sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

WASP-12b está numa "espiral da morte"

A Terra está condenada, mas só daqui a 5 bilhões de anos.


© NASA/JPL-Caltech (ilustração do escaldante gigante gasoso WASP-12b e da sua estrela)

O nosso planeta será torrado à medida que o Sol se expande e se torna numa gigante vermelha, mas o exoplaneta WASP-12b, localizado a 600 anos-luz de distância na direção da constelação de Cocheiro, tem menos de um milésimo deste tempo: uns comparativamente insignificantes 3 milhões de anos.

Uma equipe de astrofísicos mostrou que WASP-12b está espiralando em direção à sua estrela hospedeira, rumo à sua destruição.

O WASP-12b é conhecido por ser um "Júpiter quente", um gigante gasoso como o nosso vizinho Júpiter, mas que está muito próximo da sua estrela progenitora, completando uma órbita em apenas 26 horas (em contraste, a Terra demora 365 dias; até Mercúrio, o planeta mais interior do Sistema Solar, demora 88 dias).

O problema é que à medida que WASP-12b orbita a sua estrela, os dois corpos exercem força gravitacional um sobre o outro gerando marés.

Dentro da estrela, estas ondas fazem com que se torne ligeiramente distorcida e oscile. Devido ao atrito, estas ondas colidem e as oscilações diminuem, um processo que gradualmente converte a energia orbital do planeta em calor dentro da estrela.

O atrito associado às marés também exerce um torque gravitacional no planeta, fazendo com que o planeta espirale para dentro. A medição da rapidez com que a órbita do planeta está encolhendo revela a rapidez com que a estrela está dissipando a energia orbital, o que fornece aos astrofísicos pistas sobre o interior das estrelas.

Quando os Júpiteres quentes atingem o limite de Roche, o limite de perturbação das marés de um objeto numa órbita circular, os seus invólucros podem ser despojados, revelando um núcleo rochoso parecido com uma super-Terra (ou talvez um mini-Netuno, caso possam reter um pouco da sua camada de gás)."

O WASP-12b foi descoberto em 2008 pelo método de trânsito, no qual é observado uma pequena queda no brilho de uma estrela quando um planeta passa à sua frente, de cada vez que completa uma órbita. Desde a sua descoberta, o intervalo entre quedas sucessivas diminuiu 29 milissegundos por ano.

Esta ligeira diminuição pode sugerir que a órbita do planeta está encolhendo, mas existem outras explicações possíveis: se a órbita de WASP-12b for mais oval do que circular, por exemplo, as mudanças aparentes no período orbital podem ser provocadas pela mudança de orientação da órbita.

A maneira de ter a certeza de que a órbita está realmente diminuindo é observar o planeta desaparecendo por trás da sua estrela, um evento conhecido como ocultação. Se a órbita está apenas mudando de direção, o período orbital real não muda, de modo que se os trânsitos ocorrem mais depressa do que o esperado, as ocultações deverão ocorrer mais lentamente. Mas se a órbita estiver realmente decaindo, o tempo dos trânsitos e das ocultações deve mudar na mesma direção.

Nos últimos dois anos, os pesquisadores recolheram mais dados, incluindo novas observações de ocultações feitas com o telescópio espacial Spitzer.

Esta descoberta vai ajudar os teóricos a entender o funcionamento interno das estrelas e a interpretar outros dados relacionados com as interações das marés.

O artigo científico foi publicado na revista The Astrophysical Journal Letters.

Fonte: Princeton University

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