Uma equipe internacional de astrônomos, com a participação do IAC (Instituto de Astrofísica de Canarias), mostra que a galáxia satélite NGC 5195 passou duas vezes pelo disco da Galáxia do Redemoinho (M51), em tempos relativamente recentes, estimulando a formação estelar e definindo a estrutura dos seus braços.
© D. López (M51 e NGC 5194)
A galáxia M51 é uma galáxia espiral dominada por dois braços bem definidos. Descoberta por Charles Messier em 1771, M51 situa-se a cerca de 31 milhões de anos-luz da Terra. Como se vê de face e está relativamente perto, tem sido um objeto de estudo contínuo desde a sua descoberta. É também conhecida pela sua pequena galáxia companheira, NGC 5195, visível perto da extremidade de um dos seus braços.
Os braços de galáxias espirais como M51 contêm estrelas massivas, jovens e quentes, formadas a partir do gás interestelar pela compressão das ondas de densidade em rotação espiral no disco da galáxia. Estas ondas de densidade são semelhantes às ondas estacionárias dos instrumentos musicais, mas giram em torno do eixo da galáxia em rotação. A sua presença explica a origem dos braços e como podem manter a sua forma durante longos períodos da vida da galáxia.
Alguns estudos teóricos anteriores mostraram que a estrutura espiral de M51, com os seus dois braços espirais bem definidos e bastante simétricos, poderia dever-se à influência da sua vizinha NGC 5195. A interação entre elas poderia desencadear a formação destes braços e moldar a sua estrutura.
Em 2010, um grupo de pesquisa da Universidade de Exeter publicou um artigo teórico no qual previu que NGC 5195 tinha passado pelo disco de M51, e sugeriu que poderia ter havido um segundo encontro que teria produzido "dobras" em cada um dos dois braços. Agora, o IAC juntamente com o Observatório Astronómico Nacional da Espanha, e outras instituições do Chile, França e Reino Unido, veio confirmar de forma surpreendente estas previsões, com base em observações precisas de M51 em diferentes bandas de onda e com vários telescópios, no espaço e no solo.
Este trabalho mostra muito claramente que a primeira passagem de NGC 5195 produziu a estrutura de dois braços de M51, afetando mais fortemente a parte interior do disco e o braço sul, enquanto a segunda passagem deu origem às dobras nos braços, com um efeito maior na parte exterior do disco e no braço norte. Os resultados também confirmam o poder das técnicas utilizadas (tanto teóricas como observacionais) que podem ser aplicadas para compreender a história evolutiva dinâmica das galáxias espirais.
No estudo, os pesquisadores utilizaram imagens infravermelhas do arquivo de dados do telescópio espacial Spitzer porque revelam a estrutura dos braços, evitando os efeitos de distorção da poeira interestelar. A velocidade foi analisada em duas dimensões através da emissão óptica do hidrogênio (H-alfa) nas zonas de gás ionizado nas regiões de formação estelar, utilizando um interferômetro Fabry-Perot no Observatório de Mont Mégantic, no Canadá, e da emissão em ondas milimétricas da molécula de CO (monóxido de carbono), emitida nas regiões de gás mais frio, com o interferômetro rádio NOEMA, na França. Atualmente o estudo está sendo ampliado com a obtenção de mapas de velocidade das galáxias utilizando a alta resolução do interferômetro ALMA no Chile.
Um artigo foi publicado no periódico The Astrophysical Journal.
Fonte: Instituto de Astrofísica de Canarias
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