sexta-feira, 25 de maio de 2012

As cores da galáxia Catavento

Uma nova imagem foi divulgada pela NASA da galáxia do Catavento (Pinwheel), ou M101, que combina dados obtidos em infravermelho, luz visível, ultravioleta e raios X por quatro de seus telescópios espaciais.

galáxia do Catavento

© NASA (galáxia do Catavento)

O estudo em múltiplos espectros mostra que tanto estrelas jovens quanto antigas estão distribuídas uniformemente pela galáxia, além de permitir aos astrônomos associarem as emissões dos diferentes tipos de objetos presentes, o que pode dar informações sobre suas características e os processos de sua formação.
Localizada a cerca de 21 milhões de anos-luz da Terra na direção da constelação de Ursa Maior, a galáxia do Catavento é cerca de 70% maior que a Via Láctea e foi palco da primeira explosão de uma supernova. Na imagem, as partes em vermelho são compostas por observações em infravermelho do telescópio espacial Spitzer e evidenciam as regiões onde as estrelas estão se formando na galáxia. Já em amarelo estão os dados obtidos em luz visível pelo Hubble, a maior parte vinda de estrelas ao longo da sequência principal da evolução estelar, enquanto em azul está a luz ultravioleta vista pelo satélite Galex (Galaxy Evolution Explorer), que destaca as estrelas jovens, com cerca de apenas 1 milhão de anos de idade. Por fim, em roxo, estão as emissões em raios X detectadas pelo observatório espacial Chandra, geralmente liberadas pela explosão de estrelas e o gás e materiais superaquecidos a caminho de serem devorados por um buraco negro.

Fonte: NASA

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Um par de galáxias sobrepostas

A NGC 6670 (também conhecida como UGC 11284) é um par de galáxias sobrepostas interagindo e que são vistas de lado desde a Terra.

NGC 6670

© Hubble (NGC 6670)

As galáxias envolvidas nessa interação são a NGC 6670E e a NGC 6670W separadas por apenas 50.000 anos-luz de distância e localizadas a 400 milhões de anos-luz na constelação de Pavo.

Entretanto, apesar de não se identificar nenhum aspecto de maré  opticamente, os astrônomos detectaram uma cauda de H I de aproximadamente 295.000 anos-luz de comprimento, o que sugere que as galáxias estão interagindo e que já experimentaram uma aproximação. As galáxias foram perturbadas por uma interação. Em particular a NGC 6670E parece ter sido quase que destruída.

As observações mostram que a aproximação prévia entre as galáxias tiveram um grande impacto e que elas estão agora nos estágios iniciais de uma segunda interação. A NGC 6670 apesar de estar ainda nos estágios iniciais de uma interação, há evidências de explosões de estrelas. A NGC 6670 brilha no infravermelho com uma luminosidade mais de cem bilhões de vezes maior que a luminosidade do nosso Sol.

Fonte: ESA

Onda de choque de uma supernova

Observações feitas com o observatório de raios X Chandra da NASA forneceram a primeira evidência de uma onda de choque de uma supernova passando através de um casulo de gás ao redor da estrela que explodiu.

galáxia UGC 5189A

© Chandra/Hubble (galáxia UGC 5189A)

Essa descoberta pode ajudar os astrônomos a entenderem por que algumas das supernovas são muito mais poderosas do que outras.

No dia 3 de Novembro de 2010, uma supernova foi descoberta na galáxia UGC 5189A, localizada a 160 milhões de anos-luz de distância. Usando dados do telescópio All Sky Automated Survey no Havaí, obtidos anteriormente, os astrônomos determinaram essa explosão de supernova no começo de Outubro de 2010 (tempo da Terra).

A imagem composta acima da UGC5189A, mostra os dados de raios X do Chandra em roxo e os dados ópticos do mesmo objeto obtidos pelo telescópio espacial Hubble em vermelho, verde e azul. A SN2010jl é a fonte muito brilhante de raios-X perto do topo da galáxia.

Uma equipe de pesquisadores usou o Chandra para observar essa supernova em Dezembro de 2010 e novamente em Outubro de 2011. A supernova foi uma das mais luminosas que já foram detectadas em raios X.

Os resultados dessas observações foram publicados num artigo que apareceu na edição de 1 de Maio de 2012 do The Astrophysical Journal Letters.

Fonte: NASA

terça-feira, 22 de maio de 2012

Exoplaneta recém-descoberto pode virar pó

Pesquisadores do MIT (Massachusetts Institute of Technology) e da NASA detectaram um possível planeta, a cerca de 1.500 anos-luz de distância, que parece estar evaporarando-se sob o intenso calor da sua estrela, denominada KIC 12557548.

ilustração da desintegração do planeta

© NASA (ilustração da desintegração do planeta)

Os cientistas acham que uma longa cauda de detritos, muito parecida às caudas dos cometas, segue o planeta, e que esta cauda poderá contar a história da desintegração do planeta. De acordo com os cálculos da equipe, vai desaparecer completamente daqui a 100 milhões de anos.

Foi descoberto que o planeta poeirento orbita a sua estrela a cada 15 horas; uma das órbitas mais rápidas já observadas. Tal pequena órbita deve ser muito íntima e implica que o planeta seja aquecido pela sua estrela laranja até uma temperatura de 1.980ºC. Os cientistas teorizam que o material rochoso à superfície do planeta derrete e evapora a estas altas temperaturas, formando um vento que transporta gás e poeira para o espaço. Densas nuvens de poeira seguem o planeta à medida que gira em torno da estrela.

