Novas observações feitas com o Observatório Espacial Herschel mostra um anel denso de gás bizarro e contorcido no centro da Via Láctea.
© ESA (centro da Via Láctea)
Somente poucas porções do anel, que se estende por mais de 600 anos-luz de distância eram conhecidas antes. A imagem do Herschel revela o anel inteiro pela primeira vez.
“Nós já olhamos para essa região no centro da Via Láctea muitas vezes antes na luz infravermelha”, disse Alberto Noriega-Crespo do Infrared Processing and Analysis Center no California Institute of Technology em Pasadena, na Califórnia. “Mas quando nós observamos essa região nas imagens de alta resolução usando os comprimentos de onda sub-milimétricos do Herschel a presença do anel ficou muito clara”.
O Observatório Espacial Herschel é uma missão liderada pela ESA (agência espacial europeia) com importantes contribuições da NASA. Ele observa a radiação infravermelha e sub-milimétrica emitida pelos astros, radiação essa que é capaz de atravessar a densa poeira que existe entre o centro da Via Láctea e nós.
Quando os astrônomos voltaram o gigantesco telescópio para observar o centro da Via Láctea, eles capturaram uma visão sem precedentes do anel interno – um denso tubo de gás frio misturado com poeira, onde novas estrelas estão se formando.
O anel, que está no plano da nossa galáxia, parece com o símbolo do infinito, com dois lobos cada um apontando para um lado. De fato, eles determinaram posteriormente que o anel estava torcido no centro, assim ele parecia só ter os dois lobos.
“Nós temos um novo e excitante mistério em nossas mãos bem no centro da nossa própria galáxia”, disse Sergio Molinari do Institute of Space Physics em Roma, Itália, principal autor do novo artigo.
Observações feitas com o telescópio baseado em Terra do Rádio Observatório de Nobeyama no Japão complementaram os resultados obtidos com o Herschel determinando a velocidade do gás mais denso no anel. Os resultados de rádio demonstraram que o anel está se movendo como uma unidade, na mesma velocidade relativa do resto da galáxia.
O anel localiza-se no centro da barra da Via Láctea – uma região em forma de barra no centro dos braços espirais da galáxia. Essa barra está na verdade dentro de um anel ainda maior. Outras galáxias possuem uma barra similar e anéis também. Um exemplo clássico de um anel dentro de uma barra pode ser visto na galáxia NGC 1097, que é mostrada abaixo numa imagem feita pelo Telescópio Espacial Spitzer da NASA.
© NASA/Spitzer (galáxia NGC 1097)
O anel brilha fortemente no centro da grande estrutura de barra da galáxia. Não se sabe se esse anel tem uma torção como o observado na Via Láctea.
Os detalhes de como as barras e os anéis se formam nas galáxias espirais não são bem entendidos, mas simulações de computadores demonstram como as interações gravitacionais podem produzir essas estruturas. Algumas teorias defendem que as barras surjam de interações gravitacionais entre galáxias. Por exemplo, a barra no centro da Via Láctea pode ter sido influenciada pelo nosso maior vizinho cósmico, a galáxia de Andrômeda.
A torção no anel não é o único mistério que surge com as novas observações feitas com o Herschel. Os astrônomos dizem que a porção torcida do centro do anel não está onde o centro da galáxia era imaginado, mas um pouco afastado. O centro da nossa galáxia é considerado como estando ao redor do Sagitarius A*, onde localiza-se um massivo buraco negro. De acordo com Noriega-Crespo, não está claro por que o centro do anel não se ajusta com o centro assumido da galáxia.
Fonte: Astrophysical Journal Letters
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