quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Ejeção coronal de massa solar rumo à Terra

A mancha solar 1261 causou uma erupção em 2 de Agosto de 2011, às 0619 UT, produzindo uma labareda solar de longa duração da Classe M1.
manchas solares
© NASA/SDO (manchas solares)
A imagem solar acima, obtida pelo SDO (Solar Dynamics Observatory) da NASA, em 1 de Agosto de 2011, mostra a configuração das manchas solares a partir desta data. A mancha solar 1261 tem um campo magnético do tipo "beta-gama-delta", com energia para originar explosões solares de classe X. A cobertura magnética da mancha solar foi iluminada pela extrema radiação ultravioleta.


© GSFC Space Weather Lab (modelo 3D da ejeção)
A explosão gerou uma ejeção de massa coronal quase que diretamente na direção da Terra. Três sondas, a SOHO, a STEREO-A e a STEREO-B rastrearam o progresso da nuvem de expansão. Usando dados de três pontos de vista diferentes, os cientistas no GSFC Space Weather Lab construíram um modelo 3D da ejeção (mostrado na figura acima). De acordo com esse trabalho, a nuvem a esquerda do Sol está viajando a uma velocidade de 900 km/s e deve atingir a Terra no dia 5 de Agosto de 2011 às 0300 UT, mais ou menos 7 horas. Possíveis tempestades geomagnéticas podem ocorrer quando a ejeção chegar na Terra.
Fonte: NASA

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A nebulosa do Anel Fino

A obscura Nebulosa do Anel Fino, mostrada a seguir, é uma nebulosa planetária pouco comum.
nebulosa do Anel Fino
© ESO (nebulosa do Anel Fino)
Nebulosas planetárias se formam quando algumas estrelas moribundas, se expandem na sua fase de gigante vermelha, expelem uma concha de gás à medida que se desenvolvem tornando-se uma anã branca. A maioria das nebulosas planetárias são esféricas ou elípticas, ou até mesmo bipolares, quando apresentam lobos simétricos de material expelido.
Mas a Nebulosa do Anel Fino, registrada aqui pelo instrumento chamado Faint Object Spectrograph and Camera montado no New Technology Observatory do ESO em La Silla no Chile, parece com um anel quase que perfeitamente circular. Os astrônomos acreditam que algumas dessas nebulosas planetárias de formas pouco comum são formadas quando a estrela progenitora é um sistema binário. A interação entre a estrela primária e a sua companheira orbital dão forma ao material ejetado.
O objeto estelar no centro da Nebulosa do Anel Fino é na verdade como se fosse um sistema binário, com um período orbital de 2,9 dias. As observações sugerem que o par binário está quase de frente para nós, implicando que a estrutura da nebulosa planetária também esteja alinhada com o nosso ponto de vista. Nós estamos olhando para um toro (uma estrutura na forma de rosquinha) de material ejetado levando a essa impressionante forma de anel circular que observamos na imagem.
As nebulosas planetárias tem a sua forma definida por uma complexidade de processos físicos. Não somente esses objetos podem ser admirados pela sua beleza, mas o estudo da precisão como eles se formam é um tópico fascinante de estudo astronômico.
Fonte: ESO

Achada evidência de oxigênio em nebulosa

O telescópio espacial Herschel encontrou a primeira evidência forte da existência de moléculas de oxigênio (O2) na nebulosa de Órion, a aproximadamente 1.500 anos-luz da Terra, afirma a ESA (agência espacial europeia).
nebulosa de Órion
© ESA (nebulosa de Órion)
Segundo a agência, o registro é 10 vezes maior que observações anteriores, mas ainda bem abaixo das expectativas teóricas.
O oxigênio é um gás que foi descoberto por volta de 1770, sendo o terceiro elemento mais abundante do Universo, atrás apenas de hidrogênio e hélio, e é fundamental para a vida na Terra. "A teoria sugere que deveríamos achar uma grande quantidade de átomos de oxigênio, mas buscas anteriores continuavam falhando em achar essa grande quantidade", afirma Paul Goldsmith, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA (agência espacial americana), autor principal do artigo que descreve o achado. "Com esses novos dados, nós finalmente temos um forte palpite de onde o oxigênio cósmico pode estar se escondendo", diz o astrônomo.
Os astrônomos procuram por assinaturas da energia que os átomos de oxigênio emitem, mas o oxigênio da atmosfera da Terra atrapalha a busca. Como o Herschel está no espaço, fica mais favorável descobrir o elemento.
Os resultados do estudo foram publicados na revista especializada "Astrophysical Journal".
Fonte: ESA

