quarta-feira, 23 de junho de 2010

Tempestade de vento assola Osíris

Tempestades com ventos de 5 mil a 10 mil km/h de velocidade, uma temperatura de superfície de mais de 1 mil °C: o clima extremo do exoplaneta apelidado de Osíris continua a seduzir os pesquisadores, como evidenciou um estudo publicado pela revista científica Nature.
osíris
© Nature (exoplaneta Osíris, concepção artística)
HD209458b, nome oficial de Osíris, fica muito próximo de sua estrela e percorre sua órbita em 3,5 dias em uma velocidade de 140 km/s, quase cinco vezes mais rápido do que a Terra gira em torno do Sol, segundo Ignas Snellen, do observatório de Leiden, na Holanda, e sua equipe.
Cada vez que o planeta passa em frente a sua estrela, uma fração da luz do astro é bloqueada durante três horas. Situado a 150 anos-luz da Terra, Osíris foi o primeiro exoplaneta descoberto em 1999.
A atmosfera deste planeta maciço (quase dois terços da massa de Júpiter) escapa no espaço, como se perdesse sua substância, por isso, o nome Osíris. O deus egípcio que lhe dá nome foi morto pelo seu irmão que em seguida dispersou pedaços do seu corpo.
Como o planeta sempre apresenta a mesma face para a estrela, sua temperatura de superfície é mais fria no lado "noite" do que no lado "dia", onde ela pode atingir 1 mil °C.
"Na Terra, as grandes diferenças de temperaturas são causadas inevitavelmente pelos ventos fortes e, como mostra os instrumentos, a situação é a mesma em HD209458b", disse Simon Albrecht, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Cambridge, Estados Unidos.
Graças ao VLT (Telescópio Muito Grande) do Observatório Astronômico Europeu do Sul (ESO) instalado no Chile, os astrônomos puderam observar durante cinco horas a atmosfera deste planeta, composto de monóxido de carbono, no momento em que ele passava na frente da sua estrela.
Estudando este gás mortal, "nós descobrimos um supervento, que sopra entre 5 mil e 10 mil km/h", declarou Snellen. Experimentando outros métodos que poderiam servir para descobrir vida em outros exoplanetas, foi analisado com o espectrógrafo CRIRES, a luz da estrela filtrada através da atmosfera de Osíris.
Assim, foi possível mensurar com grande precisão a velocidade do monóxido de carbono, graças ao efeito Doppler, impressão deixada pelo gás variando de acordo com sua proximidade ou distanciamento da Terra. Eles puderam também, pela primeira vez, calcular diretamente a velocidade do exoplaneta, sua massa e descobrir que sua atmosfera seria "tão rica em carbono quanto Saturno e Júpiter".
Fonte: Nature

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