sábado, 27 de abril de 2024

Buracos negros "desligam" a formação estelar em galáxias massivas

Uma nova pesquisa apresenta novas observações do telescópio espacial James Webb (JWST) que sugerem que os buracos negros impedem rapidamente a formação de estrelas em galáxias massivas, removendo de forma explosiva grandes quantidades de gás.

© Copilot Designer (ilustração de buraco negro impulsionando um fluxo de gás)

A equipe internacional descobriu que mais de 90% do vento galáctico é constituído por gás neutro, pelo que era praticamente invisível em estudos anteriores. Este trabalho é a primeira confirmação direta de que os buracos negros supermassivos são capazes de "desligar" as galáxias. A diferença entre este novo estudo e os anteriores reside no tipo de gás observado: até agora só era possível detectar gás ionizado, que é quente, ao passo que o JWST conseguiu detectar também gás neutro, que é frio. 

A Dra. Rebecca Davies, do Centro de Astrofísica e Supercomputação da Universidade de Tecnologia de Swinburne, liderou a equipe australiana por detrás desta descoberta e ajudou a encontrar o poderoso fluxo de gás impulsionado pelo buraco negro numa galáxia massiva distante com um nível muito baixo de formação estelar. O fluxo está removendo gás mais rapidamente do que o gás está sendo convertido em estrelas, o que indica que o fluxo é susceptível de ter um impacto muito significativo na evolução da galáxia. 

Quando a formação estelar é extinta, significa que uma galáxia deixou de formar estrelas. Representa a transformação entre uma galáxia que está ativamente formando estrelas, permitindo-lhe crescer e mudar, e uma galáxia que está "morta" e estática. A extinção é, portanto, um processo fundamental no ciclo de vida das galáxias. 

No entanto, os astrônomos ainda não compreendem em pormenor o que leva as galáxias a deixarem de formar estrelas. Juntamente com pesquisadores de renome internacional, como Sirio Belli da Universidade de Bolonha, a Dra. Davies estudou uma galáxia situada a uma enorme distância da Terra, cuja luz demorou mais de dez bilhões de anos para chegar até nós. Os núcleos galácticos ativos (NGAs), ou seja, buracos negros supermassivos que consomem grandes quantidades de gás, podem impulsionar fluxos nas galáxias. Os NGAs mais poderosos impulsionam fluxos de gás muito massivos que podem remover todo o gás das galáxias que os acolhem num período de tempo relativamente "curto" e provocar a cessação da formação estelar. 

O JWST permitiu-nos observar a fase de gás neutro e mais frio dos fluxos normais dos NGAs em galáxias distantes. Na galáxia estudada, foi descoberto que a taxa de escoamento na fase neutra era cerca de 100 vezes maior do que a taxa de escoamento na fase ionizada, revelando assim uma grande quantidade de massa que era anteriormente invisível.

Novas descobertas surgirão ao analisar mais galáxias no futuro.

Um artigo foi publicado na revista Nature.

Fonte: Swinburne University of Technology

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