sábado, 8 de abril de 2017

Detectada atmosfera ao redor de exoplaneta parecido com a Terra

Astrônomos detectaram uma atmosfera em torno da super-Terra GJ 1132b.

ilustração do exoplaneta GJ 1132b e sua estrela

© Max Planck Institute for Astronomy (ilustração do exoplaneta GJ 1132b e sua estrela)

Este achado marca a primeira detecção de uma atmosfera ao redor de um exoplaneta parecido com a Terra e, portanto, é um passo importante no caminho para a detecção de vida para além do nosso Sistema Solar. A equipe que fez a descoberta, liderada pelo Dr. John Southworth da Universidade Keele, usou o telescópio de 2,2 metros do ESO/MPG no Chile para obter imagens da estrela progenitora GJ 1132. Foram capazes de medir a ligeira diminuição de brilho à medida que o planeta e a sua atmosfera absorvem luz estelar enquanto transita (passa em frente) da estrela.

O Dr. John Southworth explica: "embora esta não seja a detecção de vida em outro planeta, é um passo importante na direção certa: esta detecção de uma atmosfera ao redor da super-Terra GJ 1132b marca a primeira vez que foi descoberta uma atmosfera num exoplaneta parecido com a Terra."

A estratégia atual dos astrônomos, para encontrar vida em outro planeta, é detectar a composição química da atmosfera deste planeta, procurando desequilíbrios químicos que podem ser provocados por organismos vivos. No caso da nossa própria Terra, a presença de grandes quantidades de oxigênio é um sinal de vida.

Até estes achados pela equipe do Dr. Southworth, todas as detecções anteriores de atmosferas exoplanetárias envolviam gigantes gasosos e quentes parecidos com Júpiter.

O Dr. Southworth diz que apesar de estarmos ainda muito longe de detectar vida em exoplanetas, esta descoberta é o primeiro passo:

"Com esta pesquisa, demos o primeiro passo no estudo das atmosferas de planetas menores e parecidos com a Terra. Nós simulamos uma variedade de atmosferas possíveis para este planeta, descobrindo que aquelas ricas em água e/ou metano explicariam as observações de GJ 1132b. O planeta é significativamente mais quente e um pouco maior do que a Terra, de modo que uma possibilidade é que poderá ser um 'mundo de água' com uma atmosfera de vapor quente."

O planeta em questão, GJ 1132b, orbita a estrela de massa muito baixa GJ 1132 na direção da constelação do hemisfério sul, Vela, a uma distância de 39 anos-luz da Terra. O sistema foi estudado pela equipe do Dr. John Southworth (Universidade Keele, Reino Unido) e por Luigi Mancini (Universidade de Roma Tor Vergata), e inclui pesquisadores do Instituto Max Planck para Astronomia e da Universidade de Cambridge.

O instrumento GROND acoplado ao telescópio de 2,2 metros do ESO/MPG foi utilizado para observar o planeta em sete diferentes bandas de comprimento de onda, simultaneamente, abrangendo o óptico e o infravermelho próximo. Dado que GJ 1132b é um planeta de trânsito, passa diretamente entre a Terra e a sua estrela hospedeira a cada 1,6 dias, bloqueando uma pequena fração da sua luz. A partir da quantidade de luz perdida, é possível deduzir o tamanho do planeta; neste caso, tem apenas 1,4 vezes o tamanho da Terra.

Crucialmente, as novas observações mostraram que o planeta era maior numa das sete bandas de comprimento de onda. Isto sugere a presença de uma atmosfera opaca a esta radiação em particular (fazendo com que o planeta pareça maior), mas transparente a todos os outros.

A descoberta desta atmosfera é encorajadora. As estrelas de massa muito baixa são extremamente comuns (muito mais do que estrelas parecidas com o Sol), e são conhecidas por hospedar muitos planetas pequenos. Mas também mostram muita atividade magnética, produzindo níveis muito altos de raios X e raios ultravioleta, que podem evaporar as atmosferas dos planetas. No entanto, as propriedades do GJ 1132b mostram que sua atmosfera pode suportar durante bilhões de anos sem ser destruída. Dado o grande número de estrelas de massa muito baixa e de planetas, isto pode significar que as condições adequadas para a vida são comuns no Universo.

Esta descoberta torna o GJ 1132b um dos alvos de maior prioridade para um estudo mais aprofundado pelas atuais instalações, como o telescópio espacial Hubble e o VLT do ESO, bem como pelo telescópio espacial James Webb, com lançamento previsto para o ano que vem.

Este trabalho intitulado "Detection of the atmosphere of the 1,6 Earth mass exoplanet GJ 1132B" foi publicado no periódico Astronomical Journal.

Fonte: Max Planck Institute for Astronomy

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