segunda-feira, 17 de junho de 2019

Descobertos "quasares frios"

Durante a 234.ª reunião da Sociedade Astronômica Americana em St. Louis, Allison Kirkpatrick, professora assistente de física e astronomia da Universidade do Kansas, anunciou a sua descoberta de "quasares frios", galáxias com abundância de gás frio que ainda podem produzir novas estrelas apesar de terem um quasar no centro.


© Michelle Vigeant (quasar energértico que limpou o centro da sua galáxia)

A descoberta revolucionária subverte suposições sobre a maturação de galáxias e pode representar uma fase do ciclo de vida de todas as galáxias, desconhecida até agora.

Um quasar, ou "fonte de rádio quase estelar", é essencialmente um buraco negro supermassivo em esteroides. O gás que cai em direção a um quasar no centro de uma galáxia forma um "disco de acreção", que pode lançar uma quantidade incompreensível de energia eletromagnética, muitas vezes com uma luminosidade centenas de vezes maior do que uma galáxia típica. Normalmente, a formação de um quasar é semelhante à aposentação galáctica e há muito que se pensa assinalar o fim da capacidade de uma galáxia em produzir novas estrelas.

Todo o gás que está sendo acretado pelo buraco negro é aquecido e emite raios X. O comprimento de onda da luz que é liberado corresponde ao quão quente algo é. Por exemplo, nós humanos emitimos radiação infravermelha. Mas algo que emite raios X é um dos objetos mais quentes do Universo. Este gás começa a acumular-se no buraco negro e a mover-se com velocidades relativistas; também temos um campo magnético em torno deste gás, que pode ficar torcido.

Da mesma forma que temos proeminências solares, também temos jatos de material que passam por estas linhas do campo magnético e são atirados para longe do buraco negro. Estes jatos essencialmente sufocam o reservatório de gás da galáxia, de modo que mais nenhum gás pode cair sobre a galáxia e formar novas estrelas. Quando uma galáxia deixa de produzir estrelas, torna-se uma galáxia morta e passiva.
Mas, no levantamento de Kirkpatrick, cerca de 10% das galáxias que hospedam buracos negros supermassivos em acreção tinham um reservatório de gás frio remanescente depois de entrar nesta fase e ainda criavam novas estrelas.

A astrofísica Kirkpatrick suspeitou que os "quasares frios" da sua pesquisa representavam um breve período ainda por reconhecer das fases finais da vida de uma galáxia.

Foi identificado pela primeira vez os objetos de interesse numa área do SDSS (Sloan Digital Sky Survey), o mapa digital mais detalhado do Universo atualmente disponível. Numa área denominada "Stripe 82," Kirkpatrick e colegas conseguiram identificar visualmente os quasares.

Esta área foi explorada em raiosX com o telescópio XMM-Newton. Os raios X são a principal assinatura dos buracos negros em crescimento. Seguidamente, os astrônomos recorreram ao telescópio espacial Herschel, um telescópio infravermelho que pode detectar gás e poeira na galáxia hospedeira.
A pesquisadora disse que as suas descobertas dão aos cientistas uma nova compreensão e detalhes de como a extinção de formação estelar nas galáxias ocorre e que anulam vários pressupostos sobre os quasares.

Os quasares passam por uma fase muito encoberta onde a poeira cerca o buraco negro supermassivo. Esta fase é chamada de quasar vermelho.

O quasar quando expele o seu próprio gás, expele também o gás hospedeiro. Mas parece que com estes objetos, não é este o caso. Estes expelem a sua própria poeira, de modo que os vemos como um objeto azul, mas ainda não dissiparam toda a poeira e gás das galáxias hospedeiras. Esta é uma fase de transição, cerca de 10 milhões de anos.

Fonte: University of Kansas

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