Um grupo de pesquisadores do Instituto de Ciências Espaciais da Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha, descreve a descoberta, pela primeira vez, de uma estrela pulsante que hospeda um planeta gigante, quente e em trânsito.
© ESA (ilustração do exoplaneta WASP-33b e sua estrela)
O estudo foi realizado pelo estudante de pós-doutorado Enrique Herrero, pelo pesquisador Dr. Juan Carlos Morales, pelo especialista em exoplanetas Dr. Ignasi Ribas e pelo astrônomo amador Ramón Naves.
A estrela WASP-33 (também conhecida como HD15082) é mais quente, tem 1,5 vez a massa do Sol e está localizada a uma distância de 378 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Andrômeda. Também tem a peculiaridade de pulsar tanto radialmente, como um balão que infla e desinfla de forma contínua, quanto não radialmente, como as marés dos oceanos causadas pela presença da Lua, que deforma a massa da água entre os polos e a linha do Equador.
Essa estrela abriga um planeta gigante, o WASP-33b, detectado em 2006 pelo método do trânsito (fenômeno durante o qual um astro passa em frente a outro maior, bloqueando parcialmente sua visão). A massa do planeta é 4 vezes a de Júpiter, e ele orbita a estrela em uma velocidade tão alta que leva apenas 1,2 dia para completar uma volta. Esse curto período orbital indica sua extrema proximidade com a estrela, de 0,02 unidade astronômica (UA); o planeta Mercúrio, o mais próximo do Sol, está situado a 0,39 UA. Esse planeta é muito especial porque tem uma órbita inversa e com um ângulo bastante inclinado em relação ao equador da estrela.
A estrela possui uma temperatura de 7160 °C na fotosfera, sendo mais quente que o Sol que possui uma temperatura de 5600 °C. O exoplaneta WASP-33b orbita a estrela numa região cuja temperatura é de 3200 °C, de acordo com medidas em infravermelho obtidas pela câmara do telescópio William Herschel nas ilhas Canárias. O WASP-33b tem temperatura mais alta que outro exoplaneta, o WASP-12b, que apresenta uma temperatura de 2300 °C. Observa-se também o WASP-33b apresenta temperatura maior do que algumas anãs vermelhas.
O estudo também sugere que as pulsações da WASP-33 podem ser causadas pela presença do planeta gigante, algo nunca visto antes em nenhum outro sistema planetário. Um pequeno sinal periódico, visível durante o trânsito do planeta, chamou a atenção dos pesquisadores e, por meio de uma análise minuciosa, os modos de pulsação da estrela foram determinados e também sua possível relação com o planeta.
Além de ser pioneira nesse campo, a pesquisa foi feita a partir de observatórios profissionais e amadores. Pela primeira vez na história de suas atividades, o Observatório Astronômico do Montsec, na Espanha, é responsável por fornecer a maior parte do material usado em um trabalho. Além disso, o astrônomo amador R. Naves, do Observatório Montcabrer, no mesmo país, tem proporcionado excelentes dados, revelando a grande importância da colaboração entre profissionais e amadores nesse campo.
Por essa razão, o sistema da WASP-33 representa um marco no mundo dos exoplanetas, já que pode fornecer informações vitais sobre os modos de pulsação que ocorrem em estrelas, os efeitos das marés entre estrelas e planetas e a evolução dinâmica dos sistemas planetários.
Fonte: Astronomy & Astrophysics
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