Um grupo incomum de estrelas na constelação de Órion revelou finalmente os seus segredos.
© NRAO (ilustração do fluxo que abastece o sistema binário)
FU Orionis, um sistema estelar duplo, chamou pela primeira vez a atenção dos astrônomos em 1936, quando a estrela central se tornou subitamente 1.000 vezes mais brilhante do que o habitual. Este comportamento, esperado em estrelas moribundas, nunca tinha sido visto numa estrela jovem como FU Orionis. As estrelas FU Orionis têm erupções súbitas, explodindo em brilho, antes de desvanecerem novamente muitos anos mais tarde.
Atualmente, sabe-se que este aumento de brilho se deve ao fato de as estrelas absorverem energia da sua vizinhança através da acreção gravitacional, a principal força que molda as estrelas e os planetas. No entanto, como e porque é que isto acontece tem permanecido um mistério, até agora, graças aos astrônomos que utilizaram o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array).
As observações do ALMA revelaram um longo e fino fluxo de monóxido de carbono caindo sobre FU Orionis. Este gás não parece ter combustível suficiente para sustentar o atual surto. Ao invés, pensa-se que este fluxo de acreção seja um remanescente de uma característica anterior, muito mais significativa, que caiu sobre este jovem sistema estelar. É possível que a interação com um maior fluxo de gás, no passado, tenha causado a instabilidade do sistema e desencadeado o aumento de brilho.
Os astrônomos usaram várias configurações das antenas ALMA para captar os diferentes tipos de emissão provenientes de FU Orionis e para detectar o fluxo de massa no sistema estelar. Também combinaram novos métodos numéricos para modelar o fluxo de massa como um fluxo de acreção e estimar as suas propriedades. Foram comparadas a forma e a velocidade da estrutura observada com as esperadas de um rasto de gás em queda, e os números fizeram sentido. "A gama de escalas angulares que podemos explorar com um único instrumento é notável.
O ALMA fornece uma visão abrangente da dinâmica da formação estelar e planetária, desde as grandes nuvens moleculares em que nascem centenas de estrelas, até às escalas mais familiares dos sistemas solares. Estas observações também revelaram um fluxo de monóxido de carbono de movimento lento de FU Orionis. Este gás não está associado à erupção mais recente. Em vez disso, é semelhante aos fluxos observados em torno de outros objetos protoestelares.
Ao compreender como estas peculiares estrelas FU Orionis são formadas, é possível confirmar o que se conhece sobre como diferentes estrelas e planetas se formam. Pensa-se que todas as estrelas passam por eventos eruptivos. Estes surtos são importantes porque afetam a composição química dos discos de acreção que rodeiam as estrelas nascentes e os planetas que estas acabam por formar.
Um artigo foi publicado no periódico The Astrophysical Journal.
Fonte: National Radio Astronomy Observatory
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