quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Um exoplaneta está evaporando lentamente sua atmosfera

Um jovem planeta que gira em torno de uma petulante estrela anã vermelha está mudando de forma imprevisível, órbita a órbita.

© STScI (exoplaneta passando em frente da estrela anã vermelha AU Microscopii)

Está tão próximo da sua estrela hospedeira que recebe um surto torrencial e consistente de energia, que evapora a sua atmosfera de hidrogênio, fazendo com que esta se desprenda do planeta. 

Mas durante uma órbita observada com o telescópio espacial Hubble, o planeta pareceu não estar perdendo qualquer material, enquanto numa outra órbita observada com o Hubble ano e meio depois mostrava sinais claros de perda atmosférica. Esta extrema variabilidade entre órbitas foi surpreendente. 

Localizada a 32 anos-luz da Terra, a estrela AU Microscopii (AU Mic) abriga um dos sistemas planetários mais jovens alguma vez observados. A estrela tem menos de 100 milhões de anos (uma pequena fração da idade do nosso Sol, que tem 4,6 bilhões de anos). O planeta mais interior, AU Mic b, tem um período orbital de 8,46 dias e está a apenas 9,6 milhões de quilômetros da estrela (cerca de 1/10 da distância do planeta Mercúrio ao nosso Sol). O planeta gasoso e inchado tem cerca de quatro vezes o diâmetro da Terra. AU Mic b foi descoberto pelos telescópios espaciais Spitzer e TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite) da NASA em 2020. Foi detectado através do método de trânsito, o que significa que os telescópios podem observar uma ligeira diminuição do brilho da estrela quando o planeta passa à sua frente. 

As anãs vermelhas como AU Microscopii são as estrelas mais abundantes da nossa Galáxia, a Via Láctea. Por conseguinte, devem abrigar a maioria dos planetas da nossa Galáxia. Mas poderão os planetas como AU Mic b, que orbitam estrelas anãs vermelhas, ser hospitaleiros para a vida? 

Um dos principais desafios é o fato de as anãs vermelhas jovens terem ferozes erupções estelares que liberam radiação devastadora. Este período de grande atividade dura muito mais tempo do que o de estrelas como o nosso Sol. As erupções são alimentadas por campos magnéticos intensos que ficam emaranhados devido aos movimentos da atmosfera estelar. Quando o emaranhado se torna demasiado intenso, os campos quebram-se e voltam a ligar-se, liberando enormes quantidades de energia que são 100 a 1.000 vezes mais energéticas do que o nosso Sol libera nas suas explosões. 

Nestas condições tórridas, os planetas que se formam nos primeiros 100 milhões de anos após o nascimento da estrela devem sofrer a maior quantidade de fuga atmosférica. Isto pode acabar por despojar completamente um planeta da sua atmosfera.

Embora o brilho da estrela impeça o Hubble de ver o planeta diretamente, o telescópio pode medir as alterações no brilho aparente da estrela causadas pelo hidrogênio que foge do planeta e que escurece a luz da estrela quando o planeta transita. Este hidrogênio atmosférico foi aquecido ao ponto de escapar à gravidade do planeta. As mudanças nunca antes vistas no fluxo atmosférico de AU Mic b podem indicar uma variabilidade rápida e extrema nos surtos da anã vermelha hospedeira. Há tanta variabilidade porque a estrela tem muitas linhas de campo magnético. 

Uma possível explicação para a ausência de hidrogênio durante um dos trânsitos do planeta é que uma poderosa erupção estelar, observada sete horas antes, pode ter fotoionizado o hidrogênio em fuga ao ponto deste se tornar transparente à luz, não sendo assim detectável. Outra explicação é que o próprio vento estelar está moldando o fluxo planetário, tornando-o observável em alguns momentos e não observável em outros. 

Este fenômeno está previsto em alguns modelos, como os de John McCann e Ruth Murray-Clay da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, mas este é o primeiro tipo de evidência observacional de que tal acontece e num grau tão extremo. As observações de acompanhamento, pelo telescópio espacial Hubble, de mais trânsitos de AU Mic b deverão fornecer pistas adicionais sobre a estranha variabilidade da estrela e do planeta, testando ainda mais os modelos científicos do escape e da evolução da atmosfera exoplanetária. 

Um artigo científico foi aceito para publicação no periódico The Astronomical Journal

Fonte: Space Telescope Science Institute

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Uma rara e misteriosa fonte de rádio está emitindo há três décadas

Em 1988, radiotelescópios captaram um sinal transiente de 15.000 anos-luz de distância dentro da constelação de Scutum, o Escudo. Mas permaneceu despercebido por três décadas.

© ICRAR (ilustração de um magnetar emitindo raios X)

Os astrofísicos recentemente redescobriram o objeto, onde sua fonte pode ser um magnetar, um tipo raro de estrela de nêutrons com um poderoso campo magnético que envia energia para o espaço enquanto gira. 

Nomeada GPM J1839-10, esta estrela exibe um comportamento diferente de qualquer outro observado anteriormente. Todos os outros magnetares conhecidos têm períodos rápidos que variam de alguns segundos a alguns minutos. Mas o objeto recém-descoberto produz poderosas rajadas de radiação de cinco minutos a cada 21 a 22 minutos, tornando-o de longe o magnetar de período mais prolongado já detectado.

