quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Uma galáxia de disco puro

A galáxia brilhante NGC 3621 parece ser um exemplar perfeito de uma espiral clássica. No entanto, é bastante invulgar, pois esta galáxia não tem bojo central e é por isso descrita como uma galáxia de disco puro.
© ESO (galáxia espiral NGC 3621)
A NGC 3621 é uma galáxia espiral situada a cerca de 22 milhões de anos-luz de distância na constelação da Hidra. É relativamente brilhante e pode ser observada com um telescópio de tamanho médio. Esta imagem foi obtida com o instrumento Wide Field Imager montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, instalado no observatório do ESO de La Silla, Chile. Os dados foram selecionados, a partir de arquivo do ESO, por Joe DePasquale, que participou no concurso Tesouros Escondidos. O concurso deu aos astrônomos amadores a oportunidade de procurar no seio dos vastos arquivos de dados astronômicos do ESO, na busca de jóias escondidas que necessitaram de polimento por parte dos concorrentes. A imagem da NGC 3621 submetida por Joe ao concurso valeu-lhe o quinto lugar nesta competição.
Foram obtidas múltiplas imagens monocromáticas através de quatro filtros de cor diferentes que foram combinadas para obter esta fotografia.
A galáxia tem a forma de uma panqueca achatada, o que indica que ainda não interagiu de forma direta com outra galáxia, sofrendo por exemplo uma colisão galáctica, o que teria perturbado o fino disco de estrelas e criado um pequeno bojo no seu centro. A maioria dos astrônomos pensa que as galáxias crescem por fusão com outras galáxias, num processo chamado formação hierárquica de galáxias. Com o tempo este processo deverá criar bojos grandes no centro das espirais. Investigações recentes sugeriram, no entanto, que galáxias espirais sem bojo, ou de disco puro, como a NGC 3621, são na realidade bastante comuns.
Esta galáxia torna-se igualmente interessante na medida em que, encontrando-se relativamente próxima, permite-nos estudar uma grande variedade de objetos astronômicos que se encontram no seu interior, incluindo maternidades estelares, nuvens de poeira e estrelas pulsantes, as chamadas variáveis Cefeides. Estas últimas são utilizadas como marcos de distância no Universo. As variáveis Cefeides são estrelas muito brilhantes, cerca de 30.000 vezes mais brilhantes que o nosso Sol, cujo brilho varia a intervalos regulares em períodos de vários dias, semanas ou meses. O período desta variação em brilho está relacionado com o brilho verdadeiro da estrela, conhecido como magnitude absoluta. Sabendo a magnitude absoluta de uma estrela e medindo o brilho observado, podemos calcular a sua distância à Terra. As variáveis Cefeides são, por isso, vitais no estabelecimento da escala do Universo. No final do século passado, a NGC 3621 foi uma das 18 galáxias selecionadas para um programa importante do Telescópio Espacial Hubble: observar variáveis Cefeides e medir a taxa de expansão do Universo com uma precisão maior do que a conseguida até então. Neste projeto, que correu bastante bem,  foram observadas, apenas nesta galáxia, 69 Cefeides.
Foram obtidas múltiplas imagens monocromáticas através de quatro filtros de cor diferentes que foram combinadas para obter esta fotografia.
Fonte: ESO

sábado, 29 de janeiro de 2011

Quasar tipo 2 visto pelo Chandra

No painel abaixo, a imagem da esquerda é feita com raios-X e a imagem da direita é feita com o comprimento de onda óptico do espectro e mostram um buraco negro.
buraco negro
© Chandra (buraco negro)
A imagem da esquerda foi construída com dados do Observatório de Raios-X Chandra e mostra a poderosa fonte pontual de raios-X. A imagem da direita foi construída com dados do Telescópio Espacial Hubble e mostra a galáxia espiral com a qual a fonte de raios-X está associada. A fonte de raios-X está localizada no centro da galáxia, e tem um déficit de raios-X de baixa energia consistente com a absorção por uma espessa nuvem de gás. A combinação da poderosa emissão de raios-X e da absorção dos raios-X de baixa energia e a relativamente normal aparência óptica da galáxia sugere que a fonte é um raro tipo de buraco negro chamado de quasar Tipo 2.
A aparência espalhada da fonte de raios-X é um artefato instrumental. A distribuição de raios-X é consistente com essa fonte como sendo um ponto. As imagens em raios-X e óptica tem a mesma escala, com 10 arcos de segundo de lado.
Fonte: Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Uma estrela supergigante com disco

