sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Número de asteroides próximos a Terra é menor do que o estimado

A NASA anunciou que a população de asteroides próximos à Terra é menor que o previsto. O novo "censo" foi obtido graças às observações do telescópio espacial WISE. Os dados do projeto serão divulgados na revista científica "Astrophysical Journal".

censo dos asteroides

© NASA (censo dos asteroides)

Os astrônomos afirmam que a comunidade científica internacional já conhece 93% dos asteroides com comprimento acima de 1.000 metros. São 911 objetos descobertos contra um total 981 estimados. Nenhum deles pode cair na Terra nos próximos séculos, segundo os especialistas.

Saber quem esses "gigantes"  são e onde eles estão reduz as chances de um impacto com a Terra que não possa ser previsto. Acredita-se que todos os asteroides acima de 10 quilômetros - que poderiam acabar com a vida na Terra - são conhecidos e monitorados.

Durante o censo, a equipe do WISE considerou os astros que orbitam o Sol a uma distância de 195 milhões de quilômetros. Isso os torna próximos à Terra, que gira ao redor da estrela a aproximadamente 150 milhões de quilômetros.

Já os asteroides médios (entre 100 m e 1.000 m) também são menos frequentes do que se pensava. Existe apenas 19 mil deles perto da Terra, contra os 35 mil imaginados antes dos dados do WISE serem divulgados, mas ainda existem 15 mil a serem descobertos.

A NASA comemorou ter atingido uma meta definida no Congresso dos EUA em 1998, que obrigava a agência a descobrir onde estavam 90% dos asteroides maiores que frequentam a vizinhança terrestre. As informações providas pelo WISE atualizam um monitoramento que já dura 12 anos, antes realizado a partir de instrumentos na Terra.

O telescópio WISE já vasculhou duas vezes todos os céus ao redor de todos os pontos da Terra - entre fevereiro de 2010 e janeiro de 2011. Foram vistoriados 585 asteroides próximos ao planeta durante o projeto. Entre Marte e Júpiter, o equipamento observou 100 mil objetos, cuja região do Sistema Solar possui um cinturão de asteroides.

Para objetos menores que 100 metros, os cientistas afirmam que os dados do WISE não são confiáveis, e acreditam que 1 milhão deles existam perto da Terra. Porém, o instrumento é capaz de detectar objetos mesmo pequenos e distantes, pois detecta o calor que eles emitem captando sinais em infravermelho.

Fonte: NASA

Rios de lava formaram planícies de Mercúrio

Fendas vulcânicas se abriram há bilhões de anos em Mercúrio, o planeta mais próximo do sol, e liberaram a lava que formou suas planícies suaves.

Bacia do Goethe no pólo norte de Mercúrio

© NASA (Bacia do Goethe no pólo norte de Mercúrio)

Entre 3,5 e 4 bilhões de anos atrás, fendas vulcânicas se abriram na crosta de Mercúrio e expeliram lava, formando as planícies que ocupam 6% do planeta pequeno e quente e que cobrem uma superfície equivalente a 60% dos Estados Unidos.

As descobertas foram efetuadas com auxílio da sonda Messenger da NASA que começou a orbitar Mercúrio em março. As fendas que derramaram lava não eram como os vulcões de montanha, que se formam gradualmente ao longo do tempo, como os do Havaí, por exemplo, mas profundos cortes que expulsaram rios de lava incandescente que em alguns lugares fluíam a até dois quilômetros de profundidade.

"Estes enormes respiradores, de até 25 km de comprimento, parecem ser a fonte de enormes volumes de lava muito quente que saíram para a superfície de Mercúrio", disse um dos autores do estudo, James Head, professor de Ciências Geológicas da Universidade Brown, na costa leste dos Estados Unidos.

"Os fluxos de lava foram para a superfície, talhando vales e criando crostas em forma de lágrima no terreno subjacente. Um destes depósitos é tão enorme que o vulcanismo tem que ser importante em outros lugares", disse Head.

Os vulcões contribuíram para a formação dos planetas, inclusive Marte, e ajudam estes corpos celestes a liberar seu calor interno. Na Terra, erupções vulcânicas similares formaram o terreno ao longo do rio Columbia nos estados de Washington e Oregon, no noroeste dos Estados Unidos, de 12 a 17 milhões de anos, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).

Os cientistas vislumbraram algo na superfície de Mercúrio a partir de um trio de sobrevoos do Messenger. A sonda foi lançada em 2004 e entrou na órbita de Mercúrio em 18 de março. A sonda Mariner 10 foi a primeira a se aproximar de Mercúrio em 1974 e em 1975 e fazer um mapa de 45% da superfície do planeta.

A NASA espera que a Messenger forneça mais detalhes sobre a composição da superfície de Mercúrio enquanto orbita o planeta a cada 12 horas a uma altura mínima de 200 km. Os instrumentos da sonda Messenger também mostraram que Mercúrio é varrido por ventos solares.

O planeta Mercúrio não tem atmosfera, o que significa que pode chegar a temperaturas de 430ºC, mas também perder todo o calor quando se distancia do Sol, atingindo os -170º C. O pequeno planeta é o único, além da Terra, que tem um campo magnético ao seu redor, mas Mercúrio não gera o mesmo escudo resistente contra a radiação solar. Ele possui muitas crateras que fazem com que sua superfície se assemelhe à Lua. O menor dos oito planetas do Sistema Solar é cerca de um terço do tamanho da Terra, quase tão denso e orbita ao redor do Sol aproximadamente a cada 88 dias terrestres.

Os resultados indicam que a frágil magnetosfera de Mercúrio oferece muito pouca proteção do planeta frente aos ventos solares.

Fonte: Science

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Nova anatomia em torno de buraco negro

Sondas espaciais da ESA (agência espacial europeia) conseguiram obter detalhes sem precedentes perto de um buraco negro supermassivo.
ilustração da turbulência do gás num buraco negro
© NASA (ilustração da turbulência do gás num buraco negro)
Elas revelam enorme jatos de gás sendo impulsionados longe do forte campo gravitacional do buraco negro. O astro que a equipe escolheu para estudar está no coração da galáxia Markarian 509 a 500 milhões de anos-luz no espaço. Este buraco negro é enorme, contendo 300 milhões de vezes a massa do Sol e que a cada dia se torna mais maciço.
galáxia Markarian 509
© NASA/ESA (galáxia Markarian 509)
A Markarian 509 foi escolhida porque ela é conhecida por variar em brilho, o que indica que o fluxo de matéria para o buraco negro é turbulento.
O buraco negro foi monitorado por 100 dias. “O XMM-Newton realmente conseguiu essas observações porque tem uma cobertura de raios-X de largura, bem como uma câmera de vigilância óptica”, afirma Jelle Kaastra, do Instituto de Pesquisas Espaciais da Holanda, que coordenou uma equipe internacional de 26 astrônomos de 21 institutos em quatro continentes.
As observações resultantes mostraram que a saída consiste de jatos gigantes movidos a milhões de quilômetros por hora. Os jatos são arrancados de um reservatório de gás empoeirado e depois caem no buraco negro. A surpresa é que o reservatório está situado a mais de 15 anos-luz de distância do buraco negro. Esta distância é ainda maior do que alguns astrônomos pensavam que era possível, tendo em vista os ventos que se originam.
Junto com o XMM-Newton e o Integral, da ESA, os astrônomos usaram os telescópios espaciais Hubble e Chandra, da NASA (agência espacial americana), além de outros instrumentos que proporcionaram informações sobre a cobertura do buraco negro não conhecidas antes.
Os resultados enaltecem a importância de observações a longo prazo e campanhas de monitorização, possibilitando uma compreensão mais profunda de objetos astrofísicos.  
Fonte: NASA

A nebulosa do Pacman

Estrelas de grande massa são importantes pois elas são responsáveis por grande parte da energia que é bombeada dentro da nossa galáxia durante a sua vida.

NGC 281 em raios-X e infravermelho

© NASA (NGC 281 em raios-X e infravermelho)

Infelizmente, essas estrelas são pouco entendidas pois elas são poucas e estão localizadas relativamente longe além de poderem ser obscurecidas pelo gás e pela poeira. O aglomerado de estrelas NGC 281, é uma exceção a essa regra. Ele está localizado a aproximadamente 6.500 anos-luz de distância da Terra e, de maneira impressionante, está localizado a quase 1.000 anos-luz acima do plano da galáxia, dando aos astrônomos um ponto de vista quase não afetado da formação de estrelas que acontece dentro dele.

Essa imagem composta do NGC 281 contém dados de raios-X do Chandra, mostrados em roxo, com observações em infravermelho do Spitzer mostradas em vermelho, verde e azul. As estrelas de grande massa no NGC 281 dirigem muitos aspectos do ambiente galáctico através de poderosos ventos fluindo de suas superfícies e da intensa radiação que cria partículas carregadas arrancando elétrons dos átomos. A morte eventual de estrelas massivas, como supernovas também alimentarão a galáxia com matéria e energia.

O NGC 281 é conhecido informalmente como a Nebulosa do Pacman, pois ela tem uma aparência em imagens ópticas com o Pacman dos jogos. Nas imagens ópticas, como a apresentada abaixo, a boca do Pacman aparece escura pois é obscurecida pela poeira e pelo gás, mas nas imagens infravermelhas do Spitzer a poeira na região brilha fortemente.

