O brilho de uma distante fusão de estrelas de nêutrons, detectada no passado mês de agosto, continuou aumentando, para a surpresa dos astrofísicos que estudam as consequências da gigantesca colisão que ocorreu a aproximadamente 138 milhões de anos-luz de distância e emitiu ondas gravitacionais pelo Universo.
© NASA/Chandra/McGill/J. Ruan (ondas gravitacionais da fusão de duas estrelas de nêutrons)
As imagens mostram a fonte de ondas gravitacionais GW170817 em raios X, produzida pela fusão de duas estrelas de nêutrons. A imagem da esquerda é a soma das observações com o observatório de raios X Chandra da NASA, obtidas no final de agosto e início de setembro, e a imagem da direita é a soma das observações do Chandra obtidas no início de dezembro. Tornou-se cerca de 4 vezes mais brilhante ao longo de três meses. O evento teve lugar na galáxia NGC 4993, cujo centro também pode ser visto nas imagens. GW170817 foi observado pela primeira vez no dia 17 de agosto de 2017.
Novas observações com o observatório de raios X Chandra indicam que a explosão de raios gama desencadeada pela colisão é mais complexa do que os cientistas imaginaram inicialmente.
"Geralmente, quando vemos uma pequena explosão de raios gama, a emissão de jatos aqui gerada fica mais brilhante durante um curto período de tempo enquanto colide com o meio circundante, e depois desaparece quando o sistema para de injetar energia no fluxo," comenta Daryl Haggard, astrofísico da Universidade McGill.
Os novos dados podem ser explicados usando modelos mais complicados para os remanescentes da fusão de estrelas de nêutrons. Uma possibilidade: a fusão lançou um jato que chocou e aqueceu os detritos gasosos circundantes, criando um "casulo" quente em torno do jato que brilhou em raios X e rádio durante meses.
As observações de raios X encaixam com os dados de ondas rádio divulgados o mês passado por outra equipe de cientistas que descobriu que estas emissões da colisão também continuaram aumentando de brilho ao longo do tempo.
Enquanto os radiotelescópios foram capazes de monitorar o pós-brilho, os observatórios ópticos e de raios X não conseguiram observar durante cerca de três meses porque durante este período o local do evento, no céu, estava demasiado perto do Sol.
"Quando a fonte surgiu daquele ponto cego no céu no início de dezembro, a nossa equipe do Chandra aproveitou logo a oportunidade para ver o que estava acontecendo," comenta John Ruan, pesquisador de pós-doutorado do Instituto Espacial McGill.
Este padrão inesperado desencadeou uma corrida, entre os astrônomos, para entender a física que alimenta a emissão. A fusão entre as duas estrelas de nêutrons foi detectada pela primeira vez no dia 17 de agosto pela experiência LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory). O detector europeu, Virgo, e cerca de 70 observatórios terrestres e espaciais ajudaram a confirmar a descoberta.
A descoberta abriu uma nova era na astronomia. Assinala a primeira vez que os cientistas foram capazes de observar um evento cósmico tanto no espectro eletromagnético, a base da astronomia tradicional, como em ondas gravitacionais, ondulações no espaço-tempo previstas há um século pela teoria geral da relatividade de Albert Einstein. Pensa-se que as fusões das estrelas de nêutrons, que estão entre os objetos mais densos do Universo, sejam responsáveis por produzir elementos pesados, como ouro, platina e prata.
A pesquisa foi divulgada na revista Astrophysical Journal Letters.
Fonte: McGill University
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