sábado, 22 de fevereiro de 2014

Pulsar distante é perturbado pela presença de asteroides

Uma equipe de astrônomos descobriu evidências de que o pulsar PSR J0738-4042 poderá estar sofrendo múltiplas perturbações provocadas pela destruição de asteroides na sua magnetosfera.

ilustração da fragmentação de um asteroide

© NASA/JPL-Caltech (ilustração da fragmentação de um asteroide)

“Uma destas rochas parece ter uma massa de cerca de bilhões de toneladas”, afirmou Ryan Shannon, astrônomo da Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO) e membro da equipe responsável por este trabalho.

O pulsar PSR J0738-4042 encontra-se a cerca de 37 mil anos-luz de distância da Terra, na direção da constelação Puppis. Com apenas algumas dezenas de quilômetros de diâmetro, este pequeno objeto ultradenso é uma estrela de nêutrons que gira periodicamente sobre o seu eixo, emitindo um feixe de ondas de rádio na direção da Terra a cada 0,375 segundos.

O ambiente ao redor destas estrelas é particularmente inóspito. Sendo objetos altamente magnetizados em rápida rotação, os pulsares produzem intensa radiação e emitem poderosos ventos de partículas ao longo das linhas dos campos magnéticos por si gerados. “Se for possível formar aqui um grande objeto rochoso, então os planetas poderão formar-se ao redor de qualquer estrela”, disse Shannon.

Entre 1988 e 2012, os astrônomos detectaram múltiplas alterações na estrutura dos pulsos emitidos pelo PSR J0738-4042. A estes fenômenos juntaram-se, em Setembro de 2005, uma mudança abrupta no período de rotação do pulsar, acompanhada pelo aparecimento de uma emissão de rádio destacada do restante pulso periódico.

Em 2008, Shannon e o seu colega James Cordes demonstraram como um asteroide numa órbita decadente poderia perturbar não só o período de rotação de um pulsar, como também a forma do pulso de rádio detectado na Terra. “Pensamos que o feixe de rádio do pulsar varre o asteroide, vaporizando-o. No entanto, as partículas vaporizadas encontram-se eletricamente carregadas, que alteram ligeiramente o processo responsável pela criação do feixe do pulsar”, afirmou Shannon.

É possível que estes asteroides tenham sido formados a partir de material expelido pela supernova que criou o pulsar. Em 2006, uma equipe de astrônomos descobriu um disco de detritos ao redor de J0146+61, um pulsar situado a cerca de 13 mil anos-luz de distância, na direção da constelação de Cassiopeia. “Este tipo de discos de poeira poderiam providenciar as sementes para a formação de grandes asteroides”, disse Paul Brook, doutorando da Universidade de Oxford e primeiro autor deste trabalho.

O novo estudo foi publicado na revista The Astrophysical Journal Letters.

Fonte: CSIRO

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