terça-feira, 20 de setembro de 2011

Qual asteroide extinguiu os dinossauros?

Os cientistas têm certeza de que um grande asteroide atingiu o planeta há 65 milhões de anos e provocou a morte dos répteis gigantes, mas desconhecem sua origem exata.
ilustração de um asteroide se despedaçando no espaço
© NASA (ilustração de um asteroide se despedaçando no espaço)
Em 2007, um estudo realizado com telescópios terrestres, feito pelo Instituo de Pesquisa de Southwest, no Colorado, apontou como suspeito pela extinção dos dinossauros um corpo celeste do tipo Baptistina, situado no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter.
Segundo essa teoria, o corpo celeste se chocou contra outro asteroide do cinturão há 160 milhões de anos, que se despedaçou em fragmentos gigantescos. Um deles acabou atingindo a Terra, no que hoje é península de Yucatã, no México, e causou a morte dos répteis.
No entanto, observações realizadas com instrumentos infravermelhos da sonda WISE afastaram essa possibilidade, deixando sem resposta um dos grandes mistérios da Terra.
Durante mais de um ano uma equipe da NASA estudou 120 mil asteroides, entre eles 1.056 da família Baptistina, e constatou que a quebra do asteroide cujo pedaço atingiu a Terra aconteceu há 80 milhões de anos, metade do tempo sugerido anteriormente.
A pesquisa mostrou que se esse asteroide fosse o responsável da extinção, ele teria que ter se chocado contra a Terra em menos tempo do que se acreditava anteriormente. Segundo a principal cientista do projeto, Amy Mainzer, não houve tempo para que o corpo celeste provocasse o fim do período Cretáceo.
Fonte: NASA

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Galáxia em enxame de aglomerados estelares

No centro de um rico aglomerado de galáxias localizado na direção da constelação de Coma Berenices, localiza-se uma galáxia que é envolta por um enxame de aglomerados de estrelas.
galáxia NGC 4874
© Hubble (galáxia NGC 4874)
A NGC 4874 é uma galáxia elíptica gigante, que tem aproximadamente 10 vezes o tamanho da Via Láctea e localiza-se no centro do Aglomerado de Galáxias da Coma. Com sua força gravitacional ela é capaz de manter mais de 30.000 aglomerados globulares de estrelas, mais do que qualquer outra galáxia conhecida, além de manter algumas galáxias anãs também sob seu campo gravitacional.
Nessa imagem feita pelo Telescópio Espacial Hubble, a NGC 4874 é o objeto mais brilhante, localizada à direita do quadro e é caracterizada por parecer uma estrela no centro envolta por um halo nebuloso. Algumas outras galáxias que fazem parte do aglomerado também são visíveis na imagem. Mas o que tem de mais impressionante mesmo nessa imagem são os objetos pontuais ao redor da NGC 4874, quando a imagem é ampliada esses pontos são estudados em detalhe o que se vê é que eles são aglomerados de estrelas que pertencem à galáxia. Cada um desses aglomerados globulares de estrelas contêm centenas de milhares de estrelas.
Recentemente, os astrônomos descobriram que alguns desses objetos pontuais não são aglomerados de estrelas mas sim galáxias anãs super compactas, que também estão sob a influência gravitacional da NGC 4874. Com apenas 200 anos-luz de diâmetro e feitas na sua maioria de estrelas antigas, essas galáxias lembram versões maiores e mais brilhantes dos aglomerados globulares. Acredita-se que elas sejam núcleos de pequenas galáxias elípticas que, devido a violentas interações com outras galáxias no aglomerado, perderam seu gás e as estrelas ao redor.
Essa imagem do Hubble também mostra muitas outras galáxias distantes que não pertencem a esse aglomerado, e que são vistas como pequenas acumulações no plano de fundo da imagem. Enquanto que as galáxias no Aglomerado da Coma estão localizadas a aproximadamente 350 milhões de anos-luz de distância, esses outros objetos estão muito mais distantes. Sua luz deve ter viajado centenas de milhões a bilhões de anos-luz até chegar até nossos olhos.
Fonte: ESA

sábado, 17 de setembro de 2011

O buraco negro mais massivo do Universo

O buraco negro localizado no centro da galáxia elíptica supergigante M87 no Aglomerado de Galáxias de Virgo a uma distância estimada de 50 milhões de anos-luz da Terra é o buraco negro mais massivo conhecido, que tem 6,6 bilhões de massas solares.

  galáxia M87

© Gemini (galáxia M87)

Orbitando a galáxia existe uma população anormalmente grande de aproximadamente 12.000 aglomerados globulares, comparado com os 150 ou 200 aglomerados globulares que orbitam a Via Láctea, esse é um número realmente elevado.

