Os telescópios do ESO forneceram a uma equipe internacional de
astrônomos a terceira dimensão na maior caçada até hoje das maiores estruturas
gravitacionalmente ligadas do Universo: os aglomerados de galáxias.
© ESA/XMM-Newton (imagem de raios X do campo sul do XXL)
A área vista nesta imagem foi obtida com cerca de 220
observações do XMM-Newton e, vista no céu, teria uma área bidimensional, ou
seja, sem considerar a profundidade explorada no rastreio, de 100 vezes a área
da Lua Cheia (a qual cobre cerca de meio grau do céu). Os círculos vermelhos
mostram os aglomerados de galáxias detectados pelo rastreio. Juntamente com
campo norte do XXL foram descobertos cerca de 450 aglomerados neste rastreio,
que os mapeou até um momento em que o Universo tinha apenas metade da sua idade
atual. A imagem mostra também algumas das 12.000 galáxias detectadas no campo,
que apresentam núcleos muito brilhantes contendo buracos negros.
Observações obtidas pelo VLT e pelo NTT complementam as
captadas por outros observatórios em todo o mundo e no espaço, no âmbito do
rastreio XXL, uma das maiores buscas destes aglomerados.
Os aglomerados de galáxias são conjuntos massivos de galáxias
que abrigam enormes reservatórios de gás quente, as temperaturas são tão
elevadas que se produzem raios X. Estas estruturas são úteis para os astrônomos
porque se pensa que a sua construção é influenciada pelas componentes mais
estranhas do Universo, a matéria escura e a energia escura. Por isso, ao estudar
as suas propriedades em diferentes fases da história do Universo, os aglomerados
de galáxias podem ajudar-nos a compreender melhor o lado escuro do Universo.
A equipe, composta por mais de 100 astrônomos de todo o mundo, começou uma busca destes monstros cósmicos em 2011. Apesar da radiação de raios X de alta energia que revela a sua localização ser absorvida pela atmosfera terrestre, podemos detectá-la com a ajuda de observatórios de raios X colocados no espaço. Assim, combinou-se um rastreio realizado pelo XMM-Newton da ESA, executado com a maior quantidade de tempo de observação já concedido neste telescópio, com observações do ESO e de outros observatórios. O resultado é uma enorme e crescente coleção de dados que cobre todo o espectro eletromagnético, coletivamente chamada rastreio XXL. O rastreio XXL combinou dados de arquivo com novas observações de aglomerados de galáxias, cobrindo assim um domínio de comprimentos de onda que vai de 1x10-4 μm (raios X, observados com o XMM) a mais de 1 metro (ondas de rádio, observadas com o Giant Metrewave Radio Telescope [GMRT]).
“O objetivo principal do rastreio XXL é fornecer uma amostra bem definida de cerca de 500 aglomerados de galáxias até uma distância correspondente a uma idade do Universo de cerca de metade da sua idade atual,” explica a pesquisadora principal do XXL, Marguerite Pierre do CEA, Saclay, França.
O telescópio XMM-Newton fez imagens de duas regiões do céu, cada uma com cem vezes a área da Lua Cheia, numa tentativa de descobrir um grande número de aglomerados de galáxias previamente desconhecidos. A equipe do rastreio XXL divulgou agora os seus resultados numa série de artigos científicos sobre os 100 aglomerados mais brilhantes descobertos. Os aglomerados de galáxias de que tratam os 13 artigos científicos encontram-se a desvios para o vermelho entre z = 0,05 e z = 1,05, o que corresponde a uma idade do Universo entre 13 e 5,7 bilhões de anos, respectivamente.
Observações obtidas com o instrumento EFOSC2 instalado no New Technology Telescope (NTT), juntamente com observações do instrumento FORS montado no Very Large Telescope (VLT) do ESO, foram também utilizadas para analisar de modo cuidadoso a radiação emitida pelas galáxias destes aglomerados. Estas observações permitiram aos astrônomos medir as distâncias precisas aos aglomerados de galáxias, dando-nos assim uma vista tridimensional do cosmos, absolutamente necessária para fazer medições da matéria escura e da energia escura. Para estudar os aglomerados de galáxias é necessário conhecer a sua distância precisa. Embora distâncias aproximadas, desvios para o vermelho fotométricos, possam ser medidas por análise das suas cores a diferentes comprimentos de onda, são necessários desvios para o vermelho espectroscópicos mais precisos. Estes desvios para o vermelho foram também obtidos nos dados de arquivo, como parte do rastreio VIPERS (VIMOS Public Extragalactic Redshift Survey), do rastreio VVDS (VIMOS-VLT Deep Survey) e do rastreio GAMA.
Espera-se que o rastreio XXL produza muitos resultados excitantes e inesperados, mas apenas com um quinto dos dados que se esperam obter no final, obtiveram-se já alguns resultados importantes e surpreendentes.
Um dos artigos científicos relata a descoberta de cinco novos superaglomerados que se juntam àqueles já conhecidos, tais como o nosso próprio superaglomerado, o Superaglomerado Laniakea.
Outro artigo trata de observações de seguimento obtidas para um aglomerado de galáxias em particular (conhecido pelo nome informal de XLSSC-116), situado a cerca de seis bilhões de anos-luz de distância. Este aglomerado de galáxias foi encontrado a um desvio para o vermelho z = 0,543. Com o instrumento MUSE do VLT observou-se neste aglomerado uma fonte de luz difusa estranhamente brilhante.
