terça-feira, 15 de setembro de 2020

Exoplanetas ricos em carbono podem ser feitos de diamantes

À medida que missões como o telescópio espacial Hubble, TESS e Kepler da NASA continuam fornecendo informações sobre as propriedades dos exoplanetas, os cientistas são cada vez mais capazes de descobrir o aspeto destes astros, a sua composição e se podem ser habitáveis.

© D. Shim/Vecteesy (ilustração de um exoplaneta rico em carbono)

Num novo estudo, pesquisadores da Universidade Estatal do Arizona e da Universidade de Chicago determinaram que alguns exoplanetas ricos em carbono, dadas as circunstâncias certas, podem ser feitos de diamantes e sílica.

Quando as estrelas e os planetas se formam, fazem-no a partir da mesma nuvem de gás, de modo que as suas composições são semelhantes. Uma estrela com uma proporção de carbono para oxigênio mais baixa terá planetas como a Terra, compostos de silicatos e óxidos com um conteúdo muito pequeno de diamante (o conteúdo de diamante da Terra é de cerca de 0,001%). 

Mas os exoplanetas em torno de estrelas com uma proporção de carbono para oxigênio mais alta do que o nosso Sol têm maior probabilidade de serem ricos em carbono. Pesquisadores levantaram a hipótese de que estes exoplanetas ricos em carbono podiam converter-se para diamante e silicato, caso a água (que é abundante no Universo) estivesse presente, criando uma composição rica em diamantes. 

Para testar esta hipótese, os pesquisadores precisavam de imitar o interior de exoplanetas de carboneto usando alta temperatura e alta pressão. Para tal, usaram células de bigorna de diamante de alta pressão no Laboratório para Materiais Terrestres e Planetários. 

Primeiro, imergiram carboneto de silício em água e comprimiram a amostra entre os diamantes a uma pressão muito alta. Após, para monitorar a reação entre o carboneto de silício e a água, realizaram um aquecimento a laser no Laboratório Nacional Argonne, obtendo medições de raios X enquanto o laser aquecia a amostra em altas pressões. 

Como previram, com alta temperatura e pressão, o carboneto de silício reagiu com a água e transformou-se em diamantes e sílica. 

Até agora, não encontramos vida em outros planetas, mas a busca continua. Os cientistas planetários e os astrobiólogos estão usando instrumentos sofisticados no espaço e na Terra para encontrar planetas com as propriedades certas e a localização certa em torno das suas estrelas onde a vida poderia existir. 

No entanto, para os planetas ricos em carbono, que são o foco deste estudo, provavelmente não têm as propriedades necessárias para a vida. 

Embora a Terra seja geologicamente ativa, que é um indicador de habitabilidade, os resultados deste estudo mostram que os planetas ricos em carbono são demasiado rígidos para serem geologicamente ativos, que pode tornar a composição atmosférica inabitável. As atmosferas são críticas para a vida, pois fornecem-nos ar para respirar, proteção do ambiente hostil do espaço e até mesmo pressão para permitir água no estado líquido.

Interpretar novos dados de futuras missões como a do telescópio espacial James Webb e do telescópio Nancy Grace Roman, possibilitarão entender melhor os mundos localizados além do nosso próprio Sistema Solar.

O estudo foi publicado recentemente na revista The Planetary Science Journal.

Fonte: Arizona State University

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