A estrela exótica HD 62623 é uma supergigante muito quente que está localizada na constelação do Cisne perto da supergigante brilahnte Deneb.
imagem em 3-D da estrela HD 62623
© OCA (imagem em 3-D da estrela HD 62623)
As supergigantes são as estrelas mais massivas que existem, possuindo de 10 a 70 massas solares, produzindo um brilho 30.000 a 100.000 vezes maior que o Sol.
Foi observado na HD 62623 um disco de gás e poeira, que é comum em estrelas jovens com menor massa, que poderam dar origem a planetas. Porém, as estrelas bastante massivas não têm esses discos de poeira, porque esse disco é dispersado pela intensidade da onda de choque durante o nascimento da estrela. Por exemplo, a estrela Deneb não apresenta tal disco.
Os astrônomos utilizaram o Very Large Telescope interferometer do ESO para capturar as imagens em 3-D que evidenciam a presença do disco ao redor da estrela. A pesquisa foi liderada pelo francês Florentin Millour do Observatoire de la Côte d’Azur (OCA).
A estrela HD 62623 possui um tempo de vida muito curto, cerca de centenas de milhares de anos ou pouco mais de alguns milhões de anos. A trajetória final deste tipo de estrela é sua detonação que a transformará numa supernova do tipo II.
Fonte: Universe Today

Descoberta uma galáxia que pode ser a mais distante detectada

Um grupo de astrônomos descobriu uma galáxia que pode ser a mais distante detectada até o momento. Ela está situada a cerca de 13,2 bilhões de anos-luz.
galáxia UDFj-39546284
© NASA (galáxia UDFj-39546284)
Uma equipe de astrônomos que analisava imagens cósmicas registradas pelo telescópio espacial Hubble aumentou seu alcance até 480 milhões de anos após o Big Bang, quando o Universo tinha 4% de sua idade atual.
"Estamos nos aproximando das primeiras galáxias, que achamos que foram formadas entre 200 milhões e 300 milhões de anos depois do Big Bang", ressaltou Garth Illingworth, professor de astronomia e astrofísica da Universidade da Califórnia (EUA) e um dos autores do estudo.
Em sua pesquisa, Illingworth e Rychard Bouwens, da Universidade de Leiden (Holanda), utilizaram dados do Hubble reunidos pela câmara Wide Field Camera 3 (WFC3).
Os astrônomos observaram as mudanças que se produziram nas galáxias de 480 milhões a 650 milhões de anos depois do Big Bang e detectou que a taxa de nascimento das estrelas no Universo aumentou cerca de dez vezes durante esse período de 170 milhões de anos. Para Illingworth, isso é um "aumento assombroso em um período de tempo tão curto, somente 1% da idade atual do Universo".
Os astrônomos também registraram mudanças significantes no número de galáxias detectadas. "Nossas buscas anteriores tinham encontrado 47 galáxias quando o Universo possuía cerca de 650 milhões de anos", disse Illingworth. Ele acrescentou que "o Universo está mudando muito rapidamente em um período de tempo muito curto".
Já Bouwens afirmou que os resultados dos estudos são consistentes com a imagem hierárquica da formação das galáxias, segundo a qual estas cresceram e se uniram sob a influência gravitacional da matéria escura.
Para chegar à nova descoberta, os astrônomos calcularam a distância de um objeto no espaço com base em seu redshift, fenômeno que ocorre quando a radiação eletromagnética, normalmente a luz visível, que se emite de um objeto tende ao vermelho no final do espectro.
Sua medida é considerada pela comunidade astronômica internacional como o procedimento mais confiável para calcular distâncias espaciais, a galáxia recém-descoberta alcançou um nível provável de redshift de 10,3 pontos.
Os especialistas acrescentaram que a galáxia em questão é pequena se for comparada às enormes já vistas no Universo, como a Via Láctea, pelo menos cem vezes maior.
Fonte: Nature