A equipe, composta por mais de 100 astrônomos de todo o mundo, começou uma busca destes monstros cósmicos em 2011. Apesar da radiação de raios X de alta energia que revela a sua localização ser absorvida pela atmosfera terrestre, podemos detectá-la com a ajuda de observatórios de raios X colocados no espaço. Assim, combinou-se um rastreio realizado pelo XMM-Newton da ESA, executado com a maior quantidade de tempo de observação já concedido neste telescópio, com observações do ESO e de outros observatórios. O resultado é uma enorme e crescente coleção de dados que cobre todo o espectro eletromagnético, coletivamente chamada rastreio XXL. O rastreio XXL combinou dados de arquivo com novas observações de aglomerados de galáxias, cobrindo assim um domínio de comprimentos de onda que vai de 1x10-4 μm (raios X, observados com o XMM) a mais de 1 metro (ondas de rádio, observadas com o Giant Metrewave Radio Telescope [GMRT]).
“O objetivo principal do rastreio XXL é fornecer uma amostra bem definida de cerca de 500 aglomerados de galáxias até uma distância correspondente a uma idade do Universo de cerca de metade da sua idade atual,” explica a pesquisadora principal do XXL, Marguerite Pierre do CEA, Saclay, França.
O telescópio XMM-Newton fez imagens de duas regiões do céu, cada uma com cem vezes a área da Lua Cheia, numa tentativa de descobrir um grande número de aglomerados de galáxias previamente desconhecidos. A equipe do rastreio XXL divulgou agora os seus resultados numa série de artigos científicos sobre os 100 aglomerados mais brilhantes descobertos. Os aglomerados de galáxias de que tratam os 13 artigos científicos encontram-se a desvios para o vermelho entre z = 0,05 e z = 1,05, o que corresponde a uma idade do Universo entre 13 e 5,7 bilhões de anos, respectivamente.
Observações obtidas com o instrumento EFOSC2 instalado no New Technology Telescope (NTT), juntamente com observações do instrumento FORS montado no Very Large Telescope (VLT) do ESO, foram também utilizadas para analisar de modo cuidadoso a radiação emitida pelas galáxias destes aglomerados. Estas observações permitiram aos astrônomos medir as distâncias precisas aos aglomerados de galáxias, dando-nos assim uma vista tridimensional do cosmos, absolutamente necessária para fazer medições da matéria escura e da energia escura. Para estudar os aglomerados de galáxias é necessário conhecer a sua distância precisa. Embora distâncias aproximadas, desvios para o vermelho fotométricos, possam ser medidas por análise das suas cores a diferentes comprimentos de onda, são necessários desvios para o vermelho espectroscópicos mais precisos. Estes desvios para o vermelho foram também obtidos nos dados de arquivo, como parte do rastreio VIPERS (VIMOS Public Extragalactic Redshift Survey), do rastreio VVDS (VIMOS-VLT Deep Survey) e do rastreio GAMA.
Espera-se que o rastreio XXL produza muitos resultados excitantes e inesperados, mas apenas com um quinto dos dados que se esperam obter no final, obtiveram-se já alguns resultados importantes e surpreendentes.
Um dos artigos científicos relata a descoberta de cinco novos superaglomerados que se juntam àqueles já conhecidos, tais como o nosso próprio superaglomerado, o Superaglomerado Laniakea.
Outro artigo trata de observações de seguimento obtidas para um aglomerado de galáxias em particular (conhecido pelo nome informal de XLSSC-116), situado a cerca de seis bilhões de anos-luz de distância. Este aglomerado de galáxias foi encontrado a um desvio para o vermelho z = 0,543. Com o instrumento MUSE do VLT observou-se neste aglomerado uma fonte de luz difusa estranhamente brilhante.
“Esta é a primeira vez que conseguimos estudar com detalhe a
radiação difusa de um aglomerado de galáxias distante, pondo assim em evidência
o poder do MUSE neste tipo de estudos,” explicou Christoph Adami do Laboratoire
d´Astrophysique, Marseille, França.
A equipe utilizou também os dados para confirmar a ideia de que no passado os aglomerados de galáxias são muito menores que os que observamos atualmente, uma descoberta importante para a compreensão teórica da evolução dos aglomerados ao longo da vida do Universo.
O simples ato de contar os aglomerados de galáxias nos dados XXL confirmou também um resultado anterior algo estranho, existem menos aglomerados distantes do que o esperado com base nas predições dos parâmetros cosmológicos medidos pelo telescópio Planck da ESA. A razão desta discrepância não é conhecida, no entanto a equipe espera resolver esta curiosidade cosmológica quando tiver acesso à amostra total de aglomerados em 2017.
Estes quatro resultados importantes são apenas o preâmbulo do que ainda está para vir deste enorme rastreio de alguns dos mais massivos objetos do Universo.
A equipe utilizou também os dados para confirmar a ideia de que no passado os aglomerados de galáxias são muito menores que os que observamos atualmente, uma descoberta importante para a compreensão teórica da evolução dos aglomerados ao longo da vida do Universo.
O simples ato de contar os aglomerados de galáxias nos dados XXL confirmou também um resultado anterior algo estranho, existem menos aglomerados distantes do que o esperado com base nas predições dos parâmetros cosmológicos medidos pelo telescópio Planck da ESA. A razão desta discrepância não é conhecida, no entanto a equipe espera resolver esta curiosidade cosmológica quando tiver acesso à amostra total de aglomerados em 2017.
Estes quatro resultados importantes são apenas o preâmbulo do que ainda está para vir deste enorme rastreio de alguns dos mais massivos objetos do Universo.
Uma descrição do rastreio e alguns dos resultados científicos
anteriores foram descritos numa série de artigos científicos que foram
publicados ontem na revista especializada Astronomy &
Astrophysics.
Fonte: ESO
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