A descoberta levanta questões sobre a evolução e formação de magnetares e pode ajudar os pesquisadores a entender ocorrências misteriosas como rajadas rápidas de rádio, que também se acredita que surjam em magnetares. 

As estrelas de nêutrons são remanescentes estelares às vezes deixados para trás depois que uma estrela massiva se transforma em supernova no final de sua vida. Estas estrelas têm campos magnéticos tão poderosos quanto cem trilhões de ímãs de geladeira. Os magnetares são uma subclasse de estrelas de nêutrons com um campo magnético extremamente forte. Os campos magnéticos dos magnetares são mil vezes mais fortes que as estrelas de nêutrons comuns e um trilhão de vezes mais que o Sol. Às vezes, os magnetares também emitem pequenas rajadas de radiação. 

Existem apenas uma dúzia de magnetares conhecidos, e os astrônomos ainda não conhecem as condições específicas que criam magnetares. Eles normalmente emitem radiação em raios X de alta energia, em vez de ondas de rádio de baixa energia. Portanto, a maioria dos magnetares foi detectada primeiro com telescópios de raios X, não com radiotelescópios.

Antes de encontrar o GPM J1839-10, os astrônomos notaram um objeto de rádio misterioso diferente, apelidado de GLEAM-X J162759.5–523504.3 (GLEAM-X J1627 para abreviar), em 2018. Com um período de 18 minutos, parecia ser um magnetar com um chamado período ultralongo muito maior do que outros objetos conhecidos. A equipe publicou um estudo na Nature em 2022 descrevendo a estranha fonte.

Sabe-se que um número muito pequeno de magnetares produz ondas de rádio por algumas semanas a meses. Estes magnetares de rádio, há cerca de seis ou sete deles, foram os mais adequados para esta fonte de 18 minutos. A equipe escaneou os céus com o Murchison Widefield Array entre julho e setembro de 2022 para procurar objetos semelhantes ao magnetar anterior. O telescópio, localizado no interior da Austrália Ocidental, encontrou o GPM J1839-10, que emite flashes de energia que duram até cinco minutos, cinco vezes mais que o GLEAM-X J1627, cujos pulsos duram apenas cerca de um minuto. Outros telescópios, incluindo três telescópios CSIRO na Austrália, o radiotelescópio MeerKAT na África do Sul, o Gran Telescopio Canarias na Espanha e o telescópio espacial XMM-Newton seguiram para confirmar suas características únicas.

A equipe pesquisou arquivos dos radiotelescópios do mundo para ver se o possível magnetar foi observado anteriormente. Eles descobriram que o objeto estava escondido à vista de todos há décadas, com registros de GPM J1839-10 datados de 1988 do NRAO Very Large Array no Novo México. Encontrar o objeto em dados de arquivo permitiu à equipe confirmar sua existência. 

Por outro lado, os sinais de rádio do GLEAM-X J1627 duraram três meses em oito anos de observações. Talvez o mais intrigante, quando a equipe procurou GPM J1839-10 com um telescópio de raios X, eles descobriram que não estava produzindo nenhum raio X. Então, a falta de emissão de raios X do GPM J1839-10, juntamente com seu longo período, torna um pouco mais difícil acreditar que possa ser um magnetar. Nem todas as estrelas de nêutrons produzem ondas de rádio. Alguns são encontrados abaixo do que é conhecido como “linha da morte”, onde o campo magnético de uma estrela de nêutrons se torna muito fraco e sua rotação é muito lenta para gerar emissão de rádio.

Em vez de uma estrela de nêutrons, GPM J1839-10 poderia ser uma estranha anã branca altamente magnética. As anãs brancas, que são os núcleos remanescentes de estrelas semelhantes ao Sol que não explodem, têm campos magnéticos menos intensos do que as estrelas de nêutrons (e especialmente os magnetares). As anãs brancas são maiores que as estrelas de nêutrons e, portanto, giram mais lentamente, o que poderia explicar o longo período de GPM J1839-10. 

Ou, claro, há um terceiro cenário: o GPM J1839-10 pode ser um objeto totalmente novo nunca antes visto nos céus. Seja o que for, à medida que mais objetos como GPM J1839-10 e GLEAM-X J1627 são encontrados, eles sugerem que as fontes de rádio de período ultralongo não são tão raras quanto se pensava.

Detalhes sobre a redescoberta foram publicados na revista Nature.

Fonte: Astronomy

Fusões de galáxias elucidam o modelo de evolução galáctica

Um astrônomo australiano resolveu um mistério centenário sobre a forma como as galáxias evoluem de um tipo para outro.

© Gemini (NGC 4567 e NGC 4568)

O mesmo estudo mostra que a Via Láctea nem sempre foi uma espiral. O trabalho do professor Alister Graham, da Universidade de Swinburne, utiliza observações e conhecimentos novos e antigos para revelar como ocorre a especiação das galáxias. 