Nova imagem do asteroide Vesta

A NASA divulgou novas imagens feitas pela sonda Dawn do gigantesco asteroide Vesta, um dos maiores asteroides conhecidos.
asteroide Vesta
© NASA (asteroide Vesta)
A sonda Dawn entrou na órbita de Vesta no último dia 15, onde passará um ano antes de partir para o planeta-anão Ceres.
Vesta é o objeto mais brilhante do cinturão de asteroides e pode ser a fonte de vários meteoritos que atingem a Terra.
A sonda viajou 2,8 bilhões de km em aproximadamente quatro anos e registrou as imagens a cerca de 5,2 km de distância do asteroide.
A sonda é equipada com detectores de raios-gama e de nêutrons - que registram a energia das partículas subatômicas emitidas pelo asteroide - e espectrômetro - que analisa os minerais da superfície de Vesta.
Fonte: NASA

domingo, 31 de julho de 2011

Nova medida da expansão do Universo

As galáxias não estão distribuídas uniformemente pelo espaço, mas estão agrupadas. Usando uma medida da agregação das galáxias pesquisadas, além de outras informações derivadas a partir de observações do início do Universo, os pesquisadores mediram a constante de Hubble com uma incerteza inferior a 5%.
6DF Galaxy Survey
© ICRAR (6DF Galaxy Survey )
Na imagem da 6DF Galaxy Survey, cada ponto é uma galáxia e a Terra é o centro da esfera.
Um estudante de PhD do International Centre for Radio Astronomy Research (ICRAR) produziu uma das medições mais precisas de todos os tempos da rapidez com que o Universo está se expandindo.
Florian Beutler, com doutorado da Universidade da Austrália Ocidental, calculou o quão rápido o Universo está crescendo através da medição da constante de Hubble.
A constante de Hubble é um número importante na Astronomia, porque é usado para calcular o tamanho e a idade do Universo.
À medida que o Universo expande, as outras galáxias são distanciadas da nossa.
Ao analisar a luz que vem de uma galáxia distante, a velocidade e a direção da galáxia pode ser facilmente obtida. Determinar a distância da galáxia da Terra é muito mais difícil. Até agora, isso tem sido feito, observando o brilho de objetos individuais dentro da galáxia para calcular o quão longe a galáxia deve estar.
Esta abordagem para medir a distância de uma galáxia da Terra se baseia em alguns pressupostos bem estabelecidos, mas está propenso a erros sistemáticos.
Este estudo é baseia-se em dados de uma pesquisa com mais de 125 mil galáxias realizado com o UK Schmidt Telescope, no leste da Austrália. Chamado de 6dF Galaxy Survey, este é o maior levantamento até agora de galáxias relativamente próximas, abrangendo quase metade do céu.
"Esta maneira de determinar a constante de Hubble é tão direta e precisa como outros métodos, e fornece uma verificação independente deles", diz o professor Mateus Colless, diretor do Observatório Astronômico da Austrália.
A nova medição da constante de Hubble é 67,0 ± 3,2 km/s por Mpc (Megaparsec). A medição pode ser mais refinada através de dados com maior quantidade de galáxias.
Fonte: Monthly Notices of the Royal Astronomical Society

