Cientistas através do telescópio espacial Hubble observaram, pela primeira vez, um objeto gigantesco semelhante a um cometa que foi dilacerado e espalhado na atmosfera de uma anã branca.
© Z. Levy/STScI (ilustração de um cometa caindo numa anã branca)
A equipe internacional de astrônomos observou a anã branca WD 1425+540, localizada a cerca de 170 anos-luz da Terra na constelação Boötes (o Pastor). A anã branca foi encontrada pela primeira vez em 1974 e faz parte de um amplo sistema binário, com uma estrela companheira separada por 2.000 vezes a distância que a Terra é do Sol. Enquanto estudava a atmosfera da anã branca usando o telescópio espacial Hubble e o observatório W. M. Keck, a equipe encontrou evidências de que um objeto, como um cometa massivo, estava caindo sobre a estrela, que foi despedaçado.
A equipe determinou que o objeto tinha uma composição química similar ao famoso cometa de Halley, mas era 100.000 vezes mais massivo e teve duas vezes a proporção da água. A análise espectral mostrou que o objeto destruído era rico em elementos essenciais para a vida, incluindo carbono, oxigênio, enxofre e até mesmo nitrogênio. As medições de carbono, nitrogênio, oxigênio, silício, enxofre, ferro, níquel e hidrogênio foram obtidas pelo Cosmic Origins Spectrograph (COS), instalado no telescópio espacial Hubble, enquanto que os telescópios do observatório W. M. Keck forneceram as medições de cálcio, magnésio e hidrogênio.
Isto faz com que seja a primeira detecção de nitrogênio nos detritos caindo sobre uma anã branca. O autor principal Siyi Xu do Observatório Europeu do Sul (ESO), Alemanha, explica a importância da descoberta: "O nitrogênio é um elemento muito importante para a vida como a conhecemos. Este objeto particular é bastante rico em nitrogênio, mais do que qualquer objeto observado em nosso Sistema Solar."
Existem mais de uma dúzia de anãs brancas conhecidas por serem poluídas com restos de objetos rochosos semelhantes a asteroides, mas esta é a primeira vez que um corpo feito de material gelado semelhante a um cometa tem sido visto poluindo a atmosfera de uma anã branca. Estes achados são evidências de um cinturão de corpos parecidos a um cometa, semelhante ao Cinturão de Kuiper do Sistema Solar, orbitando a anã branca. Estes corpos gelados, aparentemente, sobreviveram à evolução da estrela na sequência principal, semelhante ao nosso Sol, se tornando uma gigante vermelha e após seu colapso final gerando uma pequena e densa anã branca.
A equipe que fez esta descoberta também considerou como este objeto massivo efetuou sua órbita original e distante em um curso de colisão com sua estrela progenitora. A equipe calculou que o objeto originalmente residiu cerca de 300 UA (unidades astronômicas - 300 vezes a distância Terra-Sol) longe da anã branca. Isto é sete vezes mais longe do que os objetos do Cinturão de Kuiper no Sistema Solar.
A mudança na órbita poderia ter sido causada pela distribuição gravitacional de planetas sobreviventes que ainda não haviam sido detectados, que perturbaram o cinturão de cometas. Outra explicação poderia ser que a estrela companheira da anã branca perturbou o cinturão e fez com que objetos viajassem em direção à anã branca. A mudança na órbita poderia também ter sido causada por uma combinação destes dois cenários.
O Cinturão de Kuiper no Sistema Solar, que se estende para fora da órbita de Netuno, é o lar de muitos planetas anões, cometas e outros pequenos corpos deixados pela formação do Sistema Solar. As novas descobertas agora fornecem evidências observacionais para apoiar a ideia de que os corpos gelados também estão presentes em outros sistemas planetários e sobreviveram ao longo da história da evolução da estrela.
Fonte: ESA & Astronomy
Nenhum comentário:
Postar um comentário