Usando o Telescópio Frederick C. Gillett Gemini em Mauna Kea, no Havaí, uma equipe de astrônomos calculou a massa do buraco negro, que é muito maior que o buraco negro existente no centro da Via Láctea que tem uma massa estimada de 4 milhões de massas solares. O horizonte de eventos do buraco negro, com 20 bilhões de quilômetros de diâmetro poderia engolir com facilidade todo o nosso Sistema Solar.

Para calcular a massa do buraco negro, os astrônomos medem a velocidade com a qual as estrelas orbitam ao seu redor. As estrelas orbitam o buraco negro com velocidades aproximadas de 500 km/s, só para se ter uma comparação, o Sol orbita o buraco negro no centro da Via Láctea a uma velocidade de 220 km/s. A partir dessas observações, é possível dizer que essa é a melhor estimativa, ou seja, a que tem maior precisão para a massa de um buraco negro supermassivo. A equipe defende a teoria de que o buraco negro da M87 cresceu e atingiu tal massa a partir de fusões com alguns outros buracos negros. A M87 é a maior, e mais massiva galáxia conhecida no chamado universo próximo, e acredita-se que ela tenha se formado a partir da fusão de 100 ou mais galáxias menores.

Pesquisas posteriores a essa estão tentando calcular e medir o tamanho de outro buraco negro, com uma massa grosseiramente ainda estimada em 18 bilhões de massas solares, e que está localizado em uma galáxia a 3,5 bilhões de anos-luz de distância da Terra. Mas por enquanto, o buraco negro da M87 é o maior que tem a massa determinada com precisão.

Fonte: Daily Galaxy

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Descoberto planeta que orbita duas estrelas

A existência de um planeta com um nascer e um pôr do sol duplo foi sugerida há mais de 30 anos, no filme Guerra nas Estrelas.

ilustração de planeta orbitando duas estrelas

© NASA (ilustração de planeta orbitando duas estrelas)

Agora, o telescópio espacial Kepler, lançado para descobrir outras terras e até luas habitáveis descobriu um planeta que orbita dois sóis.

Localizado a 200 anos-luz da Terra, este é o primeiro planeta circumbinário - um planeta que orbita duas estrelas - já descoberto.

Conhecido como Kepler-16b, ele foi identificado por uma equipe de pesquisadores liderada por Laurance Doyle, do Instituto SETI, mais conhecido por suas buscas por inteligência extraterrestre.

Mas, ao contrário do planeta desértico de Luke Skywalker, o planeta com dois sóis da vida real é frio, gasoso e não poderia abrigar vida humana.

Mas sua descoberta demonstra a diversidade de planetas em nossa galáxia.

Os astrônomos usaram os dados do telescópio espacial Kepler, que mede variações no brilho de mais de 150.000 estrelas, para procurar planetas por uma técnica conhecida como trânsito.

Nesta técnica, os planetas são encontrados medindo-se a variação que eles impõem sobre o brilho de uma estrela quando passam à sua frente em relação à Terra - dessa forma, essa técnica só encontra planetas que estejam com uma órbita alinhada com a posição do telescópio.

Os cientistas detectaram o novo planeta no sistema Kepler-16, um par de estrelas girando uma em órbita da outra.

Quando a estrela menor bloqueia parcialmente a estrela maior, ocorre um eclipse primário. Um eclipse secundário ocorre quando a estrela menor é ocultada, ou completamente bloqueada, pela estrela maior.

Mas os astrônomos verificaram que o brilho do sistema diminuía mesmo quando as estrelas não estavam eclipsando uma à outra, sugerindo a presença de um terceiro corpo celeste.

Esses eventos adicionais de queda no brilho, chamados de eclipses terciários e quaternários, reaparecem em intervalos de tempo irregulares, indicando que as estrelas estavam em posições diferentes em sua órbita cada vez que o terceiro corpo passava.

Isso mostrou que o terceiro corpo estava circulando não apenas uma, mas as duas estrelas, em uma larga órbita circumbinária.

A força gravitacional das estrelas, medida pelas variações nos seus tempos de eclipse, foi um bom indicador da massa do terceiro corpo - foi detectado um puxão gravitacional muito pequeno, indicativo de que era causado por um corpo de pequena massa em relação às estrelas.

Isto confirma que o Kepler-16b é um mundo inóspito e frio, com o tamanho de Saturno, com uma provável composição metade rocha e metade gás.