sábado, 30 de julho de 2011

A cratera Gale em Marte

A câmera Thermal Emission Imaging System, ou THEMIS da sonda da NASA Mars Odyssey obteve a imagem abaixo da cratera Gale com 154 km de diâmetro, que fica localizada próxima do equador do planeta Marte.
cratera Gale
© NASA (cratera Gale)
No interior da cratera Gale está localizada uma impressionante montanha com camadas de 5 km de elevação. As camadas e estruturas próximas da base são provavelmente formadas em tempos antigos por sedimentos que foram carregados pela água. De fato, um ponto perto do lado norte da cratera no sopé dessa montanha foi escolhido como alvo para a nova missão que irá explorar o planeta Marte, o Mars Science Laboratory. Programada para ser lançada no final desse ano, a missão pousará em Marte em Agosto de 2012, deixando no planeta uma sonda exploratória robô, a Curiosity. Os instrumentos científicos da Curiosity pretendem descobrir se a Gale alguma vez na história de Marte possuiu condições favoráveis para suportar a vida de microrganismos e se teve também as condições de preservar pistas sobre o fato da vida ter existido em algum momento no planeta vermelho.
Fonte: NASA

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Nova antena para o ALMA

A primeira antena europeia para o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) foi transportada para o Local de Operações da Rede (AOS, sigla do inglês Array Operations Site) do observatório.
radiotelescópio ALMA
© ESO (radiotelescópio ALMA)
A antena de 12 metros de diâmetro chegou ao planalto do Chajnantor, situado 5.000 metros acima do nível do mar. Neste local junta-se a antenas de outros parceiros internacionais do ALMA, elevando para 16 o número total de antenas colocadas já no AOS.
Embora 16 pareça ser apenas mais um número é, na realidade, o número de antenas especificado para o ALMA começar a fazer as suas primeiras observações científicas, sendo por isso um marco importante do projeto. Brevemente, os astrônomos começarão a fazer investigação científica original com o ALMA.
A antena, construída pelo Consórcio Europeu AEM contratado pelo ESO, foi entregue ao observatório em Abril na Infraestrutura de Suporte às Operações (OSF, sigla em inglês para Operations Support Facility), depois de seis meses de testes. O OSF encontra-se a uma altitude de 2.900 metros no sopé dos Andes chilenos. Neste local, a antena foi equipada com detectores extremamente sensíveis, arrefecidos por hélio líquido e outra eletrônica necessária. Agora, um dos enormes veículos de transporte ao serviço do ALMA levou-a 28 km mais longe, pela estrada árida do deserto até ao AOS. O AOS é a última parada de uma longa jornada que começou quando os diversos componentes que compõem a antena foram produzidos em fábricas espalhadas por toda a Europa, sob o olhar rigoroso do ESO.
Stefano Stanghelliti, diretor do projeto ALMA no ESO, disse: “É fantástico ver a primeira antena ALMA europeia chegar ao Chajnantor. É a partir deste planalto inóspito que estas obras-primas da tecnologia serão utilizadas para estudar o cosmos.”
As primeiras observações científicas do ALMA estão previstas ainda para este ano. Apesar do ALMA se encontrar em construção, a rede de 16 antenas que estará disponível será melhor que todos os outros telescópios deste tipo. Astrônomos de todo o mundo submeteram quase 1.000 propostas para as observações científicas iniciais. Esta quantidade de propostas é cerca de nove vezes o número de observações que se espera para esta primeira fase, o que demonstra o entusiasmo dos investigadores pelo ALMA, mesmo nesta fase inicial.
A última etapa do percurso desde o OSF ao planalto do Chajnantor é relativamente curta, no entanto este pequeno trajeto marca toda a diferença para o ALMA. A localização elevada do planalto – 2.100 metros mais alto que o OSF - fornece as condições extremamente secas vitais para a observação nos comprimentos de onda do milímetro e do submilímetro, uma vez que os sinais fracos que nos chegam do espaço são facilmente absorvidos pela atmosfera terrestre.
Embora o Chajnantor seja perfeito para o ALMA, a altitude extremamente elevada e a falta de oxigênio torna-o muito menos agradável para os visitantes humanos. Apesar de existir um edifício técnico no Chajnantor - que é na realidade um dos edifícios do mundo construídos a maior altitude  -  as pessoas que trabalham no ALMA fazem a máximo possível do seu trabalho a uma altitude inferior no OSF, onde o telescópio é operado remotamente.
Quando a construção estiver completa em 2013, o ALMA contará com um total de 66 antenas de última geração, que trabalharão em uníssono como um único telescópio muito potente, observando na radiação milimétrica e submilimétrica. O ALMA ajudará os astrônomos a estudar a origem dos planetas, estrelas, galáxias e do próprio Universo, ao observar gás molecular e poeira fria na Via Láctea e para além dela, assim como a radiação residual do Big Bang.
O ALMA, uma infraestrutura internacional astronômica, é uma parceria entre a Europa, América do Norte e Leste Asiático em cooperação com a República do Chile. A construção e operação do ALMA  é feita pelo ESO em prol da Europa, pelo National Radio Astronomy Observatory (NRAO) em prol da América do Norte e pelo Observatório National do Japão (NAOJ) em prol do Leste Asiático. O Joint ALMA Observatory (JAO) fornece uma liderança unificada e a direção da construção, comissionamento e operação do ALMA.
Vinte e cinco antenas ALMA europeias, incluindo esta, serão fornecidas pelo ESO através de um contrato com o Consórcio europeu AEM. O ALMA terá igualmente 25 antenas fornecidas pela América do Norte e 16 fornecidas pelo Leste Asiático.
Fonte: ESO