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Uma estrela azul fugitiva

A estrela azul próxima do centro dessa imagem é a Zeta Ophiuchi. Quando observada utilizando o comprimento de onda da luz visível ela aparece como uma estrela vermelha relativamente apagada envolta por outras estrelas apagadas e sem poeira.
Zeta Ophiuchi
© NASA/WISE (estrela Zeta Ophiuchi)
Contudo, essa imagem infravermelha feita pelo WISE (Wide field Infrared Survey Explorer) da NASA, fornece uma visão completamente diferente da estrela. A Zeta Ophiuchi é na verdade uma estrela muito massiva, quente, brilhante e azul, avançando em seu caminho para fora da grande nuvem de gás e poeira interestelar.
As cores usadas nessa imagem representam comprimentos de onda específicos da luz infravermelha. Azul e ciano (azul esverdeado) representa a luz emitida com comprimento de onda de 3.4 e 4.6 mícron, emitidas de forma predominante pelas estrelas. Verde e vermelho representam a luz com comprimento de onda de 12 e 22 mícron respectivamente, emitida predominantemente pela poeira.
A Zeta Ophiuchi provavelmente fazia parte de um sistema binário de estrelas com uma parceira ainda mais massiva. Quando a companheira explodiu como uma supernova, ela expeliu grande parte de sua massa, e a Zeta Ophiuchi foi repentinamente liberada de sua parceira empurrada para longe se movendo a 24 quilômetros por segundo. A Zeta Ophiuchi é aproximadamente 20 vezes mais massiva e 65.000 mais luminosa do que o Sol. Se ela não fosse envolvida por tanta poeira ela seria uma das estrelas mais brilhantes do céu e apareceria azul para os nossos olhos. Como todas as estrelas com esse tipo de massa e potência extrema, ela tem um tempo de vida curto e morre jovem. Ela se encontra aproximadamente na metade  de sua vida de 8 milhões de anos. Em comparação o Sol está na metade da sua vida de 10 bilhões de anos. Enquanto o Sol eventualmente se tornará uma calma anã branca, a Zeta Ophiuchi irá explodir num violento evento se tornando uma supernova.
Talvez, as feições mais interessantes nessa imagem estejam relacionadas com o gás e a poeira interestelar que envolve a Zeta Ophiuchi. Nos lados da imagem e no plano de fundo existem nuvens de poeira relativamente calmas que aparecem em verde, lembrando muito as auroras encontradas na Terra. Próximo à Zeta Ophiuchi, essas nuvens parecem um pouco diferentes. A nuvem em todas as direções ao redor da estrela é mais brilhante e avermelhada, isso ocorre devido as extremas quantidades de radiação ultravioleta emitida pela estrela que está aquecendo a nuvem causando o brilho mais brilhante no infravermelho do que o normal.
Mais impressionante ainda é a aparência de uma curva que brilha em amarelo diretamente acima da Zeta Ophiuchi. Esse é um impressionante exemplo de uma onda de choque. Nessa imagem, a estrela fugitiva, está voando desde o canto inferior direito em direção ao canto superior esquerdo. À medida que ela se desloca, seu poderoso vento estelar está empurrando o gás e a poeira (o vento estelar se estende além da porção visível da estrela criando uma bolha invisível ao seu redor). E diretamente em frente à passagem do vento estelar está o gás sendo comprimido e essa compressão faz com que ele brilhe intensamente no infravermelho, criando a onda de choque. Essa caractrística é completamente invisível à luz visível. As imagens infravermelhas como essa do WISE geram novas interpretações sobre a região.
Fonte: NASA

O pólo sul de Fobos

A lua Fobos, a lua mais próxima de Marte, foi fotografada recentemente pela sonda da ESA, a Mars Express,que fez imagens detalhadas de uma área ao redor do pólo sul do satélite.
Fobos
© ESA (lua Fobos)
Fobos está tão perto de Marte que se espera que esse satélite se parta e caia no planeta vermelho nos próximos 100 milhões de anos.
São visíveis na incomum superfície escura da pequena lua muitas crateras circulares, longas cadeias de crateras e estranhas listras. A grande Cratera Stickney, que aparece à direita, foi também visível na imagem correspondente do pólo norte do satélite feita há dez anos. Essa imagem e outras feitas pela Mars Express possuem a excelente resolução de até 10 metros e com essa resolução elas são úteis para examinar propostas de locais de pouso para a futura missão Fobos-Grunt. A sonda robótica russa Fobos-Grunt está programada para ser lançada em direção a Fobos no final de 2011 e para retornar com amostras da superfície do satélite em 2014.
Fonte: ESA

domingo, 23 de janeiro de 2011

Descoberto um buraco negro supermassivo

Os cientistas da NASA confirmaram a existência de um buraco negro supermassivo no centro da galáxia M84. Foi utilizado o espectrógrafo, um equipamento que realiza um registro fotográfico de um espectro luminoso, mais potente do telescópio Hubble para mapear a rápida rotação de gás no centro da galáxia.
buraco negro supermassivo
© NASA (detecção de um buraco negro supermassivo)
A prova concreta da descoberta é o ziguezague colorido. Se na imagem não existisse o buraco negro, a linha seria quase que vertical. Os astrônomos calculam que o buraco negro tenha pelo menos 300 milhões de vezes à massa solar. O espectrógrafo (Space Telescope Imaging Spectrograph) mediu uma velocidade de 393 km/s dentro dos 26 anos-luz do centro da galáxia.
M84
© NASA/Hubble (M84)
A galáxia M84 está localizada no aglomerado de galáxias Virgo, a 50 milhões de anos-luz, da Terra, e vizinho próximo da galáxia M87, que também contém um buraco negro muito massivo. A imagem, datada originalmente de 1997, exibe à esquerda o centro da galáxia em luz visível.
Fonte: NASA