NGC 281 no óptico

© NASA (NGC 281 no óptico)

O NGC 281 é normalmente dividido em duas sub-regiões: a região na metade superior da imagem, que é envolta por um gás roxo com temperatura de 10 milhões de graus, e uma região mais jovem na parte inferior da imagem. Existe a evidência de que a formação de um aglomerado que aparece na parte inferior direita da imagem foi disparada por uma geração anterior de formação de estrelas. Também, os astrônomos encontraram algumas regiões de formação de estrelas isoladas no lado esquerdo da imagem que parecem ter ocorrido na mesma época da formação de estrelas em outras regiões do aglomerado. Isso suporta a ideia que algo externo está disparando o elevado nascimento de estrelas no NGC 281.

Fonte: NASA

Aglomerados de galáxias confirmam Teoria da Relatividade

A Teoria Geral da Relatividade prevê que a luz emitida por estrelas e galáxias pode ser desviada pela gravidade.

aglomerado de galáxias Abell 1689

© Hubble (aglomerado de galáxias Abell 1689)

Contudo, até hoje nunca havia sido possível testar a teoria da gravidade de Einstein em escalas maiores do que o Sistema Solar.

Agora, astrofísicos dinamarqueses conseguiram medir o quanto a luz emitida por aglomerados de galáxias é afetada pela gravidade.

E as observações confirmam as previsões teóricas, não apenas as de Einstein, mas também as hipóteses mais recentes da energia escura e da matéria escura.

Observações de grandes distâncias no Universo são baseadas em medições do desvio para o vermelho, que é um fenômeno onde o comprimento de onda da luz de corpos celestes distantes é deslocado mais para o vermelho quanto maior é a distância que essa luz percorre.

O desvio para o vermelho indica o quanto o Universo se expandiu desde que a luz foi emitida até sua detecção na Terra.

Além disso, de acordo com a Teoria Geral da Relatividade de Einstein, a luz é afetada pela gravidade de grandes massas, como aglomerados de galáxias, o que provoca um desvio para o vermelho gravitacional da luz. Mas a influência gravitacional sobre a luz nunca havia sido medida em uma escala cosmológica.

Radek Wojtak e seus colegas Steen Hansen e Hjorth Jens, da Universidade de Copenhangue, analisaram medições da luz de galáxias em cerca de 8.000 aglomerados de galáxias.

Os pesquisadores estudaram as galáxias localizadas no centro dos aglomerados e galáxias na borda dos aglomerados, e mediram os comprimentos de onda da luz emitida por elas.

Em seguida, eles mediram a massa total do aglomerado de galáxias e, com isso, obtiveram seu potencial gravitacional.

Usando a Teoria da Relatividade Geral, calcularam o desvio para o vermelho gravitacional para as diferentes localizações das galáxias no interior dos aglomerados.

Descobriram que os cálculos teóricos do desvio para o vermelho gravitacional baseados na Teoria da Relatividade Geral estão em completo acordo com as observações astronômicas.

A análise das observações dos aglomerados de galáxias mostra que o desvio para o vermelho da luz é proporcionalmente deslocado em relação à influência gravitacional do aglomerado de galáxias.

A comprovação em escala cosmológica da Teoria Geral da Relatividade propicia uma forte indicação da presença da energia escura.

Fonte: Nature

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Buracos negros primordiais e matéria escura

Uma nova ideia pode ajudar os cientistas a detectar evidências da matéria escura; ao prestar atenção em ondulações na superfície das estrelas, as vibrações poderiam indicar que um estranho objeto de matéria escura, hipotético, conhecido como um buraco negro primordial, passou através delas.

efeito de um buraco negro primodial

© Princeton University(efeito de um buraco negro primodial)

Esta imagem ilustra as ondas de vibração, resultando como um buraco negro primordial (pontos brancos) que passa pelo centro de uma estrela. As diferentes cores correspondem à densidade do buraco negro primordial e a força da vibração.

As ondulações poderiam fornecer a prova observável da matéria escura, que os cientistas acreditam que é responsável por mais de 80% de toda a matéria no Universo, mas até agora não foi detectada. Identificar um buraco negro primordial teria profundas implicações para nossa compreensão da origem do Universo e da matéria escura.

Os cientistas acreditam que apenas 4% do Universo é composto de material ordinário, que nós podemos ver. O resto é uma coisa estranha, chamada de energia escura e matéria escura.

Embora a matéria escura teoricamente domine o Universo, os cientistas ainda não a observaram diretamente, apenas inferiram sua existência através de efeitos gravitacionais sobre a matéria que eles podem ver.

O novo estudo pode ajudar os cientistas a obter um melhor controle sobre o que é a matéria escura. Para isso, eles simularam o que aconteceria se um buraco negro primordial passasse por uma estrela.

Buracos negros primordiais são remanescentes teóricos do Big Bang, o evento explosivo que criou o Universo. Esses objetos estranhos, que ainda não foram observados, são uma das várias estruturas cósmicas que podem ser a fonte de matéria escura.

Buracos negros primordiais são muito menores do que os buracos negros “normais” e, portanto, não engolem uma estrela e toda a sua luz. Ao contrário, suas colisões com estrelas causariam vibrações perceptíveis nas superfícies das estrelas.

As simulações dos pesquisadores também colocam alguns números em quão grande um buraco negro primordial teria que ser para causar uma ondulação perceptível. Eles descobriram que um objeto com a massa de um asteroide de tamanho decente provocaria o fenômeno.

Se buracos negros primordiais existirem de verdade, os cientistas devem ser capazes de detectar um em algum ponto. A Via Láctea tem 100 bilhões de estrelas, então cerca de 10.000 eventos detectáveis devem estar acontecendo a cada ano na nossa galáxia.

Os resultados da pesquisa foram publicados este mês na revista Physical Review Letters.

Fonte: LiveScience

Arco esculpido por lente gravitacional

O Telescópio Espacial Hubble captou uma imagem de uma impressionante estrutura em um aglomerado de galáxias ao redor de um objeto chamado de LRG-4-606.

aglomerado de galáxias LRG-4-606

© NASA/ESA (aglomerado de galáxias LRG-4-606)

A sigla LRG significa Luminous Red Galaxy, e é o acrônimo dado para uma grande coleção de galáxias brilhantes e vermelhas encontradas usando o projeto Sloan Digital Sky Survey, ou SDSS. Esses objetos são na sua maioria galáxias massivas elípticas compostas por uma grande quantidade de estrelas velhas.

É interessante contemplar o número de estrelas que essa imagem deve conter, algo em torno de centenas de bilhões, mas além disso ela apresenta um dos fenômenos mais estranhos conhecido pelos astrônomos. Essa galáxia vermelha em particular e as suas galáxias companheiras ao redor, parecem estar posicionadas de modo que o campo gravitacional gerado por elas tem um efeito dramático.

À esquerda do centro da imagem, galáxias azuis no plano de fundo foram esticadas e dobradas ganhando a forma de um arco azul estreito e apagado. Isso acontece devido a um efeito conhecido como lente gravitacional. O aglomerado de galáxias tem um campo gravitacional tão grande que ele curva o espaço ao seu redor e amplifica a luz das estrelas provenientes das galáxias mais distantes. A lente gravitacional normalmente cria arcos alongados e aqui, normalmente, o alinhamento das galáxias fez com que arcos separados se combinassem formando um meio círculo.

Essa imagem foi gerada a partir de uma coleção de imagens feitas nos comprimentos de onda do visível e do infravermelho próximo pela Wide Field Camera 3 do Telescópio Espacial Hubble. O campo de visão da imagem acima é de aproximadamente 3 por 3 arcos de minuto.

Fonte: NASA

Delicie-se com a Nebulosa do Ovo Frito

Utilizando o VLT (Very Large Telescope) do ESO astrônomos focalizaram uma estrela colossal pertencente a uma das mais raras classes de estrelas no Universo, as hipergigantes amarelas.

© ESO (Nebulosa do Ovo Frito)

Esta nova imagem é a melhor jamais obtida para uma estrela desta classe e mostra pela primeira vez uma enorme concha dupla de poeira rodeando a hipergigante central. A estrela e a sua concha parecem-se com a clara de um ovo em torno da gema central, o que levou os astrônomos a darem-lhe o nome de Nebulosa do Ovo Frito.

A estrela monstruosa, conhecida como IRAS 17163-3907 tem um diâmetro de cerca de mil vezes maior do que o do nosso Sol. A uma distância de cerca de 13.000 anos-luz da Terra, é a hipergigante amarela mais próxima de nós encontrada até hoje e as novas observações mostram que brilha cerca de 500.000 vezes mais intensamente do que o Sol.

As observações da estrela e a descoberta das suas conchas envolventes foram feitas pela câmara infravermelha VISIR montada no VLT. As imagens obtidas são as primeiras que mostram claramente o material que rodeia a estrela e revelam claramente duas conchas quase perfeitamente esféricas.