As estrelas-mãe são menores do que o nosso Sol: uma delas tem 69% da massa do Sol e a outra apenas 20%.

O planeta circumbinário Kepler-16b orbita em torno das duas estrelas a cada 229 dias, semelhante à órbita de Vênus, que é de 225 dias.

Mas ele está fora da zona habitável do sistema, onde poderia existir água líquida na superfície, porque suas duas estrelas são mais frias do que o Sol.

"Esta descoberta confirma uma nova classe de sistemas planetários que poderiam abrigar vida," disse William Borucki. "Dado que a maioria das estrelas em nossa galáxia é parte de um sistema binário, isto significa que as oportunidades de vida são muito mais amplas do que se os planetas se formassem somente em torno de estrelas individuais."

Fonte: Science

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Estrela está fritando planeta com raios X

Uma estrela está emitindo rajadas de raios X sobre o seu planeta mais próximo, que são cem mil vezes mais intensas do que a Terra recebe do Sol.
estrela disparando alta energia em planeta
© NASA (estrela disparando alta energia em planeta)
Essa radiação de alta energia está causando a evaporação de cerca de 5 milhões de toneladas de matéria do planeta a cada segundo.
O planeta, conhecido como CoRoT-2b, tem uma massa cerca de 3 vezes a de Júpiter (1.000 vezes a da Terra) e orbita sua estrela-mãe, a CoRoT-2a, a uma distância cerca de dez vezes a distância entre a Terra e a Lua.
O sistema, descoberto pelo satélite CoRoT em 2008, é um vizinho relativamente perto de nós, a uma distância de 880 anos-luz.
"Este planeta está sendo rigorosamente fritado pela sua estrela," disse Sebastian Schroeter, da Universidade de Hamburgo, na Alemanha. "O que pode ser ainda mais estranho é que este planeta pode estar afetando o comportamento da estrela que o está espancando."
A CoRoT-2a é uma estrela muito ativa, com uma emissão de raios X produzidos por fortes e turbulentos campos magnéticos. Uma atividade tão forte geralmente só é encontrada em estrelas muito mais jovens.
"Como este planeta está tão próximo da estrela, ele pode estar acelerando sua rotação, e isto pode estar mantendo seus campos magnéticos ativos," sugere Stefan Czesla, coautor do estudo. "Se não fosse pelo planeta, esta estrela já teria deixado a volatilidade da sua juventude para trás há milhões de anos."
"Nós não estamos exatamente certos acerca de todos os efeitos que este tipo de tempestade de raios X tem sobre um planeta, mas ela pode ser responsável pelo inchaço que vemos no CoRoT-2b," disse Schroeter. "Estamos apenas começando a aprender sobre o que acontece com exoplanetas nestes ambientes extremos."
Fonte: Astronomy & Astrophysics

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Colisão de galáxia gerou formato da Via Láctea

Colisões envolvendo uma galáxia anã tiveram papel fundamental no formato em disco espiralado da Via Láctea.

ilustração da galáxia anã de Sagitário e da Via Láctea 

© Nature (ilustração da galáxia anã de Sagitário e da Via Láctea)

O estudo contradiz a hipótese mais em voga, que diz que a Via Láctea não teria sofrido influências externas ao ser formada.

O impacto cósmico formou um fluxo de estrelas e elas foram "puxadas" pela Via Láctea. As sobras remanescentes transpassaram o disco e se perderam.

O pesquisador Chris Purcell e seus colegas da Universidade da Califórnia (EUA) chegaram a essa conclusão com simulações feitas em computador, tendo como objeto de estudo a galáxia anã de Sagitário.

No modelo, dois arcos foram produzidos. Um deles se assemelhou ao anel conhecido como Monoceros, um conjunto de estrelas que envolve a Via Láctea.

Isso provou, defende o grupo, que a Via Láctea pode agregar à sua formação fenômenos externos e não se gerou sozinha.

