quarta-feira, 21 de março de 2012

VISTA observa as profundezas do Cosmo

O telescópio VISTA (Visible and Infrared Survey Telescope for Astronomy) do ESO criou a maior imagem de campo profundo do céu no infravermelho.

VISTA observa as profundezas do Cosmo

© ESO (VISTA observa as profundezas do Cosmo)

Esta nova imagem de uma região comum do céu foi obtida no âmbito do rastreio UltraVISTA. É apenas parte de uma enorme coleção de imagens completamente processadas de todos os rastreios VISTA, que foram colocadas à disposição de todos os astrônomos do mundo pelo ESO. O UltraVISTA é um baú do tesouro que está sendo utilizado no âmbito do estudo de galáxias distantes no Universo primordial, assim como em muitos outros projetos científicos.

O telescópio VISTA do ESO foi apontado repetidamente à mesma região do céu para que acumulasse lentamente a radiação muito fraca emitida pelas galáxias mais distantes. Para criar esta imagem foram combinadas um total de mais de seis mil exposições separadas, correspondentes a um tempo de exposição efetivo total de 55 horas, obtidas através de cinco filtros de cores diferentes. Esta imagem do rastreio UltraVISTA é a mais profunda já obtida no infravermelho para uma região do céu deste tamanho.

telescópio VISTA

© ESO (telescópio VISTA)

O telescópio VISTA instalado no Observatório do Paranal do ESO, no Chile, é o maior e mais poderoso telescópio infravermelho de rastreio que existe atualmente. Desde que começou as operações em 2009 a maior parte do seu tempo de observação tem sido dedicado a rastreio públicos, alguns cobrindo grandes zonas do céu austral e outros focando-se em áreas menores. O rastreio UltraVISTA tem-se dedicado ao campo COSMOS, uma região do céu aparentemente quase vazia, que já foi extensamente estudada com o auxílio de outros telescópios, incluindo o telescópio espacial Hubble da NASA/ESA. O UltraVISTA é o mais profundo dos seis rastreios VISTA, revelando por isso os objetos mais tênues.

Os dados dos rastreios VISTA, num total de mais de 6 terabytes de imagens, estão sendo processados em centros de dados no Reino Unido, e no caso particular do UltraVISTA na França, e começam agora a regressar ao arquivo científico do ESO, onde são colocados à disposição dos astrônomos do mundo inteiro.

À primeira vista, a imagem UltraVISTA parece banal, apresentando algumas estrelas brilhantes e um salpicado de outras mais tênues. No entanto, quase todos os objetos mais tênues não são estrelas da Via Láctea, mas sim galáxias muito remotas, cada uma contendo bilhões de estrelas. Aumentando a imagem para o modo tela cheia e fazendo um zoom, podemos observar cada vez mais objetos, sendo que a imagem apresenta mais de 200 mil galáxias no total.

destaques do campo profundo infravermelho do VISTA

© ESO (destaques do campo profundo infravermelho do VISTA)

A expansão do Universo desloca a radiação emitida por objetos distantes na direção dos grandes comprimentos de onda, o que significa que para a radiação estelar emitida pelas galáxias mais distantes que conseguimos observar, uma grande parte desta radiação, quando chega à Terra, se encontra na região infravermelha do espectro. Como telescópio infravermelho altamente sensível que é e possuindo um campo de visão muito grande, o VISTA está particularmente bem equipado para descobrir estas galáxias distantes do Universo primordial. Ao estudar galáxias com a radiação deslocada para o vermelho, a distâncias sucessivamente maiores, os astrônomos podem igualmente estudar como é que as galáxias se formam e evoluem ao longo da história do cosmos.

Uma inspeção detalhada da imagem revela dezenas de milhares de objetos avermelhados anteriormente desconhecidos espalhados no meio das mais numerosas galáxias de cor creme. São essencialmente galáxias muito remotas que observamos quando o Universo tinha apenas uma pequena fração da sua idade atual. Estudos anteriores das imagens do UltraVISTA, combinadas com imagens de outros telescópios, revelaram a presença de muitas galáxias que são observadas quando o Universo tinha menos de um bilhão de anos e algumas são observadas em épocas ainda mais remotas.

Embora esta imagem UltraVISTA já seja a imagem infravermelha deste tamanho mais profunda que existe, as observações continuam. O resultado final, daqui a alguns anos, será uma imagem significativamente mais profunda.

Os rastreios são indispensáveis aos astrônomos e por isso o ESO organizou um programa que permitirá que a vasta herança de dados, tanto do VISTA como do seu companheiro na radiação visível, o VLT Survey Telescope (VST), esteja à disposição dos astrônomos durante as próximas décadas.

