sábado, 26 de janeiro de 2019
Órbitas misteriosas nos confins do Sistema Solar
quinta-feira, 24 de janeiro de 2019
Alimentando um buraco negro
quarta-feira, 23 de janeiro de 2019
Um momento fugaz
terça-feira, 22 de janeiro de 2019
Dados lunares sobre a história do impacto de asteroides na Terra
A duração do dia em Saturno foi finalmente determinada
domingo, 20 de janeiro de 2019
Proeminências solares: desde o aparecimento até à erupção
Eclipse lunar total
sábado, 19 de janeiro de 2019
Observatório capta gritos finais de estrela dilacerada por buraco negro
quarta-feira, 16 de janeiro de 2019
A galáxia escondida IC 342
A IC 342 possui tamanho semelhante às galáxias espirais grandes e brilhantes em nossa região celeste, localizada a meros 10 milhões de anos-luz de distância, na constelação Camelopardalis.
© Arturas Medvedevas (IC 342)
Um imenso universo insular, a IC 342 seria uma galáxia proeminente em nosso céu noturno, mas está escondida da visão clara e apenas vislumbrada através do véu de estrelas, gás e nuvens de poeira ao longo do plano da nossa galáxia, a Via Láctea.
Embora a luz da IC 342 seja escurecida e avermelhada pelas nuvens cósmicas intervenientes, esta imagem telescópica nítida traça a poeira obscurecida da própria galáxia, os jovens aglomerados estelares e as brilhantes regiões de formação de estrelas cor-de-rosa ao longo de braços espirais que se afastam do núcleo da galáxia.
A IC 342 pode ter sofrido uma explosão recente de atividade de formação de estrelas e está perto o suficiente para ter influenciado gravitacionalmente a evolução do grupo local de galáxias e da Via Láctea.
Fonte: NASA
terça-feira, 15 de janeiro de 2019
Hubble observa o quasar mais brilhante do Universo jovem
O telescópio espacial Hubble descobriu o quasar mais brilhante no início do Universo.
© ESA/M. Kornmesser (ilustração de um quasar)
Após 20 anos de buscas, os astrônomos identificaram o antigo quasar com a ajuda de fortes lentes gravitacionais. Este objeto único fornece uma visão do nascimento das galáxias quando o Universo tinha menos de um bilhão de anos.
Os quasares são os núcleos extremamente brilhantes de galáxias ativas. O poderoso brilho de um quasar é produzido por um buraco negro supermassivo que está cercado por um disco de acreção. O gás que cai em direção ao buraco negro libera quantidades incríveis de energia, que pode ser observada em todos os comprimentos de onda.
Este quasar recém-descoberto, catalogado como J043947.08+163415.7, não é exceção; o seu brilho é equivalente a aproximadamente 600 trilhões de sóis (o brilho inclui o fator de ampliação da lente gravitacional, fator este de 50. Sem a lente, a luminosidade do quasar seria equivalente a mais ou menos 11 bilhões de sóis) e o buraco negro supermassivo que o alimenta tem várias centenas de milhões de vezes a massa do nosso Sol.
Apesar do seu brilho, o Hubble conseguiu identificá-lo apenas porque a sua aparência era fortemente afetada por poderosas lentes gravitacionais. Uma galáxia tênue está localizada entre o quasar e a Terra, curvando a luz do quasar e fazendo-o parecer três vezes maior e 50 vezes mais brilhante do que seria sem o efeito da lente gravitacional. Mesmo assim, a lente e o quasar com lente são extremamente compactos e não resolvidos em imagens de telescópios ópticos terrestres. Só a visão nítida do Hubble permitiu resolver o sistema.
Os dados mostram não apenas que o buraco negro supermassivo está acumulando matéria a uma taxa extremamente alta, mas também que o quasar pode estar produzindo até 10.000 estrelas por ano. Em comparação, a Via Láctea produz aproximadamente uma estrela por ano.
Os quasares parecidos com J043947.08+163415.7 existiram durante o período de reionização do Universo primordial, quando a radiação das jovens galáxias e quasares reaqueceu o hidrogênio obscurante que havia arrefecido apenas 400.000 após o Big Bang; o Universo reverteu de neutro para mais uma vez ser plasma ionizado. No entanto, ainda não se sabe com certeza quais os objetos que forneceram os fótons de reionização. Os objetos energéticos como este quasar recém-descoberto podem ajudar a resolver o mistério.