Nas décadas de 1920 e 1930, o astrônomo Edwin Hubble e outros estabeleceram uma sequência de variações na anatomia das galáxias, agora conhecida como classificação de Hubble ou diagrama de Hubble. Esta sequência carece de trajetórias evolutivas, mas continua sendo amplamente utilizada para classificar as galáxias com base no seu aspecto visual. 

As galáxias podem conter bilhões de estrelas que seguem ordenadamente órbitas circulares num disco apinhado num aglomerado esférico ou em forma de elipse. Estes discos podem conter padrões espirais, sendo que estas galáxias espirais definem um dos extremos da classificação de Hubble, há muito conhecida. Nesta sequência, as galáxias em forma de lentilha, conhecidas como galáxias lenticulares, com uma estrutura esférica central num disco sem espiral, foram consideradas a população de transição entre as galáxias espirais dominadas pelo disco, como Via Láctea, e as galáxias de forma elíptica, como M87. 

No novo estudo, o professor Graham analisou imagens ópticas do telescópio espacial Hubble e imagens infravermelhas do telescópio espacial Spitzer de 100 galáxias próximas. Comparando a sua massa estelar e a massa do buraco negro central, descobriu dois tipos de galáxias lenticulares: velhas e pobres em poeira, e ricas em poeira. 

As galáxias lenticulares ricas em poeira são construídas a partir de fusões de galáxias espirais. As galáxias espirais podem ter um pequeno esferoide central e um disco contendo braços espirais de estrelas, gás e poeira que se estendem para fora do centro. As galáxias lenticulares poeirentas têm esferoides e buracos negros notavelmente mais proeminentes do que as galáxias espirais e do que as galáxias lenticulares pobres em poeira. Numa reviravolta dos acontecimentos, este estudo mostrou que as galáxias espirais residem a meio caminho entre os dois tipos de galáxias em forma de lentilha. 

Se as galáxias lenticulares, pobres em poeira, acretam gás e material, isto pode perturbar gravitacionalmente o seu disco, induzindo um padrão espiral e alimentando a formação de estrelas, alterando a sua estrutura e forma. A Via Láctea tem várias galáxias satélites menores, como a anã de Sagitário e a anã de Cão Maior, e a sua estrutura revela uma rica história de aquisições. É provável que a Via Láctea tenha sido, em tempos, uma galáxia lenticular pobre em poeira que acretou material, incluindo a satélite Gaia Salsicha-Encélado, e que, com o tempo, evoluiu para a galáxia espiral em que vivemos atualmente. 

Imagens profundas obtidas por inúmeros telescópios terrestres nos últimos anos mostraram que esta é uma caraterística comum às galáxias espirais. Algumas aquisições serão mais dramáticas. Um acoplamento deste tipo está previsto para daqui a 4 a 6 bilhões de anos, quando a Via Láctea e a galáxia de Andrômeda colidirem. A sua colisão destruirá os atuais padrões espirais em ambas as galáxias, dando origem a uma galáxia fundida com um esferoide mais dominante, lançará muitas nuvens de poeira e será acompanhada por um aumento da massa do buraco negro central. Isto levará ao nascimento de uma galáxia lenticular rica em poeira. 

A fusão subsequente de duas galáxias lenticulares poeirentas parece ser suficiente para apagar completamente os seus discos e para criar uma galáxia elíptica, incapaz de reter nuvens de gás frio com poeira. De certa forma, as galáxias lenticulares, pobres em poeira, aparecem como um registo fóssil das galáxias primordiais do Universo. Estas galáxias dominadas por discos são muito antigas e comuns. 

A fusão de duas delas, no Universo jovem, pode explicar a recente observação pelo telescópio espacial James Webb de uma galáxia massiva dominada por um esferoide quando o Universo tinha 700 milhões de anos. Além disso, a nova pesquisa revelou também que a fusão de duas galáxias elípticas é suficiente para explicar as galáxias mais massivas do Universo atual, observadas nos centros de aglomerados de galáxias com 1.000 membros. 

Um artigo foi publicado no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. 

Fonte: Royal Astronomical Society

quinta-feira, 27 de julho de 2023

Uma estrela com "duas faces"

Pela primeira vez, os astrônomos descobriram que pelo menos um membro das anãs brancas tem duas faces.

© Caltech / K. Miller (ilustração da anã branca Jano)

Um dos lados de uma anã branca é composto por hidrogênio, enquanto o outro é composto por hélio. A superfície da anã branca muda completamente de um lado para o outro. 

As anãs brancas são os remanescentes escaldantes de estrelas que já foram como o nosso Sol. À medida que as estrelas envelhecem, transformam-se em gigantes vermelhas; eventualmente, o seu material exterior é expelido e os seus núcleos contraem-se em anãs brancas densas e escaldantes. O nosso Sol evoluirá para uma anã branca dentro de cerca de 5 bilhões de anos. 

A recém-descoberta anã branca, apelidada de Jano em homenagem ao deus romano, com duas caras, das mudanças e transições (o nome científico da anã branca é ZTF J203349.8+322901.1), foi inicialmente descoberta pelo ZTF (Zwicky Transient Facility), um instrumento que varre o céu todas as noites a partir do Observatório Palomar do Caltech, perto de San Diego, EUA. 