Fonte: ESO

segunda-feira, 19 de março de 2012

Teia de estrelas

A galáxia IC 342 parece uma teia de aranha em espiral, apresentando o seu padrão delicado de poeira na imagem a seguir obtida pelo telescópio espacial Spitzer da NASA.

galáxia IC 342

© Spitzer (galáxia IC 342)

Visto em luz infravermelha, a luz débil das estrelas cede lugar aos padrões brilhantes de poeira encontrados ao longo do disco da galáxia.
A uma distância de cerca de 10 milhões de anos-luz, a IC 342 está relativamente perto para os padrões astronômicos, no entanto, a visão no óptico é debilitada devido a sua localização diretamente atrás do disco da nossa própria galáxia, a Via Láctea. A intervenção da poeira torna difícil ver na luz visível, mas a luz infravermelha penetra o véu facilmente. A IC 342 pertence ao mesmo grupo de seu vizinho galáctico ainda mais obscurecido, o Maffei 2.
A IC 342 está quase na nossa direção, dando uma visão clara e de cima para baixo da estrutura do seu disco. Ele tem um brilho de superfície baixo em comparação com outras galáxias espirais, indicando uma menor densidade de estrelas (visto aqui como uma névoa azul). Suas estruturas de poeira mostram-se muito mais viva (em vermelho). Os pontos azuis são estrelas mais perto de nós, na Via Láctea.
Novas estrelas estão se formando no disco a um ritmo saudável. O centro brilha especialmente no infravermelho, destacando-se uma enorme explosão de formação estelar ocorrendo nesta pequena região. Para ambos os lados do centro, uma porção de poeira e gás está ajudando a alimentar essa formação estelar central.

Fonte: NASA

sexta-feira, 16 de março de 2012

Lentes cósmicas com buracos negros

No espaço, algumas vezes acontece de duas galáxias se alinharem de uma maneira especial em que a galáxia mais próxima distorce e amplia a aparência da galáxia mais distante localizada atrás dela.

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© Hubble (lentes gravitacionais)

Para os astrônomos, encontrar esses alinhamentos é como se tivesse observando através de uma gigantesca lente de aumento.

Agora, uma equipe de astrônomos, incluindo Daniel Stern do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, na Califórnia, descobriram alguns raros exemplos desse fenômeno de alinhamento, chamados de lentes gravitacionais, onde a galáxia distante abriga um buraco negro supermassivo que está em ativo crescimento.

Esses buracos negros que estão se alimentando são chamados de quasares, e estão entre os objetos mais brilhantes do Universo, responsável pelo brilho total da galáxia que o hospeda. Devido a eles serem tão brilhantes, é complicado medir a massa de suas galáxias hospedeiras. Contudo, as lentes gravitacionais, são importantes para possibilitar estimar a massa de uma galáxia que hospeda um quasar. A quantidade da distorção da galáxia em segundo plano pode ser usada para precisamente medir a massa da lente gravitacional.

A equipe espera construir um catálogo ainda maior dessas lentes de quasares, e usar esses dados para entender melhor o jogo existente entre os buracos negros se alimentando e a formação de estrelas na galáxia em evolução.

Fonte: NASA

Nosso incrível Universo em infravermelho

A imagem abaixo de todo o céu foi construída a partir de um mosaico de observações feitas com o WISE (Wide-field Infrared Explorer) da NASA.

imagem do Universo em infravermelho

© NASA/WISE (imagem do Universo em infravermelho)

As observações, que foram lançadas num novo atlas e catálogo de todo o céu infravermelho em 14 de Março de 2012, inclui mais de meio bilhão de estrelas, galáxias e outros objetos.

O WISE foi lançado em 2009 e essa é a primeira vez que a missão publica sua visão infravermelha do Universo. Através do meio da imagem, a Via Láctea se apresenta de forma proeminente com o seu núcleo no centro. Acima e abaixo do plano galáctico, distantes emissões infravermelhas de galáxias e nebulosas podem ser observadas.

O telescópio espacial também tem um instrumental que permite que ele registre objetos em infravermelho próximos da Terra. Com isso ele tem detectado muitos asteroides e cometas, incluindo a surpreendente descoberta de um asteroide Troiano que acompanha a Terra em sua órbita ao redor do Sol. Os Troianos são conhecidos por existirem nas órbitas dos planetas gigantes gasosos, essa foi a primeira vez que um Troiano de um planeta terrestre foi descoberto. O WISE também foi determinante na descoberta de cerca de 90% dos maiores asteroides próximos da Terra e também descobriu que existem menos asteroides de tamanho mediano do que se esperava anteriormente.

Em escalas maiores, a sensibilidade dos instrumentos do WISE é capaz de registrar algumas das estrelas do tipo anãs marrons mais frias do Universo, objetos que não são nem planetas nem estrelas. A classe mais fria de anãs marrons, as anãs da classe Y, eram anteriormente objetos puramente teóricos até que o WISE descobriu o fraco brilho infravermelho emitido por elas enquanto vasculhava o céu.

“Com o lançamento do catálogo e atlas de todo o céu, o WISE se junta ao grande conjunto de pesquisas do céu que têm levado a importantes descobertas sobre o Universo”, disse Roc Cutri, líder do setor de processamento de dados e arquivamento de dados do WISE no Infrared and Processing Analysis Center no Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena. “Será animador e recompensador ver as novas maneiras que a ciência e a comunidade educacional usarão os dados do WISE em seus estudos, agora que eles estão disponíveis e com fácil acesso”.