Por essa razão, a equipe está reunindo o máximo possível de dados sobre J043947.08+163415.7. Atualmente estão analisando um espectro detalhado de 20 horas obtido pelo VLT (Very Large Telescope) do ESO, que lhes permitirá identificar a composição química e as temperaturas do gás intergaláctico no início do Universo. A equipe também está usando o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) e espera também observar o quasar com o telescópio espacial James Webb. Com estes telescópios, poderão observar as redondezas do buraco negro supermassivo e medir diretamente a influência da sua gravidade sobre o gás circundante e sobre a formação estelar.
Fonte: W. M. Keck Observatory
Encontrada fonte de raios X no interior de supernova misteriosa
Os telescópios espaciais de alta energia da ESA, INTEGRAL e XMM-Newton, ajudaram a encontrar uma poderosa fonte de raios X no centro de uma explosão estelar, de brilho e evolução sem precedentes, que apareceu subitamente no céu.
© Sloan Digitized Sky Survey (AT2018cow)
A AT2018cow explodiu dentro de ou próximo da galáxia CGCG 137-068, localizada a cerca de 200 milhões de anos-luz de distância na direção da constelação de Hércules. Esta ampliação mostra a posição do fenômeno.
O telescópio ATLAS no Havaí foi o primeiro a avistar o fenômeno, desde então chamado AT2018cow, no dia 16 de junho. Pouco tempo depois, astrônomos de todo o mundo apontaram telescópios terrestres e espaciais para o objeto celeste recém-descoberto, localizado numa galáxia a aproximadamente 200 milhões de anos-luz.
Rapidamente perceberam que era algo completamente novo. Em apenas dois dias, o objeto excedeu o brilho de qualquer supernova observada anteriormente, uma poderosa explosão de uma estrela massiva e velha que expele a maior parte do seu material para o espaço circundante, varrendo a poeira e os gases interestelares na sua vizinhança.
As observações dos primeiros 100 dias da existência do objeto cobriu todo o espectro eletromagnético da explosão, desde o rádio até aos raios gama.
A análise, que inclui observações do INTEGRAL e XMM-Newton da ESA, bem como dos telescópios espaciais NuSTAR e Swift da NASA, encontrou uma fonte de raios X altamente energéticos situada no interior da explosão.
O comportamento desta fonte, revelado nos dados, sugere que o fenômeno estranho pode ser ou um buraco negro nascente ou uma estrela de nêutrons com um poderoso campo magnético, sugando o material circundante.
A explosão AT2018cow não foi apenas 10 a 100 vezes mais brilhante do que qualquer outra supernova já observada anteriormente: também atingiu o pico de luminosidade muito mais depressa do que qualquer outro evento conhecido anteriormente, em apenas alguns dias em comparação com as duas semanas normais.
O INTEGRAL fez as suas primeiras observações do fenômeno cerca de cinco dias depois de ter sido relatado e manteve o monitoramento durante 17 dias. Os seus dados mostraram-se cruciais para a compreensão do estranho objeto.
Assim, enquanto os dados do NuSTAR revelaram em grande detalhe o espectro de raios X, com o INTEGRAL os astrônomos foram capazes de ver o espectro inteiro da fonte, incluindo o seu limite superior em raios gama suaves.
Dado que o INTEGRAL continuou a monitorar a explosão AT2018cow por um maior período de tempo, os seus dados também puderam mostrar que o sinal de raios X altamente energéticos estava gradualmente desvanecendo.
Estes raios X altamente energéticos que desapareceram se dá o nome radiação reprocessada, a radiação da fonte que interage com material expelido pela explosão. À medida que o material se afasta do centro da explosão, o sinal diminui gradualmente e acaba por desaparecer completamente.
No entanto, neste sinal os astrônomos foram capazes de encontrar padrões típicos de um objeto que atrai matéria dos seus arredores, seja um buraco negro ou uma estrela de nêutrons.
Entretanto, o XMM-Newton observou esta explosão incomum duas vezes nos primeiros 100 dias da sua existência. Detectou a parte menos energética da sua emissão de raios X que vem diretamente do "motor" no núcleo da explosão. Ao contrário dos raios X altamente energéticos provenientes do plasma circundante, ainda são visíveis os raios X de baixa energia da fonte.
Os astrônomos planejam usar o XMM-Newton para realizar uma observação de acompanhamento no futuro, o que permitirá com que compreendam o comportamento da fonte ao longo de um maior período de tempo e em grande detalhe.