Se a Nebulosa do Ovo Frito fosse colocada no centro do Sistema Solar, a Terra ficaria bem no interior da própria estrela e o planeta Júpiter orbitaria mesmo por cima da sua superfície. A concha muito maior que envolve a estrela englobaria todos os planetas, planetas anões e ainda alguns dos cometas que orbitam muito além da órbita de Netuno. A concha exterior tem um raio 10.000 vezes maior que a distância da Terra ao Sol.

As hipergigantes amarelas estão numa fase extremamente ativa da sua evolução, sofrendo uma série de eventos explosivos;  esta estrela já ejetou quatro vezes a massa do Sol em apenas algumas centenas de anos. Estima-se que a massa total desta estrela seja aproximadamente vinte vezes a massa do Sol. O material ejetado durante estas explosões formou a extensa concha dupla da nebulosa, a qual é constituída por poeira rica em silicatos misturada com gás.

Esta atividade mostra igualmente que a estrela deverá sofrer brevemente uma morte explosiva; será uma das próximas explosões de supernova na nossa Galáxia. Depois de queimarem todo o seu hidrogênio, todas as estrelas com dez ou mais massas solares tornam-se supergigantes vermelhas. Esta fase termina quando a estrela acaba de queimar todo o seu hélio. Algumas destas estrelas de grande massa passam então apenas alguns milhões de anos na fase de pós-supergigante vermelha como hipergigantes amarelas, um tempo relativamente curto na vida de uma estrela, antes de evoluírem rapidamente para outro tipo de estrela incomum chamada uma variável azul luminosa. Estas estrelas quentes e brilhantes variam constantemente em luminosidade e perdem matéria devido aos fortes ventos estelares que ejetam. No entanto, este não é o fim da aventura da evolução destas estrelas, já que em seguida podem transformar-se num tipo diferente de estrelas instáveis conhecidas por estrelas Wolf-Rayet antes de terminarem as suas vidas numa violenta explosão de supernova. As supernovas fornecem ao meio interestelar circundante muitos elementos químicos necessários e as ondas de choque resultantes podem dar origem à formação de novas estrelas.

Fonte: ESO

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A existência do exoplaneta Fomalhaut b

À medida que os astrônomos continuam descobrindo planetas extrassolares às dúzias, a existência do exoplaneta Fomalhaut b tornou-se duvidosa.

imagem feita pelo Hubble do anel ao redor de Fomalhaut

© Hubble (imagem feita pelo Hubble do anel ao redor de Fomalhaut)

Revelado em 2008, o pequeno ponto avistado em torno de Fomalhaut, uma estrela a apenas 7,7 parsecs do nosso Sistema Solar, foi caracterizado como o primeiro exoplaneta a ser observado diretamente em comprimentos de onda ópticos.  Dados apresentados na semana passada numa conferência exoplanetária no Parque Nacional de Grand Teton, no estado americano do Wyoming, mostrou que Fomalhaut b se movia de um modo inesperado.

Até agora, Fomalhaut b tinha tudo para ser um planeta extrassolar perfeito. Duas imagens obtidas pelo Hubble, em 2004 e 2006, foram usadas para mostrar como o planeta traça uma órbita regular mesmo antes de um anel luminoso de poeira que rodeia Fomalhaut. Dizia-se que a gravidade do planeta estava auxiliando na limpeza de poeira perto do anel, o que lhe dava uma fronteira interior mais detalhada.

Paul Kalas, astrônomo da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e autor principal do estudo de 2008, diz que a imagem mais recente indica que a órbita do planeta corta o disco de poeira. E isso levou a que Ray Jayawardhana, astrônomo da Universidade de Toronto no Canadá, questionar a existência do planeta. Numa tal trajetória, a influência gravitacional do planeta teria que perturbar o bem delineado disco.

Kalas reconhece que os dados mais recentes são confusos, mas permanece confiante que Fomalhaut b é um planeta. Centenas de exoplanetas já foram detectados indiretamente ao medir a sua influência gravitacional nas estrelas que orbitam ou ao registar mudanças de brilho à medida que passam em frente da estrela-mãe. Apenas um punhado de planetas foram diretamente observados.

Fomalhaut b é já visto como incomum entre os exoplanetas. É demasiado brilhante no visível para algo com apenas várias vezes o tamanho de Júpiter. E observações terrestres subsequentes no infravermelho foram improdutivas, mesmo embora esta seja a parte do espectro onde os jovens planetas quentes sejam mais brilhantes.

Kalas diz que uma explicação para o sistema Fomalhaut é que é mais velho do que se pensa, e por isso mais frio e mais tênue no infravermelho. O excessivo brilho óptico pode ser explicado se o planeta for rodeado por material brilhante, tal como Saturno é rodeado por um sistema de anéis, o que aumenta o seu albedo global.

Jayawardhana afirma que só este argumento deveria expulsar Fomalhaut b da lista de planetas observados diretamente, dado que a luz está vindo da poeira e não da superfície do planeta.

Os dados novos, entre eles a nova órbita que corta o disco de poeira, só acrescentam ao mistério. Kalas diz que pode só ser um problema com a imagem mais recente. As imagens de 2004 e 2006 foram obtidas através de um canal de alta resolução da câmara ACS (Advanced Camera for Surveys) do Hubble que falhou em 2007 e não foi restaurado quando a câmara foi reativada em 2009.

Para a imagem mais recente, Kalas teve que recorrer a outro instrumento do Hubble, o STIS (Space Telescope Imaging Spectrograph). A alteração para um detector diferente pode explicar o ligeiro desvio do planeta da sua posição esperada e por isso já marcou tempo de observação no Hubble para obter outra imagem com o mesmo instrumento em 2012. Se o movimento inesperado do planeta persistir, ele diz que é ainda possível explicar o porquê do disco em torno da estrela permanecer não perturbado: talvez a sua equipe esteja vendo o planeta ao mesmo tempo que alguma instabilidade dinâmica no sistema estelar o esteja afastando do seu percurso.

Christian Marois, do Instituto de Astrofísica Herzberg em Victoria, no Canadá, não gosta dos argumentos que se baseiam na coincidência. Com um período orbital de aproximadamente 800 anos, Fomalhaut b teria que ter mudado de órbita há bem pouco tempo.

Marois diz que é mais provável que Kalas esteja ajustando sua análise ao instrumento do Hubble, e que a órbita original permanece. Só o fato de Kalas ter avistado novamente Fomalhaut b em 2010 "é outra confirmação de que este objeto é real".

Jean Schneider, astrônomo do Observatório de Paris que mantém a base de dados do site exoplanet.eu, afirma que Fomalhaut b irá permanecer na lista. Mas no dia 22 de Setembro, acrescentou um comentário na entrada do planeta, dizendo que dúvidas foram levantadas.

Num e-mail enviado por Kalas a Schneider, este escreve que, para ser justo, Schneider também deveria fazer menção das dúvidas associadas com 1RXJ1609, um planeta observado diretamente no infravermelho que Jayawardhana co-descobriu e anunciou em 2008, poucos meses antes do anúncio de Fomalhaut b.

Esta disputa rancorosa mostra que ainda precisamos evoluir o conhecimento sobre os exoplanetas.

Fonte: Astronomia On Line

sábado, 24 de setembro de 2011

Quem veio primeiro: as galáxias ou seus buracos negros?

Os cientistas nunca souberam dizer quem veio primeiro, as galáxias ou seus buracos negros – regiões do espaço com matéria tão densa que são capazes de devastar tudo o que existe num espaço a sua volta.
galáxia M81
© Hubble/Spitzer (galáxia M81)
Agora o mistério por trás disso é ainda maior, pois foram descobertas pequenas galáxias anãs com buracos negros gigantes, uma descoberta que derruba as atuais teorias sobre a formação de galáxias.
Estudos anteriores haviam mostrado que, à medida que uma galáxia cresce e evolui, parecia acontecer o mesmo com o buraco negro, pelo menos nos grandes aglomerados.
Mas, usando dados do telescópio espacial Hubble, astrônomos acharam pequenas galáxias no Universo desproporcionais ao tamanho de seus buracos negros.
“Eles parecem estar fora de sincronia, de alguma maneira fundamental”, explica a astrônoma Sandra Faber. “Estes buracos negros são muito maciços, dado o seu conteúdo estelar. Eles cresceram muito rápido. Os buracos ficaram à frente das galáxias jovens”, completa Sandra.
Algo ainda mais intrigante é que uma protuberância reveladora de estrelas associadas com super-buracos negros estão visivelmente ausentes nos buracos menores, sugerindo que possa haver mais de uma maneira de um buraco negro crescer.
As novas descobertas são baseadas no estudo de 28 galáxias anãs amontoadas a cerca de 10 bilhões de anos-luz da Terra. Apesar de buracos negros, por definição, não poderem ser vistos, os astrônomos olham para a radiação de estrelas em torno do buraco negro para descobrir seu tamanho e características.
A pesquisa poderá mudar o pensamento dos cientistas sobre os ambientes em que as galáxias crescem e sobre o desenvolvimento de buracos negros.
A pesquisa será publicada na próxima edição do Astrophysical Journal.
Fonte: Discovery News

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Novos exoplanetas achados por cientistas amadores