Fonte: Discovery

quinta-feira, 15 de março de 2012

A violenta erupção do Sol

A imagem abaixo mostra uma das piores e mais fulgurosas regiões de manchas solares identificadas no Sol em anos.

manchas solares na região ativa 1429

© Alan Friedman (manchas solares na região ativa 1429)

A chamada região ativa 1429, pode não só parecer para alguns, como um dos carácteres do jogo Angry Birds, mas ela também emitiu uma das mais poderosas flares e ejeções de massa coronal (CMEs) do atual ciclo solar. As plumas geradas por essas explosões  causaram uma chuva de partículas na magnetosfera da Terra que resultaram em belas e coloridas auroras. A imagem acima da AR 1429 foi registrada em grande detalhe na cromosfera do Sol isolando a cor da luz emitida principalmente pelo hidrogênio. A imagem resultante é mostrada em cor falsa invertida com as regiões escuras sendo as regiões mais brilhantes e quentes do Sol. Gigantescos tubos magneticamente canalizados de gás quente, alguns maiores que a Terra, são conhecidos como espículas e podem ser vistos na cromosfera. O rebento de luz um pouco acima da AR 1429 é um filamento frio que aparece flutuando um pouco acima da região ativa de mancha solar. Já que o máximo do ciclo solar se aproxima nos próximos anos, o aumento da atividade e as variações do campo magnético do Sol podem criar regiões ativas até mais furiosas do que a mostrada acima e que podem derramar mais partículas energéticas de plasma no Sistema Solar.

Fonte: NASA

quarta-feira, 14 de março de 2012

Os hábitos alimentares das galáxias adolescentes

Novas observações obtidas com o VLT (Very Large Telescope) do ESO estão contribuindo de forma significativa para a compreensão de como crescem as galáxias adolescentes.

galáxias adolescentes no Universo distante

© ESO (galáxias adolescentes no Universo distante)

No maior levantamento já feito sobre estes objetos, os astrônomos descobriram que as galáxias alteram os seus hábitos alimentares durante os anos da adolescência - o período que vai desde os 3 aos 5 bilhões de anos depois do Big Bang. No início desta fase, correntes de gás eram o lanche preferido, enquanto que mais tarde as galáxias cresceram principalmente devido ao canibalismo de outras galáxias menores.

Os astrônomos sabem já há algum tempo que as galáxias primordiais são muito menores que as impressionantes galáxias espirais ou elípticas que ocupam atualmente o Universo. Durante o tempo de vida do cosmos as galáxias vem aumentando de peso, mas a sua comida e hábitos alimentares permanecem ainda um mistério. Um novo levantamente de galáxias cuidadosamente selecionadas focou-se nos anos da sua adolescência - aproximadamente o período entre os 3 e os 5 bilhões de anos depois do Big Bang.

Utilizando os instrumentos de vanguarda do VLT, uma equipe internacional está descobrindo o que realmente aconteceu. Em mais de cem horas de observações, a equipe juntou a maior quantidade de dados detalhados sobre galáxias ricas em gás que se encontram nesta fase inicial do seu desenvolvimento. O nome do levantamento é MASSIV (Mass Assembly Survey with SINFONI in VVDS). VVDS (VIMOS- VLT Deep Survey) é um levantamento profundo feito pelo instrumento VIMOS montado no VLT. O VIMOS (VIsible imaging Multi-Object Spectrograph) é uma câmera e espectrógrafo montado no VLT que foi utilizado para encontrar as galáxias utilizadas no trabalho MASSIV e medir as suas distâncias e outras propriedades.

“Existem dois modelos de crescimento de galáxias em competição: eventos de fusão violentos quando galáxias maiores englobam galáxias menores, ou alternativamente um fluxo de gás mais suave e contínuo ingerido pelas galáxias. Ambos levam à formação de imensas novas estrelas,” explica Thierry Contini (IRAP, Toulouse, França), que lidera este trabalho.

Os novos resultados apontam para o fato de existir uma mudança na evolução cósmica das galáxias, quando o Universo tinha entre 3 e 5 bilhões de anos. O crescimento devido a correntes contínuas de gás parece ter sido bastante importante nas galáxias quando o Universo era muito jovem, enquanto que as fusões se tornaram mais importantes posteriormente.

“Para compreender como é que as galáxias cresceram e se desenvolveram precisamos de as observar com o maior número de detalhes possível. O instrumento SINFONI instalado no VLT do ESO é uma das ferramentas mais poderosas existentes no mundo para dissecar galáxias jovens e distantes. O seu papel é tão importante para nós como o microscópio o é para o biólogo,” acrescenta Thierry Contini.

As galáxias distantes, como as do rastreio, são apenas pequenos pontos no céu muito tênues, mas a alta qualidade de imagem do VLT juntamente com o instrumento SINFONI permite aos astrônomos fazer mapas de como as diferentes partes das galáxias se deslocam e descobrir do que são constituídas. O SINFONI é um espectrógrafo infravermelho (1.1 - 2.45 µm) de campo integral que utiliza óptica adaptativa para melhorar a qualidade da sua imagem. Encontra-se montado no VLT e foi utilizado para fazer o levantamento MASSIV. Tivemos algumas surpresas.

