Uma equipe de astrônomos encontrou indícios de que o Universo pode ter passado por uma tendência de aquecimento no início de sua história.
© Amanda Smith/IoA (aquecimento primordial do Universo)
O gráfico mostra a temperatura do meio intergaláctico quando o Universo tinha entre 1 e 3,5 bilhões de anos, sobreposta com uma impressão artística do surgimento das galáxias. A região sombreada mostra a faixa de possíveis temperaturas, medidas pela equipe.
A temperatura do gás que se encontra entre as galáxias foi mensurada e foi encontrada uma indicação plausível de que sua temperatura aumentou de forma constante durante o período entre um décimo e um quarto de sua idade atual.
Essa mudança climática cósmica foi provavelmente causada pela gigantesca quantidade de energia gerada pelas jovens galáxias, muito ativas durante essa época.
No início da história do Universo, a grande maioria da matéria não estava em estrelas ou galáxias, ao contrário, ela estava espalhada na forma de um gás muito fino que preenchia todo o espaço.
A temperatura desse gás foi medida utilizando a luz de objetos distantes, chamados quasares. O gás, que fica entre a Terra e o quasar, acrescenta uma série de marcas à luz desses objetos extremamente brilhantes. Analisando como essas impressões bloqueiam parcialmente a luz dos quasares podemos inferir muitas das propriedades do gás absorvente, tais como onde ele está, do que é feito e qual é a sua temperatura.
A luz do quasar que os astrônomos estudaram tem mais de dez bilhões de anos de idade no momento em que chega à Terra, tendo viajado através de vastas áreas do Universo. Cada nuvem de gás intergaláctica que a luz atravessou durante essa jornada deixou sua própria marca, e o efeito acumulado pode ser usado como um registro fóssil da temperatura no início do Universo. Portanto, a luz dos quasares contém um registro da história do clima do cosmos.
É claro que há grandes diferenças de magnitude nessas medições de temperatura. Um bilhão de anos após o Big Bang, o gás que medimos tinha uma temperatura bem “fria” de 8.000 graus Celsius. Três e meio bilhões de anos mais tarde a temperatura havia subido para pelo menos 12.000 graus Celsius.
A tendência de aquecimento contraria o “padrão normal” atribuído ao clima cósmico. Segundo as teorias atuais, o Universo deveria esfriar ao longo do tempo. À medida que o cosmos se expande, o gás deve ficar mais frio, como o gás que escapa de uma lata de aerossol.
Os prováveis culpados desse aquecimento intergaláctico são os próprios quasares. Durante o período da história cósmica estudada pela equipe, os quasares estavam se tornando muito mais comuns. Esses objetos, que se acredita serem buracos negros gigantes engolindo matéria no centro das galáxias, emitem enormes quantidades de luz ultravioleta de alta energia. Esses raios UV teriam interagido com o gás intergaláctico, criando o aumento da temperatura que observamos.
Fonte: Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
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