Fonte: Nature

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O remoto aglomerado globular da Via Láctea

O Telescópio Espacial Hubble focalizou um aglomerado globular de estrelas compacto e distante que se localiza numa das menores constelações do céu, a Delphinus, o Golfinho.
aglomerado globular NGC 7006
© Hubble (aglomerado globular NGC 7006)
Devido ao seu tamanho modesto, à sua grande distância e ao seu baixo brilho relativo, o NGC 7006 é muitas vezes ignorado pelos astrônomos amadores. Mas mesmo os aglomerados globulares, mais remotos como esse aparecem brilhantes e claros quando fotografados pela Advanced Camera for Surveys do Telescópio Espacial Hubble.
O NGC 7006 reside nos subúrbios da Via Láctea. Ele está a uma distância aproximada de 135.000 anos-luz da Terra, cinco vezes a distância entre o Sol e o centro da galáxia, e é parte do halo galáctico. O halo galáctico é uma região aproximadamente esférica da Via Láctea formada por matéria escura, gás e aglomerados globulares distribuídos de forma esparsa.
Como outros aglomerados globulares remotos, o NGC 7006 fornece pistas importantes para os astrônomos entenderem como as estrelas se formaram e se agruparam no halo. O aglomerado tem uma órbita muito excêntrica indicando que pode ter se formado de forma independente, numa pequena galáxia fora da nossa própria e que foi posteriormente capturado pela Via Láctea.
Embora o NGC 7006 seja muito distante para um aglomerado globular da Via Láctea, ele é muito mais próximo do que muitas galáxias que podem ser vistas no plano de fundo dessa imagem. Cada uma dessas nebulosidades apagadas é provavelmente acompanhada de muitos aglomerados globulares similares ao NGC 7006 mas que são muito apagados para serem observados até mesmo pelo Hubble.
Fonte: ESA

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Atmosfera dinâmica de anã marron

Uma equipe de astrônomos liderada por Jacqueline Radigan da Universidade de Toronto observou variações extremas no brilho de uma anã marron próxima que parecem indicar a existência de grandes tempestades na sua atmosfera.
ilustração de uma anã castanha
© Jon Lomberg (ilustração de uma anã castanha)
A anã marron é designada por 2MASS J21392676+0220226 (2MASS = Two Micron All-Sky Survey), é antiga e portanto teve tempo para se arrefecer substancialmente libertando grande parte do calor acumulado na sua formação. Os modelos teóricos mostram que as atmosferas destas anãs marrons frias deverá ser muito semelhante à dos Júpiteres Quentes.
A explicação mais simples para estas variações de brilho consiste na formação de nuvens na atmosfera da anã marron que aumentam o seu albedo (refletividade) temporariamente. As nuvens formam-se quando pequenos grãos de poeira formados por silicatos e metais se condensam na atmosfera tórrida destes corpos. Outra explicação possível consiste na formação de zonas transparentes na atmosfera que permitem temporariamente observar as suas camadas mais interiores e quentes. As observações, realizadas no telescópio de 2,5 metros do observatório de Las Campanas, no Chile, mostram que a anã marron varia de brilho de forma evidente e por vezes muito rapidamente, por exemplo, aumentando o brilho em 30% em pouco menos de 8 horas. As variações são visíveis nos dados obtidos ao longo de semanas e meses pela equipe, sugerindo uma atmosfera muito dinâmica.
O trabalho foi apresentado na conferência Extreme Solar Systems II, em Jackson Hole, Wyoming, Estados Unidos.
Fonte: Universidade de Toronto