As descobertas do grupo, publicadas na revista Astrophysical Journal, têm por base dados do Observatório Kepler, um telescópio espacial que monitoriza mais de 160.000 estrelas na Via Láctea. O observatório regista o brilho de cada estrela em intervalos regulares; os cientistas então analisando os dados em busca de sinais de novos planetas para além do nosso Sistema Solar.

Os astrônomos normalmente usam o telescópio Kepler para identificar exoplanetas ao observar diminuições regulares no brilho de uma estrela. Por exemplo, se uma estrela diminui de brilho a cada mês, uma possibilidade é que a diminuição seja devida à passagem de um planeta uma vez por mês; de cada vez que o planeta viaja em frente da estrela (a partir da perspectiva da Terra), o planeta bloqueia a mesma quantidade de luz.

O grupo examinou as curvas de luz da estrela, um gráfico do brilho ao longo do tempo, e descobriu que a sua luz diminui por intensidades diferentes a cada 15 horas, sugerindo que algo bloqueia a estrela regularmente, mas por graus diferentes.

A equipe considerou várias explicações para os confusos dados, incluindo a possibilidade de um sistema duplo de planetas orbitando a estrela, podendo bloquear diferentes quantidades de luz durante cada eclipse. Os dados, no entanto, falharam no suporte desta hipótese: a diminuição a cada 15 horas é demasiado curta para permitir espaço suficiente à interação de dois corpos planetários, do mesmo modo que a Terra e a Lua orbitam o Sol.

Ao contrário, os pesquisadores conceberam uma hipótese nova: que as diferentes intensidades de luz são provocadas por um corpo algo amorfo e em constante mutação.

Os vários modos como a poeira pode ser criada e expelida de um planeta foram investigados. É provável que o planeta deve ter um campo gravitacional pequeno, tal como o de Mercúrio. O planeta também deve ser extremamente quente, cerca de 1.980º C.

Existem duas explicações para a formação da poeira planetária: pode entrar em erupção como cinza de vulcões à superfície, ou ser formada a partir de metais vaporizados a altas temperaturas que depois condensa em poeira. No que toca à quantidade expelida do planeta, a equipe mostra que o planeta pode perder poeira suficiente para explicar os dados do Kepler. Graças aos seus cálculos, os pesquisadores concluíram que a esta velocidade, o planeta será completamente desintegrado daqui a 100 milhões de anos.

Os cientistas criaram um modelo do planeta em órbita da sua estrela, bem como da grande cauda de poeira. As partes mais densas rodeiam imediatamente o planeta, ficando mais leves à medida que se afastam. O grupo simulou o brilho da estrela à medida que o planeta e a sua nuvem de poeira passavam em frente, e descobriu que os padrões de luz coincidem com as curvas irregulares de luz obtidas pelo Observatório Kepler.

Muitos estudos levaram à conclusão de que os planetas não são objetos eternos, podem morrer de modos extraordinários, e este pode ser um caso onde o planeta irá se evaporar completamente no futuro.

Fonte: NASA

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Pulsar pode desafiar Einstein

Os objetos mais densos do Universo têm um novo campeão de pesos pesados: um pulsar tão pequeno que pode ocupar uma área de quase 100 km² mas que tem uma massa 2,04 vezes a do Sol.

ilustração do pulsar J0348 0432

© NASA (ilustração do pulsar J0348+0432)

O pulsar poderá ser usado para ajudar a testar a teoria da relatividade geral de Einstein, mas a sua própria existência pode colocar esta teoria científica em risco.

Os pulsares são "cadáveres" estelares com uma rápida rotação que varrem o céu como um farol com um feixe de ondas de rádio à medida que rodam. Os pulsares mais rápidos encontram-se em sistemas binários com outro objeto como uma estrela ou uma anã branca. O pulsar roda mais rápido ao roubar material da sua companheira. Esta combinação pode continuar por bilhões de anos até que os objetos colidem e fundem-se.

De acordo com a teoria da relatividade geral de Einstein, que descreve como a gravidade funciona, os dois corpos excitam fortes ondulações no espaço-tempo - ondas gravitacionais - à medida que espiralam na direção um do outro. Embora as ondas gravitacionais não tenham sido observadas diretamente, temos fortes evidências da sua existência. O estudo destes sistemas binários com pulsares pode ser uma boa maneira de as observar e de verificar que as previsões da relatividade geral são verdadeiras.

O pulsar J0348+0432, recentemente intitulado como o pulsar mais massivo conhecido. O pulsar apareceu num estudo através do telescópio Green Bank no estado americano da Virginia do Oeste, quando o telescópio estava parcialmente parado para reparos. Durante meses, a gigantesca antena com 100 metros não pôde ser dirigida.

A pesquisadora Victoria Kaspi da Universidade McGill em Montreal, Canadá apresentou a sua nova descoberta na Conferência Harvard-Smithsonian de Astrofísica Teórica em Cambridge, Massachusetts, EUA, esta semana.

Ela e seus colegas identificaram o pulsar graças aos pulsos de rádio que emite a cada 39 milissegundos. Está numa íntima órbita binária com uma anã branca, um outro tipo de cadáver estelar e menos denso, com 0,172 vezes a massa do Sol. A comparação do modo como os dois objetos oscilam nas suas órbitas permitiu à equipe calcular a massa do pulsar: 2,04 vezes a massa do Sol, até agora inédita. O anterior detentor do recorde tinha uma modesta massa de 1,97 sóis.

