Astrônomos que estudam um aglomerado de protogaláxias ainda em formação, vistas como eram há mais de 10 bilhões de anos atrás, encontraram uma galáxia gigante no centro do aglomerado que se está formando a partir de uma sopa surpreendentemente densa de gás molecular.
© ESO/M. Kornmesser (ilustração da Galáxia Teia de Aranha)
Na imagem, as protogaláxias podem ser vistas em branco e rosa, e o azul indica a localização do gás monóxido de carbono no qual as galáxias estão submersas.
"É diferente do que vemos no Universo próximo, onde as galáxias em aglomerados crescem canibalizando outras galáxias. Neste aglomerado, uma galáxia gigante está crescendo ao alimentar-se da sopa de gás frio onde está submersa," comenta Bjorn Emonts do Centro para Astrobiologia na Espanha, que liderou a equipe internacional de pesquisa.
Os cientistas estudavam um objeto chamado Galáxia Teia de Aranha que, na verdade, não é uma única galáxia, mas um grupo de protogaláxias a mais de 10 bilhões de anos-luz da Terra. A esta distância, o objeto é visto quando o Universo tinha apenas 3 bilhões de anos. Os astrônomos usaram o telescópio ATCA Australia Telescope Compact Array (ATCA) e o Karl G. Jansky Very Large Array (VLA) para detectar o gás monóxido de carbono (CO).
A presença do gás CO indica uma quantidade maior de hidrogênio molecular, que é muito mais difícil de detectar. Estima-se que o gás molecular totaliza mais de 100 bilhões de vezes a massa do Sol. Não só esta quantidade de gás é surpreendente como o gás também deve ser inesperadamente frio, com cerca de -200º C. Este gás molecular tão frio é a matéria-prima para novas estrelas.
A presença do monóxido de carbono neste gás indica que foi enriquecido por explosões de supernova de gerações anteriores de estrelas. O carbono e o oxigênio no CO foram formados nos núcleos de estrelas que explodiram.
As observações do ATCA revelaram a extensão total do gás e as observações do VLA, muito mais focadas, forneceram outra surpresa. A maioria do gás frio foi encontrado, não dentro das protogaláxias, mas sim entre elas.
"Este é um sistema enorme, em que este gás molecular tem três vezes o tamanho da nossa Via Láctea," afirma Preshanth Jagannathan, do National Radio Astronomy Observatory (NRAO) em Socorro, no estado norte-americano do Novo México.
As observações anteriores da Teia de Aranha, feitas em comprimentos de onda ultravioletas, indicaram que está ocorrendo uma rápida formação estelar na maioria da região ocupada pelo gás.
"Parece que todo este sistema, eventualmente, entrará em colapso para formar uma única galáxia gigantesca," realça Jagannathan. "Estas observações dão-nos um olhar fascinante sobre o que pensamos ser um estágio inicial no crescimento de galáxias massivas em aglomerados, um estágio muito diferente do crescimento galáctico no Universo atual," comenta Chris Carilli, do NRAO.
As descobertas foram relatadas na revista científica Science.
Fonte: Instituto de Astrofísica de Canarias & National Radio Astronomy Observatory
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