“Para mim, a maior surpresa foi a descoberta de muitas galáxias sem rotação do gás. Estas galáxias não são observadas no Universo próximo e nenhuma das teorias atuais prevê tais objetos,” diz Benoît Epinat, outro membro da equipe.

“Também não esperávamos que tantas das galáxias jovens do levantamento tivessem os elementos mais pesados concentrados nas regiões periféricas - este fato é exatamente o contrário do observado nas galáxias atuais,” acrescenta Thierry Contini.

A equipe começa agora a explorar a enorme quantidade de dados observados. Planejam igualmente observar as galáxias com instrumentos que serão futuramente instalados no VLT, assim como pensam utilizar o ALMA para estudar o gás frio nestas galáxias. Olhando ainda mais longe para o futuro, o European Extremely Large Telescope estará idealmente equipado para estender este tipo de estudo a um Universo ainda mais primordial.

Fonte: ESO

terça-feira, 13 de março de 2012

Uma bela imagem das galáxias de Dorado

O telescópio espacial Hubble da NASA, produziu uma bela imagem da galáxia NGC 1483.

galáxia NGC 1483

© Hubble (galáxia NGC 1483)

A NGC 1483 é uma galáxia espiral barrada localizada na constelação do céu do sul, Dorado, O Golfinho. A galáxia nebulosa apresenta um brilhante bulbo central e braços espirais difusos com regiões distintas de formação de estrelas. Em segundo plano é possível notar uma grande quantidade de galáxias.

A constelação de Dorado é o lar do Grupo de Galáxias de Dorado, um grupo composto por 70 galáxias e localizado a aproximadamente 62 milhões de anos-luz de distância. O Grupo de Galáxias de Dorado é bem maior que o Grupo Local de Galáxias onde está localizada a Via Láctea, que contém 30 galáxias. Os aglomerados de galáxias são os maiores agrupamentos de galáxias, e as maiores estruturas desse tipo, presentes no Universo e que possuem suas galáxias unidas pela gravidade.

As galáxias espirais barradas recebem esse nome devido a proeminente estrutura em forma de barra encontrada em seu centro. Esse tipo de galáxia compreende cerca de dois terços de todas as galáxias espirais incluindo a Via Láctea. Estudos recentes sugerem que as barras podem ser um estágio comum no processo de formação das galáxias e podem indicar que uma galáxia atingiu sua completa maturidade.

Fonte: NASA

sexta-feira, 9 de março de 2012

Região turbulenta de formação estelar

O massivo e jovem agrupamento estelar, conhecido como R136, tem poucos milhões de anos de vida e reside na Nebulosa 30 Doradus, uma região turbulenta de formação de estrelas localizada na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite à Via Láctea.

Nebulosa 30 Doradus

© Hubble (Nebulosa 30 Doradus)

Não se conhece na Via Láctea uma região de formação de estrelas tão grande e tão prolífica como a 30 Doradus.

Muitas das estrelas azuis visíveis na imagem acima que parecem como diamantes, estão entre as estrelas mais massivas conhecidas. Algumas delas são 100 vezes mais massivas que o Sol. Essas estrelas já tem um destino traçado e em poucos milhões de anos devem explodir como supernovas.

A imagem foi relizada no comprimento de onda do ultravioleta, visível e na luz vermelha registrada pela Wide Field Camera 3 do Hubble, e se estende por 100 anos-luz. A nebulosa está perto o bastante da Terra para que o Hubble consiga identificar estrelas de forma individual, dando assim aos astrônomos importantes informações sobre o nascimento e a evolução das estrelas.

As estrelas brilhantes estão cavando profundas cavidades no material ao redor, lançando luz ultravioleta e ventos estelares com força de um furacão, ou seja, jatos de partículas carregadas, que expulsam para longe a nuvem de gás hidrogênio onde as estrelas nasceram. A imagem revela uma paisagem fantástica de pilares, cadeias e vales, bem como uma região escura no centro que parece grosseiramente com uma árvore de natal. Além de esculpirem o terreno gasoso ao redor, as estrelas brilhantes podem também ajudar a criar uma sucessiva geração de novas estrelas. Quando os ventos alcançam as densas paredes de gás, eles criam choques, que podem gerar uma nova onda de nascimento de estrelas.

Essas observações foram feitas entre os dias 20 e 27 de Outubro de 2009. A cor azul é a luz das estrelas mais quentes e massivas, a cor verde é gerada pelo brilho do oxigênio e a cor vermelha pela fluorescência do hidrogênio.

Fonte: NASA

quinta-feira, 8 de março de 2012

A cidade das galáxias vermelhas

Uma equipe de astrônomos descobriu o aglomerado mais distante de galáxias vermelhas já observado usando a poderosa câmera de infravermelho próximo FourStar no telescópio Magellan Baade.

aglomerado com galáxias vermelhas

© Hubble e Spitzer (aglomerado com galáxias vermelhas)

Esta imagem efetuada pelos telescópios Hubble e Spitzer mostra uma galáxia em evolução passiva identificada pelo Gemini Deep Deep Survey (GDDS) que levou à detecção do aglomerado compacto de enormes galáxias vermelhas a um redshift de z=1,51.