Os conhecimentos detalhados que que foram reunidos sobre o funcionamento da misteriosa explosão AT2018cow só foram alcançados graças à ampla cooperação e combinação de muitos telescópios.
Um novo novo artigo foi aceito para publicação na revista The Astrophysical Journal.
Fonte: ESA
Fábricas estelares e a formação estelar no Universo
As galáxias têm uma ampla variedade de formas e tamanhos. No entanto, algumas das diferenças mais significativas entre as galáxias dizem respeito a onde e como formam novas estrelas.
© ALMA (NGC 4321)
As pesquisas convincentes para explicar estas diferenças têm sido elusivas, mas isso está prestes a mudar. O ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) está finalizando um levantamento sem precedentes de galáxias de disco próximas com o objetivo de estudar os seus berçários estelares. Com ele, os astrônomos estão começando a desvendar a relação complexa e ainda pouco entendida entre as nuvens de formação estelar e as suas galáxias hospedeiras.
Um novo e vasto projeto de pesquisa com o ALMA, conhecido como PHANGS-ALMA (Physics at High Angular Resolution in Nearby GalaxieS), debruça-se sobre esta questão com muito mais poder e precisão do que nunca, medindo a demografia e as características de uns impressionantes 100.000 berçários estelares individuais espalhados por 74 galáxias.
A campanha de pesquisa PHANGS-ALMA já acumulou um total de 750 horas de observações e deu aos astrônomos uma compreensão muito mais clara de como o ciclo de formação estelar muda, dependendo do tamanho, idade e dinâmica interna de cada galáxia individual. Esta campanha é dez a cem vezes mais poderosa (dependendo dos parâmetros) do que qualquer outro levantamento anterior do gênero.
"Algumas galáxias produzem furiosamente novas estrelas, enquanto outras já consumiram a maior parte do seu combustível para a formação estelar. A origem desta diversidade pode muito provavelmente estar nas propriedades dos próprios berçários estelares," comenta Erik Rosolowsky, astrônomo da Universidade de Alberta no Canadá.
"As observações com as gerações anteriores de radiotelescópios fornecem algumas informações cruciais sobre a natureza dos berçários estelares densos e frios. No entanto, estas observações carecem de sensibilidade, de resolução e de poder para estudar a grande diversidade dos berçários estelares em toda a população de galáxias locais. Isto limitou seriamente a nossa capacidade para relacionar o comportamento ou propriedades dos berçários estelares individuais com as propriedades das galáxias em que residem," disse Rosolowsky.
Durante décadas, os astrônomos especularam que existem diferenças fundamentais na forma como as galáxias de disco com vários tamanhos convertem o hidrogênio em novas estrelas. Alguns astrônomos teorizam que galáxias maiores e geralmente mais velhas não são tão eficientes na produção estelar quanto as suas primas menores. A explicação mais lógica seria que estas grandes galáxias têm berçários estelares menos eficientes. Mas tem sido difícil testar esta ideia com observações.
Pela primeira vez, o ALMA está permitindo com que os astrônomos realizem o censo abrangente necessário para determinar como as propriedades de grande escala (tamanho, movimento, etc.) de uma galáxia influenciam o ciclo de formação estelar à escala de nuvens moleculares individuais. Estas nuvens têm apenas algumas dezenas a centenas de anos-luz de tamanho, o que é fenomenalmente pequeno à escala de uma galáxia inteira, especialmente quando vista a milhões de anos-luz de distância.
Parte do mistério da formação estelar tem a ver com o meio interestelar, ou seja, toda a matéria e energia que preenche o espaço entre as estrelas.
Os astrônomos entendem que existe um ciclo de feedback contínuo no interior e em torno dos berçários estelares. Dentro destas nuvens, regiões de gás denso colapsam e formam estrelas, o que perturba o meio interestelar.
Para esta pesquisa, o ALMA está observando moléculas de monóxido de carbono (CO) em todas as galáxias espirais relativamente massivas, vistas geralmente de face, visíveis do hemisfério sul. As moléculas de CO emitem naturalmente luz em comprimentos de onda milimétricos que o ALMA pode detectar. São particularmente eficazes em destacar a localização de nuvens de formação estelar.