Descobertos cinquenta novos exoplanetas

O espectrógrafo HARPS montado no telescópio de 3,6 metros instalado no Observatório de La Silla do ESO, no Chile, é o descobridor de planetas mais bem sucedido de todo o mundo.
ilustração da super-Terra HD 85512 b
© ESO (ilustração da super-Terra HD 85512 b)
A equipe HARPS, liderada por Michel Mayor (Universidade de Genebra, Suíça), anunciou hoje a descoberta de mais de 50 novos exoplanetas que orbitam estrelas próximas, incluindo 16 super-Terras. Este é o maior número de planetas deste tipo anunciado de uma só vez. As novas descobertas foram anunciadas num congresso científico internacional sobre Sistemas Solares Extremos, que juntou 350 especialistas de exoplanetas no Wyoming, EUA.
“A colheita de descobertas obtida pelo HARPS excedeu todas as expectativas e inclui uma população excepcionalmente rica em planetas do tipo super-Terra e do tipo de Netuno, que orbitam estrelas muito semelhantes ao nosso Sol. Mais ainda - os novos resultados mostram que a taxa de descobertas está aumentando,” diz Mayor.
Nos últimos oito anos, desde que começou a observar estrelas do tipo do Sol utilizando o método das velocidades radiais, o HARPS foi usado para descobrir mais de 150 novos planetas. Cerca de dois terços de todos os exoplanetas conhecidos com massas menores que Netuno foram descobertos pelo HARPS. Estes resultados excepcionais são o fruto de várias centenas de noites de observação do HARPS.
Trabalhando com o HARPS  onde foram observadas 376 estrelas do tipo solar, os astrônomos conseguiram estimar muito melhor qual a probabilidade  de uma estrela como o Sol abrigar planetas de pequena massa (em oposição a planetas gigantes gasosos). Descobriu-se que cerca de 40% destas estrelas possuem em órbita pelo menos um planeta de massa menor que Saturno. A maioria dos exoplanetas com massas da ordem de Netuno ou menores parecem encontrar-se em sistemas que apresentam planetas múltiplos.
Com sistemas de hardware e de software em processo de atualização, o HARPS  está sendo preparado para o próximo nível de estabilidade e sensibilidade no intuito de procurar planetas rochosos que possam suportar vida. Dez estrelas próximas semelhantes ao Sol foram selecionadas para um novo rastreio. Estas estrelas já tinham sido observadas pelo HARPS e sabia-se serem adequadas para medições de velocidades radiais extremamente precisas. Após dois anos de trabalho a equipe de astrônomos descobriu cinco novos planetas com massas cinco vezes menores que a massa da Terra.
“Estes planetas estarão entre os alvos principais dos futuros telescópios espaciais, que procurarão sinais de vida nas atmosferas dos planetas procurando assinaturas químicas tais como evidência de oxigênio,” explica Francesco Pepe (Observatório de Genebra, Suíça), o autor principal de um dos recentes artigos científicos.
Para um destes novos planetas recentemente anunciados, HD 85512 b, estima-se uma massa de apenas 3,6 vezes a massa da Terra. O planeta situa-se no limite da zona de habitabilidade - uma zona estreita em torno de uma estrela na qual, se as condições forem as corretas, a água pode estar presente sob a forma líquida.
“Este é o planeta de menor massa descoberto pelo método das velocidades radiais que se encontra potencialmente na zona de habitabilidade da sua estrela, e o segundo planeta de menor massa descoberto pelo HARPS dentro da zona de habitabilidade,” acrescenta Lisa Kaltenegger (Instituto Max Planck para a Astronomia, Heidelberg, Alemanha e Harvard Smithsonian Center for Astrophysics, Boston, EUA), especialista em habitabilidade de exoplanetas.
A precisão cada vez maior do novo rastreio do HARPS permite agora detectar planetas abaixo das duas massas terrestres. O HARPS tem atualmente uma sensibilidade que torna possível detectar amplitudes de velocidade radial significativamente menores que 4 km/hora - menores que a velocidade do caminhar humano.
“A detecção do exoplaneta HD 85512 b está longe do limite observacional do HARPS, o que demonstra bem a possibilidade de descobrir outras super-Terras em zonas de habitabilidade situadas em torno de estrelas semelhantes ao Sol,” acrescenta Mayor.
Estes resultados tornam os astrônomos confiantes de que estarão próximo de descobrir outros pequenos planetas rochosos habitáveis em torno de estrelas semelhantes ao nosso Sol. Para este efeito planjeam-se novos instrumentos, nos quais se inclui uma cópia do HARPS a ser instalada no Telescopio Nazionale Galileo nas ilhas Canárias, que fará um rastreio das estrelas no céu setentrional, e um descobridor de planetas novo e mais poderoso, chamado ESPRESSO, a ser instalado no Very Large Telescope do ESO em 2016. Olhando ainda para mais longe no futuro, também o instrumento CODEX previsto para o European Extremely Large Telescope (E-ELT) levará esta técnica muito mais além.
“Nos próximos dez a vinte anos deveremos ter uma primeira lista de planetas potencialmente habitáveis na vizinhança do Sol. Uma tal lista torna-se essencial antes que experiências futuras possam procurar possíveis assinaturas de vida nas atmosferas dos exoplanetas, através de espectroscopia,” conclui Michel Mayor, que descobriu em 1995 o primeiro exoplaneta em torno de uma estrela normal.
Fonte: ESO