Os astrônomos estavam procurando anãs brancas altamente magnetizadas, como o objeto conhecido como ZTF J1901+1458. Um dos objetos candidatos destacou-se pelas suas rápidas mudanças de brilho, que foi analisada mais a fundo com o instrumento CHIMERA, também em Palomar, e o HiPERCAM no GTC (Gran Telescopio Canarias), nas Ilhas Canárias, Espanha. 

Estes dados confirmaram que Jano completa uma rotação de 15 em 15 minutos. Observações subsequentes feitas com o Observatório W. M. Keck no topo de Maunakea, no Havaí, revelaram a dramática natureza de dupla face da anã branca. A equipe usou um instrumento chamado espetrômetro para espalhar a luz da anã branca num arco-íris de comprimentos de onda que contém impressões digitais químicas. Os dados revelaram a presença de hidrogênio quando um dos lados do objeto estava à vista (sem sinais de hélio), e apenas hélio quando o outro lado era visível. 

O que é que levaria uma anã branca, flutuando sozinha no espaço, a ter faces tão drasticamente diferentes? A equipe reconhece que está perplexa, mas avançou com algumas teorias possíveis. Uma delas é que podemos estar assistindo a Jano passando por uma fase rara da evolução de uma anã branca. Após a formação das anãs brancas, os elementos mais pesados afundam-se para o núcleo e os elementos mais leves, como o hidrogênio, flutuam para o topo. Mas com o tempo, à medida que as anãs brancas arrefecem, pensa-se que os materiais se misturem. Em alguns casos, o hidrogênio é misturado no interior e diluído de tal forma que o hélio se torna mais predominante. 

A estrela Janus pode estar realizando esta fase de transição, mas uma questão premente é: porque é que a transição está acontecendo de forma tão desarticulada, com um lado evoluindo antes do outro? A resposta pode estar nos campos magnéticos, que à volta dos corpos cósmicos tendem a ser assimétricos, ou seja, mais fortes num dos lados. Os campos magnéticos podem impedir a mistura de materiais. Assim, se o campo magnético for mais forte de um lado, ele terá menos mistura e, portanto, mais hidrogênio. Outra teoria proposta pela equipe para explicar as duas faces também depende dos campos magnéticos. Mas, neste cenário, pensa-se que os campos alterem a pressão e a densidade dos gases atmosféricos. Os campos magnéticos podem levar a pressões de gás mais baixas na atmosfera, o que pode permitir a formação de um "oceano" de hidrogênio onde os campos magnéticos são mais fortes. 

Para ajudar a resolver o mistério, a equipe espera encontrar mais anãs brancas do tipo Jano com o levantamento do céu do ZTF. Futuras explorações, como as que serão efetuadas pelo Observatório Vera C. Rubin, no Chile, deverão facilitar ainda mais a descoberta de anãs brancas variáveis. 

Um artigo foi publicado na revista Nature

Fonte: W. M. Keck Observatory

Retornando às galáxias do Rio

As grandes galáxias crescem englobando as pequenas.

© R. Colombari, M. Zamani & D. de Martin (NGC 1531 & NGC 1532)

Até a nossa própria galáxia se envolve em uma espécie de canibalismo galáctico, absorvendo pequenas galáxias que estão muito próximas e são capturadas pela gravidade da Via Láctea.

Na verdade, a prática é comum no Universo e ilustrada por este impressionante par de galáxias em interação nas margens da constelação austral de Eridanus, o Rio. Localizada a mais de 50 milhões de anos-luz de distância, a grande e distorcida espiral NGC 1532 é vista travada em uma luta gravitacional com a galáxia anã NGC 1531, sendo que a galáxia menor acabará perdendo. 

Visto quase de lado, a galáxia espiral NGC 1532 se estende por cerca de 100.000 anos-luz. As galáxias em fusão são captadas nesta nítida imagem da Dark Energy Camera montada no Telescópio Blanco de 4 metros no Observatório Interamericano de Cerro Tololo, no Chile.

Acredita-se que o par NGC 1531 e NGC 1532 seja semelhante ao sistema bem estudado de espiral frontal e pequena companheira conhecido como M51.

Fonte: NASA

Nova imagem revela segredos sobre o nascimento de planetas

Uma nova imagem divulgada esta semana pelo Observatório Europeu do Sul (ESO) dá-nos pistas sobre como é que planetas com a massa de Júpiter se podem formar.

© ESO / ALMA (V960 Mon)

Com o auxílio do Very Large Telescope (VLT) do ESO e do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), os pesquisadores detectaram enormes aglomerados de poeira próximo de uma estrela jovem, que poderão colapsar e formar planetas gigantes.

O trabalho baseia-se numa imagem obtida pelo instrumento SPHERE (Spectro-Polarimetric High-contrast Exoplanet REsearch) montado no VLT, que mostra com extremo detalhe o material que rodeia a estrela V960 Mon. Esta estrela jovem situa-se a mais de 5.000 anos-luz de distância da Terra na constelação do Unicórnio e chamou a atenção dos astrônomos em 2014 quando aumentou subitamente o seu brilho em mais de vinte vezes. As observações obtidas pouco depois do início desta “explosão” de brilho, revelaram que a matéria que orbita V960 Mon está coalescendo numa série de braços espirais intrincados que se estendem ao longo de distâncias maiores que todo o nosso Sistema Solar. 