Um estudo complementar, PHANGS-MUSE (Multi-Unit Spectroscopic Explorer), está usando o VLT (Very Large Telescope) para obter imagens ópticas das primeiras 19 galáxias observadas pelo ALMA. Ainda outro levantamento, PHANGS-HST, usa o telescópio espacial Hubble para estudar 38 destas galáxias e para encontrar os seus mais jovens aglomerados estelares. Juntos, estes três levantamentos fornecem uma imagem surpreendentemente completa de quão eficazmente as galáxias produzem estrelas ao estudar o gás molecular frio, o seu movimento, a localização de gás ionizado e as populações estelares completas das galáxias.
Até agora, o PHANGS-ALMA estudou aproximadamente 100.000 objetos semelhantes à Nebulosa de Órion no Universo próximo. Espera-se que a campanha acabe eventualmente por observar cerca de 300.000 regiões de formação estelar.
Vários artigos baseados nesta campanha foram publicados nas revistas The Astrophysical Journal e The Astrophysical Journal Letters.
Fonte: National Radio Astronomy Observatory
domingo, 13 de janeiro de 2019
Chandra detecta um toróide circumnuclear
A maioria das galáxias abriga buracos negros supermassivos em seus núcleos, cada um com milhões ou bilhões de massas solares de material.
© ALMA/Chandra (NGC 5643)
A imagem acima mostra o disco espiral do gás molecular em vermelho e do gás quente em azul-laranja.
Acredita-se que haja um toróide de poeira e gás ao redor dos buracos negros e um disco de acreção que fica muito quente quando o material cai sobre ele, aquecendo, por sua vez, o toróide, o gás e a poeira circumnucleares. Esse núcleo galáctico ativo (AGN) irradia através do espectro, enquanto a poeira muitas vezes bloqueia a vista das regiões mais internas. Jatos bipolares poderosos de partículas carregadas são também ejetados. A radiação do toróide pode ser vista diretamente nos comprimentos de onda infravermelhos e, quando se dispersa das partículas em movimento rápido, na região dos raios X.
Os núcleos galácticos ativos estão entre os fenômenos mais dramáticos e interessantes na astronomia extragaláctica. Todos os modelos AGN padrão preveem a presença de um disco toroidal e de acreção, mas os detalhes da região têm sido difíceis de serem estudados diretamente, porque se pensa que o toróide é relativamente pequeno, com apenas centenas de anos-luz de tamanho. O Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), no entanto, permitiu recentemente a detecção de estruturas AGNs próximas, tanto na emissão contínua quanto na linha molecular.
A NGC 5643 é uma galáxia espiral frontal que hospeda um AGN e jatos bipolares. No ano passado, o ALMA avistou uma estrutura alongada no seu núcleo, com cerca de oitenta anos-luz de comprimento (cerca de 200 anos-luz de diâmetro em emissão do componente de gás molecular mais frio). Os cientistas propuseram que a estrutura era toróide do AGN e o material molecular relacionado responsável pelo obscurecimento do AGN e pela colimação dos jatos.
Os astrônomos da Harvard Smithsonian Center for Astrophysics (CfA), Pepi Fabbiano, Aneta Siemiginowska e Martin Elvis usaram o observatório de raios X Chandra para fazer imagens da região e do seu toro em raios X. Olhando para a energia de uma linha de raios X brilhante de ferro, a equipe encontrou uma estrutura de cerca de 200 anos-luz de extensão que coincide muito bem com a estrutura molecular. Ele parece ser grosso, juntamente com seu tamanho e a densidade estimada das observações do ALMA, sugere que é o disco circumnuclear.
Esse é o primeiro objeto para o qual tanto o Chandra quanto o ALMA identificaram o toróide crítico; Um acréscimo significativo é o fato de que as duas observações abrangem a faixa de comprimentos de onda de raios X a milímetro. Normalmente, essas bandas muito diferentes mostram, respectivamente, materiais extremamente quentes ou extremamente frios, provenientes de regiões muito diferentes, mas a AGN contribui para uma vizinhança muito complexa.
Fonte: Harvard Smithsonian Center for Astrophysics
A matéria escura pode ser aquecida e movimentada
Cientistas encontraram evidências de que a matéria escura pode ser aquecida e movimentada, como resultado da formação de estrelas nas galáxias.
© J. Read (aquecimento da matéria escura)
A formação estelar em galáxias anãs minúsculas pode lentamente "aquecer" a matéria escura, empurrando-a para fora. A imagem da esquerda mostra a densidade do gás hidrogênio de uma galáxia anã simulada, vista de cima. A imagem à direita mostra o mesmo para uma galáxia anã real, IC 1613. Na simulação, a entrada e saída de gás faz a força do campo gravitacional no centro da anã flutuar. A matéria escura responde a isso migrando para fora do centro da galáxia, um efeito conhecido como "aquecimento da matéria escura".
