Foram encontradas doze novas luas orbitando Júpiter, 11 luas externas “normais”, e uma considerada “excêntrica”. Isso eleva o número total de luas conhecidas de Júpiter a 79, o máximo de qualquer planeta em nosso Sistema Solar.
© Carnegie Institution for Science (novas luas de Júpiter)
Uma equipe liderada por Scott S. Sheppard, da Instituição Carnegie, avistou as luas pela primeira vez na primavera de 2017, enquanto procurava por objetos muito distantes do Sistema Solar, como parte da busca por um possível planeta enorme, muito além de Plutão.
Em 2014, esta mesma equipe encontrou o objeto com a órbita conhecida mais distante em nosso Sistema Solar e foi o primeiro a perceber que um planeta enorme e desconhecido nas margens do nosso Sistema Solar, muito além de Plutão, poderia explicar a similaridade das órbitas de vários pequenos objetos extremamente distantes. Este planeta putativo agora é às vezes popularmente chamado de Planeta X ou Planeta Nove. Dave Tholen, da Universidade do Havaí, e Chad Trujillo, da Northern Arizona University, também fazem parte da equipe de pesquisa do planeta.
“Júpiter estava por acaso no céu, perto dos campos de busca onde estávamos à procura de objetos extremamente distantes do Sistema Solar, e foi por isso que fomos, de forma inesperada, capazes de procurar por novas luas ao redor de Júpiter, enquanto, ao mesmo tempo, procurávamos planetas nos confins do nosso Sistema Solar”, disse Sheppard.
Nove das novas luas fazem parte de um agrupamento externo distante de luas que orbitam na direção retrógrada ou oposta da rotação de Júpiter. Estas luas retrógradas distantes estão localizadas em pelo menos três agrupamentos orbitais distintos e acredita-se que sejam remanescentes de três corpos parentes outrora maiores que se separaram durante colisões com asteroides, cometas ou outras luas. As luas retrógradas recém-descobertas levam cerca de dois anos para orbitar Júpiter.
Duas das novas descobertas fazem parte de um grupo interno luas, que fazem parte do grupo progressivo a que pertence a lua Himalia, um grupo de satélites irregulares cujas órbitas possuem a mesma direção da rotação de Júpiter. Todas estas luas internas têm distâncias orbitais e ângulos de inclinação semelhantes em torno de Júpiter, e por isso também são fragmentos de uma lua maior. Estas duas luas recém-descobertas levam pouco menos de um ano para transladar em torno de Júpiter.
"Nossa outra descoberta é um verdadeiro excêntrico e tem uma órbita como nenhuma outra lua joviana conhecida", explicou Sheppard. "É também a menor lua conhecida de Júpiter, com menos de um quilômetro de diâmetro".
Esta nova lua excêntrica é mais distante e mais inclinada que o grupo progressivo de luas e leva cerca de um ano e meio para orbitar Júpiter. Assim, ao contrário do grupo de luas progressivas mais próximas, esta nova lua excêntrica progressiva tem uma órbita que atravessa as luas retrógradas exteriores, propiciando colisões frontais.
É possível que os vários agrupamentos lunares orbitais que vemos hoje tenham sido formados no passado distante através deste mecanismo.
A equipe acha que esta pequena lua “excêntrica” pode ser o remanescente de uma lua em órbita, formando alguns dos agrupamentos de lua retrógrada durante colisões frontais passadas. O nome Valetudo foi proposto para ela, em referência a Hígia, uma deusa grega mais tarde identificada como a deusa romana Salus, a deusa da saúde e da higiene, bisneta do deus romano Júpiter.
Elucidar as complexas influências que moldaram a história orbital da Lua pode auxiliar no estudo sobre os primeiros anos do nosso Sistema Solar.
Por exemplo, a descoberta de que as menores luas dos vários grupos orbitais de Júpiter ainda são abundantes sugere que as colisões que as criaram ocorreram após a era da formação planetária, quando o Sol ainda estava rodeado por um disco rotativo de gás e poeira do qual os planetas se encontravam.
Por causa de seus tamanhos, de um a três quilômetros, estas luas são mais influenciadas pelo gás e pela poeira ao redor. Se estas matérias-primas ainda estivessem presentes quando a primeira geração de luas de Júpiter colidiu para formar seus agrupamentos de luas , a força exercida por qualquer gás e poeira remanescente nas luas menores teria sido suficiente para fazê-las espiralar para dentro em direção a Júpiter. Sua existência mostra que elas provavelmente se formaram depois que este gás e poeira se dissiparam.
A descoberta inicial da maioria das novas luas foi feita no telescópio Blanco de 4 metros no Cerro Tololo no Chile e operado pelo National Optical Astronomical Observatory dos Estados Unidos. O telescópio foi atualizado recentemente com a Dark Energy Camera, tornando-se uma ferramenta poderosa para avaliar o céu noturno em busca de objetos fracos.
Vários telescópios foram usados para confirmar as descobertas, incluindo o telescópio Magellan de 6,5 metros no Observatório Las Campanas, no Chile; o telescópio Discovery Channel de 4 metros no Observatório Lowell, Arizona, o telescópio Subaru de 8 metros e o telescópio da Universidade do Havaí de 2,2 metros, e o telescópio Gemini de 8 metros no Havaí.
Fonte: Carnegie Institution for Science
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