Esta descoberta motivou os astrônomos a analisarem observações existentes em arquivo do mesmo sistema obtidas pelo ALMA. As observações VLT incidem sobre a superfície da matéria poeirenta em torno da estrela, enquanto o ALMA consegue observar a sua estrutura mais profundamente. Com o ALMA, tornou-se aparente que os braços espirais estão se fragmentando, resultando na formação de aglomerados com massas semelhantes às de planetas. 

Os astrônomos acreditam que os planetas gigantes se formam ou por “acreção no núcleo”, quando grãos de poeira se juntam, ou por “instabilidade gravitacional”, quando grandes fragmentos de material em torno de uma estrela se contraem e colapsam. Apesar dos pesquisadores já terem encontrado evidências anteriores para o primeiro destes cenários, as pistas que apoiam o segundo permanecem escassas. Até agora ainda ninguém tinha visto uma observação real de instabilidade gravitacional ocorrendo em escalas planetárias.

Os instrumentos do ESO ajudarão os astrônomos a revelar mais detalhes sobre este sistema planetário em formação e o Extremely Large Telescope (ELT) desempenhará um papel crucial. Atualmente em construção no deserto chileno do Atacama, o ELT será capaz de observar este sistema com um detalhe sem precedentes. O ELT permitirá explorar a complexidade química que circunda estes aglomerados, fornecendo informações sobre a composição do material a partir do qual estão formando potenciais planetas. 

Este trabalho foi descrito num artigo científico publicado na revista da especialidade The Astrophysical Journal Letters

Fonte: ESO

domingo, 23 de julho de 2023

Novas descobertas no blazar Markarian 421

O Universo contém muitos e poderosos buracos negros supermassivos que criam fortes jatos de partículas altamente energéticas, produzindo fontes de brilho extremo na vastidão do espaço.

© NASA (ilustração da estrutura do jato de um buraco negro)

Esta ilustração mostra a estrutura do jato de um buraco negro. O jato é alimentado por um disco de acreção, mostrado na parte inferior da imagem, que orbita e cai no buraco negro ao longo do tempo. O jato é atravessado por campos magnéticos helicoidais, gerando raios X num choque originado no material que espirala em torno dos campos magnéticos helicoidais. A inserção mostra a frente de choque propriamente dita. Os raios X são gerados na região branca mais próxima da frente de choque, enquanto as emissões ópticas e de rádio devem ter origem em regiões mais turbulentas, mais afastadas do choque. Quando um desses jatos aponta diretamente para a Terra, o sistema que contém o buraco negro é caracterizado como blazar. 

Para compreender por que razão as partículas do jato se movem com grandes velocidades e energias, os cientistas voltam-se para o IXPE (Imaging X-ray Polarimetry Explorer) da NASA, que foi lançado em dezembro de 2021. O IXPE mede uma propriedade especial da luz de raios X chamada polarização, que tem a ver com a organização das ondas eletromagnéticas nas frequências de raios X. 

Esta semana, uma equipe internacional de astrofísicos divulgou novas descobertas do IXPE sobre um blazar chamado Markarian 421. Este blazar, localizado na direção da constelação da Ursa Maior, a cerca de 400 milhões de anos-luz da Terra, surpreendeu os cientistas com evidências de que, na parte do jato onde as partículas estão sendo aceleradas, o campo magnético tem uma estrutura helicoidal.

Jatos como o que irradia de Markarian 421 podem estender-se por milhões de anos-luz. São especialmente brilhantes porque, à medida que as partículas se aproximam da velocidade da luz, liberam uma enorme quantidade de energia e comportam-se de formas estranhas, conforme Einstein previu. Os jatos dos blazares são extra brilhantes porque, tal como a sirene de uma ambulância soa mais alto à medida que se aproxima, a luz apontada na nossa direção também parece mais brilhante. É por isso que os blazares podem ofuscar todas as estrelas das galáxias que habitam. 

Apesar de décadas de estudo, os cientistas ainda não compreendem totalmente os processos físicos que determinam a dinâmica e a emissão dos jatos dos blazares. Mas a inovadora polarimetria de raios X do IXPE, que mede a direção média do campo elétrico das ondas de luz, fornece uma visão sem precedentes destes alvos, da sua geometria física e da origem das suas emissões. 

Os modelos de prospecção para o fluxo típico dos poderosos jatos apresentam normalmente uma estrutura helicoidal em espiral, semelhante à forma como o DNA humano está organizado. Mas os cientistas não esperavam que a estrutura em hélice contivesse regiões de partículas sendo aceleradas por choques. 

O IXPE encontrou uma surpreendente variabilidade no ângulo de polarização durante três observações prolongadas de Markarian 421 em maio e junho de 2022. Mais estranho ainda é que as medições simultâneas no visível, no infravermelho e no rádio não mostraram qualquer alteração na estabilidade ou na estrutura, mesmo quando as emissões de raios X polarizados se desviaram. Isto significa que uma onda de choque pode estar se propagando ao longo de campos magnéticos em espiral no interior do jato. 