NASA encontra galáxias ativas desaparecidas

O céu inteiro visto por raios X tem um brilho incandescente. Mesmo longe de fontes luminosas, as imagens de fora da Via Láctea apresentam um brilho constante em todas as direções. Os astrônomos já suspeitavam que as principais contribuições para essa radiação cósmica de fundo fossem buracos negros envoltos em poeira no centro das galáxias ativas. O problema é que poucos deles foram detectados para elucidar a questão.
Cosmic X-ray Background
© NASA/Goddard Space Flight Center (Cosmic X-ray Background)
A imagem mostra um gráfico da intensidade em função da energia, onde a curva azul é a radiação cósmica de fundo. A curva laranja representa a população de galáxias com forte absorção de energia. Ambas curvas têm formas espectrais e pico de energias semelhantes. A curva amarela indica absorção parcial de energia e a curva roxa indica nenhuma absorção de energia.
Uma equipe internacional de cientistas, usando dados do satélite Swift da NASA, confirmou a existência de uma grande população invisível de galáxias abastecidas com buracos negros. A emissão de raios X deles é tão fortemente absorvida que pouco mais de uma dúzia é conhecida. No entanto, apesar dos raios X pouco nítidos, essas fontes são responsáveis por pelo menos um quinto de todas as galáxias ativas do Universo.
"Essa grande cobertura de buracos negros está ao nosso redor. Mas, antes desse satélite, eles eram muito fracos e obscuros para vermos", disse Neil Gehrels, coautor do estudo e principal pesquisador do Swift no Centro Espacial Goddard, em Greenbelt, Maryland (EUA).
A maioria das grandes galáxias contém um buraco negro gigante central, e os observados no estudo do Swift pesam cerca de 100 milhões de vezes a massa do Sol. Em uma galáxia ativa, a matéria que cai em direção ao buraco negro supermassivo tem tanta energia que as duas classes de galáxias ativas, quasares e blazares, são consideradas os objetos mais luminosos do Universo.
A análise de raios X levou os astrônomos a suspeitar que as galáxias ativas foram subavaliadas. Grossas nuvens de gás e poeira cercam os buracos negros centrais, que não eram vistos de forma satisfatória em raios ultravioleta, óticos e raios X moles (de baixa energia). Embora a radiação infravermelha atinja o interior desse material, ela pode se confundir com a poeira quente nas regiões de formação estelar da galáxia.
Desde 2004, o Telescópio de Alerta de Explosões do Swift (BAT, na sigla em inglês), desenvolvido e operado pelo Centro Goddard, mapeia todo o céu com raios X duros, com energia entre 15 mil e 200 mil elétron-volts, milhares de vezes a energia da luz visível. Atualmente, o trabalho é o maior, mais sensível e completo censo sobre esse tipo de energia. Ele inclui centenas de galáxias ativas a uma distância de 650 milhões de anos-luz da Terra.
Fonte: Astrophysical Journal

