Astrônomos da Faculdade de Literatura, Ciência e Artes da Universidade de Michigan, EUA, descobriram pela primeira vez que o gás quente no halo da Via Láctea gira na mesma direção e a velocidades comparáveis à do disco da Galáxia, que contém as nossas estrelas, planetas, gases e poeiras.
© NASA/CXC/M. Weiss/Ohio State/A. Gupta (Via Láctea rodeada por um halo gigante)
A nossa Via Láctea e as suas pequenas companheiras estão rodeadas por um halo gigante com mais de um milhão de graus Celsius (visto aqui em azul) que é apenas visível com telescópios de raios X no espaço.
Esta nova pesquisa usou dados de arquivo do XMM-Newton da ESA, e esclarece como os átomos individuais se reuniram para formar estrelas, planetas e galáxias como a nossa, e o que o futuro reserva para estas galáxias.
Foi estabelecido que o disco da Via Láctea girava enquanto o gás quente era estacionário, mas isso está errado. Este reservatório de gás quente também gira, apenas não tão rapidamente quanto o disco.
O estudo foca-se no halo quente e gasoso da nossa Galáxia, que é várias vezes maior do que o disco da Via Láctea e composto por plasma ionizado.
Dado que o movimento produz uma mudança no comprimento de onda da luz, os cientistas mediram estes desvios no céu usando linhas do oxigênio muito quente. O que descobriram foi surpreendente: os desvios medidos pelos pesquisadores mostram que o halo da Galáxia gira na mesma direção que o disco da Via Láctea e a uma velocidade semelhante, 644.000 km/h para o halo vs. 869.000 km/h no disco.
"A rotação do halo quente é uma pista incrível da formação da Via Láctea," comenta Edmund Hodges-Kluck, cientista assistente da pesquisa. "Diz-nos que esta atmosfera quente é a fonte original de uma grande quantidade de matéria no disco."
Os cientistas há muito que se interrogavam do porquê de quase todas as galáxias, incluindo a Via Láctea, parecerem ter matéria em falta, matéria esta que seria de outra forma previsível de encontrar. Os astrônomos acreditam que 80% da matéria no Universo é a misteriosa matéria escura que, até agora, só pode ser detectada graças à sua força gravitacional. Mas até mesmo a maioria dos restantes 20% da matéria comum parece estar ausente dos discos galácticos. Mais recentemente, alguma da matéria faltante foi descoberta no halo. Os pesquisadores dizem que o conhecimento da direção e da velocidade de rotação do halo pode ajudar a aprender tanto como o material aí chegou em primeiro lugar, como a velocidade que podemos esperar para a matéria assentar na Galáxia.
"Agora que sabemos a rotação, os teóricos podem começar a usar estes dados para aprender como a nossa Via Láctea se formou, e o seu eventual destino final," afirma Joel Bregman, professor de astronomia da mesma faculdade.
"Nós podemos usar esta descoberta para aprender muito mais, a rotação deste halo quente será um grande tema para os espectrógrafos de raios X do futuro," conclui Bregman.
A pesquisa foi publicada recentemente na revista The Astrophysical Journal.
Fonte: NASA
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