O Telescópio Espacial Hubble descobriu o menor objeto já visto em luz visível no cinturão de Kuiper, a região do Sistema Solar que se estende para além da órbita de Netuno e que abriga planetas-anões como Eris e Quaoar. Mesmo o Hubble não tendo fotografado este KBO (Kuiper Belt Object – Objeto do Cinturão de Kuiper), a sua detecção ainda foi bem impressionante. O objeto tem apenas 975 metros de diâmetro, e está à 6,7 bilhões de km de distância. O menor KBO visto anteriormente em luz refletida tinha cerca de 48 km de diâmetro, ou 50 vezes maior. Isto providencia a primeira evidência observacional de uma população de objetos do tamanho de cometas no Cinturão de Kuiper. O objeto detectado pelo Hubble é tão fraco (35ª magnitude) que é 100 vezes mais fraco do que o Hubble pode ver diretamente.
© NASA (KBO – concepção artística)
Então como o telescópio espacial poderia descobrir tal objeto? A assinatura do pequeno objeto foi extraído de dados do Hubble, não através de fotografia direta. Quando o objeto passou na frente de uma estrela, os instrumentos do Hubble registraram a ocultação.
O Hubble tem três instrumentos ópticos chamados de Fine Guidance Sensors (FGS). O FGS providencia informações de navegação de alta precisão para os sistemas de controle de altitude do observatório através da observação de estrelas-guia. O sensor explora a natureza de onda da luz para realizar medições precisas da localização das estrelas.
Foram selecionados 4,5 anos de observações do FGS, onde foram analisadas em torno de 50.000 estrelas. O Hubble passou um total de 12.000 horas durante esse período olhando para uma faixa do céu a até 20 graus do plano eclíptico do Sistema Solar, onde a maioria dos KBOs deve estar. Procurando no imenso banco de dados, foi encontrado um único evento de ocultação que durou 0,3 segundos. Isto só foi possível porque os instrumentos do FGS gravam mudanças na luz das estrelas 40 vezes por segundo. A duração da ocultação foi curta principalmente por causa do movimento da Terra ao redor do Sol. A distância do KBO foi estimada pela duração da ocultação, e a quantidade de luz bloqueada foi usada para calcular o tamanho do objeto.
A descoberta é uma poderosa ilustração da capacidade de produzir importantes descobertas novas através dos dados arquivados do Hubble.
Fonte: Nature
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