Astrônomos da Universidade de Yale anunciaram a descoberta dos dois primeiros exoplanetas em potencial encontrados por cientistas amadores que participam do projeto de ciência on-line Planet Hunters.
Planet Hunters
© Planet Hunters (acesso ao site Planet Hunters)
O estudo sobre a descoberta será publicado na revista ‘Monthly Notices’, da Sociedade Astronômica Real (The Royal Astronomical Society). “Esta é a primeira vez que o público utilizou dados de uma missão espacial da NASA para detectar possíveis planetas que orbitam outras estrelas“, disse Debra Fischer, astrônoma, especialista em exoplanetas e uma das fundadoras do Planet Hunters. “Eu acho que há uma chance de 95% ou mais de que sejam bona fide planetas”, afirmou a astrônoma.
Os candidatos a planetas orbitam suas estrelas hospedeiras com períodos variando de 10 a 50 dias – muito menor do que os 365 dias que a Terra leva para orbitar o Sol. Eles também têm raios que alcançam em tamanho de dois anos e meio a oito vezes o raio da Terra. Apesar das diferenças, um dos exoplanetas poderia ser rochoso, mais semelhante à Terra. No entanto, nenhum deles está na chamada “zona habitável”, onde água líquida e, portanto vida como a conhecemos, poderia existir.
A equipe de astrônomos do Planet Hunters já anunciou a descoberta de 1.200 candidatos a exoplanetas, mas tinha descartado os dois encontrados pelos usuários do Planet Hunters. “Esses candidatos iriam passar despercebidos se não existissem os cientistas-cidadãos”, disse Meg Schwamb, pesquisadora de Yale E co-fundadora do Planet Hunters. “Obviamente que o projeto on-line não substitui a análise que está sendo feita pela equipe do Kepler, mas tem provado ser uma ferramenta valiosa na busca por outros mundos,” explicou.
Desde que o projeto de ciência on-line Planet Hunters foi lançado, em dezembro de 2010, cerca de 40 mil usuários de todo o mundo têm ajudado astrônomos profissionais da Universidade de Yale. Do conforto de suas casas, os ‘cientistas-cidadãos’ analisam a luz de 150 mil estrelas na esperança de descobrir planetas parecidos com a Terra orbitando em torno delas. Nessa missão, os usuários contam com a ajuda da sonda Kepler, da NASA que foi lançada em 2009 para detectar a existência de novos planetas. Quanto maior o número de pessoas on-line, mais informação ela captura.
Segundo a astrônoma Debra Fischer, o público tem papel importante nesse projeto, pois ajudou a financiá-lo com o dinheiro de seus impostos. “É justo que esses dados sejam colocados em domínio público, não apenas como resultados científicos, mas de uma forma onde as pessoas possam participar ativamente da caça”, disse Fischer. “O programa espacial é um tesouro nacional – um monumento à curiosidade da América sobre o Universo. É um momento excitante para se estar vivo e ver essas incríveis descobertas que estão sendo feitas”, afirmou.
Usuários do Planet Hunters estão agora vasculhando os próximos 90 dias de dados da sonda Kepler na esperança de novos achados. “Isso é o que encontramos após um olhar preliminar da primeira rodada de dados da Kepler,” disse Fischer. “Não há dúvida de que, com cada nova rodada, haverá muito mais descobertas”. Foi apenas o primeiro passo. Que tal você dar o próximo?
Fonte: Radar Científico

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Os jatos flamejantes de um buraco negro

O WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer) da NASA, registrou dados raros de um buraco negro reluzente, revelando novos detalhes sobre esses poderosos objetos e seus jatos flamejantes.
ilustração de jatos emitidos por um buraco negro
© NASA (ilustração de jatos emitidos por um buraco negro)
Os cientistas estudaram os jatos para aprender mais sobre o ambiente extremo que existe ao redor dos buracos negros. Muito já se aprendeu sobre o material que alimenta os buracos negros, chamados de discos de acreção, e sobre os jatos propriamente dito, através de estudos usando raios-X, raios gama e ondas de rádio. Mas as medidas fundamentais da parte brilhante dos jatos localizadas em suas bases, são difíceis de serem feitas apesar das décadas de estudo. O WISE está oferecendo uma nova janela nesse elo perdido através de observações feitas no infravermelho.
“Imagine o que seria se o nosso Sol passasse por súbitas explosões aleatórias, tornando-se três vezes mais brilhante em questão de horas e então se apagando novamente. Esse tipo de fúria é que nós estamos observando nesses jatos”, disse Poshak Gandhi, um cientista da Agência de Exploração Aeroespacial Japonesa (JAXA). Ele é o principal autor de um novo estudo que apresenta os resultados no Astrophysical Journal Letters. “Com a visão infravermelha do WISE, nós somos capazes de estudar em detalhe as regiões internas próximas da base dos jatos do buraco negro de massa estelar pela primeira vez e podemos também ver a física dos jatos em ação”.
O buraco negro, chamado de GC 339-4, já havia sido observado anteriormente. Ele está localizado a mais de 20.000 anos-luz de distância da Terra próximo do centro da nossa galáxia. Ele tem uma massa que é no mínimo seis vezes maior que a massa do Sol. Como outros buracos negros, ele é uma coleção ultra densa de matéria, com gravidade que é tão forte que nem mesmo a luz pode escapar. Nesse caso, o buraco negro está sendo orbitado por uma estrela companheira que o alimenta. A maior parte do material da estrela companheira é puxado para dentro do buraco negro, mas uma parte, é cuspida para fora na forma de jatos que viajam na velocidade da luz.
“Para ver a atividade flamejante de um buraco negro, você precisa olhar para o lugar certo na hora certa”, disse Peter Eisenhardt, cientista de projeto do WISE no JPL (Laboratório de Propulsão a Jato) da NASA, em Pasadena na Califórnia. “O WISE faz imagens infravermelhas a cada 11 segundos por um ano, cobrindo todo o céu, isso permite registrar esse raro evento”.
Observar a variabilidade dos jatos foi possível pois várias imagens foram feitas do mesmo pedaço do céu com o passar do tempo, esse tipo de monitoramento do céu faz parte da missão NEOWISE, a missão do WISE destinada à caça de asteroides e cometas. Os dados do WISE permitiu à equipe de cientistas olhar em detalhe uma região bem compacta ao redor da base do jato que estava fluindo do buraco negro. O tamanho da região é equivalente à largura de uma moeda observada a uma distância da Terra ao Sol.
Os resultados surpreenderam a equipe, mostrando flutuações grandes e erráticas nas atividades dos jatos em escala de tempo que variou de 11 segundos até algumas horas. As observações são como uma dança de cores infravermelhas e mostram que o tamanho da base dos jatos varia. Seu raio é de aproximadamente 24.140 km com dramáticas mudanças que chegam até a um fator de 10 vezes ou mais.
Os novos dados também permitem aos astrônomos fazerem medidas melhores do campo magnético do buraco negro, que é 30.000 vezes mais poderoso do que o campo magnético gerado pela Terra na sua superfície. Esse campo magnético forte é necessário para acelerar e canalizar o fluxo de matéria em um jato estreito. Os dados do WISE estão propiciando uma melhor compreensão de como esses fenômenos exóticos ocorrem no buraco negro.
Fonte: NASA

Um pássaro zangado no céu

A imagem a seguir revela a nebulosa Lambda Centauri, uma nuvem de hidrogênio brilhante e estrelas jovens na constelação de Centauro.
© ESO (nebulosa Lambda Centauri)
A nebulosa, também conhecida como IC 2944, tem o nome popular de nebulosa da Galinha Fugitiva, devido à forma de pássaro que algumas pessoas identificam na região mais brilhante.
Na nebulosa, situada a cerca de 6.500 anos-luz de distância, as estrelas quentes recém-nascidas que se formaram a partir de nuvens de hidrogênio gasoso brilham intensamente no ultravioleta. Esta radiação intensa excita, por sua vez, a nuvem de hidrogênio à sua volta, fazendo com que esta nuvem brilhe em tons de vermelho. Esta cor é típica de regiões de formação estelar, sendo outro exemplo famoso a Nebulosa da Lagoa.
© ESO (nebulosa da Lagoa)
Algumas pessoas pensam ver a forma de uma galinha nas imagens desta região de formação estelar avermelhada, o que dá à nebulosa o seu nome popular - embora exista algum desacordo sobre que parte da nebulosa é que tem efetivamente a forma de galinha, distinguindo-se aparentemente diferentes formas de pássaro por toda a imagem.
Para além do gás brilhante, outro sinal de formação estelar na IC 2944 consiste numa série de glóbulos negros opacos que aparecem em silhueta sob o fundo vermelho, em algumas partes da imagem. São exemplos de um tipo de objetos chamados glóbulos de Bok. Aparecem escuros porque absorvem radiação do fundo luminoso. No entanto, observações destes glóbulos escuros com telescópios infravermelhos, que observam através da poeira que normalmente bloqueia a radiação visível, revelaram estrelas se formando no interior de muitos deles.
A coleção mais proeminente de glóbulos de Bok nesta imagem é conhecida por Glóbulos de Thackeray, devido ao astrônomo sul americano que os descobriu nos anos 1950. Visíveis no seio de um grupo de estrelas brilhantes, em cima e à direita na imagem, estes glóbulos aparecem numa imagem famosa obtida com o Telescópio Espacial Hubble, da NASA/ESA (link).
Enquanto o Hubble obtém uma imagem de uma pequena região do céu em grande detalhe, o Wide Field Imager, montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros no Observatório de La Silla do ESO, captura imagens muito maiores, cobrindo uma área do céu aproximadamente do tamanho da Lua Cheia. Tal como uma lente zoom que permite ao fotógrafo escolher o enquadramento mais apropriado a uma fotografia, também os diferentes campos oferecidos por diferentes telescópios permitem aos cientistas obter dados complementares no estudo de objetos astronômicos que cobrem uma extensa região do céu.
Se as estrelas que fizeram casulo nos glóbulos de Thackeray estão ainda em gestação, as estrelas do aglomerado IC 2948 embebidas no interior da nebulosa são as suas irmãs mais velhas. Ainda jovens em termos estelares, com apenas alguns milhões de anos de idade, estas estrelas brilham intensamente e a sua radiação ultravioleta fornece muita da energia que ilumina a nebulosa. Estas nebulosas brilhantes têm uma vida relativamente curta em termos astronômicos (tipicamente alguns milhões de anos), o que significa que a Nebulosa Lambda Centauri irá eventualmente desvanecer à medida que perde gás e combustível de radiação ultravioleta.
Fonte: ESO

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Qual asteroide extinguiu os dinossauros?

