Em 2013, os astrônomos anunciaram que eles tinham descoberto uma magnetar, excepcionalmente próxima ao buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea, usando um conjunto de telescópios espaciais, incluindo o observatório de raios X Chandra da NASA.
© NASA/CXC/M.Weiss (ilustração de uma estrela de nêutrons com intensos campos magnéticos)
Magnetars são estrelas densas colapsadas (chamadas “estrela de nêutrons”) que possuem campos magnéticos enormes e poderosos. A uma distância que poderia ser menor que 0,3 anos-luz (cerca de 3,15 trilhões de quilômetros) do buraco negro de 4 milhões de massas solares no centro da Via Láctea, a magnetar é de longe a estrela de nêutrons mais próxima de um buraco negro supermassivo já descoberta e está provavelmente num entrave gravitacional.
Desde a sua descoberta a dois anos atrás, quando ela teve uma explosão de raios X, os astrônomos veem monitorando ativamente a magnetar, chamada de SGR 1745-2900, com o Chandra e com o XMM-Newton da ESA.
© Chandra/XMM-Newton (SgrA* e a magnetar)
A imagem acima mostra a região ao redor do buraco negro da Via Láctea em raios X do Chandra (vermelho, verde e azul são os raios X de energia baixa, média e alta, respectivamente). O detalhe contém uma observação do Chandra na área logo ao redor do buraco negro, mostrando uma imagem combinada obtida entre 2005 e 2008 (esquerda), quando a magnetar não havia sido detectada, e uma observação de 2013 (direita) quando ela foi registrada como um ponto brilhante durante a explosão de raios X que levou a sua descoberta.
Um novo estudo usa observações de monitoramento de longo prazo para revelar que a quantidade de raios X da SGR 1745-2900 está caindo mais lentamente do que outras magnetars observadas anteriormente, e sua superfície é mais quente do que se esperava.
A equipe primeiro considerou se “sismos estelares” são capazes de explicar seu comportamente incomum. Quando estrelas de nêutrons, incluindo as magnetars, se formam, elas podem desenvolver uma crosta no lado de fora da estrela condensada. Ocasionalmente, essa crosta externa se rompe, bem parecido com o que acontece na superfície da Terra, que pode se fraturar com terremotos. Embora os sismos estelares possam explicar a mudança no brilho e o resfriamento observado em muitas magnetars, os autores descobriram que esse mecanismo por si só é incapaz de explicar a queda no brilho de raios X e a temperatura quente da crosta. A diminuição do brilho em raios X e o resfriamento da superfície, ocorrem muito rapidamente no modelo dos sismos estelares.
Os pesquisadores sugerem que o bombardeamento da superfície da magnetar por partículas carregadas aprisionadas nas espirais do campo magnético acima da superfície podem fornecer o aquecimento adicional da superfície da magnetar, e ser responsável pelo lento declínio em raios X. Essas espirais do campo magnético podem ser geradas quando a estrela de nêutrons se forma.
Os pesquisadores não acham que o comportamento incomum das magnetars é causado pela sua proximidade de um buraco negro supermassivo, já que a distância é muito grande ainda para uma forte interação via campos magnéticos ou pela gravidade.
Os astrônomos continuam estudando a SGR 1745-2900 para descobrir mais pistas sobre o que está acontecendo com essa magnetar enquanto ela orbita o buraco negro supermassivo da nossa galáxia.
Estes resultados aparecem no periódico Monthly Notices da Royal Astronomical Society.
Fonte: Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics
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