sábado, 22 de janeiro de 2011

Encontrada estrela pulsante que hospeda planeta gigante

Um grupo de pesquisadores do Instituto de Ciências Espaciais da Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha, descreve a descoberta, pela primeira vez, de uma estrela pulsante que hospeda um planeta gigante, quente e em trânsito.
ilustração do exoplaneta WASP-33b e sua estrela
© ESA (ilustração do exoplaneta WASP-33b e sua estrela)
O estudo foi realizado pelo estudante de pós-doutorado Enrique Herrero, pelo pesquisador Dr. Juan Carlos Morales, pelo especialista em exoplanetas Dr. Ignasi Ribas e pelo astrônomo amador Ramón Naves.
A estrela WASP-33 (também conhecida como HD15082) é mais quente, tem 1,5 vez a massa do Sol e está localizada a uma distância de 378 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Andrômeda. Também tem a peculiaridade de pulsar tanto radialmente, como um balão que infla e desinfla de forma contínua, quanto não radialmente, como as marés dos oceanos causadas pela presença da Lua, que deforma a massa da água entre os polos e a linha do Equador.
Essa estrela abriga um planeta gigante, o WASP-33b, detectado em 2006 pelo método do trânsito (fenômeno durante o qual um astro passa em frente a outro maior, bloqueando parcialmente sua visão). A massa do planeta é 4 vezes a de Júpiter, e ele orbita a estrela em uma velocidade tão alta que leva apenas 1,2 dia para completar uma volta. Esse curto período orbital indica sua extrema proximidade com a estrela, de 0,02 unidade astronômica (UA); o planeta Mercúrio, o mais próximo do Sol, está situado a 0,39 UA. Esse planeta é muito especial porque tem uma órbita inversa e com um ângulo bastante inclinado em relação ao equador da estrela.
A estrela possui uma temperatura de 7160 °C na fotosfera, sendo mais quente que o Sol que possui uma temperatura de 5600 °C. O exoplaneta WASP-33b orbita a estrela numa região cuja temperatura é de 3200 °C, de acordo com medidas em infravermelho obtidas pela câmara do telescópio William Herschel nas ilhas Canárias. O WASP-33b tem temperatura mais alta que outro exoplaneta, o WASP-12b, que apresenta uma temperatura de 2300 °C. Observa-se também o WASP-33b apresenta temperatura maior do que algumas anãs vermelhas.
O estudo também sugere que as pulsações da WASP-33 podem ser causadas pela presença do planeta gigante, algo nunca visto antes em nenhum outro sistema planetário. Um pequeno sinal periódico, visível durante o trânsito do planeta, chamou a atenção dos pesquisadores e, por meio de uma análise minuciosa, os modos de pulsação da estrela foram determinados e também sua possível relação com o planeta.
Além de ser pioneira nesse campo, a pesquisa foi feita a partir de observatórios profissionais e amadores. Pela primeira vez na história de suas atividades, o Observatório Astronômico do Montsec, na Espanha, é responsável por fornecer a maior parte do material usado em um trabalho. Além disso, o astrônomo amador R. Naves, do Observatório Montcabrer, no mesmo país, tem proporcionado excelentes dados, revelando a grande importância da colaboração entre profissionais e amadores nesse campo.
Por essa razão, o sistema da WASP-33 representa um marco no mundo dos exoplanetas, já que pode fornecer informações vitais sobre os modos de pulsação que ocorrem em estrelas, os efeitos das marés entre estrelas e planetas e a evolução dinâmica dos sistemas planetários.
Fonte: Astronomy & Astrophysics

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Não há relação direta entre buracos negros e matéria escura

Os buracos negros massivos são encontrados no centro de quase todas as galáxias, onde as maiores delas, embutidas em halos de matéria escura, abrigam os buracos negros. Na galáxia NGC 5457 (M101) possui um halo escuro volumoso mas nenhuma protuberância e nenhum buraco negro descoberto.
M101
© HubbleSite (galáxia M101)
Esse fato levou à especulação de que existe uma relação direta entre a matéria escura e os buracos negros, ou seja, que uma física estranha controla o crescimento de um buraco negro.
Cientistas da Universidade do Texas em Austin (EUA) e do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre, ligado ao Observatório da Universidade de Munique (Alemanha), conduziram um estudo abrangente sobre galáxias para provar que a massa dos buracos negros não está diretamente relacionada à massa do halo de matéria escura, mas parece ser determinada pela formação do bojo (centro) da galáxia. Os resultados são publicados em uma carta à revista Nature.
As galáxias, como a nossa Via Láctea, são compostas por bilhões de estrelas, além de grandes quantidades de gás e poeira. A maior parte disso pode ser observada por variações em comprimentos de ondas infravermelhas e de rádio para objetos mais frios e por sistema ótico e raios X para os de altas temperaturas. No entanto, há dois elementos importantes que não emitem luz e só podem ser percebidos a partir de sua força gravitacional.
Todas as galáxias estão embutidas em halos da chamada matéria escura, que se estende além da borda visível da galáxia e domina sua massa total. Esse componente não pode ser observado diretamente, mas medido por seu efeito sobre o movimento das estrelas, do gás e da poeira. A natureza dessa matéria escura ainda é desconhecida, mas os cientistas acreditam que ela é feita de partículas estranhas, ao contrário da matéria bariônica, da qual a Terra, o Sol e as estrelas são feitos.
O outro componente invisível em uma galáxia é o buraco negro supermassivo no centro. A própria Via Láctea abriga um buraco negro, que é cerca de 4 milhões de vezes mais pesado que o Sol. Essa gravidade exorbitante têm sido encontrada em todas as galáxias luminosas com bojo central, onde uma pesquisa direta é viável. A maioria, ou talvez todas as galáxias com bojo, contém um buraco negro central. No entanto, esse componente também não pode ser observado diretamente, a massa do buraco negro só pode ser inferida a partir do movimento das estrelas em torno dele.
Em 2002, foi especulado que pode existir uma estreita correlação entre a massa do buraco negro e a velocidade de rotação externa dos discos das galáxias, que é dominada pelo halo de matéria escura, sugerindo que a física desconhecida da matéria escura de alguma forma controla o crescimento dos buracos negros. Por outro lado, já havia sido demonstrado há alguns anos que a massa do buraco negro está relacionada com a massa ou luminosidade do bojo. Dado que galáxias maiores em geral contêm bojos maiores, ainda não ficou claro qual das correlações é a principal para promover o crescimento dos buracos negros. Outro exemplo desse estudo, é a galáxia NGC 6503 com uma protuberância menor, um halo volumoso e um buraco negro pequeno.
NGC 6503
© ESA (galáxia NGC 6503)
Para testar essa ideia, os astrônomos John Kormendy, da Universidade do Texas, e Ralf Bender, do Instituto Max Planck, fizeram observações espectrais de alta qualidade em muitos discos, bojos e galáxias com pseudobojos. A crescente precisão dos parâmetros resultantes da dinâmica das galáxias levou à conclusão de que não há quase nenhuma correlação entre a matéria escura e os buracos negros.
Os pesquisadores descobriram que as galáxias sem bojo, mesmo aquelas embutidas em halos maciços de matéria escura, podem conter, no máximo, uma massa muito baixa de buracos negros. Assim, Kormendy e Bender mostraram que o crescimento do buraco negro é mais ligado à formação do bojo, e não à matéria escura.
"Parece muito mais plausível que os buracos negros cresçam a partir do gás em suas imediações, principalmente quando as galáxias estão se formando", afirma Kormendy. Nesse cenário, fusões de galáxias ocorrem com frequência, o que mexe nos discos e permite que o gás caia no centro e, assim, desencadeie explosões de estrelas e alimente os buracos negros. As observações indicam que esse efeito deve ser o processo dominante de formação e crescimento desses buracos no Universo.
Fonte: Instituto Max Planck

