sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Cidadãos cientistas descobrem novo exoplaneta

Usando dados do telescópio espacial Kepler da NASA, cidadãos cientistas descobriram um planeta com aproximadamente o dobro do tamanho da Terra localizado dentro da zona habitável da sua estrela, a gama de distâncias orbitais onde a água líquida pode existir à superfície do planeta.

ilustração do recém-descoberto planeta K2-288Bb

© Goddard Space Flight Center Francis Reddy (ilustração do recém-descoberto planeta K2-288Bb)

O novo exoplaneta, conhecido como K2-288Bb, pode ser rochoso ou pode ser um planeta rico em gás semelhante a Netuno. O seu tamanho é raro entre os exoplanetas.

Localizado a 226 anos-luz de distância na direção da constelação de Touro, o planeta encontra-se num sistema estelar conhecido como K2-288, que contém um par de estrelas tênues e frias do tipo-M separadas por aproximadamente 8,2 bilhões de quilômetros, cerca de seis vezes a distância entre Saturno e o Sol. A estrela mais brilhante tem mais ou menos metade da massa e do tamanho do Sol, enquanto a sua companheira tem aproximadamente um-terço da massa e tamanho do Sol. O novo planeta, K2-288Bb, orbita a estrela menor e fraca a cada 31,3 dias.

Em 2017, Feinstein e Makennah Bristow, estudante da Universidade da Carolina do Norte, EUA, trabalhavam como estagiárias com Joshua Schlieder, astrofísico do Goddard Space Flight Center da NASA. Vasculhavam os dados do Kepler em busca de evidências de trânsitos, diminuições regulares no brilho estelar provocado pela passagem de um planeta em órbita, a partir da nossa perspetiva.

Ao examinarem dados da quarta campanha de observações da missão K2 do Kepler, a equipe notou dois prováveis trânsitos planetários no sistema. Mas os cientistas precisam de um terceiro trânsito antes de reivindicar a descoberta de um candidato a planeta, e não havia um terceiro sinal nas observações que reviram.

No modo K2 do Kepler, que funcionou de 2014 a 2018, o telescópio reposicionava-se para apontar para uma nova zona do céu no início de cada campanha de observação de três meses. Os astrônomos estavam inicialmente preocupados que este reposicionamento provocasse erros sistemáticos nas medições.

A reorientação do Kepler, relativa ao Sol, provocava mudanças minúsculas na forma do telescópio e na temperatura dos componentes eletrônicos, o que inevitavelmente afetava as medições sensíveis do Kepler nos primeiros dias de cada campanha. Para lidar com isto, versões anteriores do software usado para preparar os dados para a análise de localização exoplanetária simplesmente ignoravam os primeiros dias de observação, e é aí que o terceiro trânsito estava escondido.

À medida que os cientistas aprenderam a corrigir estes erros sistemáticos, esta etapa de remoção foi eliminada, mas os primeiros dados da missão K2 que Barstow estudou foram cortados.

Em vez disso, os dados reprocessados foram lançados diretamente no Exoplanet Explorers, um projeto em que o público pesquisa as observações da missão K2 do Kepler para localizar novos planetas em trânsito. Em maio de 2017, voluntários notaram o terceiro trânsito e começaram uma discussão animada sobre o que era então considerado um candidato com o tamanho da Terra no sistema, o que captou a atenção de Feinstein e colegas.

A equipe começou observações de acompanhamento usando o Telescópio Espacial Spitzer da NASA, o telescópio Keck II do Observatório W. M. Keck, o ITF (Infrared Telescope Facility) da NASA e dados da missão Gaia da ESA.

Com um tamanho estimado em aproximadamente 1,9 vezes o tamanho da Terra, K2-288Bb tem metade do tamanho de Netuno. Isto coloca o planeta dentro de uma categoria recentemente descoberta chamada divisão de Fulton, ou divisão de raio. Entre os planetas que orbitam perto das suas estrelas, há uma escassez curiosa de mundos com tamanhos entre 1,5 e 2 vezes o da Terra. Isto é provavelmente o resultado da intensa luz estelar que quebra as moléculas atmosféricas e elimina as atmosferas de alguns planetas ao longo do tempo, deixando para trás duas populações. Dado que o raio de K2-288Bb o coloca nesta lacuna, poderá fornecer um estudo de caso da evolução planetária para esta variabilidade de tamanhos.

A descoberta foi apresentada na 233.ª reunião da Sociedade Astronômica em Seattle, EUA.

Um artigo que descreve o novo planeta foi aceito para publicação na revista The Astronomical Journal.

Fonte: Jet Propulsion Laboratory

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