terça-feira, 6 de agosto de 2019

Hubble descobre exoplaneta em forma de bola de rugby

No exoplaneta descoberto foi detectado metais pesados que escapam de sua atmosfera, em vez de se condensarem em nuvens.


© STScI/J. Olmsted (ilustração do exoplaneta WASP-121b)

Observações do telescópio espacial Hubble da NASA revelam magnésio e ferro gasosos escapando do estranho exoplaneta conhecido como WASP-121b. As observações representam a primeira vez que os chamados "metais pesados" - elementos mais pesados que o hidrogênio e o hélio - foram vistos escapando de um Júpiter quente, um exoplaneta grande e gasoso muito próximo da sua estrela.

Normalmente, os planetas quentes do tamanho de Júpiter ainda estão frios o suficiente para condensar, em nuvens, elementos mais pesados como magnésio e ferro.

Mas este não é o caso com WASP-121b, que orbita tão perigosamente perto da sua estrela que a sua atmosfera superior atinge uma ardente temperatura superior a 2.530 ºC. O sistema WASP-121 reside a cerca de 900 anos-luz da Terra.

Os metais pesados já foram vistos em outros Júpiteres quentes, mas apenas na atmosfera interior.

A luz ultravioleta da estrela hospedeira, que é mais brilhante e mais quente do que o Sol, aquece a atmosfera superior e ajuda a escapar. Além disso, os gases magnésio e ferro que escapam podem estar contribuindo para o pico de temperatura. Estes metais tornam a atmosfera mais opaca no ultravioleta, o que poderá estar contribuindo para o aquecimento da atmosfera superior.

O planeta escaldante está tão perto da estrela que está prestes a ser dilacerado pela sua gravidade.

Esta distância significa que o planeta não é redondo, tem uma forma mais parecida com uma bola de rugby devido às forças de maré gravitacionais.

Os pesquisadores usaram o instrumento STIS (Space Telescope Imaging Spectrograph) para investigar, no ultravioleta, as assinaturas espectrais do magnésio e do ferro impressas na luz estelar filtradas através da atmosfera de WASP-121b à medida que o planeta passava em frente, ou transitava, a face da sua estrela progenitora.

Este exoplaneta é também um alvo perfeito para o futuro telescópio espacial James Webb da NASA procurar, no infravermelho, água e dióxido de carbono, que podem ser detectados em comprimentos de onda mais longe e vermelhos. A combinação das observações do Hubble e do Webb proporcionarão aos astrônomos um inventário mais completo dos elementos químicos que compõem a atmosfera do planeta.

O estudo de WASP-121b faz parte do levantamento PanCET (Panchromatic Comparative Exoplanet Treasury), um programa do Hubble para observar 20 exoplanetas, variando em tamanho desde super-Terras (várias vezes a massa da Terra) até Júpiteres (que têm mais de 100 vezes a massa da Terra), no primeiro estudo comparativo no ultravioleta, visível e infravermelho em larga escala de mundos distantes.

As observações de WASP-121b contribuem para o desenvolvimento da história de como os planetas perdem as suas atmosferas primordiais. Quando os planetas se formam, recolhem uma atmosfera contendo gás do disco em que o planeta e a estrela se formaram. Estas atmosferas consistem principalmente de gases primordiais mais leves, hidrogênio e hélio, os elementos mais abundantes do Universo. Esta atmosfera dissipa-se quando um planeta se aproxima da sua estrela.

Os resultados foram publicados na revista The Astronomical Journal.

Fonte: University of Maryland

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