Campo magnético intenso em anãs vermelhas

Uma pesquisa de mais de 200.000 estrelas na nossa Via Láctea tem revelado o comportamento às vezes petulante de pequenas estrelas conhecidas como anãs vermelhas.
estrelas anãs vermelhas ativas
© HubbleSite (estrelas anãs vermelhas ativas)
Essas estrelas que são menores que o Sol, podem lançar poderosas erupções chamadas de protuberâncias, que são labaredas que podem atingir a energia de mais de 100 milhões de bombas atômicas. As anãs vermelhas são as estrelas mais abundantes no Universo e são presumidamente o local de numerosos planetas. Contudo, seu comportamento errático poderia fazer com que a vida nesses mundos que as orbitam fosse algo nada prazeroso, senão impossível. As labaredas são erupções repentinas de plasma aquecido que ocorre quando poderosas linhas do campo magnético na atmosfera da estrela se reconectam, criando um tipo de alça e lançando vastas quantidades de energia. Quando as labaredas ocorrem, elas podem aniquilar qualquer planeta que esteja orbitando a estrela com uma intensa luz ultravioleta, explosões de raios-X e jatos de partículas carregadas através de um intenso vento estelar. Estudando a luz de 215.000 estrelas anãs vermelhas, luz essa coletada em observações feitas com o Telescópio Espacial Hubble da NASA, os astrônomos encontraram 100 labaredas estelares.
As observações foram feitas em um período de sete dias, e constituem o maior monitoramento contínuo de estrelas anãs vermelhas já feito até hoje. “Nós sabemos que as estrelas jovens hiperativas produzem labaredas, mas esse estudo mostrou que mesmo em estrelas velhas que têm alguns bilhões de anos de vida, as labaredas são um fato”, disse a astrônoma Rachel Osten do Space Telescope Science Institute localizado em Baltimore, Maryland.
A vida poderia ser algo bruto para qualquer planeta orbitando esse tipo de estrela a uma distância suficiente para sofrer com essas labaredas. Sua atmosfera seria evaporada e arrancada do planeta.
Osten e sua equipe, incluindo Adam Kowalski da University of Washington em Seattle, descobriram que nas estrelas anãs vermelhas as labaredas são 15 vezes menos frequente do que se previa em estudos anteriores que observaram estrelas mais jovens e menos massivas.
As estrelas no estudo foram originalmente usadas para uma pesquisa por planetas. O Hubble monitorou as estrelas de forma contínua por uma semana em 2006, procurando por assinaturas de planetas passando em frente às estrelas. As estrelas foram fotografadas pela Advanced Camera for Surveys do Hubble durante a pesquisa por exoplanetas chamada de Sagittarius Window Eclipsing Extrasolar Planet Search (SWEEPES). Osten e Kowlski pesquisaram nos dados do Hubble, procurando por um pequeno aumento no brilho das estrelas anãs vermelhas, uma assinatura das labaredas. Algumas das estrelas pesquisadas tiveram um aumento de 10% em um curto espaço de tempo, o que é na verdade muito mais brilhante do que as labaredas produzidas pelo Sol. A duração média das labaredas foi de 15 minutos. Algumas estrelas chegaram a produzir múltiplas labaredas. Os astrônomos descobriram que as estrelas periodicamente oscilam o seu brilho, as chamadas estrelas variáveis, mas não é uma variação tão grande quanto as que sofrem explosões.
“Nós descobrimos que as estrelas variáveis tem aproximadamente mil vezes mais probabilidade de ter uma labareda do que uma estrela não variável”, disse Kowalski. “As estrelas variáveis estão em rápida rotação, o que pode significar que elas estão em um sistema binário de órbita rápida. Se as estrelas possuem grandes manchas, regiões escuras na superfície da estrela, isso irá fazer com que o brilho da estrela varie quando as manchas entram e saem do campo de visão. As manchas estelares são produzidas quando as linhas do campo magnético batem na superfície. Então, se existem grandes manchas, existe uma grande área coberta por um forte campo magnético e nós descobrimos que essas estrelas têm mais labaredas”.
Embora as estrelas anãs vermelhas sejam menores que o Sol, elas possuem uma profunda zona de convecção, onde células de bolhas de gás quente seguem para a superfície. Essa zona gera o campo magnético que permite que as anãs vermelhas tenham energéticas labaredas. As anãs vermelhas também têm campos magnéticos que são mais fortes que os do Sol. Eles cobrem uma área muito maior que no Sol. Manchas solares cobrem 1% da superfície do Sol, enquanto que nas anãs vermelhas essas manchas podem cobrir metade da sua superfície!
Fonte: NASA

