas massivas

Quanto massiva uma estrela normal pode ser?

nebulosa NGC 6357

© Hubble/Jesús Maíz Apellániz (nebulosa NGC 6357)

Estimativas feitas a partir da distância, do brilho e dos modelos solares padrões têm dado a uma estrela do aglomerado aberto Pismis 24 uma massa mais de 200 vezes a massa do Sol, fazendo dela uma recordista nesse aspecto. Essa estrela é o objeto mais brilhante localizado um pouco acima da frente de gás da imagem acima. Uma inspeção mais cuidadosa dessa imagem feita com o telescópio espacial Hubble, contudo, tem mostrado que a Pismis 24-1 deriva sua luminosidade brilhante não de uma única estrela, mas no mínimo de três. As estrelas componentes poderiam ainda ter aproximadamente uma massa 100 vezes maior que a massa do Sol, fazendo com que elas estejam entre as estrelas mais massivas já registradas. Em direção a parte inferior da imagem, as estrelas ainda estão se formando na nebulosa de emissão NGC 6357 associada. Aparecendo talvez, como uma catedral gótica, as estrelas energéticas perto do centro parecem estar se partindo e iluminando um casulo espetacular.

Fonte: NASA

Renascimento de uma nebulosa planetária

Uma das mais claras imagens já obtida da nebulosa planetária Abell 30 dessa fase especial da evolução desses objetos é vista abaixo.

nebulosa planetária Abell 30

© NASA/ESA (nebulosa planetária Abell 30)

A imagem no detalhe à direita é uma visão detalhada da Abell 30 mostrando os dados de raios X obtidos pelo observatório de raios X Chandra da NASA em roxo e os dados do telescópio espacial Hubble mostrando a emissão óptica dos íons de oxigênio em laranja. Na esquerda está uma visão maior mostrando os dados ópticos e de raios X obtidos pelo Observatório Nacional de Kitt Peak e pelo XMM-Newton da ESA, respectivamente. Nessa imagem os dados ópticos mostram a emissão do oxigênio, em laranja, do hidrogênio, em verde e azul e dos raios X em roxo.

Uma nebulosa planetária, assim chamada por se parecer com um planeta quando observada por um telescópio pequeno, é formada no estágio final de evolução de uma estrela parecida com o Sol. Após ter produzido energia de forma constante por alguns bilhões de anos através da fusão do hidrogênio em hélio em seu núcleo, a estrela passa por uma série de crises de energia relacionadas com a depleção do hidrogênio e a subsequente contração de seu núcleo. Essas crises culminam na expansão da estrela até que ela se torna uma gigante vermelha.

Eventualmente o envelope externo da gigante vermelha é ejetado e se move para longe da estrela numa velocidade de menos de 160.000 km/hora. A estrela enquanto isso é transformada de uma fria gigante em uma estrela quente e compacta que produz intensa radiação ultravioleta (UV) e um vento rápido de partículas movendo-se a aproximadamente 9,6 milhões de km/hora. A interação da radiação UV e do vento rápido com o envelope ejetado da gigante vermelha cria a nebulosa planetária, mostrada pela grande concha esférica na imagem maior.

Em casos raros, reações de fusão nuclear na região ao redor do centro da estrela aquece o envelope extremo da estrela tanto que ela temporariamente se torna uma gigante vermelha novamente. A sequência de eventos, ou seja, ejeção de envelope seguida por um rápido vento estelar, é repetida numa escala muito mais rápida do que antes, e uma nebulosa planetária de pequena escala é criada dentro da original. Olhando por esse lado, é como se a nebulosa planetária renascesse.

Fonte: NASA