O par de objetos é um laboratório particularmente bom para testar a relatividade geral devido à diferença entre a massa do pulsar e a massa da anã branca. Em algumas teorias alternativas da gravidade que poderiam assumir se a relatividade geral possa revelar incorreta, a estrela de nêutrons poderá sentir efeitos gravitacionais dentro de si que a relativamente esbelta anã branca não tem. Estes efeitos podem distorcer a gravidade e libertar ondas gravitacionais extras, aumentando a velocidade de atração entre os dois objetos, um efeito que os astrônomos podem observar mesmo sem ver as ondas gravitacionais diretamente.

"Podemos começar a restringir a gravidade num regime totalmente novo," afirma Kaspi.

Mas a massa extra do pulsar pode ser um problema para a relatividade geral. Os pulsares aglomeram a sua massa numa bola com até 20 ou 24 km de diâmetro. As teorias de como os átomos colapsam em espaços tão apertados prevêem que as estrelas de nêutrons não podem ficar com massas superiores a duas massas solares, ou serão forçadas a colapsar num buraco negro.

"Se o próximo detentor do recorde tiver muito mais que 2 massas solares, então temos que rever algumas das nossas teorias, possivelmente até pensar em modificações na relatividade geral," afirma Feryal Ozel da Universidade Estatal do Arizona em Tucson, EUA. Ozel está à espera que a incerteza acerca da massa do novo pulsar diminua antes que comece a preocupar-se, mas "2,04 massas solares está quase no ponto em que temos que verificar tudo".

Mas outros cientistas pensam que é demasiado cedo para nos preocuparmos com um novo desafio a Einstein.

Scott Hughes, professor associado de física no Instituto de Tecnologia do Massachusetts, não está preocupado com a descoberta. "A gravidade é um item na lista dos porquês da massa do pulsar ser tão alta. Mas está muito abaixo na lista. Sabe-se muito pouco acerca do material nuclear a estas densidades, mas as equações plausíveis do estado acomodam estrelas desta massa dentro dos padrões sem real dificuldade."

Fonte: New Scientist

Impacto de explosão solar sobre a Terra

O telescópio espacial Kepler vem fornecendo novas descobertas sobre as colossais explosões que podem afligir algumas estrelas.

super flare em estrelas semelhantes ao Sol

© NASA (super flare em estrelas semelhantes ao Sol)

Estes lançamentos enormes de energia magnética, conhecidos como "super flares", podem danificar a atmosfera de um planeta em órbita nas proximidades, colocando em risco as formas de vida que eventualmente residam ali.

Felizmente o Kepler mostra que as super flares são muito menos frequentes em estrelas de baixa rotação, como nosso Sol. O telescópio da NASA observa 100 mil estrelas em um pedaço de céu entre 600 e 3 mil anos-luz da Terra.

A maior explosão solar registrada foi provavelmente o evento conhecido como "Carrington", em 1º de setembro de 1859. Descrito pelo astrônomo inglês Richard Carrington, essa explosão enviou uma onda de radiação eletromagnética e partículas carregadas em direção à Terra. Os campos magnéticos embutidos na bolha de matéria atingiram o próprio campo magnético da Terra, produzindo luzes espetaculares, semelhantes à aurora boreal. Os campos elétricos gerados interromperam as comunicações por telégrafo na época.

Surpreendentemente, a explosão solar Carrington é insignificante se comparada a alguns dos eventos observados pelo Kepler. Os super flares podem ser 10 mil vezes mais fortes.

O Kepler busca rastrear mudanças na luz gerada pelas explosões que possam indicar se planetas em órbita mudaram de posição em relação a estas estrelas. Mas, ao fazer essas observações, o Kepler também está reunindo informações sobre o brilho repentino associado às super flares.

Hiroyuki Maehara, da Universidade de Kyoto, no Japão, e seus colegas revisaram estes dados para compilar estatísticas sobre a frequência e o tamanho dos super flares. O Kepler observou um total de 365 super flares durante 120 dias.

Os números confirmam que muito poucas (0,2%) estrelas semelhantes ao Sol apresentam explosões desta magnitude. Isso pode ser explicado por padrões que indicam que as super flares podem ser causadas por interações magnéticas entre planetas gigantes e as estrelas; algo diferente do que vemos em nosso Sistema Solar, no qual Júpiter e Saturno orbitam longe do Sol.

Uma outra observação interessante do Kepler é de que as estrelas que têm super flares exibem áreas de baixa temperatura extremamente grandes, em contraposição às altas temperaturas em seu entorno. Carrington identificou um conjunto de pontos de baixa temperatura associados à famosa explosão solar de 1859. No entanto, estes pontos seriam ínfimos se comparados com os associados às super flares vistas pelo Kepler.

Os cientistas há muito especulam sobre o impacto que uma super flare em nosso Sol pode ter na Terra. A expectativa é de que o fenômeno iria varrer a camada de ozônio, levando ao aumento da radiação ao nível do solo. Extinções generalizadas poderiam acontecer. Porém, há outro lado disso. Em alguns sistemas planetários distantes, super flares podem gerar condições para existência de vida, fornecendo energia suficiente às atmosferas desses mundos para iniciar a química necessária para o desenvolvimento biológico.

As novas observações foram relatadas na revista Nature.

Fonte: BBC Brasil

Nascimento do maior superaglomerado de galáxias

O observatório espacial Herschel descobriu um gigante filamento contendo bilhões de estrelas novas.

filamento constituído de estrelas

© Herschel (filamento constituído de estrelas)

O filamento conecta dois aglomerados de galáxias que, juntamente com um terceiro grupo, que está originando um dos maiores superaglomerados de galáxias no Universo.

