O observatório espacial Herschel descobriu vapor de água em torno do planeta anão Ceres.
© ESA (ilustração do planeta anão Ceres)
Pesquisadores acreditam há mais de 30 anos na existência de água em Ceres, mas é a primeira vez que a substância é registrada diretamente.
Ceres tem um diâmetro de 950 km e é o maior corpo do Cinturão de Asteroides, situado entre Marte e Júpiter, era considerado também como um asteroide, tornando-o o maior deles conhecido. A nova pesquisa indica que ele tem uma quantidade abundante de água; o planeta anão jorra seis quilos de vapor por segundo de sua superfície. A descoberta influencia diversas áreas de pesquisa, da origem da água e da vida na Terra, à formação e possível migração dos planetas gigantes gasosos.
Uma das questões afetadas é a de por que Ceres e outro asteroide gigante, chamado de Vesta, são tão próximos, mas tão diferentes?
Eles são grandes corpos que ficam no Cinturão de Asteroides, com distância similar do Sol, respectivamente, a 2,8 e 2,4 UA (unidades astronômicas). Contudo, a composição e aparência são bem diferentes. Vesta teve grande atividade vulcânica que cobriu sua superfície. Por outro lado, a superfície e o interior de Ceres não atingiram temperatura alta o suficiente para derreter rocha.
A água encontrada em Ceres, em uma quantidade muito maior do que pode existir em Vesta, pode ajudar a compor a resposta. O vapor tem grande capacidade de transportar calor. Os cientistas imaginam que a superfície seria coberta de gelo e este derreteria, acabaria no subterrâneo, e seria aquecido e jogado no espaço pelo calor do interior do planeta anão, dissipando o calor.
E por que Ceres tem tanta água e Vesta não?
A abundância indica que o primeiro se formou mais afastado do Sol, além da chamada "linha de neve", onde as temperaturas são suficientemente baixas para o líquido congelar. Essa hipótese levanta mais uma questão: por que, agora, os dois estão tão próximos?
A resposta pode estar na teoria da migração de planetas. Modelos indicam que Júpiter, muito antes de se estabelecer na posição atual, rumou pelo Sistema Solar diversas vezes. Ele já esteve mais longe do que está agora, mas também esteve mais perto do Sol do que hoje está Marte.
Essa migração do gigante gasoso influenciou diversos aspectos do nosso Sistema Solar, como a composição dos objetos do Cinturão de Asteroides. Essa migração teria arrastado junto outros objetos que compõem o Cinturão e explicaria o motivo de Ceres e Vesta serem tão parecidos, e tão diferentes. Além disso, esse movimento teria levado corpos menores, como asteroides e cometas, a colidir contra a Terra, e com eles teriam chegado água e moléculas por aqui, permitindo o surgimento de vida.
Outra possível conclusão com a descoberta é a de que cometas e asteroides são mais parecidos do que imaginávamos. Enquanto os cometas são pedras cobertas por uma grande quantidade de gelo, os asteroides são rochas secas. A observação de que Ceres tem uma superfície de água congelada pode mudar nossa visão sobre esses objetos.
Os cientistas afirmam que é necessária uma investigação mais completa do planeta anão, o que pode ser feito pela sonda Dawn da NASA que se aproxima de Ceres.
Fonte: Terra e Nature