No novo trabalho, cientistas das universidades de Surrey, Carnegie Mellon e ETH Zürich foram em busca de evidências de matéria escura nos centros de galáxias anãs próximas. Galáxias anãs são galáxias pequenas e fracas que são normalmente encontradas em órbitas de galáxias maiores, como a nossa Via Láctea. Elas podem conter pistas que podem ajudar a entender melhor a natureza da matéria escura.
Acredita-se que a matéria escura compõe a maior parte da massa do Universo. No entanto, como ela não interage com a luz da mesma maneira que a matéria normal, só pode ser observada através de seus efeitos gravitacionais. A chave para estudá-la pode, no entanto, estar no modo como as estrelas são formadas nessas galáxias.
Quando as estrelas se formam, ventos fortes podem empurrar gás e poeira para longe do núcleo da galáxia. Como resultado, o centro da galáxia fica com menos massa, o que afeta o quanto a gravidade influencia a matéria escura restante. Com menos atração gravitacional, a matéria escura ganha energia e migra para longe do centro.
A equipe de astrofísicos mediu a quantidade de matéria escura nos centros de 16 galáxias anãs com históricos de formação estelar muito diferentes. Eles descobriram que as galáxias que pararam de formar estrelas há muito tempo tinham maiores densidades de matéria escura em seus centros do que aquelas que ainda estão formando estrelas hoje. Isso apoia a teoria de que as galáxias mais antigas experimentavam menos aquecimento de matéria escura.
Justin Read, principal autor do estudo e chefe do Departamento de Física na Universidade de Surrey, afirmou: "Nós encontramos uma relação verdadeiramente notável entre a quantidade de matéria escura nos centros dessas anãs minúsculas e a quantidade de formação estelar que elas possuem ao longo de suas vidas. A matéria escura no centro das anãs formadoras de estrelas parece ter sido ‘aquecida’ e ‘empurrada para fora’."
As descobertas oferecem uma nova restrição aos modelos de matéria escura: ela deve ser capaz de formar galáxias anãs que exibem um espectro de possíveis densidades centrais, e essas densidades devem estar relacionadas à quantidade de formação estelar.
Matthew Walker, da Universidade Carnegie Mellon, acrescentou: "Este estudo pode ser a evidência irrefutável que nos levará mais perto de entender o que é a matéria escura. Nossa descoberta de que ela pode ser aquecida e movimentada ajuda a motivar buscas por uma partícula de matéria escura."
A equipe espera poder expandir o trabalho por meio de medições da densidade da matéria escura central em uma amostragem maior de anãs, indo para galáxias ainda mais fracas e testando mais modelos de matéria escura.
A pesquisa foi publicada na revista Monthly Notices da Royal Astronomical Society.
Fonte: Scientific American
sexta-feira, 11 de janeiro de 2019
A missão TESS descobre novos exoplanetas
A missão TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite) da NASA descobriu três exoplanetas confirmados nos primeiros três meses de observações.
© NASA/MIT/TESS (ilustração do exoplaneta LHS 3884 b)
As câmaras sensíveis do satélite também captaram 100 mudanças de curta duração, a maioria delas prováveis explosões estelares, na mesma região do céu. Estas incluem seis explosões de supernovas cuja luz brilhante foi registada pelo TESS antes mesmo das explosões serem descobertas por telescópios terrestres.
As novas descobertas mostram que o TESS está cumprindo o seu objetivo de descobrir planetas em torno de estrelas brilhantes e próximas. Usando telescópios terrestres, os astrônomos estão agora realizando observações de acompanhamento em mais de 280 candidatos a exoplanetas da missão TESS.
A primeira descoberta confirmada é um mundo chamado Pi Mensae c com aproximadamente duas vezes o tamanho da Terra. A cada seis dias, o novo planeta orbita a estrela Pi Mensae, localizada a mais ou menos 60 anos-luz de distância e visível a olho nu na direção da constelação do hemisfério sul de Montanha da Mesa. A brilhante estrela Pi Mensae é semelhante ao Sol em massa e tamanho.
Esta estrela já era conhecida por abrigar um planeta, de nome Pi Mensae b, que tem cerca de 10 vezes a massa de Júpiter e segue uma órbita longa e muito excêntrica. Em contraste, o novo planeta Pi Mensae c, tem uma órbita circular próxima da estrela, e estas diferenças orbitais serão fundamentais para entender como este sistema incomum se formou.