O aglomerado de galáxias está localizado a 10,5 bilhões de anos-luz de distância na direção da constelação de Leão, formada por um conjunto de 30 galáxias, conhecido como  "cidade das galáxias", quando o Universo tinha apenas três bilhões de anos.
Estranhamente, o aglomerado foi completamente descartado por pesquisas anteriores, que procuravam nesta região do céu e foram realizadas por telescópios terrestres e os principais meios espaciais de observação, incluindo o telescópio Hubble. Apesar dessas observações intensas, as distâncias precisas para essas galáxias tênues e distantes estavam desaparecidas até o advento da câmera FourStar.
Esta câmera permitiu que essas observações fossem realizadas através de cinco filtros especiais para coletar as imagens que são sensíveis às fatias estreitas do espectro infravermelho próximo. Esta abordagem poderosa permitiu medir as distâncias exatas entre a Terra e as diversas galáxias distantes ao mesmo tempo, fornecendo um mapa 3-D do início do Universo.
"Isso significa que o aglomerado de galáxias ainda é jovem e deve continuar crescendo em uma estrutura extremamente densa, possivelmente contendo milhares de galáxias", explicou o Lee Spitler da Universidade de Tecnologia Swinburne da Austrália.
A descoberta é parte de uma pesquisa maior, o FourStar Galaxy Evolution Survey (Z-FOURGE), liderada pelo Dr. Ivo Labbé do Observatório Leiden, na Holanda. O foco da pesquisa é para resolver um problema clássico em astronomia observacional: distâncias determinantes. Só então você sabe se um ponto de luz é uma estrela em nossa Via Láctea, uma pequena galáxia próxima, ou uma grande muito longe.
As observações Z-FOURGE, estão sendo realizados utilizando o telescópio Magellan de 6,5 metros no Observatório Las Campanas no Chile.

Nos primeiros seis meses de estudo, a equipe obteve distâncias precisas para galáxias fracas sobre uma região de cerca de um quinto do tamanho aparente da Lua. Embora a área é relativamente pequena, eles encontraram cerca de mil galáxias com distâncias ainda maiores do que o novo aglomerado.

imagem no óptico e infravermelho do aglomerado

© Z-FOURGE (imagem no óptico e infravermelho do aglomerado)

A imagem acima em infravermelho mostra o aglomerado. Três fatias estreitas de espectro em infravermelho são representados nesta composição. As cores foram balanceadas para acentuar as galáxias vermelhas a uma distância de 10,5 bilhões de anos-luz.

Fonte: The Astrophysical Journal Letters

quarta-feira, 7 de março de 2012

Um encontro de galáxias jovens

O aglomerado de galáxias de Hércules (também conhecido como Abell 2151) situa-se a cerca de 500 milhões de anos-luz de distância na constelação de Hércules.

© ESO (aglomerado de galáxias de Hércules)

Este aglomerado é claramente diferente de outras associações de galáxias próximas. Além de apresentar uma forma bastante irregular, o aglomerado contém uma grande variedade de tipos de galáxias, em particular galáxias espirais jovens que estão formarndo estrelas, não se observando nenhuma galáxia elíptica gigante.

Highlights of the VST image of the Hercules galaxy cluster

© ESO (detalhes aglomerado de galáxias de Hércules)

A nova imagem foi tirada com o VST (VLT Survey Telescope), o mais recente telescópio instalado no Observatório do Paranal do ESO, no Chile. O VST é um telescópio de rastreio, equipado com uma câmera de 268 milhões de pixels, a OmegaCAM, que captura imagens de grandes áreas do céu. Normalmente, apenas pequenos telescópios conseguem obter imagens de objetos tão grandes como este de uma única vez, mas o VST de 2,6 metros não só possui um grande campo, como também tira todas as vantagens das excelentes condições de observação do Paranal, conseguindo assim obter muito rapidamente imagens que são simultaneamente muito nítidas e muito profundas.

Por toda a imagem podemos observar pares de galáxias aproximando-se muito umas das outras. Este processo originará a fusão das galáxias numa só galáxia maior. As numerosas interações e o grande número de galáxias espirais ricas em gás que estão formando estrelas, fazem com que os membros do aglomerado de galáxias de Hércules se pareçam com as galáxias jovens do Universo mais longínquo. Devido a esta semelhança, os astrônomos pensam que este aglomerado de galáxias é um aglomerado relativamente jovem. Trata-se de um emaranhado de galáxias, vibrante e dinâmico que, no futuro, se assemelhará aos aglomerados de galáxias mais velhos, típicos da nossa vizinhança galáctica.