A coroa do Sol

Um estudo publicado nesta semana explica por que a coroa do Sol alcança temperaturas centenas de vezes superiores a partes do astro que encontram-se muito mais perto do núcleo, que produz o calor.
a coroa do Sol
© NASA/SDO (a coroa do Sol)
Para aquecer a coroa solar a vários milhões de graus e acelerar a centenas de quilômetros por segundo os ventos solares que se propagam em todas as direções, inclusive em direção à Terra, é preciso energia, escrevem Scott McIntosh, do Centro Nacional Americano de Pesquisa Atmosférica, e outros pesquisadores.
A temperatura alcança aproximadamente 6.000 ºC na superfície do Sol e dois ou três milhões de ºC na coroa, apesar desta última se encontrar muito mais longe do núcleo do astro, onde ocorrem as reações nucleares que produzem o calor. Hannes Alfven, um físico sueco que recebeu o prêmio Nobel em 1970, estimou que há ondas que transportam esta energia por linhas do campo magnético que percorrem o plasma (gás com partículas carregadas com eletricidade) da coroa. Até agora não havia sido possível detectar a quantidade de ondas deste tipo necessárias para produzir a energia requerida.
Imagens de alta definição ultravioleta captadas com muita frequência (a cada oito segundos) pelo satélite da Nasa Solar Dymanics Observatory (SDO) permitiram à equipe de Scott McIntosh detectar grande quantidade destas ondas Alfven. As mesmas se propagam em grande velocidade (entre 200 e 250 quilômetros por segundo) no plasma em movimento, indica o professor Marcel Goossens, da Universidade Católica de Lovaina, que participou da pesquisa.
Estas ondas, cujo fluxo energético localiza-se entre 100 e 200 watts por km², "são capazes de produzir a energia necessária para propulsar os rápidos ventos solares e assim compensar as perdas de calor das regiões menos agitadas da coroa solar". No entanto, isto "não basta para prover os 2 mil watts por m² necessários para abastecer as zonas ativas da coroa".
Para isso, seriam necessários instrumentos com maior resolução espacial e temporal "para estudar todo o espectro de energia irradiada nas regiões ativas". Além disso, seria preciso "entender como e onde estas ondas são geradas e dissipadas na atmosfera solar".
Fonte: Nature

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Gás fluindo em direção a um buraco negro