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O maior buraco negro do Universo

Um buraco negro localizado no centro da galáxia M87 vem chamando a atenção de especialistas. Sua massa é correspondente a 6,6 bilhões o tamanho do Sol, e é o maior buraco negro já encontrado até o momento.
buraco negro gigantesco
© Science (ilustração de um buraco negro gigantesco)
Para o astrônomo Karl Gebhart, da Universidade do Texas, sua força é tanta que ele poderia engolir o Sistema Solar se estivesse mais próximo. A descoberta foi anunciada esta semana no encontro anual da Sociedade de Astronomia Americana.
Para determinar a massa do buraco negro, é preciso analisar estrelas próximas a ele e a velocidade em que estão orbitando a estrutura.
Até agora, cientistas estimavam que a massa do buraco negro da M87 era a metade da apresentada por Gebhart. Mesmo assim, já seria mil vezes maior que o maior buraco negro da Via Láctea. Ele fica a 50 milhões de anos luz da Terra na direção da constelação de Virgem, e provavelmente ganhou seu tamanho após a fusão com buracos negros menores.
Fonte: Science

Planck observa nuvem molecular de Perseus

Não só de estrelas é feita uma galáxia, na verdade, muitos outros materiais preenchem essas ilhas cósmicas. No comprimento de onda das microondas, o Planck consegue observar elétrons se movendo através da galáxia e poeira sendo aquecida pela luz das estrelas que estão se formando.
nuvem molecular de Perseus
© Planck (nuvem molecular de Perseus)
Na imagem acima, as cores têm os seguintes significados: azul, representa os elétrons se movendo através da galáxia; verde a poeira aquecida pelas estrelas e vermelho a emissão anômala observada pelo Planck.
Esses componentes do meio interestelar têm sido estudados exaustivamente por algumas décadas. Os elétrons são conhecidos por emitir primariamente ondas de rádio (baixa frequência) enquanto que os grãos de poeira primariamente emitem no infravermelho distante (altas frequências). Na década de 1990, as emissões eram observadas mas não podiam ser explicadas e por isso tornaram-se conhecidas como AME (Emissão de Microondas Anômala).
Algumas teorias propuseram a origem dessa emissão e agora com os comprimentos de onda cobertos pelo Instrumento de Baixa Frequência do Planck é possível observar e caracterizar essa emissão. Uma vantagem que o Planck tem é que ele combina dois instrumentos e com isso consegue cobrir uma grande gama de comprimentos de onda, o que permite separar essa emissão anômala dos componentes que podem ser melhor compreendidos.
“Nós agora estamos ficando mais confiantes de que a emissão é devido à rotação dos grãos de poeira em nano-escala, que gira a milhares de milhões de vezes por segundo”, disse Clive Dickinson da University of Manchester, que lidera as análises do AME usando os mapas do Planck. Esses são os menores grãos de poeira conhecidos, compostos somente por 10 a 50 átomos, a partir de colisões com átomos ou fótons eles emitem radiação nas frequências entre 10 e 60 GHz.
Essa região na constelação de Perseus, foi uma das duas regiões dentro da nossa galáxia que foi estudada em detalhe. Graças a grande sensibilidade do Planck e devido a sua cobertura espectral sem precedente, tem sido possível caracterizar as emissões anômalas provenientes desses dois objetos em grande detalhe de modo que muitas das teorias alternativas puderam ser descartadas e assim é possível mostrar que a significante contribuição da AME, é devido a rotação das partículas de grãos em nano escala.
Fonte: ESA