sábado, 10 de setembro de 2011

O confisco de estrelas

A Via Láctea possui um sistema de galáxias satélites que a acompanham na sua jornada pelo Universo.
Grande Nuvem de Magalhães
© Spitzer (Grande Nuvem de Magalhães)
Desse séquito, duas galáxias se destacam: a Grande e Pequena Nuvens de Magalhães. Elas são muito difíceis de serem observadas do hemisfério norte, pois estão muito ao sul, tanto que os primeiros registros por observadores europeus são do final do século 15.
Astrônomos persas, em posição mais favorável, já relatavam as duas nuvens por volta do ano 960. A Grande Nuvem de Magalhães está a 160 mil anos-luz de distância, enquanto a Pequena Nuvem está a uns 200 mil.
Pequena Nuvem de Magalhães
© Hubble (Pequena Nuvem de Magalhães)
Mesmo a essas distâncias, as nuvens sofrem com a força gravitacional da Via Láctea e são fortemente deformadas, tanto que ambas são classificadas como irregulares, apesar de terem evidências de uma barra – estrutura central que mudaria essa classificação.
Mas a recíproca é verdadeira e alguns estudos tentam mostrar que a interação das nuvens com o gás da Via Láctea produz surtos violentos de formação de estrelas. Além disso, há uns 2,5 bilhões de anos as duas nuvens devem ter se chocado, como indica uma “ponte” de gás entre elas.
Recentemente, um grupo de pesquisadores dos EUA publicou um trabalho no Astrophysical Journal mostrando que as duas nuvens têm mais em comum do que a ponte de gás descoberta nos anos 1960.
Analisando dados do telescópio espacial Spitzer, o grupo de pesquisadores liderados por Robert Blum e Knut Olsen selecionou por volta de 6 mil estrelas gigantes e supergigantes na Grande Nuvem. Usando o telescópio de 4 metros do Observatório Inter-americano de Cerro Tololo, no Chile, eles obtiveram o espectro de 4,6 mil dessas estrelas e chegaram à conclusão de que 5% das estrelas da Grande Nuvem não devem ter nascido nela. Como eles chegaram a essa conclusão?
As estrelas observadas parecem ter rotação em direção diferente da grande maioria das estrelas da região. Isso sugere que elas não se formaram do mesmo material. Além disso, a composição química das estrelas também é diferente. Elas têm menos elementos pesados como o ferro e o cálcio. Mas, de onde então teriam saído essas estrelas? Da Pequena Nuvem! As estrelas dessa galáxia têm essa mesma deficiência em ferro e cálcio.
Ninguém nunca tinha percebido isso antes: a ponte que interliga as duas regiões é apenas de gás. Agora sabemos que além de gás, a Grande Nuvem de Magalhães rouba também estrelas! Esse fato pode ajudar a entender como uma das regiões de formação de estrelas mais ativas já observadas nasceu, a chamada região de 30 Doradus.
O impacto dessas estrelas roubadas da Pequena Nuvem causa uma forte onda de choque no gás da Grande Nuvem. Essa onda de choque é forte o suficiente para comprimir o gás, estimulando a formação de estrelas de grande massa.
A imagem abaixo mostra a Grande Nuvem de Magalhães como vista no infravermelho pelo Spitzer. As bolinhas mostram a posição de algumas das estrelas roubadas e as suas cores indicam a direção das velocidades delas: em azul, as estrelas que estão se movendo na nossa direção; em vermelho, as que estão se movendo na direção oposta.
Fonte: Globo G1

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Sonda Kepler descobre novo exoplaneta

Um planeta que ainda não pode ser visto da Terra foi detectado pela sonda Kepler.
ilustração do exoplaneta Kepler-19c
© David A. Aguilar (ilustração do exoplaneta Kepler-19c)
Chamado de Kepler-19c, o recém-descoberto planeta é vizinho do Kepler-19b e foi achado graças à órbita irregular dele.
Os cientistas observaram que a movimentação do planeta ocorria ora mais rápido, ora mais devagar, e concluiram que esta translação incomum estaria relacionado com a presença de outro planeta, mesmo que ele ainda não possa ser visto.
A astrônoma Sarah Ballard, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, afirmou que este planeta invisível foi achado em função da influência exercida sobre o outro, já conhecido. Sarah é a autora do estudo, que foi aceito para publicação no Astrophysical Journal.
O Kepler-19b orbita a estrela Kepler 19, que está a 650 anos-luz da Terra, na constelação de Lyra. Porém, em relação ao novo planeta, faltam informações.
Até agora os astrônomos não sabem detalhes sobre o "mundo invisível" chamado Kepler-19c, afirmando apenas que ele existe. A sonda Kepler não detectou que o planeta transite a estrela, o que sugere que sua órbita esteja inclinada em relação a Kepler-19b.
O Kepler-19c, de acordo com os dados obtidos, poderia ser um planeta rochoso em uma órbita circular de 5 dias ou um planeta gasoso gigante em uma órbita oblonga de 100 dias.
Se Kepler-19b estivesse sozinho, realizaria a translação regularmente. Contudo, a aceleração ou atraso deste trânsito mostra qua existe a interferência de um outro corpo.
O planeta Netuno foi descoberto de forma semelhante. Astrônomos que rastreavam Urano notaram que sua órbita não correspondia às previsões. Eles perceberam que um planeta mais distante poderia interferir o deslocamento de Urano e calcularam o local esperado, e em seguida, Netuno foi encontrado por telescópios na posição prevista.
A sonda Kepler, responsável pela descoberta, continuará a acompanhar Kepler-19 ao longo de sua missão. Os dados ajudarão a conhecer a órbita de Kepler-19c.
Fonte: Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics

O primeiro asteroide troiano de Júpiter

O observatório ISON-NM decobriu o primeiro asteroide troiano de Júpiter, recebendo a designação 2011 QJ9.
asteroides troianos e Júpiter
© Petr Scheirich (asteroides troianos e Júpiter)
Após o aparecimento deste objeto na página de confirmação NEO, e depois de refinamento de sua órbita em 24 de agosto, tornou-se possível comparar às observações obtidas em 28 de agosto pela Pan-STARRS. No grupo de pesquisadores do observatório ISON-NM consta o russo Leonid Elenin, descobridor do cometa Elenin (C/2010 X1).
O número total de asteroides gregos (3176) é o dobro de asteroides troianos (1700). O 2011 QJ9 é um objeto bastante grande, com um diâmetro da ordem de 5,5 km, embora para esta família de asteroides, é um objeto muito pequeno. O maior asteroide troiano é superior a 100 km de diâmetro.
Fonte: SpaceObs

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Estrelas jovens nas luzes da ribalta

Os observadores do céu ignoram muitas vezes o NGC 2100 devido à sua proximidade  com a impressionante nebulosa da Tarântula e o superaglomerado estelar RMC 136.
o aglomerado NGC 2100 próximo da nebulosa Tarântula
© ESO (o aglomerado NGC 2100 próximo da nebulosa Tarântula)
Nesta imagem o gás brilhante da nebulosa da Tarântula tenta ainda roubar o protagonismo a este aglomerado estelar - as cores brilhantes que aqui aparecem pertencem às regiões mais exteriores da nebulosa. Esta imagem foi criada a partir de exposições obtidas através de diferentes filtros de cor utilizando o instrumento EMMI, montado no New Technology Telescope, instalado no Observatório de La Silla do ESO, no Chile.  As estrelas aparecem com as suas cores naturais, enquanto que a radiação emitida pelo hidrogênio ionizado (em vermelho) e pelo oxigênio (em azul) se encontra sobreposta.
o aglomerado NGC 2100 na Grande Nebulosa de Magalhães
© ESO (o aglomerado NGC 2100 na Grande Nebulosa de Magalhães)
As cores que aparecem nas nebulosas dependem das temperaturas das estrelas que as iluminam. As estrelas quentes jovens da nebulosa da Tarântula, que se situam no superaglomerado estelar RMC 136, encontram-se em cima e à direita desta imagem e são suficientemente poderosas para fazerem brilhar o oxigênio, aparecendo na imagem como uma nebulosidade azul. Por baixo do NGC 2100 o brilho vermelho indica que ou se atingiu as regiões mais afastadas de influência das estrelas quentes da RMC 136 ou estrelas mais velhas e frias, que são apenas capazes de excitar o hidrogênio, são a influência dominante nesta região. As estrelas que compõem o NGC 2100 são mais velhas e menos energéticas e por isso têm pouca ou nenhuma nebulosidade associada a elas.
Os aglomerados de estrelas são grupos de estrelas que se formaram mais ou menos ao mesmo tempo a partir de uma única nuvem de gás e poeira. As estrelas de maior massa  tendem a formar-se no centro do aglomerado, enquanto que as de menor massa dominam as regiões mais exteriores. Este fato, juntamente com o maior número de estrelas concentradas no centro, torna o centro do aglomerado mais brilhante que as suas regiões exteriores.
O NGC 2100 é um aglomerado aberto, o que significa que as estrelas estão ligadas gravitacionalmente de modo relativamente solto. Estes aglomerados têm um tempo de vida que se mede em dezenas ou centenas de milhões de anos, já que eventualmente se dispersam devido a interações gravitacionais com outros corpos. Os aglomerados globulares que, à primeira vista, parecem similares, contêm muito mais estrelas velhas e estão ligados gravitacionalmente de maneira muito mais forte, tendo por isso tempos de vida muito maiores: mediram-se em muitos aglomerados globulares idades tão antigas como a do próprio Universo. Assim, embora o NGC 2100 possa ser mais velho que os seus vizinhos da Grande Nuvem de Magalhães, é ainda considerado um jovem pelos padrões dos aglomerados estelares.
Fonte: ESO