O filamento é a primeira estrutura do gênero visto em uma época cósmica crítica, quando o acúmulo de coleções colossais de galáxias gerando superaglomerados começou a tomar forma. A ponte brilhante da galáxia oferece aos astrônomos uma oportunidade única para explorar como as galáxias evoluem e se fundem para formar superaglomerados.
"Estamos entusiasmados com este filamento, porque pensamos que a intensa formação de estrelas que vemos em suas galáxias está relacionada com a consolidação do superaglomerado circundante", diz Kristen Coppin, um astrofísico da Universidade McGill, no Canadá, e autor de um novo artigo no Astrophysical Journal Letters.
"Esta ponte luminosa de formação estelar nos dá um instantâneo de como a evolução da estrutura cósmica em escalas muito grandes afeta a evolução das galáxias individuais presas dentro dela", diz Jim Geach, um co-autor, que também é baseado na McGill.
O filamento intergaláctico, contendo centenas de galáxias, abrange 8 milhões de anos-luz e ligações de dois dos três grupos que compõem um superaglomerado conhecido como RCS2319. Este superaglomerado emergente é um objeto extremamente raro e distante, cuja luz levou mais de sete bilhões de anos para chegar até nós.
O RCS2319 é ​​objeto de um estudo observacional enorme, liderado por Tracy Webb e seu grupo na McGill.
Observações anteriores em luz visível e raios X tinham encontrado os núcleos do aglomerado que sugeriu a presença de um filamento. A poeira encobre grande parte da atividade de formação estelar no início do Universo, mas telescópios como o Herschel pode detectar o brilho infravermelho da poeira, ela é aquecida por estrelas nascentes.
A quantidade de luz infravermelha sugere que as galáxias no filamento estão produzindo o equivalente a cerca de 1.000 massas solares (a massa do nosso Sol é de 1,99 × 1030 kg) de novas estrelas por ano. Para efeitos de comparação, a nossa galáxia, a Via Láctea está produzindo cerca de uma massa solar de novas estrelas por ano.
A alta taxa de interações e fusões entre galáxias podem ser reservatórios de gás das galáxias, iniciando formação estelar.
Ao estudar o filamento, os astrônomos serão capazes de explorar a a progressão da vida de uma galáxia. As galáxias no filamento do RCS2319 irão eventualmente migrar em direção ao centro do superaglomerado emergente.

O papel do ambiente em influenciar a evolução galáctica é uma das questões fundamentais da astrofísica moderna.

Fonte: Instituto de Tecnologia da Califórnia

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A massiva estrela binária da nebulosa AB7

A imagem abaixo mostra a AB7, uma das maiores nebulosas localizada nas Nuvens de Magalhães, duas galáxias satélites da nossa Via Láctea.

nebulosa AB7

© ESO (nebulosa AB7)

A nebulosa AB7 é uma estrela binária que consiste de uma estrela WR, uma estrela massiva altamente desenvolvida e uma estrela massiva de meia idade companheira e do tipo espectral O.

Essas estrelas excepcionais geram ventos estelares muito fortes, eles continuamente ejetam partículas energéticas, como o vento estelar do nosso Sol, mas entre 10 e 1.000 vezes mais intensamente do que a nossa estrela. Esses poderosos ventos exercem uma enorme pressão no material interestelar ao redor e formam de maneira forçada nuvens em bolhas, que podem ser visíveis claramente na imagem acima em coloração azul.

A AB7 é particularmente notável: a imensa nebulosa associada a região He II (hélio uma vez ionizado) indica que essa estrela é uma das, se não, a mais quente estrela do tipo WR conhecida com uma temperatura superficial que excede os 120.000 graus. Um pouco fora dessa nebulosa, uma pequena rede de filamentos verdes é visível, esses filamentos são na verdade partes remanescentes de uma outra explosão de supernova.

Fonte: Daily Galaxy

Asteroides potencialmente perigosos à Terra

A NASA calcula que há 4,7 mil asteroides potencialmente perigosos para a Terra, segundo os dados da sonda WISE, que analisa o cosmos com luz infravermelha.

asteroides com órbitas próximas à Terra

© NASA/NEOWISE (asteroides com órbitas próximas à Terra)

As observações da WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer) permitiram a melhor avaliação da população dos asteroides potencialmente perigosos de nosso Sistema Solar.

Esses asteroides têm órbitas próximas à Terra e são suficientemente grandes para resistir à passagem pela atmosfera terrestre e causar danos se caírem no nosso planeta. Os novos resultados foram recolhidos pelo projeto NEOWISE, que estudou, utilizando luz infravermelha, uma porção de 107 asteroides potencialmente perigosos próximos à Terra com a sonda WISE para fazer prognósticos sobre toda a população em seu conjunto.

Segundo a NASA, há aproximadamente 4.700 deles, com uma margem de erro de mais ou menos 1.500, que têm diâmetros maiores de 100 metros. Até o momento, calcula-se que entre 20% e 30% desses objetos foram localizados.

"Fizemos um bom começo na busca dos objetos que realmente representam um risco de impacto com a Terra", disse Lindley Johnson, responsável pelo Programa de Observação de Objetos Próximos à Terra, desenvolvido pela NASA.

No entanto, "temos de encontrar muitos e será necessário um grande esforço durante as próximas duas décadas para encontrar todos os que podem causar graves danos ou ser destino das missões espaciais no futuro".