Os cientistas têm certeza de que um grande asteroide atingiu o planeta há 65 milhões de anos e provocou a morte dos répteis gigantes, mas desconhecem sua origem exata.
ilustração de um asteroide se despedaçando no espaço
© NASA (ilustração de um asteroide se despedaçando no espaço)
Em 2007, um estudo realizado com telescópios terrestres, feito pelo Instituo de Pesquisa de Southwest, no Colorado, apontou como suspeito pela extinção dos dinossauros um corpo celeste do tipo Baptistina, situado no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter.
Segundo essa teoria, o corpo celeste se chocou contra outro asteroide do cinturão há 160 milhões de anos, que se despedaçou em fragmentos gigantescos. Um deles acabou atingindo a Terra, no que hoje é península de Yucatã, no México, e causou a morte dos répteis.
No entanto, observações realizadas com instrumentos infravermelhos da sonda WISE afastaram essa possibilidade, deixando sem resposta um dos grandes mistérios da Terra.
Durante mais de um ano uma equipe da NASA estudou 120 mil asteroides, entre eles 1.056 da família Baptistina, e constatou que a quebra do asteroide cujo pedaço atingiu a Terra aconteceu há 80 milhões de anos, metade do tempo sugerido anteriormente.
A pesquisa mostrou que se esse asteroide fosse o responsável da extinção, ele teria que ter se chocado contra a Terra em menos tempo do que se acreditava anteriormente. Segundo a principal cientista do projeto, Amy Mainzer, não houve tempo para que o corpo celeste provocasse o fim do período Cretáceo.
Fonte: NASA

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Galáxia em enxame de aglomerados estelares

No centro de um rico aglomerado de galáxias localizado na direção da constelação de Coma Berenices, localiza-se uma galáxia que é envolta por um enxame de aglomerados de estrelas.
galáxia NGC 4874
© Hubble (galáxia NGC 4874)
A NGC 4874 é uma galáxia elíptica gigante, que tem aproximadamente 10 vezes o tamanho da Via Láctea e localiza-se no centro do Aglomerado de Galáxias da Coma. Com sua força gravitacional ela é capaz de manter mais de 30.000 aglomerados globulares de estrelas, mais do que qualquer outra galáxia conhecida, além de manter algumas galáxias anãs também sob seu campo gravitacional.
Nessa imagem feita pelo Telescópio Espacial Hubble, a NGC 4874 é o objeto mais brilhante, localizada à direita do quadro e é caracterizada por parecer uma estrela no centro envolta por um halo nebuloso. Algumas outras galáxias que fazem parte do aglomerado também são visíveis na imagem. Mas o que tem de mais impressionante mesmo nessa imagem são os objetos pontuais ao redor da NGC 4874, quando a imagem é ampliada esses pontos são estudados em detalhe o que se vê é que eles são aglomerados de estrelas que pertencem à galáxia. Cada um desses aglomerados globulares de estrelas contêm centenas de milhares de estrelas.
Recentemente, os astrônomos descobriram que alguns desses objetos pontuais não são aglomerados de estrelas mas sim galáxias anãs super compactas, que também estão sob a influência gravitacional da NGC 4874. Com apenas 200 anos-luz de diâmetro e feitas na sua maioria de estrelas antigas, essas galáxias lembram versões maiores e mais brilhantes dos aglomerados globulares. Acredita-se que elas sejam núcleos de pequenas galáxias elípticas que, devido a violentas interações com outras galáxias no aglomerado, perderam seu gás e as estrelas ao redor.
Essa imagem do Hubble também mostra muitas outras galáxias distantes que não pertencem a esse aglomerado, e que são vistas como pequenas acumulações no plano de fundo da imagem. Enquanto que as galáxias no Aglomerado da Coma estão localizadas a aproximadamente 350 milhões de anos-luz de distância, esses outros objetos estão muito mais distantes. Sua luz deve ter viajado centenas de milhões a bilhões de anos-luz até chegar até nossos olhos.
Fonte: ESA

sábado, 17 de setembro de 2011

O buraco negro mais massivo do Universo

O buraco negro localizado no centro da galáxia elíptica supergigante M87 no Aglomerado de Galáxias de Virgo a uma distância estimada de 50 milhões de anos-luz da Terra é o buraco negro mais massivo conhecido, que tem 6,6 bilhões de massas solares.

  galáxia M87

© Gemini (galáxia M87)

Orbitando a galáxia existe uma população anormalmente grande de aproximadamente 12.000 aglomerados globulares, comparado com os 150 ou 200 aglomerados globulares que orbitam a Via Láctea, esse é um número realmente elevado.

Usando o Telescópio Frederick C. Gillett Gemini em Mauna Kea, no Havaí, uma equipe de astrônomos calculou a massa do buraco negro, que é muito maior que o buraco negro existente no centro da Via Láctea que tem uma massa estimada de 4 milhões de massas solares. O horizonte de eventos do buraco negro, com 20 bilhões de quilômetros de diâmetro poderia engolir com facilidade todo o nosso Sistema Solar.

Para calcular a massa do buraco negro, os astrônomos medem a velocidade com a qual as estrelas orbitam ao seu redor. As estrelas orbitam o buraco negro com velocidades aproximadas de 500 km/s, só para se ter uma comparação, o Sol orbita o buraco negro no centro da Via Láctea a uma velocidade de 220 km/s. A partir dessas observações, é possível dizer que essa é a melhor estimativa, ou seja, a que tem maior precisão para a massa de um buraco negro supermassivo. A equipe defende a teoria de que o buraco negro da M87 cresceu e atingiu tal massa a partir de fusões com alguns outros buracos negros. A M87 é a maior, e mais massiva galáxia conhecida no chamado universo próximo, e acredita-se que ela tenha se formado a partir da fusão de 100 ou mais galáxias menores.

Pesquisas posteriores a essa estão tentando calcular e medir o tamanho de outro buraco negro, com uma massa grosseiramente ainda estimada em 18 bilhões de massas solares, e que está localizado em uma galáxia a 3,5 bilhões de anos-luz de distância da Terra. Mas por enquanto, o buraco negro da M87 é o maior que tem a massa determinada com precisão.

Fonte: Daily Galaxy

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Descoberto planeta que orbita duas estrelas

A existência de um planeta com um nascer e um pôr do sol duplo foi sugerida há mais de 30 anos, no filme Guerra nas Estrelas.

ilustração de planeta orbitando duas estrelas

© NASA (ilustração de planeta orbitando duas estrelas)

Agora, o telescópio espacial Kepler, lançado para descobrir outras terras e até luas habitáveis descobriu um planeta que orbita dois sóis.

Localizado a 200 anos-luz da Terra, este é o primeiro planeta circumbinário - um planeta que orbita duas estrelas - já descoberto.

Conhecido como Kepler-16b, ele foi identificado por uma equipe de pesquisadores liderada por Laurance Doyle, do Instituto SETI, mais conhecido por suas buscas por inteligência extraterrestre.

Mas, ao contrário do planeta desértico de Luke Skywalker, o planeta com dois sóis da vida real é frio, gasoso e não poderia abrigar vida humana.

Mas sua descoberta demonstra a diversidade de planetas em nossa galáxia.

Os astrônomos usaram os dados do telescópio espacial Kepler, que mede variações no brilho de mais de 150.000 estrelas, para procurar planetas por uma técnica conhecida como trânsito.

Nesta técnica, os planetas são encontrados medindo-se a variação que eles impõem sobre o brilho de uma estrela quando passam à sua frente em relação à Terra - dessa forma, essa técnica só encontra planetas que estejam com uma órbita alinhada com a posição do telescópio.

Os cientistas detectaram o novo planeta no sistema Kepler-16, um par de estrelas girando uma em órbita da outra.

Quando a estrela menor bloqueia parcialmente a estrela maior, ocorre um eclipse primário. Um eclipse secundário ocorre quando a estrela menor é ocultada, ou completamente bloqueada, pela estrela maior.

