Um dos objetos estelares mais misteriosos pode revelar finalmente alguns dos seus segredos.
© NASA/JPL-Caltech (ilustração de anel disforme de poeira ao redor da Estrela de Tabby)
Chamada KIC 8462852, também conhecida como Estrela de Boyajian, ou Estrela de Tabby, o objeto sofreu diminuições incomuns de brilho; o telescópio espacial Kepler da NASA até observou um escurecimento de até 20% em questão de dias. Além disso, a estrela tem tido tendências enigmáticas de atenuação muito mais sutis a longo prazo e uma continua ainda hoje. Este comportamento é inesperado para estrelas normais ligeiramente mais massivas que o Sol. As especulações têm incluído a ideia de que a estrela engoliu um planeta instável, fazendo com que o seu brilho diminua.
Um novo estudo, com base em dados das missões Swift e Spitzer da NASA bem como do observatório belga AstroLAB IRIS, sugere que a causa do escurecimento em longos períodos é provavelmente uma nuvem de poeira disforme que se move em torno da estrela. Isto destrói a ideia de especulações mais exóticas.
Mas os pesquisadores encontraram menos diminuições estelares no infravermelho do que no ultravioleta. Qualquer objeto maior do que partículas de poeira escureceria todos os comprimentos de onda de forma igual quando passasse em frente da Estrela de Tabby. Suspeita-se que existe uma nuvem de poeira em órbita da estrela com um período de aproximadamente 700 dias.
Nós discernimos o escurecimento uniforme da luz muitas vezes no nosso quotidiano: se formos à praia durante um dia limpo e utilizarmos um chapéu de praia, ele reduzirá a quantidade de luz solar que atingirá os nossos olhos em todos os comprimentos de onda. Mas se esperarmos pelo pôr-do-Sol, o Sol parecerá vermelho porque a luz azul e ultravioleta será espalhada por partículas pequenas. O novo estudo sugere que os objetos que provocam o escurecimento de longo período da Estrela de Tabby não podem ter mais do que alguns micrômetros em diâmetro.
Entre janeiro e dezembro de 2016, os pesquisadores observaram a Estrela de Tabby no ultravioleta usando o Swift e no infravermelho usando o Spitzer. Complementando os telescópios espaciais, os cientistas também observaram a estrela no visível durante o mesmo período usando o AstroLAB IRIS, um observatório público com um telescópio refletor de 27 polegadas localizado perto da vila belga de Zillebeke.
Com base no forte mergulho ultravioleta, foi determinado que as partículas de bloqueio devem ser maiores do que a poeira interestelar, pequenos grãos que podem ser encontrados entre a Terra e a estrela. Tais partículas pequenas não podiam permanecer em órbita da estrela porque a pressão da sua luz as empurraria para o espaço. A poeira que orbita uma estrela, chamada poeira circunstelar, não é tão pequena para voar para longe, mas também não é suficientemente grande para bloquear uniformemente a luz em todos os comprimentos de onda. Esta é considerada, atualmente, a melhor explicação, embora outras sejam possíveis.
Os cientistas-cidadão fazem parte integrante da exploração da Estrela de Tabby desde a sua descoberta. A luz deste objeto foi identificada, ao início, como "bizarra" e "interessante" pelos participantes do projeto Planet Hunters, que permite com que qualquer pessoa procure planetas nos dados do Kepler. O trabalho recente sobre o escurecimento de longo período envolve astrônomos amadores que fornecem suporte técnico e de software ao AstroLAB.
Embora os autores do estudo tenham uma boa ideia da razão porque a Estrela de Tabby diminui de brilho a longo prazo, não abordaram os eventos de atenuação de curto prazo que aconteceram em períodos de três dias em 2017. Também não se debruçaram sobre o mistério das grandes diminuições de 20% que o Kepler observou enquanto estudava o campo de Cisne da sua missão primária. Investigações anteriores com o Spitzer e com o WISE sugeriram um aglomerado de cometas como responsável pelas diminuições mais curtas. Os cometas também são uma das fontes mais comuns de poeira que orbitam as estrelas e, como tal, também podem estar relacionados com o escurecimento de longo período.
Agora que o Kepler explora outras áreas do céu na sua missão atual, de nome K2, já não consegue acompanhar a Estrela de Tabby, mas os telescópios do futuro podem ajudar a revelar mais segredos sobre este misterioso objeto.
A Estrela de Tabby pode ter uma espécie de ciclo de atividade estelar.
O novo estudo foi publicado na revista The Astrophysical Journal.
Fonte: University of Arizona