segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Explorando uma água-viva cósmica

Com o auxílio dos “olhos” do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) e do Very Large Telescope (VLT) do ESO, os astrônomos mapearam os tentáculos de uma água-viva cósmica: uma série de fluxos de gás saindo de uma galáxia espiral chamada ESO 137-001.


© ESO/ALMA/P. Jachym (ESO 137-001)

Esta cnidária celeste pode ser vista na imagem com todo o detalhe. Os vários elementos que compõem a imagem foram captados por diferentes telescópios. A galáxia e seus arredores foram observados pelo telescópio espacial Hubble; os seus tentáculos que mostram fluxos de hidrogênio e aparecem em tons de violeta brilhante foram observados pelo instrumento MUSE montado no VLT; e os brilhantes pontos de emissão de dióxido de carbono situados no interior do sistema, que aparecem como pontos vermelho-alaranjados, foram observados pelo ALMA.

Estes tentáculos são causados por um fenômeno conhecido por remoção do gás por pressão dinâmica. O espaço entre galáxias em um aglomerado não está vazio, mas cheio de material que age como um fluido viscoso. À medida que uma galáxia atravessa este ambiente viscoso, o gás vai sendo arrancado da galáxia, criando na sua esteira sistemas intricados tal como o que se pode ver em torno da ESO 137-001, situada no aglomerado do Esquadro, ou de Norma. A direção e posição dos tentáculos nos dá informações sobre como é que a galáxia está se movendo, com galáxias geralmente caindo em direção ao centro do próprio aglomerado.

Esta imagem nos fornece o primeiro mapa de alta resolução do gás molecular frio que se encontra dentro de um sistema varrido por pressão dinâmica. A ESO 137-001 é uma das galáxias de água-viva mais próximas da Terra, sendo particularmente interessante devido ao fato dos seus longos e extensos tentáculos de gás conterem as chamadas “bolas de fogo”: episódios de intensa formação estelar. Os mecanismos precisos que governam como é que as estrelas se formam no interior dos tentáculos da água-viva permanecem ainda um mistério e por isso este mapa fornece uma nova janela para as condições necessárias para a formação de novas estrelas em ambientes tão intensos e mutáveis.

A rede ALMA é composta por 66 antenas situadas no planalto do Chajnantor no deserto chileno do Atacama a uma altitude de 5.000 metros. O ALMA observa o céu noturno a partir deste local remoto com o intuito de descobrir os segredos de como o Universo, e os seus estranhos e maravilhosos residentes, incluindo a ESO 137-001, se forma e evolui, revelando-nos mais sobre as nossas origens cósmicas.

Fonte: ESO

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