Esta nova imagem do ESO mostra parte de uma nuvem de poeira e gás brilhante chamada Nebulosa da Gaivota.
© ESO (Nebulosa da Gaivota)
Estendendo-se entre as constelações do Cão Maior e do Unicórnio, no céu austral, a Nebulosa da Gaivota é uma enorme nuvem constituída praticamente só por hidrogênio gasoso. É um exemplo do que os astrônomos chamam de região HII. Estrelas quentes formam-se no interior das nuvens e emitem radiação ultravioleta intensa, o que faz com que o gás circundante brilhe intensamente.
O tom avermelhado da imagem é um sinal da presença de hidrogênio ionizado. Os astrônomos usam o termo HII para se referirem ao hidrogênio ionizado e HI para o hidrogênio atômico. O átomo de hidrogênio é constituído por um elétron ligado a um próton, mas no caso do gás estar ionizado, os átomos separam-se em elétrons livres e íons positivos que, neste caso, são apenas os prótons isolados.
A Nebulosa da Gaivota, conhecida pelo nome formal de IC 2177, é um objeto complexo com a forma de um pássaro, constituído por três grandes nuvens de gás: Sharpless 2-292 forma a cabeça; esta imagem mostra parte de Sharpless 2-296, que forma as enormes “asas”; e finalmente Sharpless 2-297, que constitui um pequeno nó na ponta da “asa” direita da gaivota. Estes objetos têm o nome oficial de Sh 2-292, Sh 2-296 e Sh 2-297, respectivamente.
Estes objetos fazem parte do catálogo de nebulosas Sharpless, uma lista de mais de 300 nuvens de gás brilhantes, compilada pelo astrônomo americano Stewart Sharpless nos anos 1950. Antes da publicação do catálogo, Sharpless era um estudante de pós-graduação no Observatório de Yerkes, perto de Chicago, EUA, onde juntamente com alguns colegas publicou um trabalho observacional que ajudou a demonstrar que a Via Láctea é uma galáxia espiral com enormes braços curvos.
As galáxias espirais podem conter milhares de regiões HII, a maioria das quais se concentra ao longo dos braços em espiral. A Nebulosa da Gaivota situa-se num dos braços em espiral da Via Láctea. No entanto, isto não acontece em todas as galáxias; embora as galáxias irregulares tenham regiões HII, estas se encontram espalhadas pela galáxia, e nas galáxias elípticas estas regiões parecem nem existir. A presença de regiões HII indica que existe formação estelar intensa em uma galáxia.
Esta imagem de Sharpless 2-296 foi obtida pela câmera Wide Field Imager (WFI), uma enorme câmera montada no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros no Observatório de La Silla do ESO, no Chile. A imagem mostra uma pequena parte da nebulosa, uma nuvem enorme que está formando estrelas quentes no seu interior a uma elevada taxa. Podemos ver Sharpless 2-296 iluminada por várias estrelas jovens particularmente brilhantes. Vemos também muitas outras estrelas espalhadas por toda a parte, incluindo uma tão brilhante que se destaca como o “olho” da gaivota em imagens que mostram a região completa.
Imagens de grande angular desta região do céu mostram uma imensidão de interessantes objetos astronômicos. As estrelas jovens brilhantes no interior da nebulosa fazem parte da região de formação estelar próxima CMa R1, na constelação do Cão Maior, que se encontra repleta de estrelas e aglomerados brilhantes. Próximo da Nebulosa da Gaivota encontramos a Nebulosa do Capacete de Thor, um objeto que foi observado com o Very Large Telescope (VLT) do ESO por ocasião do 50º Aniversário do ESO, em 5 de outubro de 2012, com o auxílio de Brigitte Bailleul - vencedora do concurso “Tuíte até ao VLT!”.
Fonte: ESO
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