Uma equipe internacional liderada pela Universidade de Göttingen (Alemanha) com a participação de pesquisadores do Instituto de Astrofísica das Canárias (IAC) descobriu, usando o espectrógrafo de alta resolução CARMENES no Observatório Calar Alto, dois novos planetas parecidos com a Terra em torno de uma das estrelas mais próximas da nossa vizinhança estelar.
© U. Göttingen (ilustração do sistema da estrela de Teegarden)
A ilustração acima mostra o sistema da estrela de Teegarden. O nosso Sistema Solar está no plano de fundo.
A estrela de "Teegarden" está a apenas 12,5 anos-luz de distância. É uma das estrelas mais pequenas, uma anã vermelha, na direção da constelação de Carneiro. A sua temperatura superficial é de 2.700ºC e tem uma massa equivalente a apenas 1/10 da do Sol. Mesmo estando tão perto, o seu tênue brilho impediu a sua descoberta até 2003.
As observações mostraram que existem dois planetas em órbita, ambos semelhantes aos planetas do Sistema Solar interior. São apenas um pouco maiores do que a Terra e estão situados na "zona habitável" onde a água pode existir, à superfície, no estado líquido. É possível que os dois planetas façam parte de um sistema maior.
O IAC tem participado muito ativamente nas campanhas fotométricas desta estrela. Têm sido realizadas com instrumentos como o Muscat2 do telescópio Carlos Sánchez do Observatório Teide (Tenerife) e com a rede de telescópios do Observatório de Las Cumbres, entre outros. Estes estudos permitiram mostrar que os sinais dos dois planetas não podem ser devidos à atividade da estrela, embora não seja possível detectar os trânsitos dos dois novos planetas.
Para usar o método de trânsito, os planetas devem atravessar a face do disco estelar e bloquear um pouco da luz da estrela durante um curto período de tempo, o que significa que têm que estar em linha com a estrela e com os observadores. Este alinhamento fortuito ocorre apenas para uma pequena fração dos sistemas planetários.
Curiosamente, o sistema da estrela de Teegarden está situado numa direção especial do céu. A partir desta estrela é possível ver os planetas do nosso Sistema Solar passando em frente do Sol e durante alguns anos a Terra será discernível como um planeta em trânsito para qualquer observador situado nos planetas de Teegarden que se preocupe em nos estudar.
A estrela de Teegarden pertence à classe mais reduzida para a qual podemos medir as massas dos seus planetas com a tecnologia atual.
Desde 2006, cientistas alemães e espanhóis têm procurado planetas em volta de estrelas próximas usando o CARMENES, acoplado ao telescópio de 3,5 m do Observatório Calar Alto. Estes novos planetas são os 10.º e 11.º descobertos pelo projeto.
Um artigo foi publicado na revista Astronomy & Astrophysics.
Fonte: University of Göttingen