Os aglomerados de galáxias formam-se quando pequenos grupos de galáxias se juntam devido à força da gravidade. À medida que estes grupos se aproximam uns dos outros, o aglomerado torna-se mais compacto e de forma mais esférica. Ao mesmo tempo, as próprias galáxias aproximam-se entre si e começam a interagir. Mesmo que inicialmente as galáxias espirais predominem nestes grupos, as colisões galácticas levam a eventuais distorções das suas estruturas espirais e ao arrancamento de gás e poeira, o que trava a formação estelar. Por isso, a maioria das galáxias num aglomerado mais evoluído são elípticas ou irregulares. Uma ou duas galáxias elípticas gigantes, formadas a partir da fusão de várias galáxias mais pequenas e permeadas de estrelas velhas, costumam encontrar-se no centro destes aglomerados velhos.

Pensa-se que o aglomerado de galáxias de Hércules é uma coleção de, pelo menos, três aglomerados ou grupos de galáxias mais pequenos, que se encontram neste momento formando uma estrutura maior. Mais ainda, o próprio aglomerado está em fusão com outros aglomerados grandes, o que irá dar origem a um superaglomerado de galáxias. Estas gigantescas coleções de aglomerados são algumas das maiores estruturas do Universo. O grande campo de visão e a qualidade de imagem da OmegaCAM, montada no VST, tornam este instrumento ideal no estudo das regiões periféricas dos aglomerados de galáxias, onde interações entre os aglomerados, interações essas que ainda não são bem compreendidas, estão acontecendo.

Esta imagem mostra não apenas as galáxias do aglomerado de galáxias de Hércules, mas também muitos objetos tênues e difusos no campo de fundo, que são galáxias muito mais afastadas. Em primeiro plano e muito mais próximo de nós, podem ver-se várias estrelas brilhantes da Via Láctea, observando-se igualmente alguns asteroides através dos curtos rastos que deixaram na imagem à medida que se deslocaram lentamente ao longo desta durante as exposições.

Fonte: ESO

domingo, 4 de março de 2012

A fusão de galáxias no aglomerado Abell 520

A imagem a seguir mostra a distribuição da matéria escura, das galáxias e do gás quente no centro do aglomerado de galáxias em fusão Abell 520, formados pela violenta colisão de aglomerados massivos de galáxias.

aglomerado de galáxias Abell 520

© Hubble e CFHT (aglomerado de galáxias Abell 520)

A imagem em cor natural das galáxias foi feita com o telescópio espacial Hubble e com o telescópio Canadá-França-Havaí no Havaí.

Sobrepostos na imagem estão mapas falsamente coloridos mostrando a concentração da luz das estrelas, gás quente, e da matéria escura no aglomerado. A luz das estrelas das galáxias é derivada das observações feitas pelo telescópio Canadá-França-Havaí e é colorida de laranja. As regiões pintadas de verde mostram o gás quente, como detectado pelo observatório de raios X Chandra da NASA. O gás é a evidência que uma colisão está acontecendo. As áreas em azul apontam os locais de maior concentração de massa no aglomerado, que é predominada pela matéria escura. A matéria escura é uma substância invisível que é responsável pela maior parte da massa no Universo. O mapa da matéria escura foi derivado de observações feitas com a Wide Field Planetary Camera 2 detectando quanta luz dos distantes objetos é distorcida pelo aglomerado de galáxias, um efeito chamado de lente gravitacional.

A mistura azul e verde observada no centro da imagem revela que um aglomerado de matéria escura reside próximo da maior parte de gás quente, onde poucas galáxias são encontradas. Essa descoberta confirma observações prévias de um núcleo de matéria escura no centro do aglomerado. O resultado pode apresentar um desafio às teorias básicas da matéria escura, que dizem que as galáxias devem se manter unidas à matéria escura mesmo durante o choque ou uma violenta colisão.

Fonte: NASA

As estrelas jovens piscam!

Uma equipe de astrônomos detectou, através dos telescópios espaciais Herschel, da ESA e Spitzer da NASA, mudanças surpreendentemente rápidas no brilho de estrelas embrionárias dentro da Nebulosa de Órion.

estrelas recém-nascidas em Órion

© Spitzer e Herschel (estrelas recém-nascidas em Órion)

As imagens obtidas pelo detector de infravermelho do Herschel, e por dois instrumentos do Spitzer, trabalhando em comprimentos de onda mais curtos, mostram uma imagem mais detalhada das estrelas em formação no coração deste que se tem como um dos objetos mais estudados pelos astrônomos.

A 1.350 anos-luz da Terra, esta é uma das poucas nebulosas visíveis a olho nu.

Ela contém a região de formação de grandes estrelas mais próxima da Terra, com uma luz ultravioleta intensa proveniente das estrelas jovens e quentes que transformam gases e poeira em uma zona brilhante.

O que agora se descobriu é que, dentro dessa poeira, oculta aos comprimentos de onda visíveis, há uma série de estrelas ainda mais jovens, na primeira fase da sua evolução.

A nova combinação de imagens de infravermelho longo e médio penetrou através da poeira obscura e revelou essas estrelas embrionárias.

Uma estrela se forma quando uma densa nuvem de gás e poeira se funde e colapsa sob a sua própria gravidade, criando uma proto-estrela quente central, rodeada por um disco em espiral e envolvida por um halo maior.

