Terra possui ao seu redor um anel de antiprótons, confinados pelas linhas do campo magnético do nosso planeta.
© NASA (cinturão de Van Allen)
Essa antimatéria pode persistir por períodos que vão desde alguns minutos até horas antes de se aniquilar com a matéria normal na atmosfera.
A Terra é constantemente bombardeada por raios cósmicos vindo do espaço que, ao chegar, criam uma chuva de novas partículas e antipartículas conforme eles colidem com as partículas de matéria ao se aproximar do planeta.
Muitas delas ficam presas dentro dos cinturões de radiação de Van Allen, duas zonas com formato de grossos anéis ao redor do planeta, onde as partículas carregadas espiralam ao redor das linhas do campo magnético da Terra.
Satélites artificiais já haviam detectado pósitrons - os equivalentes de antimatéria dos elétrons - no cinturão de radiação.
Agora, uma sonda detectou antiprótons, que têm uma massa 2.000 vezes maior do que os pósitrons.
Partículas mais pesadas tomam rotas mais abertas quando espiralam em torno das linhas magnéticas do planeta - linhas mais fracas do campo magnético também geram espirais mais largas.
Assim, os antiprótons relativamente pesados, ao viajar ao redor das fracas linhas magnéticas do cinturão externo de radiação, devem seguir loops tão grandes que são rapidamente puxados para a atmosfera, onde se aniquilam com a matéria normal.
Piergiorgio Picozza e seus colegas da Universidade de Roma, na Itália, detectaram os antiprótons usando o PAMELA, um detector de raios cósmicos italiano que está no espaço, a bordo de um satélite russo de observação da Terra.
A sonda voa através do cinturão interno de radiação da Terra, em uma posição diretamente acima do Atlântico Sul.
Entre julho de 2006 e dezembro de 2008, o PAMELA detectou, numa área equivalente aos seus sensores, 28 antiprótons presos em órbitas espirais em torno das linhas do campo magnético que brotam do pólo sul da Terra. Extrapolando os resultados para toda a área ao redor da Terra, há bilhões de partículas de antimatéria girando continuamente ao nosso redor!
Fonte: The Astrophysical Journal Letters