Mas os astrônomos verificaram que o brilho do sistema diminuía mesmo quando as estrelas não estavam eclipsando uma à outra, sugerindo a presença de um terceiro corpo celeste.

Esses eventos adicionais de queda no brilho, chamados de eclipses terciários e quaternários, reaparecem em intervalos de tempo irregulares, indicando que as estrelas estavam em posições diferentes em sua órbita cada vez que o terceiro corpo passava.

Isso mostrou que o terceiro corpo estava circulando não apenas uma, mas as duas estrelas, em uma larga órbita circumbinária.

A força gravitacional das estrelas, medida pelas variações nos seus tempos de eclipse, foi um bom indicador da massa do terceiro corpo - foi detectado um puxão gravitacional muito pequeno, indicativo de que era causado por um corpo de pequena massa em relação às estrelas.

Isto confirma que o Kepler-16b é um mundo inóspito e frio, com o tamanho de Saturno, com uma provável composição metade rocha e metade gás.

As estrelas-mãe são menores do que o nosso Sol: uma delas tem 69% da massa do Sol e a outra apenas 20%.

O planeta circumbinário Kepler-16b orbita em torno das duas estrelas a cada 229 dias, semelhante à órbita de Vênus, que é de 225 dias.

Mas ele está fora da zona habitável do sistema, onde poderia existir água líquida na superfície, porque suas duas estrelas são mais frias do que o Sol.

"Esta descoberta confirma uma nova classe de sistemas planetários que poderiam abrigar vida," disse William Borucki. "Dado que a maioria das estrelas em nossa galáxia é parte de um sistema binário, isto significa que as oportunidades de vida são muito mais amplas do que se os planetas se formassem somente em torno de estrelas individuais."

Fonte: Science

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Estrela está fritando planeta com raios X

Uma estrela está emitindo rajadas de raios X sobre o seu planeta mais próximo, que são cem mil vezes mais intensas do que a Terra recebe do Sol.
estrela disparando alta energia em planeta
© NASA (estrela disparando alta energia em planeta)
Essa radiação de alta energia está causando a evaporação de cerca de 5 milhões de toneladas de matéria do planeta a cada segundo.
O planeta, conhecido como CoRoT-2b, tem uma massa cerca de 3 vezes a de Júpiter (1.000 vezes a da Terra) e orbita sua estrela-mãe, a CoRoT-2a, a uma distância cerca de dez vezes a distância entre a Terra e a Lua.
O sistema, descoberto pelo satélite CoRoT em 2008, é um vizinho relativamente perto de nós, a uma distância de 880 anos-luz.
"Este planeta está sendo rigorosamente fritado pela sua estrela," disse Sebastian Schroeter, da Universidade de Hamburgo, na Alemanha. "O que pode ser ainda mais estranho é que este planeta pode estar afetando o comportamento da estrela que o está espancando."
A CoRoT-2a é uma estrela muito ativa, com uma emissão de raios X produzidos por fortes e turbulentos campos magnéticos. Uma atividade tão forte geralmente só é encontrada em estrelas muito mais jovens.
"Como este planeta está tão próximo da estrela, ele pode estar acelerando sua rotação, e isto pode estar mantendo seus campos magnéticos ativos," sugere Stefan Czesla, coautor do estudo. "Se não fosse pelo planeta, esta estrela já teria deixado a volatilidade da sua juventude para trás há milhões de anos."
"Nós não estamos exatamente certos acerca de todos os efeitos que este tipo de tempestade de raios X tem sobre um planeta, mas ela pode ser responsável pelo inchaço que vemos no CoRoT-2b," disse Schroeter. "Estamos apenas começando a aprender sobre o que acontece com exoplanetas nestes ambientes extremos."
Fonte: Astronomy & Astrophysics

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Colisão de galáxia gerou formato da Via Láctea

Colisões envolvendo uma galáxia anã tiveram papel fundamental no formato em disco espiralado da Via Láctea.

ilustração da galáxia anã de Sagitário e da Via Láctea 

© Nature (ilustração da galáxia anã de Sagitário e da Via Láctea)

O estudo contradiz a hipótese mais em voga, que diz que a Via Láctea não teria sofrido influências externas ao ser formada.

O impacto cósmico formou um fluxo de estrelas e elas foram "puxadas" pela Via Láctea. As sobras remanescentes transpassaram o disco e se perderam.

O pesquisador Chris Purcell e seus colegas da Universidade da Califórnia (EUA) chegaram a essa conclusão com simulações feitas em computador, tendo como objeto de estudo a galáxia anã de Sagitário.

No modelo, dois arcos foram produzidos. Um deles se assemelhou ao anel conhecido como Monoceros, um conjunto de estrelas que envolve a Via Láctea.

Isso provou, defende o grupo, que a Via Láctea pode agregar à sua formação fenômenos externos e não se gerou sozinha.

Fonte: Nature

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O remoto aglomerado globular da Via Láctea

O Telescópio Espacial Hubble focalizou um aglomerado globular de estrelas compacto e distante que se localiza numa das menores constelações do céu, a Delphinus, o Golfinho.
aglomerado globular NGC 7006
© Hubble (aglomerado globular NGC 7006)
Devido ao seu tamanho modesto, à sua grande distância e ao seu baixo brilho relativo, o NGC 7006 é muitas vezes ignorado pelos astrônomos amadores. Mas mesmo os aglomerados globulares, mais remotos como esse aparecem brilhantes e claros quando fotografados pela Advanced Camera for Surveys do Telescópio Espacial Hubble.
O NGC 7006 reside nos subúrbios da Via Láctea. Ele está a uma distância aproximada de 135.000 anos-luz da Terra, cinco vezes a distância entre o Sol e o centro da galáxia, e é parte do halo galáctico. O halo galáctico é uma região aproximadamente esférica da Via Láctea formada por matéria escura, gás e aglomerados globulares distribuídos de forma esparsa.
Como outros aglomerados globulares remotos, o NGC 7006 fornece pistas importantes para os astrônomos entenderem como as estrelas se formaram e se agruparam no halo. O aglomerado tem uma órbita muito excêntrica indicando que pode ter se formado de forma independente, numa pequena galáxia fora da nossa própria e que foi posteriormente capturado pela Via Láctea.
Embora o NGC 7006 seja muito distante para um aglomerado globular da Via Láctea, ele é muito mais próximo do que muitas galáxias que podem ser vistas no plano de fundo dessa imagem. Cada uma dessas nebulosidades apagadas é provavelmente acompanhada de muitos aglomerados globulares similares ao NGC 7006 mas que são muito apagados para serem observados até mesmo pelo Hubble.
Fonte: ESA

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Atmosfera dinâmica de anã marron

Uma equipe de astrônomos liderada por Jacqueline Radigan da Universidade de Toronto observou variações extremas no brilho de uma anã marron próxima que parecem indicar a existência de grandes tempestades na sua atmosfera.
ilustração de uma anã castanha
© Jon Lomberg (ilustração de uma anã castanha)
A anã marron é designada por 2MASS J21392676+0220226 (2MASS = Two Micron All-Sky Survey), é antiga e portanto teve tempo para se arrefecer substancialmente libertando grande parte do calor acumulado na sua formação. Os modelos teóricos mostram que as atmosferas destas anãs marrons frias deverá ser muito semelhante à dos Júpiteres Quentes.
A explicação mais simples para estas variações de brilho consiste na formação de nuvens na atmosfera da anã marron que aumentam o seu albedo (refletividade) temporariamente. As nuvens formam-se quando pequenos grãos de poeira formados por silicatos e metais se condensam na atmosfera tórrida destes corpos. Outra explicação possível consiste na formação de zonas transparentes na atmosfera que permitem temporariamente observar as suas camadas mais interiores e quentes. As observações, realizadas no telescópio de 2,5 metros do observatório de Las Campanas, no Chile, mostram que a anã marron varia de brilho de forma evidente e por vezes muito rapidamente, por exemplo, aumentando o brilho em 30% em pouco menos de 8 horas. As variações são visíveis nos dados obtidos ao longo de semanas e meses pela equipe, sugerindo uma atmosfera muito dinâmica.
O trabalho foi apresentado na conferência Extreme Solar Systems II, em Jackson Hole, Wyoming, Estados Unidos.
Fonte: Universidade de Toronto