O conceito de uma onda de choque que acelera as partículas do jato é consistente com as teorias acerca de Markarian 501, um segundo blazar observado pelo IXPE que levou a um estudo publicado no final de 2022. Mas o blazar Markarian 421 mostra evidências mais claras de um campo magnético helicoidal contribuindo para o choque. 

Um artigo foi publicado na revista Nature Astronomy

Fonte: NASA

sábado, 22 de julho de 2023

Um exoplaneta terá um “irmão” que compartilha a mesma órbita?

Com o auxílio do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), os astrônomos descobriram o possível "irmão" de um planeta que orbita uma estrela distante.

© ESO / ALMA (PDS 70)

A equipe detectou uma nuvem de detritos que pode estar compartilhando a órbita deste planeta e que se acredita ser formada pelos blocos constituintes de um novo planeta ou os restos de um planeta já formado. A ser confirmada, esta descoberta corresponderá à evidência mais concreta encontrada até à data de que dois exoplanetas podem partilhar uma mesma órbita. 

Há duas décadas, a teoria previa que pares de planetas de massa semelhante poderiam partilhar a mesma órbita em torno da sua estrela, os chamados planetas troianos ou co-orbitais. Os troianos, corpos rochosos na mesma órbita de um planeta, são comuns no nosso próprio Sistema Solar, sendo o exemplo mais famoso os asteroides troianos de Júpiter, com mais de 12.000 corpos rochosos que se encontram na mesma órbita em torno do Sol que o gigante gasoso. 

Os astrônomos previram que os troianos, em particular os planetas troianos, poderiam também existir em torno de outras estrelas que não o nosso Sol, mas as provas da sua existência têm sido escassas. Os planetas troianos podem, de fato, existir no sistema PDS 70. Esta jovem estrela é conhecida por abrigar dois planetas gigantes, semelhantes a Júpiter, PDS 70b e PDS 70c. Ao analisar observações ALMA deste sistema, retiradas do arquivo científico, a equipe detectou uma nuvem de detritos no local da órbita de PDS 70b onde se espera que existam planetas troianos. 

Os troianos ocupam as chamadas zonas lagrangeanas, duas regiões extensas na órbita de um planeta onde a atração gravitacional combinada da estrela e do planeta pode reter material. Ao estudar estas duas regiões da órbita de PDS 70b, foi detectado um sinal tênue vindo de uma delas, o que poderá indicar que uma nuvem de detritos com uma massa até cerca de duas vezes a da nossa Lua existe neste local. A equipe acredita que esta nuvem de detritos possa indicar a presença de um mundo troiano existente neste sistema ou mesmo a de um planeta em processo de formação.

Este trabalho levanta novas questões sobre a formação dos troianos, como é que estes objetos evoluem e quão frequentes serão em diferentes sistemas planetários. Para confirmar sem margem de dúvida esta detecção, a equipe terá de aguardar até 2027, momento em que utilizará o ALMA para investigar se tanto o PDS 70b como a sua nuvem de detritos "irmã" se deslocam em conjunto de forma significativa ao longo na sua órbita em torno da estrela. 

Um artigo foi publicado no periódico Astronomy & Astrophysics

Fonte: ESO

Cirro galáctico: Mandel Wilson 9

A luz combinada das estrelas ao longo da Via Láctea é refletida por estas nuvens de poeira cósmica que se elevam cerca de 300 anos-luz acima do plano de nossa galáxia.


© Gabriel Rodrigues Santos (Mandel Wilson 9)

Conhecidas por alguns como nebulosas de fluxo integradas e comumente encontradas em altas latitudes galácticas, as nuvens cirros galácticas empoeiradas são tênues. Mas elas podem ser rastreadas em grandes regiões do céu em direção aos polos norte e sul da Galáxia. 

Juntamente com o reflexo da luz das estrelas, estudos indicam que as nuvens de poeira produzem uma fraca luminescência avermelhada à medida que os grãos de poeira interestelar convertem a radiação ultravioleta invisível em luz vermelha visível. 

Esta imagem notavelmente profunda e de campo amplo, que está captando estrelas próximas da Via Láctea e galáxias de fundo distantes, também explora um complexo de cirros galácticos fracos conhecido como Mandel Wilson 9. Ele se estende por mais de três graus nos céus do planeta Terra em direção à constelação do extremo sul Apus.

Fonte: NASA

Identificada a estrela mais fria emitindo ondas rádio

Astrônomos da Universidade de Sydney mostraram que uma pequena e tênue estrela é a mais fria de que há registo produzindo emissões no rádio.

© NASA (ilustração de uma anã marrom)

A anã marrom ultrafria examinada no estudo é uma bola de gás que ferve a cerca de 425 °C, mais fria do que uma típica fogueira, sem queimar combustível nuclear. Em contraste, a temperatura à superfície do Sol, um inferno nuclear, é de cerca de 5.600 °C. Embora não seja a estrela mais fria alguma vez encontrada, é a mais fria até agora analisada com recurso à radioastronomia. 

