Pesquisadores estão debruçados sobre uma avalanche de dados produzidos pela maior simulação cosmológica já realizada, liderada por cientistas do Laboratório Nacional de Argonne do Departamento de Energia (DOE) dos EUA.
© Katrin Heitmann (as galáxias têm halos em torno delas)
Esta imagem mostra uma subestrutura dentro de um halo na simulação Q Continuum, com "subhalos" marcados em cores diferentes. As galáxias têm halos em torno delas, que podem ser compostas de matéria escura e regular.
A simulação realizada no supercomputador Titan, do Laboratório Nacional de Oak Ridge do DOE, modelou a evolução do Universo, de um período de somente 50 milhões de anos depois do Big Bang, até os dias de hoje, ou seja, desde a infância do Universo, até o seu estado adulto atual. No decorrer de 13,8 bilhões de anos, a matéria no Universo, se agrupou formando galáxias, estrelas e planetas, mas nós não sabemos exatamente como isso aconteceu.
Estas simulações ajudam os cientistas a entenderem a energia escura, uma forma de energia que afeta a taxa de expansão do Universo, incluindo a distribuição das galáxias compostas de matéria ordinária, bem como de matéria escura, um tipo misterioso de matéria que nenhum instrumento pode medir diretamente.
Intensivas pesquisas do céu realizadas com poderosos telescópios, como o Sloan Digital Sky Survey, e novo e mais detalhado, Dark Energy Survey, mostra onde as galáxias e as estrelas estavam quando a sua luz foi emitida pela primeira vez. E pesquisas da Cosmic Microwave Background, a luz remanescente do Universo quando ele tinha somente 300.000 anos de existência, nos mostra como o Universo começou, “muito uniforme, com aglomeração de matéria no decorrer do tempo”, disse Katrin Heitmann, física do Laboratório Nacional de Argonne que liderou a simulação.
A simulação preenche o vazio temporal para mostrar como o Universo pode ter se desenvolvido nestes intervalos.
© Katrin Heitmann (a evolução do Universo na simulação Q Continuum)
Estas imagens dão uma impressão do detalhe na distribuição da matéria na simulação. Na primeira, a matéria é muito uniforme, mas com o tempo a gravidade age sobre a matéria escura, que começa a se aglutinar mais e mais, e nos aglomerados, as galáxias se formam.
A simulação Q Continuum envolve meio trilhão de partículas, dividindo o Universo em cubos com lados de 100.000 quilômetros de comprimento. Isto faz com que ela seja uma das maiores simulações cosmológicas com esta alta resolução. Ela rodou usando mais de 90% de capacidade do supercomputador. Para se ter uma perspectiva, normalmente menos de 1% do trabalho usa 90% do supercomputador Mira em Argone, disse os oficiais na Argone Leadership Computing Facility. As equipes, nas instalações de computação de Argonne e de Oak Ridge, ajudaram a adaptar o código para esta simulação em Titan.
“Nós podemos usar esses dados para procurar por que as galáxias se aglutinam dessa maneira, bem como sobre a física fundamental da formação das suas estruturas”, disse Heitamnn.
As análises já começaram com de dois e meio petabytes de dados que foram gerados, e continuarão pelos próximos anos. Os cientistas podem obter informações sobre fenômenos astrofísicos, como lentes gravitacionais fortes, fracas de cisalhamento, de aglomeração e de galáxia-galáxia.
O código para rodar as simulações é chamado de Hardware/Hybrid Accelerated Cosmology Code (HACC), que foi escrito pela primeira vez em 2008, no momento em que os supercomputadores científicos quebravam a barreira dos petaflops (um quadrilhão de operações por segundo). O HACC é desenhado com uma flexibilidade inerente que permite rodar supercomputadores com diferentes arquiteturas.
Um artigo sobre a simulação foi publicado no The Astrophysical Journal Supplement Series.
Fonte: Argonne National Laboratory
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