Descobertos cinquenta novos exoplanetas

O espectrógrafo HARPS montado no telescópio de 3,6 metros instalado no Observatório de La Silla do ESO, no Chile, é o descobridor de planetas mais bem sucedido de todo o mundo.
ilustração da super-Terra HD 85512 b
© ESO (ilustração da super-Terra HD 85512 b)
A equipe HARPS, liderada por Michel Mayor (Universidade de Genebra, Suíça), anunciou hoje a descoberta de mais de 50 novos exoplanetas que orbitam estrelas próximas, incluindo 16 super-Terras. Este é o maior número de planetas deste tipo anunciado de uma só vez. As novas descobertas foram anunciadas num congresso científico internacional sobre Sistemas Solares Extremos, que juntou 350 especialistas de exoplanetas no Wyoming, EUA.
“A colheita de descobertas obtida pelo HARPS excedeu todas as expectativas e inclui uma população excepcionalmente rica em planetas do tipo super-Terra e do tipo de Netuno, que orbitam estrelas muito semelhantes ao nosso Sol. Mais ainda - os novos resultados mostram que a taxa de descobertas está aumentando,” diz Mayor.
Nos últimos oito anos, desde que começou a observar estrelas do tipo do Sol utilizando o método das velocidades radiais, o HARPS foi usado para descobrir mais de 150 novos planetas. Cerca de dois terços de todos os exoplanetas conhecidos com massas menores que Netuno foram descobertos pelo HARPS. Estes resultados excepcionais são o fruto de várias centenas de noites de observação do HARPS.
Trabalhando com o HARPS  onde foram observadas 376 estrelas do tipo solar, os astrônomos conseguiram estimar muito melhor qual a probabilidade  de uma estrela como o Sol abrigar planetas de pequena massa (em oposição a planetas gigantes gasosos). Descobriu-se que cerca de 40% destas estrelas possuem em órbita pelo menos um planeta de massa menor que Saturno. A maioria dos exoplanetas com massas da ordem de Netuno ou menores parecem encontrar-se em sistemas que apresentam planetas múltiplos.
Com sistemas de hardware e de software em processo de atualização, o HARPS  está sendo preparado para o próximo nível de estabilidade e sensibilidade no intuito de procurar planetas rochosos que possam suportar vida. Dez estrelas próximas semelhantes ao Sol foram selecionadas para um novo rastreio. Estas estrelas já tinham sido observadas pelo HARPS e sabia-se serem adequadas para medições de velocidades radiais extremamente precisas. Após dois anos de trabalho a equipe de astrônomos descobriu cinco novos planetas com massas cinco vezes menores que a massa da Terra.
“Estes planetas estarão entre os alvos principais dos futuros telescópios espaciais, que procurarão sinais de vida nas atmosferas dos planetas procurando assinaturas químicas tais como evidência de oxigênio,” explica Francesco Pepe (Observatório de Genebra, Suíça), o autor principal de um dos recentes artigos científicos.
Para um destes novos planetas recentemente anunciados, HD 85512 b, estima-se uma massa de apenas 3,6 vezes a massa da Terra. O planeta situa-se no limite da zona de habitabilidade - uma zona estreita em torno de uma estrela na qual, se as condições forem as corretas, a água pode estar presente sob a forma líquida.
“Este é o planeta de menor massa descoberto pelo método das velocidades radiais que se encontra potencialmente na zona de habitabilidade da sua estrela, e o segundo planeta de menor massa descoberto pelo HARPS dentro da zona de habitabilidade,” acrescenta Lisa Kaltenegger (Instituto Max Planck para a Astronomia, Heidelberg, Alemanha e Harvard Smithsonian Center for Astrophysics, Boston, EUA), especialista em habitabilidade de exoplanetas.
A precisão cada vez maior do novo rastreio do HARPS permite agora detectar planetas abaixo das duas massas terrestres. O HARPS tem atualmente uma sensibilidade que torna possível detectar amplitudes de velocidade radial significativamente menores que 4 km/hora - menores que a velocidade do caminhar humano.
“A detecção do exoplaneta HD 85512 b está longe do limite observacional do HARPS, o que demonstra bem a possibilidade de descobrir outras super-Terras em zonas de habitabilidade situadas em torno de estrelas semelhantes ao Sol,” acrescenta Mayor.
Estes resultados tornam os astrônomos confiantes de que estarão próximo de descobrir outros pequenos planetas rochosos habitáveis em torno de estrelas semelhantes ao nosso Sol. Para este efeito planjeam-se novos instrumentos, nos quais se inclui uma cópia do HARPS a ser instalada no Telescopio Nazionale Galileo nas ilhas Canárias, que fará um rastreio das estrelas no céu setentrional, e um descobridor de planetas novo e mais poderoso, chamado ESPRESSO, a ser instalado no Very Large Telescope do ESO em 2016. Olhando ainda para mais longe no futuro, também o instrumento CODEX previsto para o European Extremely Large Telescope (E-ELT) levará esta técnica muito mais além.
“Nos próximos dez a vinte anos deveremos ter uma primeira lista de planetas potencialmente habitáveis na vizinhança do Sol. Uma tal lista torna-se essencial antes que experiências futuras possam procurar possíveis assinaturas de vida nas atmosferas dos exoplanetas, através de espectroscopia,” conclui Michel Mayor, que descobriu em 1995 o primeiro exoplaneta em torno de uma estrela normal.
Fonte: ESO

sábado, 10 de setembro de 2011

O confisco de estrelas

A Via Láctea possui um sistema de galáxias satélites que a acompanham na sua jornada pelo Universo.
Grande Nuvem de Magalhães
© Spitzer (Grande Nuvem de Magalhães)
Desse séquito, duas galáxias se destacam: a Grande e Pequena Nuvens de Magalhães. Elas são muito difíceis de serem observadas do hemisfério norte, pois estão muito ao sul, tanto que os primeiros registros por observadores europeus são do final do século 15.
Astrônomos persas, em posição mais favorável, já relatavam as duas nuvens por volta do ano 960. A Grande Nuvem de Magalhães está a 160 mil anos-luz de distância, enquanto a Pequena Nuvem está a uns 200 mil.
Pequena Nuvem de Magalhães
© Hubble (Pequena Nuvem de Magalhães)
Mesmo a essas distâncias, as nuvens sofrem com a força gravitacional da Via Láctea e são fortemente deformadas, tanto que ambas são classificadas como irregulares, apesar de terem evidências de uma barra – estrutura central que mudaria essa classificação.
Mas a recíproca é verdadeira e alguns estudos tentam mostrar que a interação das nuvens com o gás da Via Láctea produz surtos violentos de formação de estrelas. Além disso, há uns 2,5 bilhões de anos as duas nuvens devem ter se chocado, como indica uma “ponte” de gás entre elas.
Recentemente, um grupo de pesquisadores dos EUA publicou um trabalho no Astrophysical Journal mostrando que as duas nuvens têm mais em comum do que a ponte de gás descoberta nos anos 1960.
Analisando dados do telescópio espacial Spitzer, o grupo de pesquisadores liderados por Robert Blum e Knut Olsen selecionou por volta de 6 mil estrelas gigantes e supergigantes na Grande Nuvem. Usando o telescópio de 4 metros do Observatório Inter-americano de Cerro Tololo, no Chile, eles obtiveram o espectro de 4,6 mil dessas estrelas e chegaram à conclusão de que 5% das estrelas da Grande Nuvem não devem ter nascido nela. Como eles chegaram a essa conclusão?
As estrelas observadas parecem ter rotação em direção diferente da grande maioria das estrelas da região. Isso sugere que elas não se formaram do mesmo material. Além disso, a composição química das estrelas também é diferente. Elas têm menos elementos pesados como o ferro e o cálcio. Mas, de onde então teriam saído essas estrelas? Da Pequena Nuvem! As estrelas dessa galáxia têm essa mesma deficiência em ferro e cálcio.
Ninguém nunca tinha percebido isso antes: a ponte que interliga as duas regiões é apenas de gás. Agora sabemos que além de gás, a Grande Nuvem de Magalhães rouba também estrelas! Esse fato pode ajudar a entender como uma das regiões de formação de estrelas mais ativas já observadas nasceu, a chamada região de 30 Doradus.
O impacto dessas estrelas roubadas da Pequena Nuvem causa uma forte onda de choque no gás da Grande Nuvem. Essa onda de choque é forte o suficiente para comprimir o gás, estimulando a formação de estrelas de grande massa.
A imagem abaixo mostra a Grande Nuvem de Magalhães como vista no infravermelho pelo Spitzer. As bolinhas mostram a posição de algumas das estrelas roubadas e as suas cores indicam a direção das velocidades delas: em azul, as estrelas que estão se movendo na nossa direção; em vermelho, as que estão se movendo na direção oposta.
Fonte: Globo G1

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Sonda Kepler descobre novo exoplaneta

Um planeta que ainda não pode ser visto da Terra foi detectado pela sonda Kepler.
ilustração do exoplaneta Kepler-19c
© David A. Aguilar (ilustração do exoplaneta Kepler-19c)
Chamado de Kepler-19c, o recém-descoberto planeta é vizinho do Kepler-19b e foi achado graças à órbita irregular dele.
Os cientistas observaram que a movimentação do planeta ocorria ora mais rápido, ora mais devagar, e concluiram que esta translação incomum estaria relacionado com a presença de outro planeta, mesmo que ele ainda não possa ser visto.
A astrônoma Sarah Ballard, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, afirmou que este planeta invisível foi achado em função da influência exercida sobre o outro, já conhecido. Sarah é a autora do estudo, que foi aceito para publicação no Astrophysical Journal.
O Kepler-19b orbita a estrela Kepler 19, que está a 650 anos-luz da Terra, na constelação de Lyra. Porém, em relação ao novo planeta, faltam informações.
Até agora os astrônomos não sabem detalhes sobre o "mundo invisível" chamado Kepler-19c, afirmando apenas que ele existe. A sonda Kepler não detectou que o planeta transite a estrela, o que sugere que sua órbita esteja inclinada em relação a Kepler-19b.
O Kepler-19c, de acordo com os dados obtidos, poderia ser um planeta rochoso em uma órbita circular de 5 dias ou um planeta gasoso gigante em uma órbita oblonga de 100 dias.
Se Kepler-19b estivesse sozinho, realizaria a translação regularmente. Contudo, a aceleração ou atraso deste trânsito mostra qua existe a interferência de um outro corpo.
O planeta Netuno foi descoberto de forma semelhante. Astrônomos que rastreavam Urano notaram que sua órbita não correspondia às previsões. Eles perceberam que um planeta mais distante poderia interferir o deslocamento de Urano e calcularam o local esperado, e em seguida, Netuno foi encontrado por telescópios na posição prevista.
A sonda Kepler, responsável pela descoberta, continuará a acompanhar Kepler-19 ao longo de sua missão. Os dados ajudarão a conhecer a órbita de Kepler-19c.
Fonte: Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics