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Redshift 7 em versão gratuita

Explore o universo através de seu computador com a versão grátis (Launcher) do software astronômico Redshift 7.
planetas Saturno e Marte
© USM Digital Media (planetas Saturno e Marte)
É uma exibição espetacular do Universo que utiliza dados científicos precisos permitindo obter um vasto conhecimento de todos os tipos de objetos no céu. Você pode simular o céu noturno para qualquer hora e desvendar astros como: satélites, asteroides, cometas, estrelas, galáxias, planetas e exoplanetas até os limites do Universo como nós conhecemos até hoje.
cinturão de asteróides
© USM Digital Media (cinturão de asteroides)
Esta versão possui a seguinte configuração:
*Mais de 100.000 estrelas, 1.800 agrupamentos de estrela, 20.000 objetos do céu profundo, 15.000 asteroides, 1.500 cometas entre outros.  
*Nova interface de programa e desempenho excelente.  
*Modelo realístico em 3D de nossa Galáxia.  
*Navegação em 3D ao redor da galáxia e 20 excursões de multimídias. 
*Com controle de joystick, um vídeo atualizado e galeria de fotografias.
*Inclui planetas anões e exoplanetas. 
*Conexão rápida para o site da Web Redshift ao vivo para carregar novas excursões e workspaces.
*Atualizações individuais por plugins para personalizar o software Redshift e adicionar mais funções. Com os plugins você pode adiconar mais estrelas, objetos do céu profundo, controle de telescópio, publicar seu workspaces, alterar panoramas e áudio, obter galeria de fotos e dicionário, e muito mais para fazer o software Redshift um planetário ideal.
Redshift 7 Launcher
O download do Redshift 7 Launcher está disponível para o sistema operacinal Windows 7/Vista/XP no link:
Fonte: Cosmo Novas

Rebaixamento de Plutão foi precipitado?

No mês em que completa seis anos de descobrimento, o planeta-anão Éris e a sua participação no rebaixamento de Plutão em 2006, continuam causando polêmica.
plutão
© NASA (concepção artísitica de Plutão)
Um grupo de astrônomos liderados por Bruno Sicardy, do Observatório de Paris, disse ter feito uma nova medição que comprovaria que Éris é menor do que Plutão.
Por enquanto, eles não dizem o quão menor. Os detalhes serão divulgados num artigo na revista científica Nature.
Embora a diferença não deva passar de poucos quilômetros, o anúncio já foi suficiente para animar o grupo que quer rever o status de ex-planeta de Plutão.
O que se sabe, até agora, é que a nova medição foi feita no ano passado, aproveitando o momento em que uma estrela passou por trás de Éris, permitindo a visibilidade do experimento.
"Éris é claramente menor", disse Alain Maury, que também observou o fenômeno, no Observatório San Pedro de Atacama, no Chile.
Em 2005, quando foi localizado em um ponto distante do Sistema Solar, Éris trouxe um problema para os astrônomos.
Como seu diâmetro parecia maior do que o de Plutão, só havia duas alternativas: reconhecê-lo como o décimo planeta ou rebaixar o outro.
A IAU (União Astronômica Internacional) resolveu colocar ordem na casa e criou uma série de critérios para classificar um planeta. Regras que, apesar de séculos de estudos astronômicos, ainda não existiam. Com isso, nasceu também um novo conceito: o de planeta-anão, em que Éris e Plutão foram colocados.
Tanto cuidado tem várias explicações, mas um dos motivos mais fortes era o receio dos astrônomos de que, com os instrumentos de observação cada vez mais potentes, haveria uma enxurrada de novos planetas no nosso Sistema Solar.
Batizado em homenagem à deusa grega da discórdia, Éris fica bem mais distante do Sol do que Plutão.
Além da distância, existe um outro complicador para medições precisas: a baixa luminosidade do Cinturão Kuiper, onde eles estão.
Nem mesmo o tamanho de Plutão é considerado definitivo. Nos mais de 80 anos desde seu descobrimento, a estimativa de seu diâmetro já mudou várias vezes.
Uma medição muito precisa deve acontecer em 2015, quando a sonda New Horizons, da NASA, chegar até próximo dele.
Nesta disputa não é apenas o tamanho que importa, mas também deve ser considerado o critério da órbita solidária, que neste caso Plutão não possui.
Fonte: The New York Times