As bombas relógio cósmicas na Via Láctea

Astrônomos suspeitam que algumas estrelas muito velhas são mantidas coesas pela sua altíssima velocidade. Tão logo elas diminuam de velocidade, essas "bombas-relógio" cósmicas explodirão como supernovas.
ilustração de uma bomba relógio cósmica
© CfA/David A. Aguilar (ilustração de uma bomba relógio cósmica)
Essas estrelas, são as anãs-brancas, estrelas muito velhas que consumiram todo o seu combustível, não sustentando mais a fusão nuclear.
Quando elas se tornam maciças demais, explodem, criando as chamadas supernovas tipo Ia.
Há duas possibilidades para que isso aconteça: uma anã-branca rouba matéria de outra estrela vizinha ou duas anãs-brancas colidem.
Enquanto a primeira possibilidade parece estatisticamente muito mais provável, se ela fosse verdadeira deveríamos encontrar um monte de hidrogênio e gás nas proximidades das supernovas, vindo do que sobrou da outra estrela - mas até hoje os astrônomos não encontraram nada.
A nova teoria é que é a velocidade que determina quando uma anã-branca explode.
Conforme a anã-branca ganha massa, ela também ganha momento angular, o que aumenta sua velocidade. Se ela girar rápido o suficiente, seu giro pode ajudar a sustentá-la até que ela atinja a chamada massa de Chandrasekhar (1,4 vez a massa do Sol), que se acredita ser a massa necessária para que a anã-branca colapse sob seu próprio peso e exploda.
Quando ela suga toda a matéria ao seu redor, a anã-branca vai começar a diminuir de velocidade. Eventualmente, o giro não será mais suficiente para contrabalançar sua gravidade. Nesse momento ela explode criando uma supernova Ia.
Os astrônomos calculam que surjam três supernovas Ia na Via Láctea a cada 1.000 anos. Se uma super anã-branca leva milhões de anos para diminuir de velocidade e explodir, então os cálculos sugerem que pode haver dúzias dessas iminentes supernovas em um raio de alguns milhares de anos-luz em torno da Terra, e muitas mais pela galáxia toda.
Os precursores de supernova são difíceis de serem detectados. No entanto, pesquisas realizadas nas instalações do Pan-STARRS e no Large Synoptic Survey Telescope deverão ser capazes de identificá-los.
Fonte: The Astrophysical Journal

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Uma estrela do mar no céu

Na constelação da Aquila, a Águia, localiza-se uma estrela que está na fase final de sua vida e que é circundada por uma nuvem de gás e poeira que tem uma forma de uma estrela do mar.
© ESA (nebulosa protoplanetária IRAS 19024+0044)
Uma imagem espetacular desse objeto conhecido como IRAS 19024+0044 foi capturada pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA e ESA.
Nebulosas protoplanetárias oferecem um breve olhar sobre como as estrelas similares ao Sol terminam suas vidas e como elas fazem a transição para uma estrela do tipo anã branca envolvida por suas nebulosas planetárias. À medida que envelhece uma estrela parecida com o Sol eventualmente expele suas camadas externas para o espaço, criando uma bela e as vezes intrigante nuvem de gás e poeira com formas estranhas ao seu redor. Num primeiro momento, ainda relativamente fria, a estrela é incapaz de ionizar esse gás, que brilha somente pela luz refletida e dispersada pela estrela. Somente quando a temperatura da estrela atinge um grau suficiente para ionizar essa nebulosa protoplanetária o padrão de gás e poeira torna-se totalmente formado por ela.
Nebulosas protoplanetárias são relativamente raras e são objetos de vida curta que fornece pistas de como as vezes as nebulosas planetárias estranhamente assimétricas são formadas. Pode-se ver claramente nessa imagem cinco lobos azuis que se estendem para fora da estrela central e dá à nebulosa essa forma de uma estrela do mar assimétrica. Enquanto os astrônomos desenvolvem teorias para a origem dessas estruturas, como as mudanças de direção dos jatos ou ejeções explosivas de matéria da estrela, sua formação ainda não é completamente entendida.
A IRAS 19024+0044 é azul em cor pois o componente azul da luz vinda da estrela é mais facilmente dispersado pelo gás e pela poeira na nebulosa, enquanto que os raios vermelhos e laranjas não são efetivamente afetados. Isso é similar ao que acontece com a luz do Sol na atmosfera da Terra, fazendo com que o céu tenha a tonalidade azul.
Fonte: ESA