Grande parte desse material vai-se juntando em um redemoinho ao longo de centenas de milhares de anos, antes de ser acionada a fusão nuclear no coração da estrela, e  gerando uma nova estrela.

Alguns dos gases e da poeira remanescentes no disco podem formar um sistema planetário, como se acredita ter acontecido com o nosso Sistema Solar.

Uma equipe de astrônomos liderados por Nicolas Billot, do Instituto de Radioastronomia Milimétrica, na Espanha, usou o telescópio Herschel para captar a Nebulosa de Órion uma vez por semana, durante seis semanas, no inverno e primavera do ano passado.

A câmara fotodetectora e o espectrômetro PACS do Herchel detectaram poeiras de partículas frias rodeando as proto-estrelas mais jovens em comprimentos de onda de infravermelho longo.

Estas observações foram combinadas com imagens de arquivo do Spitzer, obtidas em comprimentos de onda na zona dos infravermelhos curtos e médios, que mostram objetos mais velhos e quentes.

Os astrônomos ficaram surpresos ao ver que o brilho das estrelas jovens varia em mais de 20% em poucas semanas; deve-se levar em conta que o processo de acreção deveria levar anos ou mesmo séculos.

Em certo sentido, o que os astrônomos descobriram é que as estrelas piscam.

Eles terão agora que encontrar uma explicação para este novo fenômeno, ainda não contemplado nos modelos de formação de estrelas atuais.

Uma possibilidade é que os filamentos de gás irregulares estejam afunilando do disco externo para as regiões centrais perto da estrela, aquecendo temporariamente o disco interior e fazendo-o brilhar.

Outro cenário possível é a acumulação de material frio na borda interna e criando sombras no disco externo, fazendo com que este escureça temporariamente.

Em qualquer dos casos, está claro agora que a gestação de estrelas  não é um processo suave e uniforme.

"Mais uma vez, as observações do Herschel nos surpreenderam e nos deram pistas interessantes sobre o que acontece durante as fases mais precoces da formação de estrelas e dos planetas," comentou Göran Pilbratt, do projeto Herschel da ESA.

Fonte: ESA

sexta-feira, 2 de março de 2012

Telescópio Spitzer encontra jatos escondidos

O telescópio Spitzer da NASA fez essa imagem de uma estrela recém-nascida expelindo dois jatos idênticos (as linhas verdes emanando da estrela difusa).

Herbig-Haro 34

© Spitzer (Herbig-Haro 34)

O jato na direita já havia sido visto antes em imagens feitas com a luz visível, mas o jato à esquerda, gêmeo idêntico do primeiro jato, só poderia ser visto em detalhe com os detectores infravermelhos do Spitzer. O jato da esquerda estava escondido atrás de uma nuvem escura.

Os jatos gêmeos, no sistema chamado de Herbig-Haro 34, são feitos de nós idênticos de gás e poeira, ejetados um após o outro de áreas ao redor da estrela. Estudando o espaçamento desses nós, e conhecendo a velocidade com a qual os jatos são expelidos de estudos anteriores, os astrônomos são capazes de determinar que o jato da direita esteja ejetando material, 4,5 anos depois do jato contrário.

Os novos dados também revelam que a área de onde os jatos se originam está contida dentro de uma esfera ao redor da estrela com um raio de 3 UA (unidades astronômicas). Uma unidade astronômica é a distância entre o Sol e a Terra (em média, 150 milhões de quilômetros). Estudos anteriores estimaram que o tamanho máximo da zona que está gerando os jatos era 10 vezes maior.

O material é composto de gás e poeira. Ondas de choque em forma de arco podem ser vistas no final dos jatos gêmeos. As ondas de choque consistem de material comprimido localizado na frente dos jatos.

Os jatos do Herbig-Haro 34 estão localizados a aproximadamente 1.400 anos-luz de distância na direção da constelação de Órion.

Fonte: NASA

quinta-feira, 1 de março de 2012

Novo modelo explica formação dos planetas

Um novo estudo, que será publicado na edição de março do periódico Planetary and Space Science, propõe que os planetas nasceram ao mesmo tempo que o Sol, a partir de uma nuvem de gás fria.

ilustração de um disco protoplanetário

© NASA (ilustração de um disco protoplanetário)

