sábado, 1 de junho de 2019

Misterioso exoplaneta é encontrado em lugar inesperado

O exoplaneta tem temperatura de 1 mil graus centígrados e massa 20 vezes a da Terra. Mas o mais surpreendente desse exoplaneta é o lugar onde ele está.


© Universidade de Warwick (ilustração do exoplaneta NGTS-4b)

Uma equipe internacional de cientistas descobriu o primeiro exoplaneta no chamado Deserto Netuniano, região tão próxima de uma estrela e tão sujeita à radição que não era esperado que nenhum planeta de tamanho similar a Netuno pudesse existir por ali.

O Deserto Netuniano consiste em áreas de intensa radiação e calor, até agora consideradas extremamente inóspitas para a presença de planetas.

Pensava-se que no Deserto Netuniano um planeta de tamanho similar a Netuno evaporaria quase totalmente pela radiação, já que grande parte desses planetas é composta de gás, com um único núcleo rochoso. Os astrônomos já conheciam planetas do tamanho de Júpiter que vivem nessa órbita. Também já haviam sido encontrados ali planetas muito pequenos, ou pequenos núcleos rochosos, mas jamais um planeta como o recém-descoberto, que retenha sua atmosfera.

O exoplaneta foi detectado com o telescópio NGTS (Next Generation Transit Survey), que se encontra no observatório europeu no Cerro Paranal, no deserto chileno do Atacama. Esses exoplanetas são detectados porque, quando passam diante de sua estrela, a luz dela se atenua. Mas a mudança é extremamente pequena, neste caso menor que 0,2%. Por isso, são necessários instrumentos muito precisos, e o deserto chileno foi escolhido por ser uma área de pouca poluição luminosa e pouca presença de nuvens, o que ajuda na visualização do céu.

O nome científico do novo planeta é NGTS-4b. Ele é um pouco menor que Netuno e está a 920 anos-luz de distância da Terra. O NGTS-4b orbita ao redor de sua estrela em apenas 1,3 dia, e nesse período percorre distância equivalente à órbita da Terra ao redor do Sol em um ano. O grande enigma é como esse exoplaneta conseguiu reter sua atmosfera. Os cientistas acham possível que ele só tenha chegado à posição onde está, no último milhão de anos. Outra possibilidade é que o planeta tenha sido maior e que a sua atmosfera esteja em pleno processo de evaporação.

E que implicações essa descoberta tem para estudos futuros sobre a formação dos planetas? Sabendo que esse tipo de planeta existe, é possível analisar os dados obtidos para encontrar outros. Além disso, a descoberta também indica aos astrônomos que os planetas talvez se formem de uma maneira diferente do que se pensava, que podem ter uma composição diferente do esperado, que lhes permita reter sua atmosfera, ou que a radiação de sua estrela possa ser menos intensa.

O estudo foi publicado no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Fonte: University of Warwick

Nenhum comentário:

Postar um comentário