Uma equipe internacional liderada por pesquisadores do Laboratório EXOTIC da Universidade de Liège, em colaboração com o MIT (Massachusetts Institute of Technology) e com o Instituto de Astrofísica da Andaluzia, acaba de descobrir WASP-193 b, um planeta gigante de densidade extraordinariamente baixa que orbita uma estrela distante semelhante ao Sol.
© K.Ivanov (ilustração do exoplaneta WASP-193 b)
Este novo planeta, situado a 1.200 anos-luz da Terra, é 50% maior do que Júpiter mas sete vezes menos massivo, o que lhe confere uma densidade extremamente baixa, comparável à do algodão doce.
O WASP-193 b é o segundo exoplaneta menos denso descoberto até à data, depois de Kepler-51d, que é muito menor. A sua densidade extremamente baixa torna-o uma verdadeira anomalia entre os mais de cinco mil exoplanetas descobertos até agora. Esta densidade extremamente baixa não pode ser reproduzida por modelos padrão de gigantes gasosos irradiados, mesmo sob a hipótese irrealista de uma estrutura sem núcleo.
O novo planeta foi inicialmente detectado pelo WASP (Wide Angle Search for Planets), uma colaboração internacional de instituições acadêmicas que, em conjunto, operaram dois observatórios robóticos, um no hemisfério norte e o outro no sul. Cada observatório utilizou um conjunto de câmaras de grande angular para medir o brilho de milhares de estrelas individuais em todo o céu. Em dados recolhidos entre 2006 e 2008, e novamente entre 2011 e 2012, o observatório WASP-South detectou trânsitos periódicos, ou quedas de luz, da estrela WASP-193.
Os astrônomos determinaram que as quedas periódicas de brilho estelar eram consistentes com a passagem de um planeta em frente da estrela a cada 6,25 dias. Os cientistas mediram a quantidade de luz que o planeta bloqueava em cada trânsito, o que lhes deu uma estimativa do tamanho do planeta. Foram também utilizados os observatórios TRAPPIST-South e SPECULOOS-South localizados no deserto do Atacama, no Chile, para medir o sinal planetário em diferentes comprimentos de onda e validar a natureza planetária do objeto eclipsante. Finalmente, foram efetuadas observações espectroscópicas recolhidas pelos espectrógrafos HARPS e CORALIE, também localizados no Chile (ESO), para medir a massa do planeta.
As medições acumuladas revelaram uma densidade planetária extremamente baixa. A sua massa e o seu tamanho correspondia a cerca de 0,14 e 1,5 vezes a massa e o tamanho de Júpiter, respectivamente. A densidade resultante foi de cerca de 0,059 gramas por centímetro cúbico. A densidade de Júpiter, em contraste, é de cerca de 1,33 gramas por centímetro cúbico; e a da Terra é de 5,51 gramas por centímetro cúbico. Um dos materiais mais próximos em densidade do novo planeta inchado é o algodão doce, que tem uma densidade de cerca de 0,05 gramas por centímetro cúbico.
Os pesquisadores suspeitam que o novo planeta é feito principalmente de hidrogênio e hélio, como a maioria dos outros gigantes gasosos da Galáxia. No caso de WASP-193 b, estes gases devem formar uma atmosfera extremamente inchada que se estende dezenas de milhares de quilômetros mais longe do que a própria atmosfera de Júpiter.
Exatamente como é que um planeta pode inflar tanto é uma questão que nenhuma teoria existente sobre a formação de planetas consegue ainda responder. É certamente necessário um depósito significativo de energia no interior do planeta, mas os pormenores do mecanismo ainda não são compreendidos. Olhar mais atentamente para a sua atmosfera vai permitir restringir o caminho evolutivo deste planeta. O WASP-193 b é um mistério cósmico.
Um artigo foi publicado na revista Nature Astronomy.
Fonte: Massachusetts Institute of Technology
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