O fluxo de gás quente em direção a um buraco negro foi imageado claramente pela primeira vez em raios-X.
Chandra Images Gas Flowing Toward Black Hole
© Chandra (NGC 3115 e no destaque região com um buraco negro)
As observações feitas com o Observatório de Raios-X Chandra da NASA ajudarão a rastrear dois dos mais fundamentais problemas da astrofísica moderna: entender como os buracos negros crescem e como a matéria se comporta no ambiente de intensa gravidade.
O buraco negro está no centro da grande galáxia conhecida como NGC 3115, que está localizada a aproximadamente 32 milhões de anos-luz de distância da Terra. Uma grande quantidade de dados anteriores mostraram material caindo em direção e para dentro do buraco negro, mas ninguém até hoje tinha uma imagem clara do gás quente.
Imageando o gás quente em distâncias diferentes desse supermassivo buraco negro, os astrônomos conseguem observar os limites críticos onde o movimento do gás torna-se dominado pela gravidade do buraco negro e cai em direção ao interior do objeto. Essa distância do buraco negro é conhecida como “Raio de Bondi”.
“É muito animador encontrar evidências claras do gás ao alcance de um buraco negro massivo”, disse Ka-Wah Wong da Universidade do Alabama, que liderou o estudo. “O poder de resolução do Chandra fornece uma oportunidade única de entender mais sobre como os buracos negros capturam material estudando esse objeto próximo”.
À medida que o gás flui em direção ao buraco negro, ele é espremido, fazendo com que ele fique mais quente e mais brilhante, uma assinatura agora confirmada pelas observações feitas em raios-X. Os pesquisadores encontraram um aumento na temperatura do gás que começa a aproximadamente 700 anos-luz de distância do buraco negro, dando assim a localização do Raio de Bondi. Isso sugere que o buraco negro no centro da NGC 3115 tem uma massa de aproximadamente dois bilhões de vezes a massa do Sol, fazendo dele o buraco negro desse tamanho mais perto da Terra.
Os dados do Chandra também mostram que o gás perto do buraco negro no centro da galáxia é mais denso que o gás distante, como previsto. Usando as propriedades observadas do gás e as premissas teóricas, a equipe então estimou que a cada ano o gás ganha 2 por cento mais de massa do Sol quando está sendo puxado para além do Raio de Bondi em direção ao buraco negro.
Fazendo certas premissas sobre como grande parte da energia do gás se transforma em radiação, os astrônomos esperariam encontrar uma fonte que é mais de um milhão de vezes mais brilhante em raios-X do que é vista no NGC 3115.
“Um grande mistério na astrofísica é como a área ao redor dos buracos negros massivos podem permanecer tão apagadas, quando existe uma grande quantidade de combustível disponível para acendê-lo”, disse o co-autor do trabalho Jimmy Irwin, também da UA em Tuscaloosa. “Esse buraco negro é um modelo para se estudar esse problema”.
Existem pelo menos duas possíveis explicações para essa discrepância. A primeira é que muito menos material na verdade cai dentro do buraco negro do que flui dentro do Raio de Bondi. Outra possibilidade é que a conversão de energia  em radiação é muito menos eficiente do que se tem assumido.
Modelos diferentes descrevem o fluxo do material no buraco negro fazendo diferentes previsões de quão rapidamente a densidade do gás é vista aumentando à medida que ela se aproxima do buraco negro. Uma determinação mais precisa do aumento na densidade a partir de futuras observações devem ajudar os astrônomos a decidirem sobre esses modelos.
Fonte: The Astrophysical Journal Letters

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Encontrado o primeiro asteroide troiano da Terra

