Astrônomos de várias instituições descobriram um novo sistema planetário na nossa vizinhança solar situado a apenas 10 parsecs, ou cerca de 33 anos-luz, da Terra, tornando-o um dos sistemas multiplanetários conhecidos mais próximos do nosso.
© IAC (ilustração de duas Super-Terras)
Na região central do sistema encontra-se uma pequena e fria estrela anã M, chamada HD 260655, que abriga pelo menos dois planetas do tamanho da Terra. Os mundos rochosos provavelmente não são habitáveis, pois as suas órbitas são relativamente íntimas, expondo os planetas a temperaturas demasiado elevadas para sustentar água líquida à superfície. No entanto, os cientistas estão entusiasmados com este sistema porque a proximidade e o brilho da sua estrela vão dar-lhes uma visão mais detalhada das propriedades dos planetas e dos sinais de qualquer atmosfera que possam conter.
O novo sistema planetário foi inicialmente detectado pelo TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite) da NASA, uma missão liderada pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) que foi concebida para observar as estrelas mais próximas e brilhantes e detectar quedas periódicas na luz, quedas estas que poderiam assinalar a passagem de um planeta.
Em outubro de 2021, astrônomos estavam monitorando os dados transmitidos pelo TESS quando reparou num par de mergulhos periódicos na luz estelar, ou trânsitos, na estrela HD 260655. Os mesmos sinais também foram encontrados independentemente pelo SPOC (Science Processing Operations Center), no Centro Espacial Ames da NASA.
Os cientistas normalmente fazem observações de acompanhamento, com outros telescópios, para confirmar que os objetos são de fato planetas. O processo de classificação e posterior confirmação de novos planetas pode muitas vezes demorar vários anos.
A HD 260655 também estava listada num levantamento de estrelas realizado pelo HIRES (High Resolution Echelle Spectrometer), um instrumento que opera como parte do Observatório Keck no Havaí e pelo CARMENES, um instrumento que funciona como parte do Observatório de Calar Alto na Espanha. Ambos os levantamentos medem a oscilação gravitacional de uma estrela, também conhecida como velocidade radial. Cada planeta em órbita de uma estrela vai exercer uma pequena atração gravitacional na sua estrela.
A partir dos dois conjuntos de dados de arquivo, os investigadores encontraram sinais estatisticamente significativos de que os sinais detectados pelo TESS eram dois planetas em órbita. A equipe analisou então mais de perto os dados do TESS para determinar as propriedades de ambos os planetas, incluindo os períodos orbitais e tamanhos. Determinaram que o planeta interior, chamado HD 260655b, orbita a estrela a cada 2,8 dias e é cerca de 1,2 vezes maior que a Terra. O segundo planeta exterior, HD 260655c, completa uma órbita a cada 5,7 dias e tem 1,5 vezes o tamanho da Terra.
A partir dos dados de velocidade radial do HIRES e do CARMENES, os cientistas conseguiram calcular a massa dos planetas, que está diretamente relacionada com a amplitude pela qual cada planeta "puxa" a estrela. Descobriram que o planeta interior tem cerca do dobro da massa da Terra, enquanto que o planeta exterior tem cerca de três massas terrestres. A partir do seu tamanho e massa, a equipa estimou a densidade de cada planeta. O planeta interior, menor, é ligeiramente mais denso do que a Terra, enquanto que o planeta exterior, maior, é um pouco menos denso.
Ambos os exoplanetas, com base na sua densidade, são provavelmente terrestres, ou rochosos em termos de composição. Os pesquisadores também estimam, com base nas suas órbitas curtas, que a superfície do planeta interior tem uma temperatura de cerca de 710 K, enquanto o planeta exterior é aproximadamente 560 K.
Em estrelas pequenas como esta, espera-se que existam mais planetas.
Fonte: Instituto de Astrofísica de Canarias
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