Na sua busca por exoplanetas o telescópio Kepler da NASA trilha atrás da Terra, medindo o brilho de estrelas que podem abrigar planetas.
© NASA/JPL-Caltech/R. Hurt (ilustração do sistema K2-138)
No sistema K2-138 a estrela central é ligeiramente menor e mais fria que o nosso Sol. Os cinco planetas conhecidos têm tamanhos que variam entre o da Terra e o de Netuno; o planeta b pode, potencialmente, ser rochoso, mas os planetas c, d, e e f provavelmente contêm grandes quantidades de gelo e gás. Todos os cinco planetas têm períodos orbitais inferiores a 13 dias e são incrivelmente quentes, com temperaturas que variam entre os 420 e 980º C.
O instrumento identifica potenciais planetas em torno de outras estrelas, observando quedas no brilho estelar que ocorrem quando os planetas passam em frente. Normalmente, os programas de computador assinalam as estrelas com estas diminuições de brilho possibilitando observar se realmente podem hospedar um candidato a planeta.
Ao longo dos três anos da missão K2, já foram observadas 287.309 estrelas, e dezenas de milhares mais juntam-se a cada poucos meses. Então, como é que todos estes dados são examinados?
É aqui que entra o projeto de cientistas-cidadão Exoplanet Explorers, desenvolvido pelo astrônomo Ian Crossfield da Universidade da Califórnia em Santa Cruz e pela cientista Jessie Christiansen do Instituto de Tecnologia da Califórnia. O projeto Exoplanet Explorers é hospedado no Zooniverse, uma plataforma online para investigação de contribuição colaborativa.
Pessoas de qualquer lugar podem iniciar sessão e aprender o aspeto real de sinais exoplanetários, e então estudar os dados reais recolhidos pelo telescópio Kepler para votar se um determinado sinal é ou não classificado como um trânsito, ou apenas ruído. Cada sinal de trânsito potencial é observado por um mínimo de 10 pessoas, e cada um precisa de um mínimo de 90% de votos positivos para ser redirecionado para maior caracterização. Usando a profundidade da curva de trânsito e a periodicidade com que aparece é possível fazer estimativas de quão grande é um planeta e de quão perto orbita a sua estrela.
O sistema descoberto é denominado K2-138. Foi observado que os planetas giram em torno da estrela progenitora numa relação matemática interessante chamada ressonância, na qual cada um leva quase exatamente 50% mais tempo para completar uma órbita do que o próximo planeta mais perto da estrela. Os pesquisadores também encontraram um quinto planeta na mesma cadeia de ressonâncias e pistas de um sexto.
Este é o único sistema com uma cadeia de ressonâncias ininterruptas nesta configuração e pode fornecer pistas aos teóricos que procuram desvendar os mistérios da formação e migração planetária.
"A arquitetura orbital deste sistema planetário é uma reminiscência dos satélites galileanos de Júpiter. As comensurabilidades orbitais entre os planetas são fundamentalmente frágeis, de modo que a configuração atual dos planetas do sistema K2-138 aponta claramente para um ambiente de formação planetária laminar," comenta Konstantin Batygin, professor assistente de ciência planetária da Universidade da Cafifórnia, que não esteve envolvido no estudo.
"Algumas teorias atuais sugerem que os planetas se formam por dispersão caótica de rocha e gás e outros materiais nos estágios iniciais da vida do sistema planetário. No entanto, é improvável que estas teorias resultem num sistema tão íntimo e ordeiro, como o de K2-138," realça Christiansen.
O artigo que descreve o sistema foi aceito para publicação na revista The Astronomical Journal.
Fonte: California Institute of Technology
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