O planeta Terra não está sozinho em sua viagem ao redor do Sol. Uma pesquisa publicada no periódico científico Nature mostra que um asteroide acompanha o planeta, fazendo a mesma órbita em torno do Sol.
ilustração da trajetória do asteroide 2010 TK7
© NASA (ilustração da trajetória do asteroide 2010 TK7)
Esse tipo de corpo celeste é chamado de asteroide troiano. “Há cerca de 20 anos esperávamos encontar asteróides troianos da Terra, desde que um asteróide semelhante foi achado em Marte”, afirmou Martin Connors, da Universidade de Athabasca, no Canadá.
O 2010 TK7, seu nome oficial, inclusive está acompanhando o nosso planeta há cerca de 10 mil anos.
O asteroide tem aproximadamente 300 metros de diâmetro. Ele tem uma órbita pouco comum que traça um movimento complexo próximo do ponto estável no plano de órbita da Terra, embora o asteroide também se mova acima e abaixo desse plano. O objeto está a aproximadamente 80 milhões de quilômetros da Terra. A órbita do asteroide é bem definida e pelo menos nos próximos 100 anos, ele não chegará a uma distância inferior a 24 milhões de quilômetros da Terra.
Olhando da superfície da Terra, os asteroides troianos da Terra estão geralmente perto do Sol e podem ser vistos apenas por um curto período de tempo, perto do nascer ou pôr do astro. Além disso, o céu é um lugar muito grande para se procurar por um objeto pequeno. Logo, com a competição pelo uso dos grandes telescópios e o tempo limitado para enxergá-lo, é difícil realizar uma busca satisfatória.
A descoberta foi feita com a ajuda da sonda espacial WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer) lançada no final de 2009 pela NASA. Segundo os pesquisadores é provável que haja outros asteroides troianos em torno da Terra.
A existência de pequenos corpos celestes na mesma órbita de um planeta foi prevista em 1772 pelo matemático francês Joseph-Louis Lagrange. Segundo ele, um desses corpos que estivesse sessenta graus à frente ou atrás do planeta ficaria permanentemente nesta região – no caso da Terra, o 2010 TK7 está à frente.
Demorou, no entanto, mais de dois séculos para que o primeiro asteróide troiano fosse encontrado na órbita de Júpiter pelo astrônomo alemão Max Wolf. “Havia o hábito de batizar corpos celestes com nomes da história clássica então este ganhou o nome de Aquiles. Quando dois outros asteroides similares foram rapidamente encontrados eles foram batizados de Pátroclo (primo de Aquiles) e Heitor (o troiano que matou Aquiles). Depois disso nomes relacionadas à guerra de Tróia passaram a ser usados para este tipo de asteróide”, explicou Connors. Atualmente os astrônomos sabem da existência de asteróides troianos em torno de Júpiter, Netuno e Marte.
Fonte: Nature

O tripleto de Leão

O tripleto de Leão é um magnífico grupo de galáxias em interação, situado a cerca de 35 milhões de anos-luz da Terra.
 
© ESO (três galáxias brilhantes na constelação do Leão)
Todas as galáxias são espirais, tal como a nossa própria Via Láctea, embora este fato possa não ser imediatamente óbvio a partir desta imagem, uma vez que os discos estão inclinados de diferentes ângulos relativamente à nossa linha de visão. A NGC 3628, situada na imagem à esquerda, observa-se de perfil, mostrando extensas zonas de poeira ao longo do plano da galáxia. Por outro lado, os objetos de Messier, M 65 (em cima à direita) e M 66 (em baixo à direita), estão suficientemente inclinados para que possamos observar os seus braços em espiral.
O VST (VLT Survey Telescope) é a adição mais recente ao Observatório do Paranal do ESO. É um telescópio de última geração de 2,6 metros, equipado com uma câmera gigante de 268 milhões de pixels, a OmegaCAM. Tal como o nome indica, o VST dedica-se a mapear o céu na radiação visível, sendo o maior telescópio do mundo concebido exclusivamente para este efeito. Esta grande panorâmica do tripleto de Leão demonstra a excelente qualidade das imagens produzidas pelo VST e pela sua câmera.
Os grandes telescópios estudam normalmente uma destas galáxias de cada vez, mas o campo do VST - duas vezes o tamanho da Lua Cheia - é suficientemente grande para capturar os três membros do grupo numa única imagem. O VST também nos mostra um grande número de galáxias tênues mais distantes, observadas como manchas difusas no campo de fundo da imagem.
Observam-se igualmente em primeiro plano, muitas estrelas com diferentes brilhos, situadas na nossa própria Galáxia. Um dos objetivos científicos do VST é a procura de objetos pouco brilhantes na Via Láctea, tais como estrelas anãs marrons, planetas, estrelas de nêutrons e buracos negros. Acredita-se que estes objetos permeiam o halo da Via Láctea mas que são, muitas vezes fracos demais para poderem ser detectados de forma direta, mesmo com grandes telescópios. O VST procurará eventos sutis produzidos por um fenômeno chamado microlente gravitacional, de modo a detectar indiretamente estes objetos tão elusivos e estudar o halo galáctico.
Com base nestes estudos, espera-se que o VST faça avançar o nosso conhecimento da matéria escura, que se pensa ser o maior constituinte do halo galáctico. Esperamos encontrar pistas sobre a natureza desta substância, assim como sobre a natureza da energia escura, a partir dos rastreios do Universo longínquo feitos pelo VST. O telescópio descobrirá aglomerados de galáxias distantes e quasares a grande desvio para o vermelho, que ajudarão os astrônomos a compreender o Universo primordial e a encontrar respostas para questões em aberto há muito tempo na cosmologia.
A imagem mostra também traços de vários asteróides do Sistema Solar, que se moveram ao longo da imagem durante as exposições. Estes objetos aparecem como riscos coloridos curtos e nesta imagem podemos observar pelo menos dez. Como o Leão é uma constelação do zodíaco, situada no plano do Sistema Solar, o número de asteróides é particularmente elevado.
Fonte: ESO