A seguir temos LHS 3884 b, um planeta rochoso com aproximadamente 1,3 vezes o tamanho da Terra, localizado a mais ou menos 49 anos-luz de distância na direção da constelação do hemisfério sul de Índio, tornando-o um dos exoplanetas em trânsito mais próximos conhecidos. A estrela é uma anã fria do tipo-M com cerca de um-quinto do tamanho do nosso Sol. Completando uma órbita a cada 11 horas, o planeta fica tão perto da estrela que parte da superfície rochosa no lado diurno pode formar regiões de lava.
O terceiro - e possivelmente o quarto - planetas orbitam HD 231749, uma estrela do tipo-K com 80% da massa do Sol localizada a 53 anos-luz de distância na direção da constelação do hemisfério sul de Retículo.
O planeta confirmado, HD 21749 b, tem cerca de três vezes o tamanho da Terra e 23 vezes a sua massa, orbita a cada 36 dias e tem uma temperatura à superfície de mais ou menos 150º C. Este planeta tem uma densidade maior que a de Netuno, mas não é rochoso. Pode ser um mundo oceânico ou ter algum tipo de atmosfera substancial. É o planeta em trânsito com o período mais longo até 100 anos-luz do Sistema Solar e tem a temperatura superficial mais fria para um exoplaneta em trânsito em torno de uma estrela mais brilhante que magnitude 10, ou cerca de 25 vezes mais tênue do que o limite da visão humana.
O que é ainda mais excitante são as pistas de que o sistema tem um segundo candidato a planeta com aproximadamente o tamanho da Terra que completa uma volta em torno da estrela a cada oito dias. Se confirmado, pode ser o planeta mais pequeno descoberto pelo TESS até à data.
As quatro câmaras do TESS, desenhadas e construídas pelo Instituto Kavli do Massachusetts Institute of Technology (MIT), passaram quase um mês monitorando cada setor de observação, numa faixa do céu que mede 24 por 96 graus. O objetivo principal é procurar trânsitos exoplanetários, que ocorrem quando um planeta passa em frente da sua estrela hospedeira, a partir da perspetiva do TESS. Isto provoca uma queda regular no brilho medido da estrela que assinala a presença de um planeta.
Na sua missão principal de dois anos, o TESS vai observar o céu quase todo, fornecendo um rico catálogo de mundos em torno de estrelas próximas. A sua proximidade com a Terra possibilitará a caracterização detalhada dos planetas por meio de observações de acompanhamento com telescópios terrestres e espaciais.
Mas no seu olhar de um mês para cada sector, o TESS regista muitos fenômenos adicionais, incluindo cometas, asteroides, surtos estelares, binários eclipsantes, anãs brancas e supernovas, resultando num tesouro astronômico.
Somente no primeiro setor do TESS, observado entre 25 de julho e 22 de agosto de 2018, a missão captou dúzias de eventos transientes, ou de curta duração, incluindo imagens de seis supernovas em galáxias distantes que foram observadas posteriormente por telescópios terrestres.
Estas primeiras observações detêm a chave para entender uma classe de supernovas que servem como um importante parâmetro para os estudos cosmológicos. As supernovas do Tipo Ia formam-se através de dois cenários. Um envolve a fusão de duas anãs brancas em órbita, remanescentes compactos de estrelas como o Sol. O outro ocorre em sistemas onde uma anã branca extrai gás de uma estrela normal, ganhando massa gradualmente até se tornar instável e explodir. Os astrônomos não sabem qual destes cenários é o mais comum, mas o TESS pode detectar modificações na luz inicial da explosão provocada pela presença de uma companheira estelar.
Todos os dados científicos dos primeiros dois sectores de observações do TESS foram recentemente postos à disposição da comunidade científica através do Mikulski Archive for Space Telescopes (MAST) do Space Telescope Science Institute (STScI).
"Quando o conjunto completo de observações de mais de 300 milhões de estrelas e galáxias recolhidas na missão principal de dois anos for examinado por astrônomos em todo o mundo, o TESS pode ter descoberto até 10.000 exoplanetas, além de centenas de supernovas e outros eventos transientes explosivos estelares e extragalácticos," disse George Ricker, pesquisador da missão no Instituto Kavli do MIT.
Fonte: Massachusetts Institute of Technology