terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Chandra detecta explosão recorde de buraco negro da Via Láctea

Astrônomos observaram a maior explosão de raios X já detectada a partir do buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea.

explosão de raios X do buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea

© Chandra (explosão de raios X do buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea)

Este evento, detectado pelo observatório de raios X Chandra da NASA, levanta questões sobre o comportamento deste buraco negro gigante e do seu ambiente circundante.

O buraco negro supermassivo no centro da nossa Galáxia, chamado Sagitário A* (Sgr A*), tem uma massa estimada em cerca de 4,5 bilhões de vezes a massa do nosso Sol.

Os astrônomos fizeram a inesperada descoberta enquanto usavam o Chandra para observar como Sgr A* reagia a uma nuvem próxima de gás conhecida como G2.

"Infelizmente, a nuvem de gás G2 não produziu os fogos de artifício que esperavamos quando chegou perto de Sgr A*," disse a pesquisadora Daryl Haggard, de Amherst College, no estado americano de Massachusetts.

No dia 14 de Setembro de 2013, Haggard e a sua equipa detetaram uma explosão de raios X, oriunda de Sgr A*, 400 vezes mais brilhante do que o habitual. Esta "megaexplosão" foi quase três vezes mais brilhante que a anterior no início de 2012. Depois de Sgr A* acalmar, o Chandra observou outra enorme erupção de raios X 200 vezes mais brilhante do que o habitual no dia 20 de Outubro de 2014.

Os astrônomos estimam que G2 esteve o mais próximo do buraco negro na Primavera de 2014, a uma distância de 24,1 bilhões de quilômetros. A erupção observada pelo Chandra em Setembro de 2013 estava cerca de 100 vezes mais perto do buraco negro, o que torna o evento provavelmente não relacionado com G2.

Os pesquisadores têm duas teorias principais para o que fez com que Sgr A* entrasse em erupção desta forma extrema. A primeira é que um asteroide chegou muito perto do buraco negro supermassivo e foi dilacerado pela sua gravidade. Os detritos desta perturbação de marés ficaram muito quentes e produziram raios X antes de desaparecerem para sempre pelo horizonte de eventos do buraco negro.

"Se foi um asteroide, provavelmente andou ao redor do buraco negro durante um par de horas, como água que circula no ralo, antes de cair," afirma Fred Baganoff do Instituto de Tecnologia de Massachusetts em Cambridge, EUA. "Esta é apenas a duração da maior erupção de raios X, por isso é uma pista intrigante para ser considerada."

Se esta teoria estiver correta, significa que os astrônomos podem ter encontrado evidências da maior erupção de raios X já provocada por um asteroide, depois de ser dilacerado por Sgr A*.

A segunda teoria é que as linhas do campo magnético dentro do gás que flui em direção a Sgr A* podem ter ficado "apertadas" e emaranhadas. Estas linhas de campo podem, ocasionalmente, reconfigurar-se e produzir uma explosão brilhante de raios X. Estes tipos de erupções magnéticas são observadas no Sol, e as erupções de Sgr A* têm padrões semelhantes de intensidade.

"No fim de contas, ainda não se sabe o que provocou e provoca estas explosões gigantes de Sgr A*," afirma Gabriele Ponti do Instituto Max Planck para Astrofísica em Garching, na Alemanha. "Estes eventos raros e extremos dão-nos uma oportunidade única de usar um simples fio de matéria em queda para compreender a física de um dos objetos mais bizarros da nossa Galáxia."

Além das explosões gigantes, a campanha de observação de G2 com o Chandra também recolheu mais dados sobre um magnetar: uma estrela de nêutrons com um forte campo magnético, localizada perto de Sgr A*. Este magnetar está atravessando um período longo de erupções de raios X e os dados do Chandra estão permitindo com que os astrônomos compreendam melhor este objeto invulgar.

Os resultados foram apresentados na 225ª reunião da Sociedade Astronômica Americana, realizada em Seattle.

Fonte: NASA

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