A nova análise também sugere que existam cerca de duas vezes mais asteroides potencialmente perigosos do que se pensava anteriormente, e é provável que estão localizados em "inclinação" de baixa órbita, que estão mais alinhadas com o plano da órbita da Terra. Além disso, esses objetos de menor inclinação, parecem ser um pouco mais brilhante e menor do que os outros asteroides próximos da Terra que passam mais tempo longe da Terra. Uma possível explicação é que muitos dos asteroides potencialmente perigosos podem ter se originado de uma colisão entre dois asteroides do cinturão principal que fica entre Marte e Júpiter. O maior corpo com uma órbita de baixa inclinação pode ter se rompido no cinturão principal, fazendo com que alguns dos fragmentos sejam lançados em órbitas mais próximas da Terra.

Os resultados do NEOWISE foram aceitos para publicação no Astrophysical Journal.

Fonte: NASA

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Um olhar profundo na Centaurus A

Esta nova imagem do Observatório Europeu do Sul mostra a estranha galáxia Centaurus A.

galáxia Centaurus A

© ESO (galáxia Centaurus A)

Com um tempo total de exposição de mais de 50 horas, esta é provavelmente a imagem mais profunda já criada deste espetacular e incomum objeto. A imagem foi produzida com o instrumento Wide Field Imager montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, instalado no Observatório de La Silla do ESO, no Chile.

A Centaurus A, também conhecida como NGC 5128, é uma galáxia elíptica peculiar de grande massa com um buraco negro supermassivo no seu centro. A galáxia foi inicialmente documentada pelo astrônomo britânico James Dunlop no Observatório Parramalta na Austrália, a 4 de Agosto de 1826. Esta galáxia é frequentemente chamada Centaurus A porque foi a primeira fonte principal de ondas de rádio descoberta na constelação do Centauro nos anos 1950.

A galáxia situa-se a cerca de 12 milhões de anos-luz de distância na constelação do Centauro e distingue-se por ser a rádiogaláxia mais forte do céu. Os astrônomos pensam que o núcleo brilhante, a forte emissão de rádio e os jatos da Centaurus A são produzidos por um buraco negro central com uma massa de cerca de 100 milhões de vezes a massa do Sol. A matéria situada nas regiões centrais densas da galáxia liberta enormes quantidades de energia à medida que cai em direção ao buraco negro.

Esta imagem do Wide Field Imager permite-nos apreciar a natureza elíptica da galáxia, que aparece na forma alongada das regiões exteriores mais tênues. O brilho que enche a maior parte da imagem vem de centenas de bilhões de estrelas velhas e frias. Contrariamente à maioria das galáxias elípticas, a forma homogênea da Centaurus A é perturbada por uma faixa larga e "remendada" de material escuro, que obscurece o centro da galáxia.

A faixa escura contém grandes quantidades de gás, poeira e estrelas jovens. Os aglomerados de estrelas jovens brilhantes situados nas extremidades superior direita e inferior esquerda da faixa apresentam o brilho vermelho característico de nuvens de hidrogênio onde se formam estrelas, enquanto que algumas nuvens de poeira isoladas podem ser vistas contrastando com o fundo de estrelas. Estas características, juntamente com a emissão de rádio intensa, apontam para o fato provável da Centaurus A ter resultado da fusão entre duas galáxias. A faixa de poeira é provavelmente os restos desfeitos de uma galáxias espiral a ser rasgada pela atração gravitacional da galáxia elíptica gigante.

O novo conjunto de imagens do WFI inclui exposições de longa duração com os filtros vermelho, verde e azul, além de filtros especialmente concebidos para isolarem a radiação emitida pelo hidrogênio e oxigênio brilhantes. Estes últimos ajudam-nos a localizar os conhecidos jatos ópticos situados em volta da Centaurus A, jatos esses que eram praticamente invisíveis numa imagem obtida anteriormente pelo Wide Field Imager, vista abaixo.

© ESO (galáxia Centaurus A desprovida de jatos)

Estendendo-se desde a galáxia até ao canto superior esquerdo da nova imagem encontram-se dois grupos de filamentos avermelhados, mais ou menos alinhados com os enormes jatos proeminentes nas imagens em rádio. Ambos os conjuntos de filamentos são na realidade maternidades estelares que contêm estrelas quentes jovens. A origem de ambos os filamentos não é clara e os astrônomos debatem ainda se estes são o resultado da ionização produzida pela radiação que vem do núcleo ou se são o resultado de choques que se originam nos nós de gás. Por cima do lado esquerdo da faixa de poeira, encontramos os filamentos interiores, a cerca de 30.000 anos-luz de distância do núcleo. Mais para o exterior, a cerca de 65. 000 anos-luz de distância do núcleo da galáxia e próximo do canto superior esquerdo da imagem, os filamentos exteriores podem ser observados. Existem também muito provavelmente, traços de um contra-jato muito mais tênue, que se estende para a direita e para baixo.

Centaurus A foi já extensivamente estudada em comprimentos de onda que se vão desde o rádio até aos raios gama. Em particular, observações em rádio e raios X foram cruciais no estudo das interações entre a emissão altamente energética vinda do buraco negro de grande massa e os seus arredores; veja imagem a seguir.

emissões em rádio e raios X obtidas na Centaurus A

© ESO (emissões em rádio e raios X obtidas na Centaurus A)

Estudos da Centaurus A feitos com o ALMA estão no seu início. Muitas das observações da Centaurus A utilizadas na criação desta imagem foram obtidas no intuito de ver se era possível usar rastreios terrestres para detectar e estudar estrelas variáveis em galáxias fora do nosso Grupo Local, tais como Centaurus A. Foram descobertas mais de 200 novas estrelas variáveis em Centaurus A.