É muito raro encontrar estrelas anãs marrons ultrafrias como esta produzindo emissões de rádio. Isto deve-se a sua dinâmica não produzir normalmente os campos magnéticos que geram emissões de rádio detectáveis a partir da Terra. A forma como a dinâmica interna das anãs marrons produz por vezes ondas de rádio é uma questão em aberto. Embora os temos uma boa ideia de como as estrelas maiores da "sequência principal", como o Sol, geram campos magnéticos e emissões de rádio, ainda não se sabe completamente porque é que menos de 10% das estrelas anãs marrons produzem tais emissões. 

Pensa-se que a rápida rotação das anãs ultrafrias contribui para gerar os seus fortes campos magnéticos. Quando o campo magnético gira a uma velocidade diferente da atmosfera ionizada da anã, pode criar fluxos de corrente elétrica. Neste caso, pensa-se que as ondas de rádio são produzidas pelo fluxo de elétrons para a região polar magnética da estrela, o que, juntamente com a rotação da estrela anã marrom, está produzindo surtos de rádio que se repetem regularmente. 

As estrelas anãs marrons, assim chamadas por emitirem pouca energia ou luz, não são suficientemente massivas para iniciar a fusão nuclear associada a outras estrelas como o nosso Sol. Estas estrelas são uma espécie de elo perdido entre as estrelas menores que queimam hidrogênio em reações nucleares e os maiores planetas gigantes gasosos, como Júpiter.

A estrela, com o nome apelativo de WISE J062309.94-045624.6, está localizada a cerca de 37 anos-luz da Terra. Foi descoberta em 2011 por astrônomos do Caltech, nos Estados Unidos. O raio da estrela situa-se entre 0,65 e 0,95 vezes o raio de Júpiter. A sua massa não é bem conhecida, mas é pelo menos quatro vezes mais massiva do que Júpiter, mas não mais do que 44 vezes mais massiva. O Sol é 1.000 vezes mais massivo que Júpiter. 

A análise da estrela foi efetuada com novos dados do telescópio ASKAP (Australian Square Kilometre Array Pathfinder) da CSIRO (Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation) na Austrália Ocidental e seguida de observações do ATCA (Australia Telescope Compact Array), Nova Gales do Sul, e do telescópio MeerKAT na África do Sul. 

Um artigo foi publicado no periódico The Astrophysical Journal Letters.

Fonte: University of Sydney

Um mestre cósmico do disfarce

Consegue ver um camaleão nesta fotografia? Não?

© ESO (IC 2631)

Bom, é porque está camuflado! Esta fotografia é a Nuvem do Camaleão, ou IC 2631. 

No hemisfério sul, esta nuvem é visível no céu durante a maior parte do ano e, nesta imagem captada pelo telescópio VISTA (Visible and Infrared Survey Telescope for Astronomy) do ESO, podemos observá-la no infravermelho. 

A IC 2631 é uma nebulosa de reflexão composta por nuvens de poeira que refletem a luz emitida por estrelas próximas. A nebulosa é principalmente iluminada por uma das estrelas mais jovens, massivas e brilhantes da sua vizinhança, a HD 97300, visível no centro à direita na imagem. 

A Nuvem do Camaleão é, na realidade, a nebulosa mais brilhante do Complexo do Camaleão, uma vasta região de nuvens de gás e poeira, muito maior do que o que vemos nesta imagem, que abriga uma quantidade de estrelas recém-nascidas e em formação. Esta nuvem encontra-se repleta de material necessário à formação estelar: gás e poeira. 

Nos comprimentos de onda do visível, esta região apresenta manchas escuras nos locais onde a poeira bloqueia completamente a luz emitida por estrelas de fundo. No entanto, esta imagem foi obtida no infravermelho, comprimento de onda que consegue atravessar quase completamente a poeira, permitindo assim aos astrônomos observar o núcleo da nuvem. 

Fonte: ESO

sábado, 15 de julho de 2023

Supergigante leve revela uma fase evolutiva em falta

A Dra. Varsha Ramachandran do ZAH (Zentrum für Astronomie Heidelberg) da Universidade de Heidelberg e os seus colegas descobriram a primeira estrela "despojada" de massa intermediária, há muito prevista, mas ainda não confirmada.

© Elisa Schösser (ilustração de uma estrela Be e uma despojada)

Esta descoberta marca um elo em falta na nossa imagem da evolução estelar em direção a sistemas com estrelas de nêutrons em fusão, que são cruciais para compreender a origem de elementos pesados, como a prata e o ouro. 

As estrelas despojadas são aquelas que perderam a maior parte das suas camadas exteriores, revelando o seu núcleo quente e denso, rico em hélio, que resulta da fusão nuclear do hidrogênio em hélio. A maioria destas estrelas despojadas formam-se em sistemas binários, nos quais a forte atração gravitacional de uma estrela retira e acreta matéria da sua companheira. 

Há muito tempo que os astrofísicos conhecem a existência de estrelas despojadas de massa baixa, conhecidas como subanãs, bem como as suas primas massivas, conhecidas como estrelas Wolf-Rayet. Mas, até agora, nunca tinham conseguido encontrar nenhuma das chamadas estrelas despojadas de massa intermediária, o que levantava a questão de saber se a nossa imagem teórica básica precisava de uma revisão importante. 

