Apontando a Very Large Array (VLA) da National Science Foundation em uma galáxia famosa pela primeira vez em duas décadas, uma equipe de astrônomos teve uma grande surpresa, descobrindo que um objeto novo e brilhante tinha aparecido perto do núcleo da galáxia.
© VLA/Hubble (animação mostrando a região central de Cygnus A)
A animação acima mostra imagens de rádio do VLA (laranja) da região central de Cygnus A, sobreposta na imagem do telescópio espacial Hubble, de 1989 e de 2015.
O objeto é um tipo muito raro de explosão de supernova ou, mais provavelmente, uma explosão de um segundo buraco negro supermassivo orbitando próximo do buraco negro supermassivo primário central da galáxia.
Os astrônomos observaram a Cygnus A, uma galáxia bem conhecida e frequentemente estudada, descoberta pela pioneira radioastrônoma Grote Reber em 1939. A descoberta em rádio foi combinada com uma imagem na luz visível em 1951 e a galáxia, a cerca de 800 milhões de anos-luz aa Terra, foi um alvo precoce do VLA após sua conclusão no início dos anos 80. Imagens detalhadas do VLA, publicadas em 1984, produziram grandes avanços na compreensão dos cientistas sobre os "jatos" velozes de partículas subatômicas movidas para o espaço intergaláctico pela energia gravitacional de buracos negros supermassivos nos núcleos de galáxias.
"Este novo objeto pode ter muito a nos contar sobre a história desta galáxia," disse Daniel Perley, do Instituto de Pesquisa Astrofísica do Liverpool John Moores University, no Reino Unido.
"As imagens do VLA da Cygnus A dos anos 80 marcaram o estado da capacidade de observação nesta época," disse Rick Perley, do National Radio Astronomy Observatory (NRAO). "Devido a isso, não voltamos a ver a Cygnus A até 1996, quando a nova electrônica do VLA tinha fornecido uma nova gama de frequências de rádio para as nossas observações". O novo objeto não aparece nas imagens realizadas no momento.
"No entanto, a atualização do VLA, que foi concluída em 2012, tornou um telescópio muito mais poderoso, então queríamos dar uma olhada em Cygnus A usando as novas capacidades do VLA," disse Rick Perley.
Daniel e Rick Perley, juntamente com Vivek Dhawan e Chris Carilli, ambos do NRAO, iniciaram as novas observações em 2015 e continuaram em 2016.
"Para nossa surpresa, encontramos um novo objeto proeminente perto do núcleo da galáxia que não apareceu em nenhuma imagem publicada anteriormente. Este novo objeto é brilhante o suficiente para que nós definitivamente teríamos visto nas imagens anteriores, se nada tivesse mudado. Isso significa que deve ter surgido em algum momento entre 1996 e agora," disse Rick Perley.
Os cientistas então observaram a Cygnus A com o Very Long Baseline Array (VLBA) em novembro de 2016, detectando claramente o novo objeto. Um pequeno objeto infravermelho também é visto no mesmo local nas observações do telescópio espacial Hubble e Keck, originalmente feitas entre 1994 e 2002. Os astrônomos do Lawrence Livermore National Laboratory, atribuíram o objeto a um denso grupo de estrelas, mas o dramático brilho em rádio está forçando uma nova análise.
Notou-se que o novo objeto permaneceu muito brilhante por muito tempo para ser consistente com qualquer tipo conhecido de supernova.
Enquanto o novo objeto definitivamente está separado do buraco negro supermassivo central da Cygnus A, por cerca de 1.500 anos-luz, ele tem muitas das características de um buraco negro supermassivo que está se alimentando rapidamente do material circundante.
"Achamos que encontramos um segundo buraco negro supermassivo nesta galáxia, indicando que ele se fundiu com outra galáxia no passado astronomicamente recente," disse Carilli. "Estes dois seriam um dos pares mais próximos de buracos negros supermassivos já descobertos, provavelmente eles mesmos se fundirão no futuro".
Os astrônomos sugeriram que o segundo buraco negro tornou-se visível para o VLA nos últimos anos porque encontrou uma nova fonte de material para se abastecer. Este material, segundo eles, poderia ser o gás interrompido pela fusão das galáxias ou uma estrela que passasse perto o bastante do buraco negro secundário para ser destruída por sua poderosa gravidade.
"Outras observações nos ajudarão a resolver algumas destas questões. Além disso, se este é um buraco negro secundário, poderemos ser capazes de encontrar outros em galáxias semelhantes," disse Daniel Perley.
Um artigo anunciando a descoberta foi publicado no Astrophysical Journal.
Fonte: National Radio Astronomy Observatory