Fonte: ESO

domingo, 13 de maio de 2012

A descoberta de uma galáxia anã no grupo local

Equipe liderada por astrônomo da Universidade da Califórnia(UCLA), EUA, descobriu uma galáxia anã, companheira da galáxia NGC 4449 localizada a 12,5 milhões de anos-luz da Terra.

galáxia NGC 4449 e a galáxia anã NGC 4449B

© Subaru (galáxia NGC 4449 e a galáxia anã NGC 4449B)

Apelidada de NGC 4449B, a galáxia havia escapado da poderosa visão do Hubble, mas foi detectada pelo telescópio especializado Centurion 28, localizado na Califórnia e projetado para captar imagens de amplas regiões do céu. Na imagem acima a NGC 4449 está abaixo a esquerda e a NGC 4449B é a galaxia avermelhada a direita e acima.

A galáxia anã é a maior galáxia dentre outras anãs conhecidas “no grupo local” da Via Láctea e Andrômeda. A NGC 4449B está esticada em um “S” tão grande que sua dimensão se iguala à distância entre o centro de nossa galáxia e a posição do Sol – próximo a uma de suas extremidades.

Um encontro gravitacional estreito entre a galáxia anã e sua anfitriã NGC 4449 é evidenciado pela forma esticada de cometa apresentada pela NGC 4449B. Seu brilho muito fraco – 10 vezes menor que o brilho do céu noturno e mil vezes mais fraco que o da Via Láctea – demonstra estar ela em um “estágio de transição” caminhando para uma dissolução em breve, segundo padrões astronômicos.

Já a galáxia anfitriã NGC 4449 poderia ser algo como um fóssil vivo parecido, provavelmente, com as galáxias após o Big Bang. Ela ainda está em grande atividade, formando estrelas tão “furiosamente” que possui aglomerados gigantes de jovens estrelas. Sua cor azulada – sinal de galáxia jovem – pode ser observada por telescópios grandes amadores. Também possui um núcleo, que poderia hospedar algum dia um buraco negro, e uma estrutura irregular, pois lhe faltam braços espirais característicos de muitas galáxias. Ela está cercada de um enorme complexo de gás de hidrogênio que abrange uma extensão aproximada de 300.000 anos-luz, o que poderia ser o alimento para sua explosão de formação estelar.

Imagens mais aprofundadas da NGC 4449 revelaram também outras surpresas: um estranho arco de estrelas que poderia ser uma galáxia ingerida e um “halo notável” de estrelas velhas que parece consistir de duas partes. Uma parte mais exterior desta população do “halo” não era cogitada pelos astrônomos e torna a galáxia anfitriã equivalente em tamanho ao da Via Láctea. Segundo Michael Rich, líder da equipe de pesquisa, a origem destas estrelas antigas não é conhecida, mas talvez elas tenham sido adquiridas quando galáxias similares à NGC 4449B caíram na NGC 4449 e foram destruídas.

Fonte: Nature

sábado, 12 de maio de 2012

Descoberta uma rara anã marron

Uma equipe internacional de astrônomos liderados por David Pinfield da Universidade de Hertfordshire encontrou uma anã marrom 35 vezes do tamanho de Júpiter que é constituída de 99% de hidrogênio e hélio.

ilustração de uma anã marron

© J. Pinfield (ilustração de uma anã marron)

Descrita como ultra fria, tem uma temperatura de apenas 400 graus Celsius e sua descoberta pode ser um passo fundamental no sentido de ajudar a distinguir entre as anãs marrons e planetas gigantes. O objeto recém-descoberto, conhecido como BD 01 2920B, orbita a sua estrela a uma distância de 390 bilhões de quilômetros, ou cerca de 2.600 vezes a distância média da Terra ao Sol.
Anãs marrons são estrelas com massa suficiente para inflamar a fusão de hidrogênio em seus núcleos. Com o tempo, esfria com temperaturas de apenas algumas centenas de graus. São formadas como estrelas do colapso de uma nuvem molecular gigante algumas centenas de anos-luz de diâmetro, as anãs marrons em sistemas binários como este têm a mesma composição química da atmosfera, como sua estrela hospedeira.
Em contraste, os planetas gigantes são formados com uma química mais diversificada. Em nosso próprio Sistema Solar os planetas gigantes primeiro são formados como grandes núcleos sólidos, que, em seguida, são acrescidos de gás a partir do disco em torno deles. Isto conduziu a uma química diferente nas suas camadas exteriores. Por exemplo, quando a sonda Galileo entrou na atmosfera de Júpiter em 1995, verificou-se a proporção de metais (elementos mais pesados) sendo três vezes maior do que no Sol.
Tais diferenças permitem que os astrônomos discriminar entre os planetas e anãs marrons revelando seus mecanismos de formação.
A anã marrom foi detectada pela equipe, usando dados do satélite WISE (Wide-Field Infrared Explorer), do UKIRT (UK Infrared Telescope) no Havaí e do VISTA (Visible and Infrared Survey Telescope for Astronomy) no Chile.

