Uma equipe internacional de astrônomos dos Estados Unidos e do Chile detectou três planetas gigantes no sistema HD 133131, um par de estrelas gêmeas que se eclipsam mutuamente a cada 4.240 anos.
© Robin Dienel (ilustração de um sistema estelar binário e três exoplanetas)
O sistema HD 133131, também conhecido como HIP 73674, está localizado a aproximadamente 163 anos-luz da Terra. Este sistema binário foi descoberto em 1972 pelos astrônomos da Universidade do Chile Jurgen Stock e Herbert Wroblewski. Os cientistas estimam sua idade em 9,5 bilhões de anos, em comparação com 4,6 bilhões de anos para o nosso Sol.
Os dois componentes deste binário, HD 133131A e HD 133131B, são gêmeas de tipo espectral idêntico, G2V, que é o mesmo que o Sol.
As estrelas são separadas por apenas 360 UA (unidades astronômicas), tornando-as o par gêmeo mais estreitamente separado com os planetas detectados. O próximo sistema binário mais próximo que hospeda planetas é composto por duas estrelas que estão separadas a cerca de 1.000 UA.
A HD 133131A hospeda dois planetas moderadamente excêntricos. Os planetas possuem cerca de 1,4 e 0,6 vezes a massa de Júpiter, respectivamente, e orbitam sua estrela progenitora a 1,44 e 4,79 UA.
A HD 133131B hospeda um planeta que tem 2,5 vezes a massa de Júpiter e orbita sua estrela a uma distância de 6,4 UA.
O sistema HD 133131 também é incomum porque ambos os componentes são pobres em metal, o que significa que a maior parte de sua massa é hidrogênio e hélio, ao contrário de outros elementos como ferro ou oxigênio.
A maioria das estrelas que hospedam planetas gigantes é rica em metal. Somente seis outros sistemas binários pobres em metal com exoplanetas foram encontrados, tornando esta descoberta especialmente intrigante.
Os pesquisadores usaram análises muito precisas para revelar que as estrelas não são realmente gêmeas idênticas como se pensava anteriormente, mas têm composições químicas ligeiramente diferentes, tornando-as mais parecidas com o equivalente estelar de gêmeos fraternos.
Isto poderia indicar que uma estrela engoliu alguns planetas primordiais no início de sua vida, mudando ligeiramente sua composição. Alternativamente, as forças gravitacionais dos planetas gigantes detectados que permaneceram podem ter tido um forte efeito em pequenos planetas totalmente formados, lançando-os para a estrela ou para o espaço.
"A probabilidade de encontrar um sistema com todos esses componentes era extremamente pequena, então estes resultados servirão como uma importante referência para a compreensão da formação de planetas, especialmente em sistemas binários," disse a autora principal, a Dra. Johanna Teske, da Carnegie Institution for Science, em Washington.
A descoberta é a primeira detecção de exoplanetas feita com base apenas nos dados do Planet Finder Spectrograph, um espectrógrafo óptico de alta precisão operando com o telescópio Magellan II de 6,5 m no Observatório Las Campanas, no Chile.
"Estamos tentando descobrir se planetas gigantes como Júpiter têm frequentemente órbitas longas ou excêntricas. Se este for o caso, seria uma pista importante para descobrir o processo pelo qual nosso Sistema Solar se formou, e pode nos ajudar a entender onde os planetas habitáveis são susceptíveis de serem encontrados," explicou Teske.
As descobertas foram aceitas para publicação no periódico Astronomical Journal.
Fonte: Carnegie Institution for Science