O primeiro asteroide troiano de Júpiter

O observatório ISON-NM decobriu o primeiro asteroide troiano de Júpiter, recebendo a designação 2011 QJ9.
asteroides troianos e Júpiter
© Petr Scheirich (asteroides troianos e Júpiter)
Após o aparecimento deste objeto na página de confirmação NEO, e depois de refinamento de sua órbita em 24 de agosto, tornou-se possível comparar às observações obtidas em 28 de agosto pela Pan-STARRS. No grupo de pesquisadores do observatório ISON-NM consta o russo Leonid Elenin, descobridor do cometa Elenin (C/2010 X1).
O número total de asteroides gregos (3176) é o dobro de asteroides troianos (1700). O 2011 QJ9 é um objeto bastante grande, com um diâmetro da ordem de 5,5 km, embora para esta família de asteroides, é um objeto muito pequeno. O maior asteroide troiano é superior a 100 km de diâmetro.
Fonte: SpaceObs

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Estrelas jovens nas luzes da ribalta

Os observadores do céu ignoram muitas vezes o NGC 2100 devido à sua proximidade  com a impressionante nebulosa da Tarântula e o superaglomerado estelar RMC 136.
o aglomerado NGC 2100 próximo da nebulosa Tarântula
© ESO (o aglomerado NGC 2100 próximo da nebulosa Tarântula)
Nesta imagem o gás brilhante da nebulosa da Tarântula tenta ainda roubar o protagonismo a este aglomerado estelar - as cores brilhantes que aqui aparecem pertencem às regiões mais exteriores da nebulosa. Esta imagem foi criada a partir de exposições obtidas através de diferentes filtros de cor utilizando o instrumento EMMI, montado no New Technology Telescope, instalado no Observatório de La Silla do ESO, no Chile.  As estrelas aparecem com as suas cores naturais, enquanto que a radiação emitida pelo hidrogênio ionizado (em vermelho) e pelo oxigênio (em azul) se encontra sobreposta.
o aglomerado NGC 2100 na Grande Nebulosa de Magalhães
© ESO (o aglomerado NGC 2100 na Grande Nebulosa de Magalhães)
As cores que aparecem nas nebulosas dependem das temperaturas das estrelas que as iluminam. As estrelas quentes jovens da nebulosa da Tarântula, que se situam no superaglomerado estelar RMC 136, encontram-se em cima e à direita desta imagem e são suficientemente poderosas para fazerem brilhar o oxigênio, aparecendo na imagem como uma nebulosidade azul. Por baixo do NGC 2100 o brilho vermelho indica que ou se atingiu as regiões mais afastadas de influência das estrelas quentes da RMC 136 ou estrelas mais velhas e frias, que são apenas capazes de excitar o hidrogênio, são a influência dominante nesta região. As estrelas que compõem o NGC 2100 são mais velhas e menos energéticas e por isso têm pouca ou nenhuma nebulosidade associada a elas.
Os aglomerados de estrelas são grupos de estrelas que se formaram mais ou menos ao mesmo tempo a partir de uma única nuvem de gás e poeira. As estrelas de maior massa  tendem a formar-se no centro do aglomerado, enquanto que as de menor massa dominam as regiões mais exteriores. Este fato, juntamente com o maior número de estrelas concentradas no centro, torna o centro do aglomerado mais brilhante que as suas regiões exteriores.
O NGC 2100 é um aglomerado aberto, o que significa que as estrelas estão ligadas gravitacionalmente de modo relativamente solto. Estes aglomerados têm um tempo de vida que se mede em dezenas ou centenas de milhões de anos, já que eventualmente se dispersam devido a interações gravitacionais com outros corpos. Os aglomerados globulares que, à primeira vista, parecem similares, contêm muito mais estrelas velhas e estão ligados gravitacionalmente de maneira muito mais forte, tendo por isso tempos de vida muito maiores: mediram-se em muitos aglomerados globulares idades tão antigas como a do próprio Universo. Assim, embora o NGC 2100 possa ser mais velho que os seus vizinhos da Grande Nuvem de Magalhães, é ainda considerado um jovem pelos padrões dos aglomerados estelares.
Fonte: ESO

As bombas relógio cósmicas na Via Láctea

Astrônomos suspeitam que algumas estrelas muito velhas são mantidas coesas pela sua altíssima velocidade. Tão logo elas diminuam de velocidade, essas "bombas-relógio" cósmicas explodirão como supernovas.
ilustração de uma bomba relógio cósmica
© CfA/David A. Aguilar (ilustração de uma bomba relógio cósmica)
Essas estrelas, são as anãs-brancas, estrelas muito velhas que consumiram todo o seu combustível, não sustentando mais a fusão nuclear.
Quando elas se tornam maciças demais, explodem, criando as chamadas supernovas tipo Ia.
Há duas possibilidades para que isso aconteça: uma anã-branca rouba matéria de outra estrela vizinha ou duas anãs-brancas colidem.
Enquanto a primeira possibilidade parece estatisticamente muito mais provável, se ela fosse verdadeira deveríamos encontrar um monte de hidrogênio e gás nas proximidades das supernovas, vindo do que sobrou da outra estrela - mas até hoje os astrônomos não encontraram nada.
A nova teoria é que é a velocidade que determina quando uma anã-branca explode.
Conforme a anã-branca ganha massa, ela também ganha momento angular, o que aumenta sua velocidade. Se ela girar rápido o suficiente, seu giro pode ajudar a sustentá-la até que ela atinja a chamada massa de Chandrasekhar (1,4 vez a massa do Sol), que se acredita ser a massa necessária para que a anã-branca colapse sob seu próprio peso e exploda.
Quando ela suga toda a matéria ao seu redor, a anã-branca vai começar a diminuir de velocidade. Eventualmente, o giro não será mais suficiente para contrabalançar sua gravidade. Nesse momento ela explode criando uma supernova Ia.
Os astrônomos calculam que surjam três supernovas Ia na Via Láctea a cada 1.000 anos. Se uma super anã-branca leva milhões de anos para diminuir de velocidade e explodir, então os cálculos sugerem que pode haver dúzias dessas iminentes supernovas em um raio de alguns milhares de anos-luz em torno da Terra, e muitas mais pela galáxia toda.
Os precursores de supernova são difíceis de serem detectados. No entanto, pesquisas realizadas nas instalações do Pan-STARRS e no Large Synoptic Survey Telescope deverão ser capazes de identificá-los.
Fonte: The Astrophysical Journal

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Uma estrela do mar no céu

Na constelação da Aquila, a Águia, localiza-se uma estrela que está na fase final de sua vida e que é circundada por uma nuvem de gás e poeira que tem uma forma de uma estrela do mar.
© ESA (nebulosa protoplanetária IRAS 19024+0044)
Uma imagem espetacular desse objeto conhecido como IRAS 19024+0044 foi capturada pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA e ESA.
Nebulosas protoplanetárias oferecem um breve olhar sobre como as estrelas similares ao Sol terminam suas vidas e como elas fazem a transição para uma estrela do tipo anã branca envolvida por suas nebulosas planetárias. À medida que envelhece uma estrela parecida com o Sol eventualmente expele suas camadas externas para o espaço, criando uma bela e as vezes intrigante nuvem de gás e poeira com formas estranhas ao seu redor. Num primeiro momento, ainda relativamente fria, a estrela é incapaz de ionizar esse gás, que brilha somente pela luz refletida e dispersada pela estrela. Somente quando a temperatura da estrela atinge um grau suficiente para ionizar essa nebulosa protoplanetária o padrão de gás e poeira torna-se totalmente formado por ela.
Nebulosas protoplanetárias são relativamente raras e são objetos de vida curta que fornece pistas de como as vezes as nebulosas planetárias estranhamente assimétricas são formadas. Pode-se ver claramente nessa imagem cinco lobos azuis que se estendem para fora da estrela central e dá à nebulosa essa forma de uma estrela do mar assimétrica. Enquanto os astrônomos desenvolvem teorias para a origem dessas estruturas, como as mudanças de direção dos jatos ou ejeções explosivas de matéria da estrela, sua formação ainda não é completamente entendida.
A IRAS 19024+0044 é azul em cor pois o componente azul da luz vinda da estrela é mais facilmente dispersado pelo gás e pela poeira na nebulosa, enquanto que os raios vermelhos e laranjas não são efetivamente afetados. Isso é similar ao que acontece com a luz do Sol na atmosfera da Terra, fazendo com que o céu tenha a tonalidade azul.
Fonte: ESA