É possível encontrar muitos planetas ao redor de outras estrelas através da força gravitacional dos objetos candidatos nas estrelas que orbitam, bem como imagens diretas utilizando as últimas e vindouras tecnologias na óptica dos maiores telescópios. O problema é que as anãs marrons compactas  compartilham muitas características com os planetas gigantes, dificultando a natureza do que foi detectado.
O novo trabalho foi possível graças a combinação de dados de solo e espaciais. Ao encontrar esses objetos raros em órbita ao redor de estrelas próximas, demonstra que vivemos em uma galáxia em que ambos os planetas gigantes e as anãs marrons são comuns.

Fonte: Royal Astronomical Society

sexta-feira, 11 de maio de 2012

O Sol não é veloz para gerar ondas de choque

A onda de choque espacial, que os cientistas acreditavam existir na fronteira entre o Sistema Solar e o espaço interestelar, não existe.

estrela LL Orionis

© Hubble (estrela LL Orionis)

E não existe porque o Sol se move através da galáxia a uma velocidade menor do que havia sido calculado, com uma interação mais fraca com o resto da galáxia.

A conclusão veio da análise detalhada dos dados da sonda espacial IBEX (Interstellar Boundary Explorer), lançada pela NASA em 2008 justamente para estudar nossos limites interestelares.

Nosso Sistema Solar viaja através da galáxia no interior de uma espécie de casulo, a heliosfera, uma "bolha" formada por campos magnéticos e pelo vento solar.

O limite da heliosfera, onde o vento solar interage com o resto da galáxia, marca a fronteira do Sistema Solar.

As teorias indicavam que essa interação causava uma onda de choque, semelhante ao chamado "boom sônico", que ocorre aqui na Terra quando um avião ultrapassa a velocidade do som.

Mas os novos dados indicam que o Sistema Solar não faz mais do que uma "marola" no resto da galáxia - uma espécie de onda de proa, aquela que se pode ver à frente de um navio que avança pelo mar.

Os dados indicam que o Sistema Solar viaja pela galáxia a uma velocidade de 83.680 km/h (23,2 km/s), "lento" demais para criar uma onda de choque. Anteriormente, acreditava-se que essa velocidade era de 26,3 km/s.

estrela BZ Cam

© R. Casalegno (estrela BZ Cam)

"Embora ondas de choque certamente existam à frente de muitas outras estrelas, nós descobrimos que a interação do nosso Sol não atinge o limite crítico para formar um choque. Assim, uma onda de proa é uma descrição mais precisa do que está acontecendo à frente da nossa heliosfera," disse David McComas, líder do estudo.

Os dados indicam ainda que a pressão magnética do meio interestelar é mais forte do que se calculava, o que exige velocidades ainda maiores para gerar uma onda de choque.

"É muito cedo para dizer exatamente o que esses novos dados significam para a nossa teoria da heliosfera. Décadas de pesquisas exploraram cenários que incluíam uma onda de choque. Todas essas pesquisas agora terão que ser refeitas com os novos dados," disse McComas.

"No novo estudo, é como se o Sol e sua heliosfera formassem um avião se movendo no meio interestelar. Mas em vez de estar se movendo como um supersônico, ele está se movendo como um avião normal", diz Gustavo Lima, astrofísico brasileiro do Institut de Planétologie et d'Astrophysique de Grenoble, na França.

Haverá certamente implicações, por exemplo, para a forma como se calcula a propagação dos raios cósmicos galácticos e como eles entram no Sistema Solar.

Fonte: Science

A luz de uma super-Terra

O telescópioeEspacial Spitzer da NASA detectou a luz emanada de um exoplaneta conhecido como super-Terra pela primeira vez.

exoplaneta orbita sua estrela

© NASA (ilustração de exoplaneta orbita sua estrela)

Embora o planeta não seja habitável, a detecção é um passo histórico na direção de uma eventual pesquisa por sinais de vida em outros planetas.

O Spitzer é pioneiro no estudo das atmosferas dos planetas distantes e está pavimentando o caminho para que o telescópio espacial James Webb aplique uma técnica similar em planetas potencialmente habitáveis.

O planeta chamado de 55 Cancri e, cai numa classe de planetas conhecidos como super-Terras que são mais massivos do que a nossa Terra mas mais leve do que os planetas gigantes gasosos como Netuno. O planeta tem aproximadamente o dobro do tamanho da Terra e pesa quase oito vezes mais que o nosso planeta. Ele orbita uma estrela brilhante, chamada de 55 Cancri, com um período de apenas 18 horas.

Anteriormente, o Spitzer e outros telescópios foram capazes de estudar o planeta analisando como a luz da estrela 55 Cancri mudava à medida que o planeta passava na sua frente. No novo estudo, o Spitzer mediu quanto da luz infravermelha vem do próprio planeta.

gráfico da radiação obtida com a presença do exoplaneta

© NASA (gráfico da radiação obtida com a presença do exoplaneta)

O gráfico  mostra diferença da radiação total capturada do sistema 55 Cancri da radiação da estrela, possibilitando calcular a radiação do próprio exoplaneta.

Os resultados revelam que o planeta provavelmente é escuro e a sua face que é voltada para a sua estrela hospedeira tem uma temperatura de 2.000 Kelvin, quente o suficiente para derreter o metal.

A nova informação é consistente com uma teoria prévia que o planeta 55 Cancri e é um mundo de água: um núcleo rochoso cercado por uma camada de água num estado supercrítico onde ela é tanto líquida como gasosa e coberta por uma camada de vapor.

“Ele poderia ser muito similar ao planeta Netuno, se você empurrasse Netuno em direção ao nosso Sol e observasse a sua atmosfera evaporar”, disse Michaël Gillon da Université de Liège na Bélgica, principal pesquisador do trabalho que aparece no The Astrophysical Journal. O autor líder é Brice-Olivier Demory do Massachusetts Insitute of Technology em Cambridge.