A ideia é contrária ao modelo mais aceito atualmente, uma variação da hipótese nebular, segundo a qual planetas resultam de colisões que ocorrem depois da formação da estrela a partir de uma nuvem quente e achatada, na forma de um disco, conforme a figura acima. A hipótese nebular é o modelo mais aceito para explicar a formação e evolução do Sistema Solar. Foi proposto originalmente em 1734 pelo sueco Emanuel Swedenborg e atualizado ao longo do século XIX e XX por muitos cosmólogos. A variação mais aceita foi proposta pelo russo Victor Safranov e pelo americano George Wetherill durante a década de 1970. De acordo com a hipótese, as estrelas se formam dentro de densas e massivas nuvens de hidrogênio. Depois disso, um disco de gás se forma em volta da estrela, e planetas rochosos podem se formar a partir dele por meio da colisão caótica de grandes pedaços acumulados de matéria. Os planetas gasosos seriam formados por vários pedaços de gelo distantes da estrela. Embora dominante, esta teoria não consegue explicar diversas características do Sistema Solar, daí o interesse por novas hipóteses.
De acordo com os autores do estudo, Anne Hofmeister e Robert Criss, ambos da Washington University em St. Louis, EUA, o modelo antigo não é convincente ao tentar explicar por que os planetas se organizam em órbitas, por que possuem movimento de rotação e por que os planetas mais próximos do Sol são rochosos, e os mais distantes, gasosos.
A ideia apresentada por Anne e Criss usa as leis da física para explicar por que uma nuvem de gás entrou em colapso formando o Sol e os planetas ao mesmo tempo. Anne explica que o primeiro acontecimento foi a formação de núcleos rochosos próximos do Sol. Esses núcleos se transformaram nos planetas rochosos. "A nuvem de gás começou a se contrair, e os núcleos rochosos se formaram para conservar a rotação da nuvem", diz.
A especialista explica que os núcleos também atraem gás, mas apenas quando estão longe do Sol. "Só assim eles conseguiram competir com a força gravitacional do Sol para atrair o gás para si". Isso explicaria a formação dos planetas gasosos, como Júpiter e Saturno.
O novo modelo, afirmam os autores, explicaria também a formação de planetas fora do Sistema Solar. Segundo os especialistas, o telescópio Hubble ajuda a comprovar a proposta. O observatório já registrou estrelas nascendo dentro de nuvens frias.
Criss afirma que existem evidências observáveis de que o modelo do disco achatado e quente está errado. "Não faz sentido que um bando de colisões aleatórias entre objetos pesados e maciços vá produzir um Sistema Solar com planetas orbitando a estrela em um plano magnífico, com todos os mundos girando para o mesmo lado”, diz. "Seria o mesmo que ativar uma bomba nuclear e esperar que todas as árvores caiam de maneira organizada."

Fonte: VEJA

Nova técnica para detectar vida no Universo

Astrônomos encontraram evidências de vida no planeta Terra ao observar a Lua com o Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul (ESO).

luz cinérea

© ESO (luz cinérea)

A informação não é nova e parece óbvia, mas a técnica utilizada por uma equipe internacional para detectar a vida terrestre pode levar a descobertas de vida em outros locais do Universo. O trabalho foi publicado hoje na revista Nature.

"Usamos uma técnica chamada observação da luz cinérea para observar a Terra como se esta fosse um exoplaneta", diz Michael Sterzik, autor principal do artigo científico que descreve estes resultados. "O Sol ilumina a Terra e essa radiação é refletida para a superfície da Lua. A superfície lunar atua como um espelho gigante e reflete a radiação terrestre de volta à Terra - é essa radiação que observamos com o VLT."

Os astrônomos analisaram a fraca luz cinérea procurando indicadores, tais como algumas combinações de gases existentes na atmosfera terrestre, que são marcadores de vida orgânica. Este método estabelece a Terra como um marco na futura procura de vida em outros planetas.

As impressões digitais da vida, ou assinaturas biológicas, são difíceis de encontrar por métodos convencionais, mas a equipe foi pioneira de uma nova metodologia, que é bastante sensível. Em vez de procurar apenas quão brilhante é a radiação refletida em diferentes cores, observa-se também a polarização da radiação. Ao aplicar esta técnica à luz cinérea observada com o VLT, as assinaturas biológicas na radiação refletida da Terra aparecem sem margem para dúvidas.

O pesquisador Stefano Bagnulo explica as vantagens. "A radiação emitida por um exoplaneta distante é muito fraca em relação ao brilho da sua estrela hospedeira, por isso é muito difícil de analisar - é um pouco como estudar um grão de poeira que se encontre ao lado de uma lâmpada muito brilhante. Mas a radiação refletida pelo planeta é polarizada enquanto que a radiação emitida pela estrela hospedeira não é. Por isso, as técnicas de polarimetria ajudam-nos a isolar a fraca radiação refletida de um exoplaneta."

A equipe estudou tanto a cor como o grau de ionização da radiação emitida pela Terra após a sua reflexão pela Lua, tal como se a luz viesse de um exoplaneta. Por meio dos resultados, conseguiu deduzir que a atmosfera terrestre é parcialmente nublada, que parte da superfície se encontra coberta por oceanos e - mais importante ainda - que existe vegetação. A equipe conseguiu inclusive detectar variações na cobertura de nuvens e na quantidade de vegetação em épocas diferentes, correspondentes às diferentes partes da Terra que refletiam radiação na direção da Lua.

"Encontrar vida fora do Sistema Solar depende de duas coisas: se essa vida existe efetivamente e se temos capacidade técnica para detectá-la", acrescenta o também autor Enric Palle. "Este trabalho dá um passo importante na direção de atingirmos tal capacidade".

Segundo os cientistas do ESO, a nova geração de telescópios, tais como o E-ELT (European Extremely Large Telescope), pode nos trazer a notícia extraordinária de que a Terra não é o único planeta portador de vida na imensidão do espaço.

Fonte: ESO