Uma equipe de astrônomos detectou um campo magnético fóssil em ambos os componentes no sistema estelar binário Epsilon Lupi.
© Centre de Données astronomiques de Strasbourg/SIMBAD (Epsilon Lupi)
A Epsilon Lupi, também conhecida como HD 136504, é uma estrela binária brilhante, localizada na constelação do hemisfério sul de Lupus.
O par de estrelas está localizado a aproximadamente 500 anos-luz de distância da Terra, e cada estrela tem entre 7 e 8 vezes a massa do Sol, e combinadas, elas têm cerca de 6.000 vezes a luminosidade do Sol.
Os astrônomos não tinham ideia de que as duas estrelas pudessem possuir campos magnéticos. “A origem do magnetismo entre estrelas massivas é um mistério e essa descoberta pode ajudar a trazer uma luz numa questão de por que essas estrelas possuem campos magnéticos”, disse Matt Shultz da Universidade de Queen no Canadá.
Em estrelas frias, como o Sol, os campos magnéticos são gerados por dínamos, impulsionados por uma forte convecção nas camadas externas da estrela, onde o material quente sobe, resfria e cai de volta. Mas essencialmente não existe convecção no envelope de estrelas massivas, assim, não existe um suporte para um dínamo magnético. Apesar disso, cerca de 10% das estrelas massivas possuem fortes campos magnéticos.
© Volkmar Holzwarth (ilustração da polaridade do campo magnético na superfície das estrelas)
A figura acima mostra a polaridade do campo magnético na superfície das estrelas, norte ou sul, é indicado pelo vermelho e azul, respectivamente. As linhas amarelas indicam as linhas do campo magnético oriundas a partir das superfícies estelares.
Duas explicações têm sido propostas para sua origem, ambas são variantes sobre a ideia de um campo magnético fóssil, um campo gerado em algum ponto no passado da estrela e então travado na superfície da estrela.
A primeira hipótese é que o campo magnético é gerado enquanto a estrela está sendo formada. A segunda hipótese é que o campo magnético se origina em dínamos guiados pela violenta mistura de material quando duas estrelas já formadas em um sistema binário se fundem.
“Essa descoberta nos permite entender o cenário de fusão em estrelas binárias”, disse Shultz.
A pesquisa mostra que a intensidade dos campos magnéticos é similar nas duas estrelas do sistema Epsilon Lupi, contudo, seus eixos magnéticos estão anti-alinhados, com o polo sul magnético de uma estrela apontando aproximadamente na mesma direção do polo norte magnético da outra. Pode até mesmo ser que as duas estrelas compartilhem um único campo magnético. O campo magnético longitudinal do primário é ~ -200 G (Gauss) e do secundário é ~ +100 G.
“Nós não sabemos ao certo ainda, mas é provável que isso aponta para algo significante sobre como as estrelas estão interagindo uma com a outra”, disse Shultz.
As estrelas estão perto o suficiente de modo que suas magnetosferas estão provavelmente interagindo durante suas órbitas. Isso significa que seus campos magnéticos podem agir como um freio gigante, diminuindo a velocidade das estrelas. Em longo prazo, as duas estrelas podem até mesmo começar um movimento espiral uma em direção a outra.
Um artigo que descreve a descoberta foi aceito para publicação no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Fonte: Royal Astronomical Society
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