Utilizando o telescópio espacial Hubble e a teoria da relatividade de Einstein, cientistas conseguiram observar uma galáxia distante que remonta a 500 milhões de anos após o Big Bang.
© Hubble/Spitzer (galáxia MACS 1149-JD)
A galáxia, descoberta por Wei Zheng, do departamento de Física e Astronomia da Universidade americana Johns Hopkins, e sua equipe, tem mais de 13,2 bilhões de anos, um redshift de 9,6. O estudo foi publicado nesta quarta-feira na revista britânica Nature.
A imagem mais antiga que temos do Universo é dada pela radiação de fundo deixada pelo Big Bang, uma auréola difusa de micro-ondas que não consegue se associar a nenhuma estrela, galáxia ou objeto astronômico preciso. Isto ocorreu 400 mil anos depois do Big Bang, ou seja, uma fração de segundos na escala do nosso Universo, que tem 13,7 bilhões de anos. Não havia então nenhuma estrela, apenas átomos de hidrogênio recém-criados. Foi preciso aguardar ainda quase um bilhão de anos para ter outra imagem detalhada, mas a paisagem tinha mudado radicalmente: havia galáxias com bilhões de estrelas. Náo se sabe devidamente o que teria acontecido neste intervalo, pela dificuldade em distinguir entre o ruído de fundo cosmológico e outros sinais que chegam do espaço profundo.
Zheng e sua equipe usaram a poderosa câmera infravermelha instalada no Hubble em 2009. Este instrumento já encontrou mais de uma centena de galáxias da época em que Universo tinha entre 650 e 850 milhões de anos. Mais ainda, o sinal recebido é tão tênue que até agora a câmera só conseguiu identificar uma galáxia de 500 milhões de anos.
Os cientistas olharam para Albert Einstein e sua teoria, segundo a qual objetos muito maciços têm um campo gravitacional tão forte que conseguem desviar os raios luminosos que passam próximos. E às vezes, isto amplia a imagem percebida por um observador, um fenômeno denominado lente gravitacional.
O Hubble foi utilizado para buscar galáxias distantes escondidas atrás de aglomerados de galáxias maciças que poderiam servir de lupa astronômica e descobriram uma que data de 500 milhões de anos depois do Big Bang. Neste caso, a lente gravitacional multiplicava por 15 a luz emitida por esta galáxia, o que lhes permitiu estudá-la com muito mais precisão.
Os autores calculam que está constituída por uma proporção não desprezível de estrelas anciãs que teriam se formado durante 200 milhões de anos para alcançar uma massa equivalente a 150 milhões de vezes a do nosso Sol. Se este sistema fosse representativo de outras galáxias primitivas, implicaria em que a formação de estrelas já estava em curso entre 300 e 500 milhões de anos depois do surgimento do Universo.
Devido à falta de amostras e instrumentos de medição suficientes, é impossível afirmá-lo, destacou num comentário em separado Daniel Stark, astrônomo da Universidade do Arizona. A construção de telescópios terrestres gigantes, contudo, abrirá novos campos de exploração na próxima década.
Fonte: Johns Hopkins University
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