Ao examinarem estrelas quentes e luminosas com instrumentos de espetroscopia de alta resolução do VLT (Very Large Telescope) do ESO, no Chile, os astrônomos detectaram assinaturas suspeitas no espetro de uma estrela quente e massiva que anteriormente tinha sido classificada como um objeto único. Uma análise detalhada do espetro revelou que o objeto não é apenas uma estrela, mas sim um sistema binário, consistindo da estrela despojada de massa intermediária e de uma companheira com rotação rápida, uma chamada estrela Be, que tinha sido acelerada graças à acreção de massa da estrela despojada progenitora. 

O sistema está localizado na Pequena Nuvem de Magalhães (PNM), uma galáxia anã vizinha. As estrelas desta galáxia têm uma menor abundância de metais (elementos mais pesados), do que as estrelas massivas da nossa Via Láctea. As estrelas massivas pobres em metais da PNM funcionam, portanto, como uma janela para o passado da nossa própria Galáxia e para a evolução química do Universo. 

Estas estrelas em vez de terem perdido completamente as suas camadas exteriores, podem reter uma quantidade pequena, mas suficiente de hidrogênio no topo dos seus núcleos de hélio, o que as faz parecer muito maiores e mais frias do que realmente são.

As estrelas parcialmente despojadas parecem muito semelhantes a estrelas quentes normais, não despojadas, escondendo-se assim à vista de todos. Apenas dados de alta resolução combinados com uma análise espectral cuidadosa e modelos computacionais detalhados podem revelar a sua verdadeira natureza. Não é de admirar que tenham escapado à detecção durante tanto tempo. O que mais chamou a atenção nesta estrela foi a sua massa: algumas vezes mais massiva do que o nosso Sol pode parecer muito, mas é extraordinariamente leve para a sua aparência de supergigante azul. 

O sistema recém-descoberto serve de elo crítico na cadeia evolutiva que liga várias diferentes "espécies" de objetos exóticos. Os modelos de evolução estelar preveem que, daqui a cerca de um milhão de anos, a estrela despojada explodirá como uma supernova de invólucro despojado, deixando para trás uma estrela de nêutrons remanescente. Se o binário sobreviver à explosão de supernova, as funções das duas estrelas se inverterão: Neste caso, a estrela Be companheira doará massa à estrela de nêutrons acretora, tornando-se num chamado binário de raios X Be. 

Estes sistemas fascinantes são considerados os progenitores dos eventos de fusão de estrelas de nêutrons duplas, talvez os maiores espetáculos cósmicos observados até agora e a origem de elementos químicos como a prata ou o ouro. Compreender o seu percurso de formação é um dos principais desafios da astrofísica moderna e as observações das fases evolutivas intermediárias são cruciais para o conseguir.

Um artigo foi publicado no periódico Astronomy & Astrophysics Letters

Fonte: University of Heidelberg

sexta-feira, 14 de julho de 2023

Retratando o complexo de nuvens moleculares Rho Ophiuchi

A apenas 390 anos-luz de distância, estrelas semelhantes ao Sol e futuros sistemas planetários estão se formando no complexo de nuvens moleculares Rho Ophiuchi, a região de formação estelar mais próxima da Terra.

© Webb (nuvens moleculares Rho Ophiuchi)

A NIRCam do telescópio espacial James Webb perscrutou o caos natal próximo para captar esta imagem infravermelha em uma escala inspiradora. 

O espetacular instantâneo cósmico foi lançado para comemorar o primeiro ano de sucesso da exploração do Universo pelo Webb. O quadro se estende por menos de um ano-luz na região de Rho Ophiuchi e contém cerca de 50 estrelas jovens. Estrelas mais brilhantes exibem claramente o padrão característico de picos de difração vistos pelo Webb. 

Enormes jatos de hidrogênio molecular chocado saindo de estrelas recém-nascidas são vermelhos na imagem, com a grande cavidade empoeirada amarelada esculpida pela jovem estrela energética perto de seu centro. Próximo de algumas estrelas na imagem impressionante estão as sombras projetadas por seus discos protoplanetários.

Fonte: NASA

Manchas solares em um Sol ativo

Por que nosso Sol está tão ativo agora?

© NASA / SDO (manchas solares)

Esperava-se um aumento na atividade da superfície porque nosso Sol está se aproximando do máximo solar em 2025. 

No entanto, no mês passado, nosso Sol gerou mais manchas solares do que em qualquer mês durante todo o ciclo solar anterior de 11 anos, e até mesmo datando de 2002. 

A imagem em destaque é uma composição de imagens tiradas todos os dias de janeiro a junho pelo Solar Dynamic Observatory (SDO) da NASA. Mostrando uma grande abundância de manchas solares, grandes manchas individuais podem ser rastreadas ao longo do disco solar, da esquerda para a direita, durante cerca de duas semanas. 

À medida que o ciclo solar continua, as manchas solares geralmente aparecem mais perto do equador. As manchas solares são apenas uma maneira de nosso Sol exibir atividade de superfície, outra são as erupções e ejeções de massa coronal (CMEs) que expelem partículas para o Sistema Solar. 

Estas partículas podem afetar os meios de comunicações e estações elétricas. Por outro lado, a atividade solar na atmosfera da Terra, pode apresentar um aspecto estético quando desencadeiam auroras. 

Fonte: NASA