O sistema 55 Cancri é relativamente próximo da Terra, localizado a 41 anos-luz de distância. Ele tem cinco planetas, sendo o 55 Cancri e o mais próximo da estrela e gravitacionalmente preso, ou seja, com uma de suas faces sempre voltada para a estrela. O Spitzer descobriu que o lado voltado para a estrela é extremamente quente, indicando que o planeta provavelmente não tem uma atmosfera substancial para levar o calor da estrela para o lado não iluminado.

O telescópio espacial James Webb da NASA, que está sendo programado para ser lançado em 2018, provavelmente será capaz de aprender mais sobre a composição do planeta. O telescópio pode ser capaz de usar um método infravermelho similar ao Spitzer para pesquisar outros planetas potencialmente habitáveis por sinais de moléculas possivelmente relacionadas com a vida.

“Quando nós concebemos o Spitzer a mais de 40 anos atrás, os exoplanetas não tinham sido descobertos”, disse Michael Werner, cientista de projeto do Spitzer no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena na Califórnia. “Pelo fato do Spitzer ter sido muito bem construído, ele é capaz de se adaptar ao novo campo fazendo avanços históricos como esse”.

Em 2005, o Spitzer tornou-se o primeiro telescópio a detectar a luz de um planeta além do Sistema Solar. Para a surpresa de muitos, o observatório enxergou a luz infravermelha de um exoplaneta conhecido como Júpiter quente, um planeta gasoso muito maior do que o sólido 55 Cancri e. Desde então, outros telescópios, incluindo os parceiros do Spitzer na NASA, o Hubble, e o Kepler, têm identificado aspectos similares com gigantes gasosos usando o mesmo método.

Nesse método, um telescópio observa uma estrela enquanto o planeta a circula. Quando o planeta desaparece do campo de visão, a luz do sistema estelar cai levemente, mas o suficiente para que os astrônomos possam detectar como a luz vem do próprio planeta. Essa informação revela a temperatura do planeta e a composição de sua atmosfera. A maior parte das outras técnicas de caçar exoplanetas obtém medidas indiretas do planeta observando o efeito na estrela.

Durante o decorrer da missão estendida do Spitzer, vários passos foram dados com o objetivo de melhorar sua capacidade única de observar exoplanetas, incluindo o 55 Cancri e. Esses passos, incluindo as mudanças do ciclo de aquecimento e o uso do instrumento de uma nova maneira, levaram a melhorias como a grande precisão do telescópio no apontamento e observação de seus alvos.

Fonte: Jet Propulsion Laboratory

Uma galáxia anã e uma nebulosa brilhante

O telescópio espacial Hubble fez observações detalhadas da galáxia anã NGC 2366.

galáxia NGC 2366

© Hubble (galáxia NGC 2366)

Embora essa galáxia não possua os belos e elegantes braços espirais de muitas das grandes galáxias, a NGC 2366 é o local de uma brilhante nebulosa de formação de estrelas e está localizada próximo o suficiente da Terra para que os astrônomos possam discernir as estrelas de forma individual.

O aspecto mais óbvio nessa galáxia é uma grande nebulosa que pode ser observada na parte superior direita da imagem, a NGC 2363.

O redemoinho amarelado próximo não é de fato parte da nebulosa. Esse objeto é uma galáxia espiral localizada muito mais distante, que tem a luz enviada diretamente através da NGC 2366. Isso é possível pois as galáxias não são objetos sólidos. Embora nós possamos enxergar as galáxias devido às brilhantes estrelas que as constituem, de fato existe um espaço enorme entre essas estrelas. A imagem de alta resolução do Hubble  ilustra isso perfeitamente, as estrelas são pequenos pontos de luz envoltos por toda a escuridão do espaço.

Os esplêndidos objetos interconectados NGC 2366 e NGC 2363 estão localizados a aproximadamente 10 milhões de anos-luz de distância da Terra na constelação de Camelopardalis (A Girafa). Como uma galáxia anã, o tamanho da NGC 2366 está no mesmo patamar do que as duas principais galáxias anãs e satélites da Via Láctea conhecidas como a Grande e a Pequena Nuvem de Magalhães. Como as nuvens de Magalhães, a falta de uma estrutura bem definida da NGC 2366 leva os astrônomos a classificarem esse tipo de objeto como uma galáxia irregular.

Embora a NGC 2366 possa ser pequena para os padrões galácticos, muitas de suas estrelas não são, e a galáxia é constituída de numerosas estrelas azuis gigantescas. Os pontos azuis espalhados através da galáxia evidenciam as explosões de formação de estrelas que estão acontecendo na galáxia no tempo cósmico recente. Uma nova geração desses titãs estelares iluminou a nebulosa NGC 2363.

Em regiões de formação de estrelas rica em gás, a radiação ultravioleta das estrelas jovens, grandes e azuis excitam o gás hidrogênio, fazendo com que ele brilhe. A NGC 2363, bem como outros pedaços menores vistos na imagem do Hubble servem como o último local de formação dos gigantes estelares.

Imageadas através dos filtros verde e infravermelho, essas nebulosas possuem uma tonalidade azulada nessa imagem, apesar da cor verdadeira ser avermelhada. Embora seja comparativamente grande para os padrões das imagens do Hubble, a NGC 2366 é muito apagada para ser observada a olho nu.

Fonte: ESA