Chuva em Saturno provém de Encélado

O vapor d'água descoberto na alta atmosfera de Saturno provém dos gêiseres localizados em Encélado, uma das luas do planeta dos anéis, anunciou a ESA, baseando-se em dados fornecidos pelo satélite Herschel.
Encélado
© ESA (Encélado)
A identificação dessa fonte "resolve um mistério que vem intrigando os cientistas há 14 anos".
Encélado, uma pequena lua gelada com um raio de 500 km, expulsa cerca de 250 kg de vapor d'água por segundo através dos gêiseres situados perto de seu polo sul, numa região batizada pelos astrônomos de "listras de tigre" por causa das marcas visíveis na superfície. Esse vapor d'água se acumula numa gigantesca nuvem em forma de argola no rastro de Encélado, que orbita a cerca de 238 mil km de Saturno, ou seja, a uma distância correspondente a quatro vezes o raio de Saturno.
A nuvem de vapor d'água possui cerca de 50 mil km de espessura. Apesar de seu grande tamanho, não havia sido detectada até então porque o vapor d'água é transparente, na extensão da onda de luz visível, mas não para a radiação infravermelha que o Herschel foi projetado para captar.
A presença de água na alta atmosfera de Saturno havia sido registrada pela primeira vez em 1997, através das observações com ajuda do telescópio espacial ISO (Infrared Space Observatory) da ESA, sem que se compreendesse sua fonte. Apenas 3% a 5% da água expulsa por Encélado cairiam em Saturno, segundo simulações numéricas realizadas após as mais recentes observações do satélite Herschel. Porém, esta pequena fração basta para explicar a presença de água na alta atmosfera do planeta.
Encélado é também "a única lua do Sistema Solar conhecida por influenciar a composição química de seu planeta", destaca a ESA.
Fonte: Astronomy & Astrophysics

