Astrônomos descobriram recentemente um tipo raro de estrela em fuga acelerando através da galáxia vizinha da Via Láctea, a Pequena Nuvem de Magalhães.
© Alan Tough (Pequena Nuvem de Magalhães)
Embora apenas algumas dúzias de estrelas fugitivas sejam conhecidas, este achado em particular sugere que esses objetos podem ser comuns no Universo.
Os pesquisadores encontraram a estrela há nove anos, enquanto pesquisavam supergigantes amarelas nas Grandes e Pequenas Nuvens de Magalhães, galáxias satélites da Via Láctea. O novo estudo apresenta observações adicionais, que confirmam que esta estrela está realmente se movendo tão rapidamente através de sua galáxia e não está apenas orbitando outra estrela em alta velocidade.
O que torna o novo avistamento único não é apenas a alta velocidade da estrela, cerca de 134 km/s, mas também sua avançada fase de evolução. A estrela, chamada J01020100-7122208, é uma supergigante amarela como a Polaris. As supergigantes amarelas são raras porque esta fase dura apenas 10.000 a 100.000 anos antes que a estrela se torne uma supergigante vermelha, como Betelgeuse.
Uma estrela em fuga é qualquer estrela que se move significativamente mais rápido que outras estrelas dentro de seu habitat; normalmente as estrelas devem se mover mais rápido que 20 a 30 km/s para escapar da atração gravitacional da galáxia. Mas a alta velocidade das estrelas não afeta sua evolução, e é possível que essas estrelas possam até mesmo hospedar planetas.
As mais conhecidas estrelas fugitivas estão na Via Láctea, onde as estrelas são mais fáceis de ver da Terra; a J01020100-7122208 é apenas a segunda estrea fugitiva evoluída e conhecida em outra galáxia.
Como uma estrela se torna uma fugitiva ainda não está claro, mas a principal teoria sugere que isso pode acontecer de várias maneiras. A primeira requer que a estrela seja parte de um sistema binário. Quando um dos pares explode em uma supernova, a explosão empurra a outra estrela em alta velocidade. Ou, se o sistema binário se aproximar demais do buraco negro supermassivo no centro de nossa galáxia, um dos pares pode ser fisgado. Outra teoria sugere que, como uma estrela passa por outras estrelas em um aglomerado, poderosas interações gravitacionais poderiam impulsioná-la em uma direção diferente. A alta velocidade da J01020100-7122208 sugere que ela foi provavelmente ejetada por uma explosão.
Em uma escala mais ampla, observar a supergigante amarela evoluir em outra galáxia ajudará os astrônomos a testar modelos evolutivos geralmente para grandes estrelas. Este estágio funciona como uma lente de aumento para propiciar a visão de falhas de partes anteriores de cálculos estelares.
As estrelas em fuga continuam sendo um enigma porque são difíceis de serem detectadas e também porque é difícil definir sua origem no tempo e no espaço. O desafio é que é difícil detectar um deslocamento puramente baseado em sua velocidade. Na Via Láctea, onde as estrelas estão mais próximas e mais fáceis de serem detectadas do que em outras galáxias, as estrelas orbitando perto do centro da galáxia se moverão naturalmente mais rápidas do que as que estão mais longe.
A melhor esperança para os astrônomos é procurar mudanças nas posições de milhões de estrelas de cada vez; a missão Gaia da ESA está realizando este trabalho agora.
Fonte: Sky & Telescope