terça-feira, 26 de julho de 2011

A evolução de uma nebulosa planetária

Um astrônomo amador fez uma descoberta que pode ser muito útil aos cientistas: uma nebulosa planetária em forma de bola de futebol, que foi nomeada Kronberger 61, ou Kn 61.
nebulosa planetária Kronberger 61
© Kepler (nebulosa planetária Kronberger 61)
A nebulosa está localizada em um pequeno pedaço do céu que está sendo monitorado de perto pelo Telescópio Espacial Kepler.
A Kn 61 é nomeada em homenagem a seu descobridor, o austríaco Matthias Kronberger, um astrônomo amador que encontrou o objeto usando dados fornecidos pela Digital Sky Survey.
Kronberger e outros observadores amadores do céu são encorajados pelos astrônomos profissionais a analisar especificamente a parte do Universo que o Kepler cobre. Os cientistas explicam que, sem essa colaboração dos amadores, essa descoberta provavelmente não teria sido feita antes do fim da missão do Kepler.
Segundo os pesquisadores, a Kn 61 pode ajudá-los a entender melhor estas estruturas únicas, que são criadas pelos últimos suspiros de estrelas morrendo.
Observações de acompanhamento do Kepler podem responder questões fundamentais sobre nebulosas planetárias, por exemplo, se a sua formação pode ser influenciada por companheiros, sejam eles outras estrelas ou exoplanetas.
Nebulosas planetárias se formam quando estrelas como o nosso Sol esgotaram seu hidrogênio. As camadas externas da estrela se expandem e resfriam, criando um envelope enorme de poeira e gás. A radiação decorrente da estrela moribunda ioniza este envelope, fazendo-o brilhar.
Ao contrário do seu nome, nebulosas planetárias não têm nada a ver com planetas. Em vez disso, o termo se refere à sua semelhança superficial com planetas gigantes, quando observadas através de telescópios.
Algumas teorias recentes sugerem que as nebulosas planetárias se formam somente em sistemas binários de estrelas ou mesmo sistemas planetários. Por outro lado, a explicação convencional é que a maioria das estrelas, mesmo estrelas solitárias como nosso Sol, terão o mesmo destino.
Os astrônomos já descobriram mais de 3.000 nebulosas planetárias na Via Láctea. Até o momento, apenas cerca de 20% delas foram encontradas com companheiros. Até agora, seis nebulosas planetárias têm sido encontrados no campo varrido pelo Kepler, incluindo a Kn 61.
No entanto, os cientistas afirmam que esse percentual baixo pode simplesmente resultar da dificuldade de encontrar esses companheiros, muitos dos quais podem ser muito pequenos ou escuros para serem detectados por telescópios terrestres.
Fonte: Space

domingo, 24 de julho de 2011

O maior reservatório de água do Universo

Duas equipes de astrônomos lideradas por cientistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), nos Estados Unidos, descobriram o maior e mais distante reservatório de água já detectado no Universo.
ilustração de um quasar
© NASA (ilustração de um quasar)
A água, equivalente a 140 trilhões de vezes de toda a água do oceano do mundo, envolve um quasar, a mais de 12 bilhões de anos-luz de distância.
Astrônomos já haviam detectado vapor d'água, que é um sinal importante para investigar o Universo, em outras regiões do cosmo, mas não em tanta quantidade. "É uma demonstração de que a água está por todo o Universo, ainda que em tempos mais antigos", avaliou Matt Bradford, um cientista do Laboratório da NASA, em Pasadena, Califórnia.
Quasares são objetos brilhantes e muito distantes no Universo. Estão localizados nos núcleos de galáxias e são abastecidos com a energia de buracos negros. O APM 08279+5255, quasar observado nesta pesquisa, tem um buraco negro 20 bilhões de vezes mais massivo que o Sol e produz energia superior à energia de trilhões de sóis.
Fonte: NASA

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Rotação de buracos negros gera energia aos quasares

Cientistas americanos descobriram que buracos negros não só giram como também podem se mover lateralmente em toda a sua galáxia anfitriã.
galáxia Centaurus A
© ESO (galáxia Centaurus A)
E, de acordo com os astrofísicos da Universidade Brigham Young, ambos tipos de movimento alimentam os enormes jatos de energia emitidos por objetos conhecidos como quasares.
O estudo, publicado no "Proceedings of the National Academy of Sciences", é o primeiro a detectar o que pode ser o combustível dos quasares, alguns dos objetos mais brilhantes do Cosmo.
O buraco negro é como um gerador girando em torno desses campos magnéticos, disse o professor David Neilsen, principal autor do estudo. A forma como as linhas do campo magnético se torcem e são puxadas pelos buracos negros em rotação cria uma tensão eletromagnética que é transformada em radiação e energia expelida por eles.
Um buraco negro na galáxia Centaurus A emite radiação num jato medindo um milhão de anos-luz de comprimento. Os astrônomos começaram a acreditar que a rotação dos buracos negros tinha um papel nesse fenômeno em 1977. O novo estudo confirma esta teoria e introduz um componente novo: o movimento lateral também alimentaria esses jatos.
A energia cinética de rotação contribui, mas o movimento simples, como o de uma bola de bilhar, também pode contribuir para isso, afirmou o professor Eric Hirschmann, coautor do estudo. Os dois processos não competem um com o outro. Eles se combinam para gerar a energia total que flui dos buracos negros.
Fonte: Science Daily